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Teoria musical aplicada ao violão

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Academic year: 2021

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Teoria musical

aplicada ao violão

Bruno Grünig

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Índice

Introdução!

6

Cifras e sinais utilizados!

7

As notas musicais!

8

As doze notas musicais! 8

A diferença entre tom e semiton! 8

As notas musicais no braço do violão!

9

Escala Cromática! 9

Afinação do violão! 10

Tipos de afinação! 10

Como afinar o violão! 11

Outras afinações! 12

Capotraste! 12

Imagens de diapasão! 12

Partitura!

13

Como saber a tonalidade pela partitura! 15

Divisões da música!

18

Tempo! 18 Metrônomo tradicional! 19 INCLUIR SOM! 19 Compasso! 19 INCLUIR SOM! 20 Divisão! 20 Acordes no compasso! 21

Tablaturas!

23

(4)

Como funciona a tablatura! 23

Sinais da tablatura! 24

Escalas!

26

A importância das escalas! 26

Tipos de escalas! 27

Escala maior! 27

Escala menor natural! 28

Achando uma escala menor natural através de uma escala maior (E vice-versa)! 28

Escala menor harmônica! 29

Escala menor melódica! 29

Escala pentatônica maior! 30

Escala pentatônica menor! 30

Escala de blues! 30

De onde vêm as escalas?! 31

Outras escalas! 31

Escalas no braço do violão !

33

Oitavas!

38

Oitavas no violão! 38

Cantando “uma oitava acima” ou “uma oitava abaixo”! 39

Hora do recreio !

41

Tonalidade!

42

Como é determinada a tonalidade de uma música?! 42

As tonalidades na partitura! 44

Transporte de tonalidade! 45

Fazendo o transporte no dia a dia! 47

(5)

Variações dos acordes! 49

Acordes relativos! 49

Formação de acordes!

51

De onde vêm os acordes?! 51

Acordes naturais! 51

Tipos de acordes alterados! 54

Formatos dos acordes! 61

Ritmo !

65

A bateria e o ritmo! 66 Sensibilidade! 66 Ritmos ao violão! 67 Quantos ritmos?! 68 Ritmos complexos! 68 Ritmo no compasso! 69

Melodia e solo!

70

E na música popular?! 70

E uma melodia cantada ou tocada sem acompanhamento?! 70

Voz e violão! 71

A música completa!

72

Estrutura musical!

73

Sequências de acordes! 76

Onde é que eu “entro”?! 76

Analisando uma música!

78

(6)

Introdução

Existem sete notas musicais. Estou aqui relutando com a idéia de que “isso todo mundo sabe”. Quando eu era criança, talvez isso fosse verdade. Mas hoje, com a queda de qualidade no ensino em nosso país (Brasil, claro), creio que nem isso “todo mundo sabe”. Acredite, caro leitor, quando eu era criança e estudava o primeiro grau, a minha escola - estadual - tinha:

• Piscina

• Quadra de jogos • Anfiteatro

• Sala de música

• Laboratório de química completo • Professores altamente qualificados

Portanto, com aulas de música pelo menos uma vez por semana, quem não soubesse as sete notas musicais... repetia. Ah, sim... isso era outra coisa que existia à época.

Repetência.

Mas... vamos deixar isso pra lá e partir ao que interessa.

Na verdade, como você verá no decorrer do livro, não são bem somente sete notas musicais. Se contarmos os semitons (calma... você vai ver isso também), temos então doze notas musicais.

Tudo (ou quase tudo) na música origina-se destas notas. Com as notas musicais montamos acordes, escalas, melodias, solos e tudo mais.

Poderíamos dizer que as notas musicais sempre existiram. Um pássaro cantando emite notas musicais, por exemplo.

O que não existia eram as regras e representação gráfica para estas notas. Ou sejam, elas eram apenas sons.

Por exemplo... quando você toca qualquer corda do violão, apertada em alguma casa ou não, está emitindo uma nota musical.

Foi criado então um sistema de representação das notas musicais, bem como algumas regras para que ao ler as notas numa partitura, o músico pudesse executar aquela canção.

Mas eu não vou aqui neste simples livro aprofundar-me em altas teorias musicais. Pelo contrário, tento simplificar ao máximo as coisas. Mostrando apenas o suficiente para que você saiba o que está fazendo ao tocar seu violão.

(7)

Cifras e sinais utilizados

Existem sinais e cifras destinados a simplificar a representação de notas musicais.

Utilizamos alguns deles neste livro, portanto procure memorizá-los. Não é difícil, mas você precisa ter certeza de que entendeu o que cada um deles quer dizer.

Por exemplo: se eu escrever o tempo todo “dó sustenido” ou “lá bemol”, a explicação torna-se comprida e enfadonha. Portanto o que você verá é: C# (dó sustenido) e Ab (lá bemol).

Para representar as notas musicais (e acordes também) usamos letras: A = Lá B = Si C = Dó D = Ré E = Mi F = Fá G = Sol

Para representar os semitons, usamos: # = sustenido

b = bemol

IMPORTANTE: Como você verá mais adiante, pouco usaremos o “b” (bemol), pelo simples motivo de que uma mesma nota pode ser representada pelos dois sinais. Veja porque:

Dadas as notas A e B, temos entre elas um semiton. Este semiton pode ser chamado de Bb (si bemol, meio tom abaixo de si) ou de A# (lá sustenido, meio tom acima de lá). Mas é a mesma nota. Por isso, simplificamos a coisa e só usamos bemol quando for

estritamente necessário. Na verdade o uso do bemol só é mesmo necessário em partituras. Suponhamos que uma partitura tenha as notas A e A#. Se escrevermos a partitura com # o músico sempre irá tocar o A como sustenido. Mas a partitura tem as duas notas, A e A#. Portanto, neste caso, teremos que representar o A# como Bb. Por isso, daqui por diante representaremos os semitons como #, sabendo que isso nos basta.

