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CAPÍTULO II – A PERFORMANCE DA “NAÇÃO DOS 318”: AS PRÁTICAS

2.4 Símbolos mágico-religiosos da “Nação dos 318”

2.4.1 Dízimos, Ofertas e Desafios Objetos

Os dízimos, ofertas e desafios representam no culto da “Nação dos 318” três grandes e importantes símbolos. Não há sequer uma reunião em que estes símbolos não estejam presentes. Há todo um simbolismo do dinheiro dentro do contexto do ritual. Contudo esses três símbolos são os responsáveis por grande parte das controvérsias e criticas feitas à Igreja. Os pastores e bispos constantemente se defendem das críticas justificando essa prática através de versículos bíblicos. Verificamos que em todas as reuniões que assistimos houve a coleta de dízimos, de ofertas e/ou desafios sempre acompanhadas de falas do pastor ou bispo justificando tal prática. Então, vejamos abaixo uma análise crítica dessa prática:

A crítica mais freqüente e mais contundente às igrejas pentecostais autônomas, especialmente à Universal do Reino de Deus, é que elas exploram financeiramente os pobres e que os pastores se enriquecem pedindo uma grande quantidade de dinheiro. De fato, é chocante ver tanta gente pobre, fraca, desdentada, mal vestida, dar tanto dinheiro para pastores jovens, bem vestidos, com saúde, de carro novo e com aparência de uma classe mais alta (MARIZ, 1995, p. 28 apud BONFATTI, 2000, p. 67). Vejamos agora o que um pastor afirmou numa reunião da “Nação dos 318” a esse respeito:

Eu canso de ver gente dizer como é que pode os pastores pedir o dinheiro daquele povo que é facilmente enganado, manipulado e que a gente está explorando a fé das pessoas, quem já ouviu? Eu nunca vi alguém chegar aqui na igreja e ficar

pobre, eu já vi muita gente chegar pobre e ficar rica, amém gente. Nós estimulamos

a fé, levamos você a tomar atitudes de coragem, tem muita gente que não toma essa atitude por causa do medo, ela tem medo de perder, ela não quer correr o risco; esse burro morreu de velho (Transcrição da fala do pastor na reunião do dia 12/02/2007, grifo

nosso).

Geralmente logo após o pastor ou bispo discursar sobre a importância do dízimo ou

da oferta ele convida as pessoas que já estão com o envelope6 contendo o dízimo ou oferta a colocarem no alforje que são sacolas que ficam nas mãos dos pastores auxiliares e obreiros em frente ao altar. Contudo a forma de coleta dos dízimos é variada, são utilizados não só envelopes (a forma padrão), mas também saquitéis representando algum objeto ou símbolo que estiver sendo utilizado nas reuniões. Até porque na “Nação dos 318” o dízimo também é doado em momentos de correntes e campanhas. Selecionamos alguns tipos, conforme vemos abaixo. À esquerda temos o envelope e a direita o saquitel. Estes dois são mais comuns nas reuniões da “Nação dos 318”.

Figura 7 – Envelope de Dízimo padrão Figura 8 – Saquitel de Dízimo

Agora vejamos os temáticos, isto é, quando utilizados em momentos especiais, como correntes e campanhas.

À esquerda um envelope distribuído para a entrega de dízimos na “Corrente do Fogo

Sagrado”, onde o pastor colocou no altar uma chama para serem realizadas orações

no sentido de queimar as amarras que impediam o progresso financeiro dos participantes. Para tanto, era necessário que os mesmos apresentassem seu dízimo para cumprimento de sua obrigação perante Deus e para ter o merecimento de receber a graça. Já o da direita é um envelope destinado especificamente a empresários que desejavam ampliar seus negócios, bem como manter suas empresas prosperando. Os mesmos deveriam participar de uma palestra a ser realizada em um dos auditórios da Catedral da Fé sobre Empreendedorismo uma hora antes de começar a reunião da “Nação dos 318” e para tal apresentar seu dízimo.

Figura 11 – Envelope de Dízimo de campanha Figura 12 – Envelope de Dízimo de campanha

Na esquerda vemos o envelope em formato de martelo, pois pertence à corrente do “Martelo de Fogo” e o na direita para a campanha da multiplicação onde foram entregues pedaços de peixe e pão às pessoas, fundamentado no milagre da multiplicação dos pães e peixes para uma multidão realizado por Jesus. E abaixo o envelope em forma de coroa relativo à campanha de consagração dos Príncipes de Deus, que foi a consagração de pessoas que pagavam seu dízimo com fidelidade.

