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D G7M A7 Assim que o dia amanheceu

No documento Teoria musical aplicada ao violão (páginas 62-70)

Formação de acordes

D G7M A7 Assim que o dia amanheceu

A#° Bm Bm7M Lá no mar alto da paixão

Bm7 Bm6 Am7 D7(9) Dava pra ver o tempo ruir

Gm7 C7(9) F#m7 Cadê você, que solidão B7(9-) E7(9) A7(4) Esquecera de mim

Mas não é assim na música popular em geral. Geralmente são bem menos acordes. E os acordes repetem-se à medida em que a música segue em frente. E os acordes somente mudam quando a melodia assim exige. Veja um exemplo extremo abaixo:

G

Existem momentos na vida D

Que lembramos até morrer Passados tão tristes no amor G D

Que ninguém consegue esquecer G

Carrego uma triste lembrança D

De um bem que jurou me amar

Está presa em meu pensamento G G7

E o tempo não vai apagar Refrão

C

Fui seresteiro das noites G

Cantei vendo o alvorecer D

Molhado com os pingos da chuva G G7

Com flores pra lhe oferecer C

Fui seresteiro das noites G

Cantei vendo o alvorecer D

Molhado com os pingos da chuva G D G D G D Com flores pra lhe oferecer

Na música “Seresteiro das noites” acima, a primeira parte usa praticamente só dois acordes! Apenas no final o G vira G7!

No refrão é introduzido o acorde C. E acabou-se! A música toda só usa três acordes. Acabamos portanto de ver os dois extremos: Uma canção com dezesseis acordes (só na primeira estrofe... a música toda tem mais de 25 acordes) e outra com apenas três

O que se deduz daí? Eu deduzo o seguinte:

• A quantidade de acordes numa música não se traduz em qualidade. Ou sucesso. Se fôssemos levar em conta o fator sucesso (vendagem), Oceano, de Djavan apanharia feio de Seresteiro das noites, de Amado Batista. Feio mesmo. Sem a menor dúvida, a música de Amado Batista vendeu infinitamente mais. A música de Djavan é mais sofisticada. A de Amado Batista é mais simples. Mas isso não quer dizer que uma seja boa e a outra ruim. Eu, por exemplo, gosto das duas. Escuto as duas músicas com prazer, sem preconceito. E também existem músicas simples que não gosto. E músicas sofisticadas das quais também não gosto.

• Acordes presentes numa música dependem de sua melodia e também de seu gênero. Tente inverter as coisas, e tocar Seresteiro das noites com dezenas de acordes, ou Oceano com apenas três acordes. Duas músicas bonitas seriam transformadas em aberrações.

• Nada supera uma melodia bonita, cativante, aliada a uma harmonia condizente e uma letra interessante. Tudo na medida.

Portanto, em termos de acordes, mais não significa melhor. Mas isso não quer dizer que você limite seu conhecimento. Pelo contrário. Quanto mais você souber, mais músicas poderá tocar e mais rico será o seu desempenho.

Ritmo

A música portanto tem melodia (as notas...) e harmonia (os acordes...). Mas é necessário um terceiro elemento: o ritmo. Sem ritmo... sem música.

Não confunda ritmo com tempo. O tempo determina a pulsação da música (mais lenta, mais rápida). O ritmo é mais complexo. O ritmo determina:

Em quais partes do tempo haverá som ou silêncio, a duração dos sons e silêncios e também a intensidade (volume) dos sons.

Não é tão simples, mas a frase acima quase consegue definir ritmo. Pelo menos para a música.

Imagine o seguinte: Temos um compasso de quatro tempos, com andamento de 60. Montamos um acorde no violão e tocamos uma vez em cada tempo, com a mesma intensidade. Agora, imagine que continuemos assim por vários compassos, sem mudar nada. Temos aí um “quase ritmo”. Porém, monótono, sem vida. Quase poderíamos dizer que não é um ritmo.

Agora vamos mudar a coisa um pouco. Vamos dividir estes quatro tempos em oito. Teremos então:

1! 1,5! 2! 2,5! 3! 3,5! 4

Se continuarmos fazendo o que estávamos fazendo antes e tocarmos uma vez a cada meio tempo, com a mesma intensidade, ficaremos na mesma.

