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Causas dos escorregamentos

1 D EFINIÇÃO DOS PESOS AOS MAPAS TEMÁTICOS

Foram atribuídos os pesos para os condicionantes do meio físico que influenciam a ocorrência dos escorregamentos translacionais na área de estudo.

Os condicionantes tratados neste projeto são:

• Geologia • Geomorfologia • Vegetação • Declividade

Nesta etapa, foi utilizada a ferramenta Suporte à Decisão do SPRING, que auxilia na comparação pareada entre os condicionantes, como ilustra a Figura 12.

Figura 12: Visualização do procedimento para a comparação pareada no software SPRING.

Com base na comparação pareada realizada, calculado o peso de cada condicionante do meio físico envolvido na análise. O resultado obtido está representado na Tabela 10:

Tabela 10: Pesos atribuídos aos condicionantes abordados.

Condicionantes Peso calculado

Geologia 0,082 Declividade 0,359 Geomorfologia 0,359

Vegetação 0,200

A soma dos pesos calculados deve ser igual a 1 (um) e é aconselhável que a Razão de Consistência obtida seja sempre menor que 0,1. Esta razão mede a coerência e a consistência das relações de importância consideradas na análise. Caso a razão de consistência obtida seja superior a 0,1, o julgamento dos condicionantes deve ser refeito, por apresentar incoerências. Quanto mais próxima de "0" for a razão de consistência, mais coerente será o modelo. O cálculo de pesos deste trabalho resultou em uma Razão de Consistência igual a 0,008, o que caracteriza um modelo coerente.

Como pode ser visto na tabela anterior, os condicionantes que receberam maior peso foram a geomorfologia e a declividade. Estes condicionantes receberam pesos iguais, já que a ocorrência de um escorregamento translacional está intimamente ligada a altas declividades e vertentes retilíneas. Estes dois condicionantes ainda se correlacionam a outro, presente em vertentes retilíneas, que é a delgada espessura de solo, estimada segundo Augusto Filho et al (1988).

A vegetação recebeu o segundo maior peso, igual a 0,200, já que a ausência da cobertura vegetal potencializa o processo, constituindo portanto, num importante fator para a suscetibilidade.

A geologia recebeu o menor peso do modelo, igual a 0,082. Existem tipos de rochas mais favoráveis ao escorregamento, como aquelas que apresentam planos de fraqueza, xistosidade, fraturas ou alterações, porém, devem estar associadas a altas declividades e vertentes retilíneas ou côncavas para o processo ser deflagrado.

1.1. - Pesos das classes dos mapas temáticos

Feito o cálculo dos pesos de forma a gerar um modelo coerente, o próximo passo foi atribuir pesos às classes dos mapas temáticos. Os pesos podem variar num intervalo entre 0 e 1, e foram escritos sob a forma de um programa em LEGAL (Linguagem Espacial para Geoprocessamento Algébrico), executado dentro do SPRING.

1.1.1. - Classe Geologia

Na variável geologia, os pesos atribuídos às classes estão representados na tabela 11:

Tabela 11: Representação dos pesos atribuídos as classes temáticas de geologia.

Classes temáticas de geologia Pesos atribuídos

Maciços graníticos 0,1

Migmatitos oftalmíticos, nebulíticos, com paleossomas graníticos e gnáissicos

0,4

Migmatitos com paleossoma de micaxistos 0,6

Micaxistos 0,8

Filitos e micaxistos receberam o maior peso, já que devido à sua foliação, possuem planos de fraqueza que podem vir a romper, processo que ainda pode ser acelerado caso a água das chuvas infiltre, ou ocorram em encostas retilíneas de alta declividade. Migmatitos com paleossoma de micaxistos receberam o segundo maior peso. A classe a seguir, com peso igual à 0,4, inclui migmatitos com paleossoma gnáissico, e migmatitos oftalmíticos e nebulíticos, que apresentam uma resistência maior à processos erosivos e de escorregamentos que as classes tratadas anteriormente.