Obs: Caso você não esteja familiarizado... Um sinal # ao lado de uma nota ou acorde, aumenta esta nota ou acorde em meio tom. O bemol (b) diminui a nota ou acorde em meio tom. Portanto... C# = C aumentado em meio tom. E Ab = A diminuído em meio tom.

(8)

As notas musicais

Para atingir o propósito deste livro, vamos sempre associar a teoria à prática. No violão, é claro. E também, para “abrir o horizonte”, mostrar correlações das notas musicais com o piano. Isto com certeza enriquecerá o seu conhecimento de música.

Muito bem. Então temos, basicamente, sete notas musicais. Acontece que entre algumas destas notas existem o que chamamos de semiton. Ou seja, um som algo mais agudo do que a nota anterior. Ou mais grave do que a próxima nota. Exemplo:

Dó - Dó sustenido - Ré

A nota do meio (dó sustenido), é meio tom mais alta (mais aguda) do que o dó. E meio tom mais baixa (mais grave) do que o ré. Portanto... são três notas distintas.

A palavra “sustenido” significa “meio tom acima”. Ou seja... mais alto mais agudo. Quando falamos em notas musicais “acima”, “mais altas” ou “abaixo”, “mais baixas”, não estamos falando de volume. Estamos falando de “mais graves” ou “mais agudas”.

Por exemplo: no seu violão, apertando a sexta corda ( a de cima, mais grossa), na

terceira casa, temos a nota sol. Uma casa adiante (quarta casa), temos um sol sustenido, meio tom acima do sol. Uma casa para trás (a segunda casa), temos um fá sustenido, meio tom abaixo do sol.

As doze notas musicais

C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B, C

Aí temos portanto, as sete notas musicais, mais os cinco semitons que, é claro, também são notas musicais. Repare que não existem semitons entre E e F nem entre B e C. Portanto:

Não existem: B# nem Cb Não existem: E# nem Fb

A diferença entre tom e semiton

Ocorreu-me agora que você talvez esteja querendo saber qual seria mais importante... um G ou um G#? Um D ou um D#? A resposta: são iguais. Uma música pode ser composta na tonalidade G ou G#. E qualquer música pode ser tocada em qualquer tonalidade. Portanto... não existem “notas mais importantes”.

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As notas musicais no braço do violão

No braço do violão, as notas musicais aparecem desta mesma forma. De meio em meio tom. Cada casa do braço do violão representa uma nota.

No sentido das tarraxas para o corpo do violão as notas aumentam (mais agudas) No sentido do corpo para as tarraxas as notas diminuem (mais graves)

No diagrama acima, vemos todas as notas musicais no braço do violão, até a casa 15. No lado esquerdo do diagrama, as notas das cordas soltas (E, A, D, G, B e E). De baixo para cima, da sexta corda (a mais grossa), até a primeira corda (a mais fina).

Neste diagrama, os semitons estão representados em # e b, apenas a título de ilustração, e para que você visualize como, na prática são exatamente as mesmas notas, com

nomes diferentes. Então... G# = Ab e C# = Db e assim por diante. Por isso, como já foi dito, não é necessário usar o bemol. Ficamos apenas com o # (sustenido), para efeitos práticos.

Escala Cromática

É chamada escala cromática aquela que tem todas as notas musicais, incluindo os semitons. Exemplo:

C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B

No caso acima, começamos da nota C, mas uma escala pode começar em qualquer nota. Repare como no braço do violão, cada corda tem suas notas numa escala cromática. Cada casa do violão representa meio tom.

A corda 6 (a mais grossa), começa com a nota E (corda solta). E vai seguindo numa escala cromática: F, F#, G, G#... etc. A mesma coisa acontece com as demais cordas.

(10)

Afinação do violão

Para obter estas notas musicais nas cordas do violão, é necessário que estas estejam, como se diz, afinadas. Afinar o violão é isso: apertar ou desapertar as cordas, para obter as notas corretas.

Quanto mais você aperta uma corda, mais alta (mais aguda) a nota obtida ficará. E vice-versa, claro.

Quando colocamos cordas novas num violão, a princípio elas ficam frouxas. À medida que vamos apertando, a nota vai subindo. Até chegarmos à nota desejada. Se apertamos demais, dizemos então que a nota “passou”. Ou seja, ficou aguda demais, mais alta do que o necessário. Por exemplo: Se apertamos a sexta corda um pouco demais, teremos, ao invés da nota E, a nota F. Se passou muito, teremos talvez F#.

Se todas as cordas estiverem desafinadas, evidentemente não teremos as notas corretas em nenhuma casa. O violão está então desafinado.

Tipos de afinação

Existem diversos tipos de afinação para o violão. Mas o mais utilizado, considerado “padrão”, é o que usamos neste livro:

Corda 6 - E * Corda 5 - A Corda 4 - D Corda 3 - G Corda 2 - B Corda 1 - E *

* Repare como temos duas notas E. Na corda 6 e na corda 1. Mas temos uma corda bem grossa e outra bem fina. A nota da corda 1 é a mesma, porém duas oitavas acima da nota da corda 6. Mais adiante você saberá mais sobre oitavas. Muitos se perguntam: mas porque estas notas? Porque não outras notas? A corda 6, por exemplo... poderia ser um C? A resposta é: sim, poderia. Mas isto implicaria em muitas modificações na maneira de se tocar o instrumento. E provavelmente muitas dificuldades. Acontece que o violão como o conhecemos hoje, foi profundamente estudado. Algumas boas almas, lá atrás no tempo, fizeram testes, tentativas (muitas) e chegaram a este resultado, que possibilita-nos tocar o instrumento com bastante lógica e relativa facilidade. Conforme você for tomando intimidade com o violão, você poderá perceber quanto estudo foi preciso para chegar a este resultado. As notas no violão não são as que são por

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Como afinar o violão

Hoje em dia (2013), temos afinadores eletrônicos, inclusive incorporados aos violões elétricos. Uma “mão na roda”, como se dizia antigamente. Mais fácil, impossível. Estes “mágicos” instrumentozinhos são de uma precisão incrível. Mas... nem sempre foi assim. Antigamente, nem tanto tempo atrás, o negócio era o ouvido. Através de uma nota de referência (a nota A, da quinta corda solta), afinava-se a corda 5 e por comparação, as outras. Assim:

• Uma vez a corda 5 afinada...