Mas.. façamos o seguinte:

• No tempo 1, faremos a batida para baixo, nas cordas graves do violão. A batida será um pouco mais forte do que as demais.

• Nos tempos 1,5 e 2,5 não faremos nada (silêncio)

• Nos tempos 2 e 4, daremos a batida para baixo, somente nas três cordas mais finas. • No tempo 3 faremos a mesma batida do tempo um, nas cordas mais grossas, porém

com menos intensidade.

• No tempo 3,5 nossa batida será puxar de leve as cordas mais finas (de baixo) para cima.

Se fizermos conforme acima, aí teremos... ritmo! Veja como tudo encaixa na frase inicial. Definimos durações diferentes. Definimos intensidades diferentes. Inserimos silêncios. isto se chama... ritmo.

Assim são compostos todos os ritmos. Por vezes, ao ouvir uma música, mesmo prestando atenção, fica difícil associar o ritmo ouvido com a teoria de ritmo. Mas “destrinchando” o ritmo como foi feito acima, é possível perceber a divisão das partes.

A bateria e o ritmo

Eu sempre, ao ensinar violão, procurei mostrar a associação entre as peças de uma bateria e o violão, para se aprender duas coisas: tempo e ritmo.

A bateria, numa banda, é o principal instrumento de marcação de tempo e ritmo. Um bom baterista leva automaticamente os demais músicos a executar o ritmo e o tempo certos. E mais... podemos associar as peças da bateria às partes das batidas no violão. Isto ajuda muito a compreender e treinar ritmos.

Bateria Tempo Violão

Bumbo 1 e 3 Cordas mais grossas

Caixa 2 e 4 Cordas mais finas

Cimbal Tempos intermediários Cordas mais finas (acima)

É claro que numa batida de violão mais complexa não se pode tomar isto como regra absoluta. Mas com batidas simples, é fácil perceber a correlação e seguir a bateria.

Sensibilidade

Ritmo também depende muito de sensibilidade. É muito comum acontecer de se fazer as batidas certas para um determinado ritmo, no violão, e o resultado não se parecer muito com o desejado.

Isto tem muito a ver com intensidade. Ou seja, com a força de cada elemento da batida. Se todos os movimentos estiverem corretos e o resultado não for correto, o problema está aí. Existem batidas em que determinados movimentos são quase imperceptíveis.

Movimentos que não chegam a ser silêncio absoluto, mas chegam perto. Como se fossem “falsos movimentos”.

Isso é sensibilidade. É preciso “sentir” a batida, para saber que intensidade se vai dar a cada parte.

E mais uma vez... a matemática não se aplica à música. Ritmo também tem sua

“matemática”. Mas de todas as partes da música é o que menos tem, diria eu. Imagine como faríamos para transformar em números e sinais uma batida complexa. Creio até ser possível, mas ficaria bem complicado. Por isso é tão difícil - e eu digo isto sempre -

representar ritmos graficamente.

O que se faz normalmente é mostrar a quantidade e as direções das batidas. O que já dá uma idéia, mas não mostra o ritmo como ele realmente é. Veja o exemplo abaixo:

Na imagem acima, as setas indicam o sentido de cada movimento. Os números indicam o tempo. Não há nada neste diagrama que mostre a intensidade, por exemplo. Nem

tampouco em que tempo se toca os movimentos para cima. Poderia ser qualquer batida. Porém, um diagrama assim, acompanhado da audição da música... já ajuda.

Ritmos ao violão

No violão usamos vários recursos para executar ritmos. Planger as cordas para cima e para baixo é o recurso principal, claro. Afinal... temos que arrancar som daquele treco. Porém somente estes dois movimentos não são suficientes. Por isso utilizamos outros recursos, seja para som ou silêncio. Tanto com a mão direita como com a mão esquerda. Sim... a mão que aperta as cordas para obter os acordes também pode ajudar no ritmo. Recursos para ritmo

• Abafamento das cordas - Às vezes é necessário interromper a duração de um som. O abafamento é o recurso usado para isso. Com a mão direita (a que faz o ritmo) usamos a lateral externa da mão. Após tocar, basta encostar a lateral da mão nas cordas

rapidamente, conforme a imagem abaixo. A imagem é um pouco exagerada, só para demonstrar. É claro que tocando você não vai precisar virar a mão assim.