A classe de menor peso engloba os maciços graníticos Taiaçupeba e Serra do Morrão, menos suscetíveis a processos erosivos e de escorregamentos devido ao seu caráter isotrópico, que imprime maior resistência mecânica .

Os sedimentos terciários e quaternários receberam peso 0 (zero), e foram removidos da lista, visto que se localizam em locais de declividade inferior a 5º, estando englobados na classe de 0 a 20o , e não favorecem escorregamentos translacionais.

1.1.2 - Classe Declividade

Os pesos atribuídos às diferentes classes de declividade estão representados na tabela 12.

Tabela 12: Pesos atribuídos as classes temáticas de declividade.

Classes temáticas de declividade Pesos atribuídos

A<20º 0,2

20<B<30º 0,4 30<C<40º 0,8

D>40º 0,8

Encostas com maior declividade receberam o maior peso. As classes de declividade C e D receberam pesos iguais para generalizar mais o modelo, embasado por Augusto Filho et al (1988).

1.1.3. - Classe Vegetação

A classe do mapa de vegetação correspondente à mata é caracterizada por apresentar vegetação alta, densa, latifoliada, típica das matas costeiras que integram a Mata Atlântica. É a camada de maior importância na estabilidade das encostas, por promover maior cobertura à camada de solo ou rocha, reduzindo a ação dos processos erosivos.

A unidade de vegetação denominada capoeira corresponde à uma vegetação secundária, similar à mata. Representa um estágio de recuperação da Mata Atlântica, em áreas previamente desmatadas. Capoeira também inclui espécies arbustivas, herbáceas e árvores jovens, de pequeno porte.

O campo compreende espécies herbáceas e eventuais espécies arbustivas, sendo cortado por estradas vicinais e linhas de transmissão. Sua ação protetora contra erosão é bastante reduzida, em relação aos outros tipos de vegetação.

Na variável vegetação, as classes que receberam maior peso correspondem às classes representando vegetação degradada (Tabela 13), que favorece o escoamento superficial da água propiciando a alteração da rocha que, uma vez descoberta, pode sofrer processos erosivos evoluindo para escorregamentos.

Tabela 13: Pesos atribuídos as classes temáticas de vegetação.

Classes temáticas de vegetação Pesos atribuídos

Mata (cobertura florestal) 0,1

Capoeira antiga 0,1

Capoeira nova 0,1

Mata com degradação fraca 0,3

Campo 0,3

Mata com degradação forte 0,5

Capoeira com degradação fraca 0,5

Capoeira com degradação forte 0,8

Área de manutenção (linhas de transmissão ou vias de transporte)

0,8

1.1.4. - Classe Geomorfologia

Tabela 14: Pesos atribuídos asclasses temáticas de geomorfologia.

Classes temáticas de geomorfologia Pesos atribuídos

Planície fluvial 0,0

Patamares com ou sem colúvio, e elevações isoladas

0,2

Vertentes retilíneas e patamares com ou sem colúvio

0,3

Vertentes retilíneas 0,8

Na variável geomorfologia, os maiores pesos foram atribuídos para as vertentes retilíneas, que possuem grande densidade de canais de escoamento, cabeceiras de drenagem e afloramento de lençol freático. Áreas de planície fluvial receberam peso igual a zero, visto que não são suscetíveis a escorregamentos translacionais.

Teoricamente, as classes geomorfológicas puderam ser associadas às espessuras de solo segundo a Tabela 15, baseada em Augusto Filho et al. (1988).

Tabela 15: Relação entre a tipologia das encostas e a espessura do solo.

Tipologia das encostas Profundidade estimada do solo

Encostas retilíneas Rasa

Encostas côncavas Mediana

Encostas convexas Profunda

Esta associação complementou a análise visto que as encostas retilíneas possuem espessura de solo mais rasa, caracterizando os escorregamentos translacionais.

O mapa de tipologia das encostas foi elaborado com base na configuração das curvas de nível do mapa topográfico, porém, seu nível de detalhe foi maior do que o utilizado no modelo adotado. O mapa foi retirado do modelo por distorcer o resultado final.

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