• Aperta-se a corda 6 na casa 5 e afina-se a corda 6 para obter a mesma nota da corda 5 solta.

• Aperta-se a corda 5 na casa 5 e afina-se a corda 4 com o mesmo som. • Aperta-se a corda 4 na casa 5 e afina-se a corda 3.

• Aperta-se a corda 3 na casa 4 (esta é diferente) e afina-se a corda 2. • Aperta-se a corda 2 na casa 5 e afina-se a corda 1.

Para um principiante, isto não é muito fácil. Porque o ouvido se engana. Umas poucas pessoas têm bastante facilidade para distinguir pequenas diferenças entre notas musicais. A maioria... não tem.

Um truquezinho para afinar o violão assim, é que quando a corda que está sendo afinada chega perto da nota correta, ela começa a vibrar, quando você toca a corda de referência. Se você continua apertando e ela pára de vibrar, a nota já passou. Está acima da nota de referência.

De qualquer maneira, hoje os afinadores eletrônicos estão disponíveis em quase todo lugar, e a um preço bem em conta. Mas... se você leva violão a sério, deve praticar a afinação acima explicada. Ou mesmo através de comparação com outro instrumento (piano, teclado). Isso vai enriquecer o seu conhecimento e sensibilidade musical. Entretanto, não acredite em gente maldosa que diz que se você não consegue afinar perfeitamente o instrumento “de ouvido”, não serve para tocar violão. Isso não é verdade. Como eu já disse, poucas pessoas tem ouvido muito apurado. E isso não significa que as outras pessoas não possam tocar qualquer instrumento.

De mais a mais, a prática, o tempo dedicado ao instrumento, vai por si só educando o ouvido.

Obs: A nota A, referência para afinação, era obtida geralmente através de uma espécie de apito, chamado diapasão. Outro diapasão é parecido com uma forquilha que, ao ser batida contra alguma superfície, emite a nota A.

IMPORTANTE: Jamais toque num violão desafinado. Nem para treinar. Treinar ou tocar com o instrumento desafinado “treina” o ouvido com o som errado. E depois... vira confusão!

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Outras afinações

Conforme já foi dito, existem outras afinações. Por exemplo: C aberto, G aberto. Nestes casos, as cordas são afinadas com outras notas. Consequentemente, acordes e escalas ficam também diferentes. Porém, estas afinações são mais utilizadas em casos

específicos, para algumas músicas.

Outro recurso usado algumas vezes por alguns artistas, é afinar o violão meio tom abaixo. Isso não modifica os formatos de escalas e acordes. Mas serve apenas para obter um som diferente, um pouco mais grave. E também não é um recurso muito utilizado.

Capotraste

O capotraste é uma barra que se prende ao braço do violão. Para cada casa aumenta a afinação em meio tom. É bastante utilizado, para obter sonoridades diferentes e até mesmo transportar tonalidade, em alguns casos.

Portanto... ficamos com a afinação padrão. Aprendendo acordes, escalas, melodias e solos na afinação padrão, você estará tocando, como se diz, “no diapasão”, ou seja, uma referência de afinação universal, para todos os instrumentos. Desta maneira, quando for tocar, por exemplo, numa banda, o seu instrumento estará afinado de conformidade com os demais.

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Partitura

Eu disse, no início, que não iríamos usar partitura. E não vamos mesmo. Mas esta parte do livro serve para que você pelo menos tenha noção de notação musical.

Um músico de uma orquestra, por exemplo, toca lendo as notas musicais (e mais que isso), numa partitura, que é uma folha com pentagramas, onde se escreve as notas musicais e demais símbolos necessários à execução da música.

Um pentagrama nada mais é do que um conjunto de cinco linha e quatro espaços. Nele são representadas as notas, que são como pequenas bolinhas. Veja um exemplo abaixo.

Como você pode ver, algumas notas ficam nos espaços, enquanto outras ficam sobre as linhas. A grande letra parecida com um “S”, do lado esquerdo da partitura, chama-se clave de sol, indicando que a nota da segunda linha é um sol. A clave de sol é utilizada para grande parte dos instrumentos. O violão é um deles. Para o contrabaixo, por exemplo, é necessário utilizar outra clave, porque as notas são muito mais graves.

(14)

Na imagem acima, não está presente a clave de sol, mas o pentagrama é na clave de sol. Você deve ter reparado que as duas notas na parte de baixo do pentagrama são

acompanhadas de traços. São linhas suplementares, que indicam que aquela nota é mais grave. Estas linhas podem ser usadas na parte de cima do pentagrama, indicando então que as notas são mais agudas.

Se você pedir a um músico que execute o que vê no pentagrama acima no violão, ele simplesmente - é óbvio - tocará as cordas soltas do violão. Ou, num outro instrumento, tocará as mesmas notas, correspondentes às cordas soltas do violão.

Os nossos dois exemplos de pentagrama, já trazem uma outra diferença. As notas no primeiro são bolinhas com o centro em branco. No segundo, são bolinhas totalmente pretas.

Esta é uma das maneiras usadas para determinar o valor das notas. Ou seja, quanto tempo elas devem durar, soar na música. Assim, as notas brancas valem um tempo. Veja o quadro abaixo:

Não vamos entrar em detalhes, mas a tabela acima já dá uma boa idéia de como a música é representada. Numa melodia, as notas têm durações diferentes, é claro. Algumas vezes várias notas são tocadas juntas no mesmo tempo em que, mais adiante são tocadas menos notas. Então é necessário representar estas notas de forma diferente, para que o músico saiba como tocá-las.

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Além disso, há outros sinais, como por exemplo as pausas. É claro... uma música não é feita só de sons. É feita de silêncios também. Quando, num trecho da música nenhuma nota deve ser tocada, utiliza-se a pausa. E para cada tipo de nota usa-se uma pausa diferente. Ou seja, as pausas também precisam ter valor.