• Abafamento com a mão esquerda - A mão que faz os acordes e notas, também pode abafar o som. Uma das técnicas é afrouxar a pressão nas cordas apertadas. A outra é fazer quase a mesma coisa que a mão direita, encostando os dedos de leve nas cordas, após tocar.

• Percussão - É muito comum. É o ato de bater mais forte nas cordas e abafar em seguida. Se dá nos tempos 2 e 4, correspondentes à caixa da bateria. Geralmente se utiliza este recurso quando se está tocando sozinho, sem banda. Tocando com a banda isto não é necessário, pois já está sendo feito pela bateria (A caixa).

Estes são os recursos mais comuns. na verdade, após algum tempo de prática, as mãos acostumam-se a fazer pequenos e rápidos movimentos que ajudam a compor o ritmo.

Quantos ritmos?

E quantos ritmos existem? Centenas. Talvez milhares. Mais uma vez, fica muito difícil “decorar”. Felizmente, as músicas mais populares geralmente não utilizam ritmos muito complexos. São relativamente fáceis de tocar.

E os ritmos têm também, variações. Ou seja, de um ritmo básico pode-se extrair inúmeros outros. Você pode reparar em suas músicas preferidas. Você “sente” que o ritmo é o mesmo, mas quando vai tocar... a batida é diferente. Ou seja, o ritmo é o mesmo, mas tem algumas variantes. Uma “puxadinha a mais” aqui... um abafamento ali... e assim por diante.

Outra coisa: uma coisa é gênero de música. A outra é ritmo. Gêneros diferentes podem usar o mesmo ritmo. Por exemplo: É possível encontrar o mesmo ritmo em pop, rock e country. Porém, a arranjo, os instrumentos, a melodia... ou seja, tudo junto ou algum destes componentes é que vai dizer qual é o gênero da música.

Ritmos complexos

Ritmo, conforme já dito anteriormente, não é algo muito simples. Inclusive existem certos ritmos que são difíceis de reproduzir somente com um violão. Os componentes do ritmo são tão complexos que é necessária uma técnica muito apurada para executá-lo. Um exemplo é o flamenco. Veja o video abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=XwhstLcLfn8

O que acontece num ritmo destes? Os intervalos, componentes e recursos utilizados são muitos. E não são distribuídos com uniformidade no compasso. Ou seja... nada mais de 1 - 1,5 - 2.... Os intervalos entre silêncio e som, por exemplo são desiguais. Isto é o que caracteriza o ritmo. E torna maior o seu grau de dificuldade.

Como aprender ritmos complexos? Fazendo o dever de casa. Eu conheço gente que gostaria de aprender flamenco, por exemplo, antes sequer de conseguir tocar uma balada simples. É possível? Sim, é possível. Mas é muito melhor não pular etapas. Primeiro os ritmos mais simples, básicos. Afinal, lembre-se: você não aprendeu primeiro uma palavra. Aprendeu primeiro uma letra...

Ritmo no compasso

Sempre que falamos em ritmo, precisamos falar de tempo. E de compasso. O ritmo, assim como a melodia e os acordes, precisa seguir o compasso da música. Na prática, mesmo para quem não lê partitura, usamos os tempos do compasso para “encaixar” o ritmo.

Conforme mencionado anteriormente... No tempo 1 fazemos tal coisa. No tempo 2... E assim por diante. Veja na imagem abaixo. Há dois compassos. Em cada qual eu coloquei oito notas. As setas indicam as batidas no violão (ritmo). Os números acima das setas, os 4 tempos do compasso. As letras acima dos números são os acordes a serem tocados.

Repare então que:

• Em cada tempo temos duas notas (a melodia).

• Em cada tempo temos dois movimentos/elementos do ritmo.

• Temos dois acordes divididos uniformemente no compasso. O acorde C tem duração de 2 tempos (1 e 2). Dois tempos também para o acorde G (3 e 4).

No caso, se o mesmo ritmo se repetisse e você estivesse tocando apenas o

acompanhamento, bastaria reiniciar o ritmo a partir do próximo compasso e assim por diante, apenas trocando os acordes.

É claro que isto é um exemplo simplificado ao máximo. Nem sequer uma música temos aí. O que temos é uma escala de C ascendente e descendente.

No documento Teoria musical aplicada ao violão (páginas 62-70)

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