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Geralmente os envelopes para os dízimos são entregues numa sessão anterior. No caso da oferta ou de um desafio ou de um dízimo especial os envelopes são distribuídos na hora.

Figura 13 – Envelope de Dízimo de campanha

Figura 13 – Envelope de Dízimo de campanha

Enfim, um objeto muito importante utilizado na coleta dos dízimos são as pulseiras. Para garantir e até mesmo exercer um controle social de quem é fiel na entrega do dízimo foram usadas pulseiras no pulso dos dizimistas fiéis. Cada semana a cor da pulseira mudava e sempre que o fiel entregava o envelope recebia uma nova pulseira. Como podermos ver, dois exemplos:

Figura 14 – Pulseiras de identificação de dizimista fiel

Em uma das reuniões que estivemos observando um determinado pastor solicitou logo após a coleta dos envelopes com os dízimos, que as pessoas que estivessem com a pulseira vermelha se sentassem. Logo, os que não estavam com a pulseira, onde me incluía, permaneceram de pé. Neste instante, pudemos perceber que aproximadamente 80% dos presentes entregaram o dízimo naquele dia, da mesma forma que o pastor também pode verificar essa quantidade, se é que não foi essa sua intenção. Após esse momento solicitou aos que estavam em pé que fossem

para frente do altar, onde ele estava. Lá ele proferiu um discurso sobre a importância do dízimo, argumentando que era uma obrigação de todo fiel, pois o dízimo pertence a Deus, e não entregá-lo é roubá-lo. Vejamos:

Eu quero que você entenda que o dízimo é natural, você não está fazendo nada de sobrenatural quando devolve o dízimo. O dízimo, ele pertence a Deus, é como quando você pega algo emprestado você devolve, mas tem gente que é cara-de-pau pega as coisas e não devolve, mas a pessoa que é honesta, que tem caráter ela é incapaz de tomar para ser uma coisa que não pertence a ela. A pessoa que é honesta e não estão na igreja, isso é caráter, ao passo que tem gente aqui dentro da igreja que envergonham o nome de Jesus. Então a pessoa que é honesta ela é incapaz de ficar com algo que não pertença a ela. Você se julga uma pessoa honesta? Tem muita gente que é honesta com os homens, mas é desonesta com Deus, porque o que é de Deus ela não devolve, ela não devolve. Você tem que ser fiel a Deus, quanto é de Deus? 10%, se você recebeu R$100,00 quanto é de Deus? R$10,00 esse dinheiro aqui é de Deus e eu devolvo a ele, porque eu tenho a consciência de que aquilo ali não é meu, é de Deus; pastor eu lutei, eu acordei tarde, eu dei duro, mas quem te deu força? Quem te dá esse ar? Se ele cortar esse ar você não levanta dessa poltrona. Então de tudo que ele nos dá, ele só pede 10%, é a nossa obrigação (Transcrição da fala do pastor na reunião do dia 19/02/2006).

Em seguida pediu aos obreiros e pastores auxiliares que entregassem as pulseiras às pessoas e os envelopes e que deixaria sob a consciência de cada um. Se durante a reunião Jesus tocasse no coração dessas pessoas, estas deveriam colocar o dízimo nos alforjes nas mãos dos obreiros nas portas de saída da Igreja. Ora, sem sombra de dúvidas isso gera um constrangimento, que força de alguma forma o participante dar o dízimo. Afinal, para Edir Macedo (2003, p. 64),

É dever do cristão verdadeiro cumprir suas obrigações par com Deus, ser fiel dizimista, e também amar ao seu próximo como a si mesmo. O fato é que a prática de dar o dízimo é o reconhecimento de senhorio de Deus sobre todas as coisas. Quando alguém dá o seu dízimo na Igreja, na verdade está considerando que Deus é o senhor, não só da sua vida, mas de tudo que ela produz. O sentido mais profundo do dízimo é que os cem por cento pertencem totalmente a Deus e quando Lhe devolvemos os dez por cento, estamos assumindo o privilégio de poder usar os outros noventa. Registramos na “Nação dos 318” uma fala de um pastor defendendo que sem a fidelidade no dízimo não é possível prosperar, vejamos:

E a base para se ter uma vida próspera é a fidelidade do dízimo é o primeiro passo para quem quer prosperar você tem que ser dizimista, não adianta você vim nas correntes e não ser dizimista. Quando eu me torno dizimista eu estou fazendo uma sociedade com Deus, amém gente, quem sai ganhando nessa sociedade é você, não tem como duas pessoas andarem juntas sem que haja um acordo, a sociedade só da certo quando os dois têm os mesmos objetivos,

então a pessoa quer se beneficiar daquilo que Deus tem, mas ela não quer fazer a parte dela. Quando você se torna dizimista você está fazendo uma parceria com o senhor Jesus, amém gente (Transcrição da fala do pastor na reunião do dia 19/02/2007).

Fica claro nesta doutrina que a relação é de sociedade entre o fiel e Deus. Para que o fiel possa prosperar é necessário que ele faça a sua parte que é dar o dízimo, que na verdade, segundo a IURD é uma devolução, pois tudo pertence a Deus e ele só exige apenas 10 por cento. Nesta lógica o indivíduo que não cumprir com sua parte do acordo não terá a “benção” de Deus, nem a proteção contra o “devorador” que é o diabo, que irá retirar tudo que a pessoa tem. Decerto que verificamos nessa fala um apelo à temeridade, além é claro de uma lógica perfeitamente empresarial, pois vemos idéias como “parceria”, “acordo” e “sociedade”, que são termos pertinentes a lógica de mercado, daí percebemos certamente uma lógica mercadológica.

Em seu livro “Como ser um Dizimista Fiel” Natal Furucho, bispo da IURD, fornece orientações aos membros da Igreja acerca de como manter sua fidelidade na “devolução” do dízimo. Oferece todo tipo de orientação, desde o significado da palavra até locais onde dar. Afirma que “Deus promete também repreender, através do dízimo, o demônio característico da miséria: o espírito devorador” (FURUCHO, 2003, p. 10). Portanto o pagamento do dízimo garante a proteção de Deus contra o devorador. Ele orienta também como cada segmento deve fazer para dar o dízimo, tais com: o empresário deve retirar o dízimo do lucro da empresa e não do faturamento bruto; o funcionário deve retirar do valor bruto e não do líquido; o autônomo deve ser calculado em cima do lucro; dentre outros. Criou um formulário para servir de controle mensal para o fiel organizar suas contas e calcular o dízimo como segue modelo.

Vejamos agora alguns pedidos de dízimos na “Nação dos 318” que no nosso modo de ver divergem dessas definições de Edir Macedo e Natal Furucho:

Quem é dizimista da Nação vai pegar esse saquinho e por o seu dízimo, e vai trazer na semana que vem! Você sabe que aqui na Nação seu dízimo é de no mínimo R$ 50,00! Alguém trouxe o saquitel vermelho pra me entregar hoje? Quem está com o saquitel vermelho levanta as mãos, em nome do senhor Jesus eu te peço abençoa as mãos desses dizimistas para que essa semana seja uma semana de prosperidade, que seja uma semana em que venha muito dinheiro para as mãos do seu povo, em nome do Deus pai, do Deus filho, e do Deus espírito-santo, todos digam amém, graças a Deus! (Transcrição da fala do pastor na reunião do dia 18/06/2007).

Quando o pastor estabelece um valor mínimo de 50,00 reais para o dízimo na “Nação dos 318” descaracteriza o sentido original e bíblico dos dez por cento e também teorizado pelos bispos mencionados. Mostra assim uma contradição, porque para a pessoa doar um dízimo de 50,00 reais teria que ganhar na semana 500,00 reais. Além dessa questão “conceitual” há que considera que o próprio público que freqüenta as reuniões da “Nação dos 318” não tem condições de angariar um valor desses numa semana.