Aí você diz... “Tudo bem, mas pra que vai me servir isso?”. Resposta: não se preocupe agora. Apenas procure assimilar algo disso. Mais adiante você vai me agradecer. Isto é, se realmente continuar estudando violão.

Mas... para que você não fique aí meio frustrado, vou lhe dar uma das utilidades de conhecer pelo menos notação musical básica.

Como saber a tonalidade pela partitura

Eu me lembro quando estava começando a tocar, e já tocava diversas músicas, minha mãe mostrou-me uma partitura do coral da igreja, para ver se eu conseguia tirar o acompanhamento. Decepção... eu não tinha a mínima idéia. Não consegui. Pelo menos não pela partitura.

(16)

Acontece que uma partitura, além das notas, pausas e outros símbolos, contém também, no início, a quantidade e localização dos chamados “acidentes”. Que nada mais são do que os sustenidos e bemóis.

Por estes acidentes, sabemos em qual tonalidade está a música. Vejamos...

Veja o quadro acima. No início do pentagrama, temos a clave de sol e a indicação do compasso (no caso, 4/4). Veremos compasso mais adiante. Repare que no primeiro pentagrama (DO = C), não temos nenhum sustenido e nenhum bemol. Por isso sabemos que a música está em C (dó maior) ou Am (lá menor) relativa de C.

E porque? Porque a escala de C (dó maior) não tem sustenidos nem bemóis.

Seguindo adiante, temos G (sol maior), cuja escala tem um sustenido. E assim por diante. Então, suponhamos que eu já soubesse disso lá atrás, na história da partitura da minha mãe... e suponhamos que a partitura tivesse três sustenidos (#). Eu saberia então que a música estaria na tonalidade de A (lá maior). Ou F#m (fá sustenido menor), cuja

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Ah, meu Deus! Agora lá vem esse cara complicar as coisas com essa tal de relativa. O que é isso? Muito simples. Tonalidades e acordes relativos são aqueles que têm, em suas escalas, as mesmas notas. Fácil.

Então, a escala de C tem as mesmas notas que a escala de Am. Escala de C = C, D, E, F, G, A, B

Escala de Am = A, B, C, D, E, F, G

Repare que as notas não só são as mesmas, como obedecem a mesma sequência. Começando da sexta nota da escala maior e seguindo adiante, você acha a escala menor. Isso vale - é claro - para qualquer escala.

Mas não se preocupe muito com isto agora. Mais adiante você verá este tema com mais detalhes.

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Divisões da música

Muitos pensam que música é algo somente intuitivo, aleatório. Simplesmente arte. Mas não. A música tem regras. A música tem a sua “matemática”, a sua lógica. Porque se não tivesse, como faríamos para que várias pessoas tocassem juntas? Uma banda com cinco, seis músicos já seria difícil. Imagine uma orquestra, com dezenas de músicos,

instrumentos diferentes e tudo mais. Seria o caos. Bagunça total.

Por isso, ao longo do tempo foram criadas regras. Assim como a representação gráfica das notas na partitura, como já vimos.

Agora imagine você que tivéssemos uma determinada música. Com inúmeras notas, acordes, pausas, etc. Sem regras, colocaríamos as notas em seqüência e pronto. Mas dividindo a música em partes, fica mais fácil compreender e executar.

Para isso temos três componentes: Tempo, Compasso e Divisão. • Tempo - Indica o andamento (velocidade) da música

• Compasso - Indica a divisão da música em grupos de sons (notas)

• Divisão - Chamamos de divisão o “lugar” que as notas vão ocupar dentro de um compasso.

Vamos por partes.

Tempo

O próprio nome já está dizendo. O tempo, na música, determina a pulsação da música. Associamos o tempo musical ao relógio. Uma música de tempo 60, irá pulsar 60 vezes por minuto, ou seja, um pulso por segundo. Um tempo de 120, dois pulsos por segundo. A maioria das músicas populares ficam entre 60 e 150. Mas nada impede que uma música tenha uma pulsação maior ou menor.

Para marcar o tempo da música, usamos o metrônomo. Um instrumento que pode ser regulado para qualquer tempo de música. 60, 120, 80, 82, 65... etc.

Veja a seguir a imagem de um metrônomo tradicional. É um instrumento mecânico, que se aciona manualmente, após a regulagem do tempo desejado. Quando acionado, ele emite um “clique” para cada tempo, sendo que no tempo 1 o clique é mais pronunciado.

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Metrônomo tradicional

Existem - hoje em dia - metrônomos eletrônicos. Até mesmo online. E também conjugados com afinadores eletrônicos. Praticidade...

Compasso

O compasso divide a música em grupos de notas e pausas. Incluem-se aí também os acordes. O compasso, na partitura, é representado por uma fração (4/4 por exemplo). Dizemos então que uma música “está no compasso de quatro por quatro”.

E o que isso quer dizer? Vamos lá...

O número de cima da fração determina quantas unidades de tempo o compasso tem. O número de baixo determina em quantas partes uma nota semibreve será dividida dentro do compasso. E aí está a “matemática” da música.

Como você viu anteriormente, existem diferentes tipos de notas musicais. A cada um destes tipos atribui-se um tempo, baseado na fórmula do compasso.

Então uma nota semibreve valerá sempre um tempo. Num compasso 4/4 portanto,

teremos 4 semibreves em cada compasso. Dependendo da melodia, usaremos as outras notas para “preencher” o compasso.

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Suponhamos que uma música tenha o tempo de 60 (para facilitar a compreensão). E o compasso seja 4/4. Teremos então 4 cliques para cada compasso. Se tivermos apenas 4 semibreves no compasso, cada nota ocupará o espaço de um tempo.

Se tivermos 3 semibreves e uma pausa de semibreve... teremos então três notas e um silêncio. O silêncio pode estar em qualquer dos tempos. Difícil? Calma... você vai entender logo.

E como é isso na prática? Numa música de verdade? Veja um exemplo abaixo.

A primeira nota, sem preenchimento, é uma mínima, que no compasso quatro por quatro (4/4) vale dois tempos. Todas as demais notas são semínimas e cada uma vale um tempo. A barra vertical antes do segundo grupo de 4 notas é a divisão de compasso. No exemplo, então, temos apenas dois compassos.

Veja como ficou claro. Se fossemos executar o trecho acima, num tempo de 60,

ficaríamos 2 tempos na primeira nota (branca) e um tempo e cada uma das demais notas. Para acordes, a regra é a mesma. Acordes são também representados por notas. Como um acorde é um agrupamento de notas, as notas (três para um acorde natural) ficariam sobrepostas.

Atualmente existem partituras que trazem apenas a melodia e os acordes acima do pentagrama, representados por cifras.

Mas... existe ainda um terceiro componente... vamos ver então o que é...

Divisão

Cuidado para não confundir. A música é dividida em compasso. O compasso é dividido em tempos. Mas a divisão da qual falamos aqui, não é nenhuma destas.

Chamamos de divisão a posição das notas dentro do compasso em relação ao tempo. Numa partitura, por exemplo, se não houver indicação alguma, as notas serão divididas igualmente pelos tempos. Como no nosso exemplo:

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Então, no exemplo, a nota 1 começaria exatamente no tempo 1. A nota 2 exatamente no tempo 3 (porque a nota 1 ocupa 2 tempos). E a nota 4 exatamente no tempo 4.

Porém, muitas e muitas vezes, as notas podem não começar ou terminar nos tempos exatos. Aí é que entra a divisão.

Para que você compreenda melhor, vamos subdividir o tempo. Suponhamos que ao invés de 1,2,3,4 tivéssemos:

1 - 1,25 - 1,5 - 1,75 - 2 ....etc...

Então, uma nota poderia começar um pouco depois do tempo 1. No 1,25 ou 1,5. Isto é divisão.

Quer um exemplo? Escute a música “Seu amor ainda é tudo” na versão de João Mineiro & Marciano. Depois escute a mesma música na versão de Bruno & Marrone.

Logo no início da música, João Mineiro & Marciano começam a cantar no tempo 1 exatamente. Então neste caso, as duas primeiras notas (na palavra “muito”) duram um pouco mais.

Já Bruno e Marrone começam um pouquinho depois. Uma pequena fração de tempo depois. As duas primeiras notas duram um pouco menos. E nenhuma das duas versões está errada. As duas duplas apenas utilizaram divisões um pouco diferentes.

Já outra coisa é cantar fora de tempo. Pegando o mesmo exemplo, se um cantor começar a cantar no tempo 2 ou 3... estará errado. Fora do tempo.

Nota: Eu falo muito no compasso 4/4 (quatro por quatro), porque é o mais utilizado em músicas populares. Rock, pop, sertanejo, etc.

Acordes no compasso

Para quem toca violão sem ler partitura, os acordes são representados por cifras. Assim como representamos as notas neste livro. C, D... etc.

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Dentro de um compasso, podemos ter um ou mais acordes. Por exemplo: suponhamos que uma música num compasso 4/4 tenha em um ou mais compassos, três acordes. Dependendo da melodia, Um acorde poderia ocupar 2 tempos e os outros dois um tempo cada um. Não há regra. Tudo depende da melodia, como ela “pede” que os acordes sejam tocados.

Podemos ter apenas um acorde. Este acorde pode ocupar os quatro tempos. Ou não. Ele pode ocupar apenas dois tempos e silenciar os outros dois, por exemplo. Assim como as notas.

* * *

Portanto, agora você já tem uma boa noção de Tempo, Compasso e Divisão.

Mais uma vez, vale lembrar: Não se preocupe em “decorar” tudo isso. Apenas estude com calma. O seu cérebro irá se encarregar do restante.

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Tablaturas

Para todo aquele que estuda/toca violão ou guitarra, foi criado um quase substituto da partitura. A tablatura. O “quase” deve-se ao fato de que a tablatura por si só não é capaz de fornecer todas as informações que a partitura fornece. Resumindo...

É possível tocar todas as partes e detalhes de uma música com uma partitura. Mas isto não é possível com a tablatura.

A tablatura traz somente as casas do violão/guitarra que devem ser tocadas e mais algumas informações, como ligaduras, etc. Para utilizar uma tablatura, é necessário ouvir a música original, para saber o tempo, compasso, etc.

Porém, é um ótimo recurso para representar graficamente um solo, por exemplo. E geralmente é usada para esta finalidade. Por exemplo: uma determinada música tem alguns pequenos solos, entre suas partes. Mais algo assim na introdução e o solo principal. É possível representar estes solos na tablatura. Então, ouvindo a música e acompanhando a tablatura, é possível executar o solo.

Como funciona a tablatura

A tablatura nada mais é do que a representação gráfica das seis cordas do violão ou guitarra. Cada linha tracejada é uma corda. A linha de baixo é a corda mais grossa (6 - E). Sobre as linhas são inseridos números, que correspondem às casas a serem tocadas. Veja abaixo uma tablatura sem nenhuma nota.

Repare que do lado esquerdo estão as cifras que representam as cordas do violão soltas. Veja abaixo a representação das notas soltas do violão na partitura e na tablatura.

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Como você pode ver, representamos as cordas soltas com o número 0 (zero). Casa 1 com o número 1 e assim por diante. A tablatura acima é bastante simples, é claro. Uma tablatura de um solo com muitas notas, intrincado, naturalmente fica mais “cheia” e deve ser estudada com mais calma. Veja um exemplo não tão difícil abaixo:

A tablatura acima manda iniciar o solo na casa 14 da corda 2 (B). Depois tocar novamente a mesma casa, fazendo um pull off para a casa 12. Depois tocar a casa 10. Casa 10 novamente e fazer um hammer para a casa 12. Depois corda 1 casa 9. Volta para corda 2, casa 12 com pull off para a casa 10 e termina na casa 11. Naturalmente se você fizer este solo sem saber e sem ouvir o solo original, ficará “perdido”. Mas ouvindo a música faz perfeito sentido.