Outra fala que registramos e consideramos bastante hilária e principalmente contraditória com os fundamentos doutrinários da Igreja, foi:

Você lembra que há alguns meses atrás teve aquela história do mensalão? Segunda-feira que vem você vai trazer o dizimão, o seu saquitel vai ser assim olha, sabe por quê? Porque você vai ter dinheiro para você e para a igreja. Aprenda a investir na sua vida financeira, quando um empresário quer crescer a sua empresa o que é que ele faz? Ele investe! Vamos dar um exemplo que nós estamos vendo aí nos times de futebol, tem time aí que tá na pindaíba tremenda não tem dinheiro nem para o almoço, sabe por quê? Porque não investiram. Então o empresário ele investi na empresa dele. Você não quer da a volta por cima esse ano? Mas pastor como eu invisto em mim? Quando você dar o dizimo, você investi em você, mas o seu dizimo você tem que dar aqui na nação, porque é a reunião pela vida financeira, então investi pela vida financeira trazendo aqui o dizimo, então na nação quando você dar o dizimo na segunda-feira você está investindo na sua vida financeira, e eu tenho o compromisso de te abençoar (Transcrição da fala do pastor na reunião do dia 05/03/2007, grifo nosso).

Ocorre nessas duas falas em particular uma confusão entre dízimo e oferta, pois pelo que identificamos na literatura da IURD a oferta é livre, não há um valor estipulado, por isso podemos afirmar que tais solicitações estão mais dentro do

modelo de oferta do que de dízimo, levando é claro, a conceituação clássica de dízimo que também é adotada pela Igreja, pelo menos na literatura.

Então, passemos agora para a questão da oferta com o intuito de estabelecer uma comparação com o dízimo e percebermos como ela é utilizada nas reuniões da “Nação dos 318”. Fazendo uma análise da literatura, identificamos um livro intitulado

“O Perfeito Sacrifício” de autoria de Edir Macedo, dedicado especificamente à oferta.

Neste, o bispo, fala sobre a origem, definição, significado real e os tipos de ofertas dentre outras questões relacionadas à oferta. Quanto à origem são apresentados vários versículos bíblicos tanto do velho como do novo testamento. Para o propósito que no momento nos interessa focalizemos a questão da definição:

Oferta, de acordo com a bíblia, é uma ação, objeto ou comportamento que serve como meio a partir do qual o indivíduo se aproxima da Deus. A raiz da palavra “oferta”, no hebraico, significa “aproximar-se”, e isso está plenamente de acordo com as Sagradas Escrituras [...]. [...] Deus ofertou Seu próprio Filho, Jesus Cristo (João 3.16). O Senhor Jesus é a Oferta perfeita do Deus-Pai para a salvação da humanidade; portanto, a oferta perfeita, ao mesmo tempo em que é a porta de aceso á Sua santa presença (MACEDO, p. 14-15, 2003).

Ora, a oferta simboliza Jesus, portanto, o dinheiro colocado nos envelopes perde seu sentido monetário e passa a ter outro sentido, o do sacrifício. Ao fazer a doação deve está presente o sentimento do sacrifício, “[...] sempre ligada ao sacrifício, a origem da oferta está no Éden” (MACEDO, 2003, p. 15). Portanto, o valor a ser ofertado é variado, dependendo da condição econômica de cada um, não havendo um limite mínimo ou máximo. O indivíduo tem que dar aquilo que de fato seja para ele um sacrifício, pois, por exemplo, se ele possui uma renda bastante elevada e realiza ofertas pequenas, onde estaria o sacrifício? Já uma pessoa que tem uma renda baixa e dá, por exemplo, tudo que tem na carteira naquele dia, demonstra ter mais fé, pois fez um sacrifício. Conforme Weber (2002, p. 135) nos explica, “[...] a opinião de que Deuses concedem riquezas ao homem que os agrada, através do sacrifício ou pelo seu comportamento, difundiu-se realmente por todo o mundo”. Essa é a lógica básica da oferta que percebemos na “Nação dos 318”, sendo por isso, que várias vezes vimos pastores ou bispos pedirem que alguém presente doasse seu carro que estava no estacionamento da Igreja e voltasse para casa de ônibus. Portanto, na doutrina da Igreja é por meio do sacrifício que o fiel demonstra

sua fé no poder de Deus, e sendo assim, Deus irá retribuir com benções, dádivas. É o que eles denominam de oferta perfeita, conforme podemos ver na fala do bispo Edir Macedo (2003, p. 15):

Se Jesus é a oferta perfeita, isso significa que todas as ofertas são representações d’Ele. A oferta representa o Senhor Jesus! Por isso, ela não pode ser imperfeita, então toda oferta que se oferece a Deus tem de ser também perfeita, a fim de poder representar coerentemente o Seu Filho Jesus. Caso contrário, não é aceita e, conseqüentemente, não produz resultados que deveria.