Sinais da tablatura

Vamos ver agora o que significam os sinais (letras e outros) usados numa tablatura.

• v = Vibrato - Consiste em manter a corda pressionada, levando-a de leve para cima e para baixo.

• p = Pull off - Em português seria “puxar para fora”. É o ato de tocar uma nota e soltá-la para que soe a outra nota.

• h = Hammer - Em português seria “martelo”. É o ato de tocar uma nota e “martelar” outra uma ou mais casas adiante.

• (/) = Slide up - Em português seria “deslizar acima”. Consiste em tocar uma nota e deslizar o mesmo dedo uma ou mais casas adiante.

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• b = Bend - É o ato de tocar uma nota e “empurrar” a corda para cima ou para baixo, fazendo com que soe outra nota meio ou um tom acima.

• r = Release - Quer dizer soltar. Quando se faz um bend e se deve soltar em seguida. • t = Tap - Consiste em “bater” na corda na casa indicada com um dedo da mão direita. • x = Tocar a nota amortecida

Estes são os principais sinais usados na tablatura. Eventualmente o criador da tablatura pode acrescentar outros, para explicar um detalhe. Devemos levar em consideração a limitação da tablatura. É praticamente impossível representar exatamente o que um guitarrista ou violonista faz, através de sinais gráficos. Mas a tablatura cumpre bem o papel de indicar quais notas devem ser tocadas. O restante deve ser aprendido ouvindo a música.

Lembre-se também de que as tablaturas existentes por aí na internet, são criadas por pessoas comuns, que gostam de colaborar e compartilhar. E estas pessoas podem errar. Portanto, nem sempre uma tablatura que você encontra está correta. Pode conter erros. E levar você a pensar que “não consegue”. Mais uma vez... é preciso escutar bem a música. Por outro lado, mesmo que a tablatura esteja correta, isto não quer dizer que você vai “bater o olho” e tocar. Tudo na vida exige esforço. Para que você tenha idéia,

recentemente resolvi treinar um solo que é muito comprido, tem muitas notas e detalhes. Pois bem... treinando de quinze a trinta minutos, pelo menos quatro vezes na semana, levei três meses para tocar corretamente o solo. Ufa! É muita coisa? Demora muito? Ora, eu acabo de completar 56 (cinquenta e seis) anos de idade (em 2013). E ainda estou aprendendo. Qual é a pressa? Demora? Demora sim. Mas vale a pena. Aprender violão ou qualquer outra coisa que valha a pena... dá trabalho. Sentar a bunda no sofá e ver televisão não dá. É preciso escolher.

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Escalas

Notas musicais “soltas” ou mesmo agrupadas de qualquer maneira, não servem para grande coisa. Por isso elas são organizadas em escalas.

Escalas são, portanto grupos de notas. A diferença entre os diversos tipos de escalas, está nos intervalos, ou seja, a distância em tons ou semitons de uma nota para outra. Tomemos como exemplo a escala de C (dó maior) e a escala de Am (lá menor). Como já vimos, estas duas escalas são relativas (possuem as mesmas notas), porém em ordem e com intervalos diferentes. Veja

Escala de C = C(1)D(1)E(1/2)F(1)G(1)A(1)B(1/2)C Escala de Am = A(1)B(1/2)C(1)D(1)E(1/2)F(1)G(1)A

Acima, as duas escalas, de C e Am. Os números entre parêntesis indicam os intervalos entre as notas. Ou seja, seguindo a escala cromática, temos estas quantidades de tons ou semitons entre estas notas. Veja:

Escala cromática = C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B, C

Na escala cromática o intervalo entre todas as notas é de 1/2 tom. Então de C para C# temos meio tom. A próxima nota é D. Como “andamos” mais uma nota, então, de C para D temos um tom. Repare agora lá em cima, na escala de C. Entre o C e o D temo o número 1. Um tom. E assim por diante.

Usando a fórmula acima, podemos “montar” qualquer escala, maior ou menor, baseando-nos na escala cromática.

Fórmula de intervalos para escalas Escala maior = 1,1,1/2,1,1,1,1/2 Escala menor = 1,1/2,1,1,1/2,1,1

Começando da nota que dá nome à escala, basta aplicar a fórmula e achar a escala. Vamos ilustrar com a escala de C# (dá sustenido maior), com sua notas destacadas dentro da escala cromática:

1 1 1/2 1 1 1 1/2

C,

C#

, D,

D#

, E,

F

,

F#

, G,

G#

, A,

A#

, B,

C

,

C#

, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B O mesmo procedimento utilizamos para as demais escalas.

A importância das escalas

Para que você tenha idéia da grande importância das escalas, basta dizer que sem elas não existe música. Quase tudo na música vem das escalas. Melodias, acordes, solos. Nem é preciso dizer mais. Escalas são essenciais.

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Tipos de escalas

Existem diversos tipos de escalas. Mas a escala “pai” de todas as outras é a escala maior. A escala maior pode (quase) ser definida assim “É como nós ouvimos música”. O ouvido humano identifica-se fortemente com a escala maior.

Por isso a maioria das músicas mais populares são feitas na escala maior.

Mas - infelizmente ou felizmente - isto não significa que não seja preciso conhecer e estudar as outras escalas. Mas não antes de conhecer a escala maior. Certa vez um aluno consultou-me, porque um amigo lhe havia dito que era muito importante estudar os modos gregos. Eu perguntei a ele o que sabia de escalas. Ele respondeu: “nada”. Ora, era evidente que o amigo do meu aluno deveria lhe ter dito para estudar primeiro a escala maior. De onde se derivam todas as outras.

E mais: como uma grande parte das músicas populares são feitas na escala maior... nem é preciso ir muito adiante... sabendo a escala maior, é possível tocar grande parte das músicas de sucesso...

Não cabe aqui estudarmos todas as escalas. Estudaremos portanto, as mais importantes, para iniciantes e intermediários no estudo de violão. São elas:

• Escala maior

• Escala menor natural • Escala menor melódica • Escala menor harmônica • Escala pentatônica menor • Escala pentatônica maior • Escala de blues

Escala maior

Já vimos anteriormente, inclusive a fórmula numérica dos intervalos das escalas maiores. Mas vamos reforçar. A partir da nota que dá nome à escala, basta seguir a quantidade de intervalos (tons ou semitons). Veja a tabela abaixo:

Intervalos> Escala de 1 1 1/2 1 1 1 1/2 C (dó maior) C D E F G A B C D (ré maior) D E F# G A B C# D G (sol maior) G A B C D E F# G A (lá maior) A B C# D E F# G# A

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Foram dados apenas quatro exemplos de escalas maiores acima. As demais - é claro - seguem as mesmas regras.

Escala menor natural

Vamos rever através de nova tabela:

Intervalos> Escala de 1 1/2 1 1 1/2 1 1 Cm (dó menor) C D D# F G G# A# C Dm (ré menor) D E F G A A# C D Gm (sol menor) G A A# C D D# F G Am(lá menor) A B C D E F G A

Achando uma escala menor natural através de uma escala maior (E vice-versa)

Você já viu o conceito de escalas relativas. Para achar uma escala relativa menor a partir de uma escala maior, basta iniciar a nova escala a partir da sexta nota da escala maior. No exemplo abaixo, temos a escala de D (ré maior) e vamos achar sua escala relativa. Para facilitar a compreensão, repetimos as notas da escala duas vezes.

Escala de D (Em negrito a escala relativa = Bm)

1 2 3 4 5 6 7 8/1 2 3 4 5 6 7 8

D E F# G A B C# D E F# G A B C# D

Veja as notas em negrito, a partir da coluna 6. Aí está a escala relativa de D. Que é Bm. Lembre-se: uma escala relativa de outra escala maior é sempre uma escala menor. E vice-versa.

E o contrário? Achar a escala maior através da menor natural? é possível também. Veja a tabela abaixo. Usamos a escala de Bm. Agora, a partir da terceira nota achamos a escala de D.

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Escala de Bm (Em negrito a escala relativa = D)

1 2 3 4 5 6 7 8/1 2 3 4 5 6 7 8

B C# D E F# G A B C# D E F# G A B

Escala menor harmônica

A escala menor harmônica tem apenas uma nota diferente da escala menor natural. A sétima nota fica meio tom acima. Na escala natural a sétima nota fica um tom acima da sexta nota. Na escala harmônica fica um tom e meio acima. Veja a tabela abaixo:

Intervalos> Escala de 1 1/2 1 1 1/2 *1 1/2 1 Cm (dó menor) C D D# F G G# * B C Dm (ré menor) D E F G A A# * C# D Gm (sol menor) G A A# C D D# * F# G Am(lá menor) A B C D E F * G# A

Escala menor melódica

Teoricamente existem dois tipos de escala menor melódica. Ascendente e descendente. Mas na prática há somente uma, a ascendente, porque a descendente é igual à escala menor natural. Veja a escala melódica ascendente abaixo. En relação à escala menor natural, duas notas são diferentes. A sexta e a sétima. Ambas meio tom acima da escala menor natural. Intervalos> Escala de 1 1/2 1 1 *1 *1 1 Cm (dó menor) C D D# F G *A * B C Dm (ré menor) D E F G A *B * C# D Gm (sol menor) G A A# C D *E * F# G Am(lá menor) A B C D E *F# * G# A

Estamos comparando escalas menores. Mas não se esqueça que todas as escalas vêm da escala maior. Basta você comparar a escala maior com qualquer outra e ver quais

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notas foram modificadas. Repare como a escala menor melódica ascendente ilustrada acima é quase igual a uma escala maior. Apenas a terceira nota é diferente.

Escala pentatônica maior

Mais uma vez reportamo-nos à escala maior. Uma escala pentatônica tem apenas cinco notas (penta = 5). Repare que sempre ilustramos uma nota a mais, para “fechar a escala”. O que há de diferente entre a escala pentatônica e a escala maior? Simples. Foram

retiradas duas notas da escala maior. Mais especificamente os semitons. As notas 4 e 7. No caso da escala de C, foram retiradas as notas F e B.

Intervalos> Escala de 1 1 1 1/2 1 1 1/2 C pentatônica maior C D E G A C G pentatônica maior G A B D E G A pentatônica maior A B C# E F# A

Escala pentatônica menor

Vamos, para facilitar, relacionar esta escala à escala menor natural. Assim como na escala maior, foram retirados os semitons. Mais especificamente as notas 2 e 6. No caso da escala de Cm foram retiradas as notas D e G#.

Intervalos> Escala de 1 1/2 1 1 1 1/2 1 C pentatônica menor C D# F G A# C G pentatônica menor G A# C D F G A pentatônica menor A C D E G A Escala de blues

Há outras variantes da escala de blues. Esta é uma das mais usadas. Na prática pode-se obter esta escala a partir da escala pentatônica menor. Basta acrescentar o que se chama de “blues note”. Após a terceira e quinta notas da escala pentatônica menor, acrescenta-se meio tom.

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Escala de blues Intervalos> Escala de 1 1/2 1 1/2 1/2 1 1/2 1/2 1/2 C blues C D# F F# G A# B C D blues D F G G# A C C# D A blues A C D D# E G G# A De onde vêm as escalas?

Já mencionamos anteriormente que todas as escalas vêm da escala maior. Veja o quadro abaixo, que comprova isto. O último quadro do lado direito de cada escala diz o que foi feito na escala maior para obter a nova escala.

Escala 1 2 3 4 5 6 7 8

Maior C D E F G A B C

Menor natural C D D# F G G# A# C Graus 3, 6 e 7 estão 1/2 tom abaixo.

Menor harmônica C D D# F G G# B C Graus 3 e 6 meio tom abaixo. Menor melódica C D D# F G A B C Grau 3 meio tom

abaixo.