Em uma de nossas visitas, registramos um pastor explicar que a pessoa que devolve o dízimo cumpre com sua obrigação para com Deus, tendo como resultado, a proteção de Deus contra o devorador, de modo que, este não seria capaz de tirar da pessoa o que ela conquistou, os bens que ela tem. Contudo, disse, ainda assim essa pessoa não consegue prosperar. Para que isso ocorra é necessário apresentar ofertas, é isso que faz com que a pessoa prospere. Ele exemplificou dizendo: se a pessoa só dá o dízimo ela não fica pobre, mas não conquista novos bens; se a pessoa só dá ofertas ela prospera, mas perde tudo que conquistou, pois o devorador retira, então, a fórmula para prosperar é devolver o dízimo e ofertar. Daí, percebe-se uma complementaridade e unidade entre esses dois símbolos.

Demonstraremos abaixo um momento de pedido de oferta. Esse é o modelo típico pelo menos na “Nação dos 318”. De um para outro ocorrem pequenas variações, a depender de uma campanha ou corrente específica, mas no geral a oferta é solicitada da seguinte forma:

Presta atenção, nós vamos honrar Deus agora com nossas ofertas! (aplausos)! Ninguém é obrigado a dar oferta aqui nessa tarde; a oferta é livre e com fé. Mas eu quero levantar aqui 200 pessoas nessa tarde que vão fazer uma oferta aqui nessa tarde e vão demonstrar fé e vão fazer uma oferta de 1.000 reais, de 500 reais, de 300 reais, de 200 reais de 100 reais e até de 50 reais, amém gente! 200 pessoas que vão fazer uma prova a Deus, amém gente! Então você vai tirar daqui do altar a tua vitória, graças a Deus! Meu Deus em nome de Jesus consagra agora meu pai essas pessoas e levanta aqui meu Deus essas 200 pessoas que vão fazer uma oferta de 1.000 reais ou mais, de 100 reais ou mais, de 50 reais ou mais, de 10 reais ou mais e quero abençoar essas pessoas meu pai, em nome do pai, do filho e do espírito-santo, amém, graças a Deus! Podem vim coloquem aqui no altar desafio de Deus essa é a prova de Deus de fé! Vamos lá com 10 reais ou mais. Deus não vai deixar faltar para você não, Deus vai te abençoar! Vem aqui fazer sua prova de fé, vem. Coloca ai, por favor. Quem mais tem e vai fazer as ofertas com 10 reais ou mais vem aqui na frente, amém. Pastor a minha oferta é 5,00 reais, vem aqui na frente, 5,00

reais ou mais, vem aqui na frente. Traga aqui a sua oferta de 2,00 de 3,00 de 1,00 é uma moeda mais traga aqui na frente. Vamos lá! (Transcrição da fala do pastor na reunião do dia 15/01/2007).

Observemos que começa com 1.000,00 reais e termina com uma moeda de qualquer valor. Dessa forma todos são contemplados. Todos se sentem acolhidos, é uma estratégia de coleta muito interessante. Ao observar esses momentos o que verificamos? Que o número de pessoas vai aumentando gradativamente e inversamente proporcional ao valor solicitado, isto é, quanto maior o valor menos pessoas e quanto menor o valor mais pessoas.

Por meio da observação identificamos que o valor de 10,00 envolve aproximadamente 70% do público, indicando assim, o nível econômico da maioria das pessoas que freqüentam as reuniões da “Nação dos 318”. Além disso, em uma pesquisa realizada por Wilson Gomes em 19897, foi identificado que a maior parte das pessoas que freqüentam a IURD são mulheres donas de casa e de baixa renda, o que também verificamos na “Nação dos 318” por meio de conversas e observação. Conforme vejamos:

Em pesquisa realizada em 1989, sob minha coordenação, na cidade do Salvador, pôde-se constatar que quase 90% dos fiéis da Igreja Universal são mulheres. Destas, 69,67% não trabalham for de casa, portanto não percebem salário mensal para a própria manutenção. Dos cerca de 30% que trabalham fora de casa, apenas 5% ganham mais de um salário