Pentatônica maior C D E G A C Graus 4 e 7 foram eliminados.

Pentatônica menor C D# F G A# C Graus 3 e 7

eliminados. Graus 2 e 6 meio tom acima.

Blues C D# F F# G A# B C Graus 2, 3, 4 e 6 meio tom acima.

Outras escalas

Existem outras escalas, é claro. Muitas. As acima listadas são as mais utilizadas na música contemporânea ocidental. Sendo que - repetindo - a escala maior é a mais

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a escala menor natural é - nas relativas - igual à escala maior, nosso ouvido também identifica-se com ela. Músicas escritas em outras escalas, podem soar “esquisitas” aos nossos ouvidos. Mas não que não tenham seu valor musical. É claro que têm. Mas não são tão largamente aceitas como músicas feitas na escala maior.

Você agora tem suficiente informação sobre escalas. Estas informações são muito

importantes para compreender melodias, solos, acordes. Procure assimilar o máximo que puder. Mais uma vez... não tente decorar e sim, aprender.

Mais um lembrete: uma escala não é uma música. Por mais que você toque escalas no violão ou guitarra, não estará tocando música. Estará apenas exercitando, treinando escalas.

Porque então treinar escalas? Porque, como já foi dito, das escalas é que são feitas as melodias, os acordes e solos. Conhecendo e treinando escalas você estará mais apto a executar melodias, solos e acordes.

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Escalas no braço do violão

Vejamos agora - indo ao que interessa - como são as escalas no braço do violão. Em primeiro lugar, vamos relembra as notas no braço do violão.

Repare, no diagrama acima, como cada corda começa com uma determinada nota e segue em frente, meio tom para cada casa, até chegar na casa 12, onde se repete a mesma nota da corda solta. Isto significa que, a partir da casa 12, tudo se repete. É como se o braço do violão (e também da guitarra) começasse novamente. A diferença é que as notas são as mesmas, porém mais agudas. Ao atingirmos a casa doze temos a mesma nota da corda solta, porém uma oitava acima. Ou seja, dentro da escala, “andamos” oito notas adiante. Veja no diagrama abaixo, somente as notas da escala de C.

Escala de C com todas as notas desde a corda solta até a casa 12

Repare que agora, para tocar a escala, temos que “pular” notas. Ou seja, as notas não marcadas com o quadrinho verde, não pertencem à escala de C.

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O diagrama acima mostra as notas, e é possível tocar esta escala seguindo os quadrinhos. Porém isto não é muito prático, porque não sabemos, através deste diagrama, em que sequência vamos tocar.

Por isso, devemos então utilizar as tablaturas, que podem mostrar onde começar, e também para onde ir. E quando voltar.

Veja a tablatura abaixo. Ela mostra a escala de C, conforme o diagrama acima, mas somente até a oitava casa. Neste caso, existe uma continuidade na escala. Começamos da corda 6 solta, avançando no sentido vertical. Chegando à casa 5 da corda 1, voltamos, mas agora usando um novo caminho, até chegarmos à casa 3 da corda 6. Então

seguimos na mesma corda, para a casa 5, 7 e 8 e novamente usamos outro caminho para descer.

Escala de C desde corda 6 solta até a corda 1, casa 8.

E|---0-1-3(/)5-3---5-7-8- B|---0-1-3---6-5-3---5-6-8--- G|---0-2---5-4-2---4-5-7--- D|---0-2-3---5-3-2---5-7--- A|---0-2-3---5-3-2---5-7-8---

E|-0-1-3---5-3(/)5-7-8---Você pode, se quiser, treinar esta escala da maneira mostrada. Porém há uns

truquezinhos que você precisa utilizar, para dar continuidade, ou seja, tocar sem parar. Nas passagens marcadas com (/) é necessário deslizar o dedo, para começar com os dedos corretamente posicionados para a próxima etapa.

Vamos a mais um exemplo de escala maior. Repare como agora - é claro - são outras notas. Repare também como há certas peculiaridades que podem ser notadas no

diagrama. Por exemplo: Todas as notas das casas 2 e doze, mais todas as cordas soltas fazem parte desta escala.

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IMPORTANTE: Você talvez já tenha ouvido algo como: “Uma escala precisa começar e terminar com a nota fundamental. Vamos esclarecer isto agora, para que você jamais tenha dúvida.

A nota fundamental de qualquer escala é aquela que dá nome à escala. em outras

palavras, a nota fundamental da escala de C... é C. A nota fundamental da escala de Dm é D. Nada difícil aí.

Acontece que podemos perfeitamente tocar uma escala sem começar da nota

fundamental. Se estamos tocando - por exemplo - somente as notas da escala de E, não importa por onde comecemos, será sempre uma escala de E. Nós apenas estamos usando notas antes e depois da nota fundamental.

O que ocorre é que o resultado, ou seja, aquilo que ouvimos ao tocar assim, pode soar um pouco diferente, dando a impressão de que aquela não é uma escala - por exemplo - de E.

É preciso então, para “mostrar” na sonoridade qual escala estamos tocando, dar ênfase à nota fundamental. Ou seja, sempre que chegarmos à nota fundamental, tocar um pouco mais forte e fazer uma ligeira (muito ligeira) pausa naquela nota. O resultado sonoro então será o desejado.

Esse negócio de “precisa começar e terminar na fundamental”, é apenas balela. Pense um pouco: suponhamos que você esteja improvisando um solo na escala de C. Ora, a primeira nota C no braço do violão, começando de cima, é a casa 3 da corda 5. Se pensarmos dessa maneira, nossa improvisação estará automaticamente descartando as notas para trás, na corda 5. E também as notas da corda 6. Isso simplesmente não existe. Mais uma vez, vale a ênfase dada à nota fundamental. Um solo, seja improvisado ou não, sempre “passa” pela fundamental e suas frases sempre dão ênfase à fundamental. Ou seja, a “intenção” do solo (ou da melodia) é sempre voltada para escala e portanto, para sua nota fundamental. Mas não necessariamente fica “preso” a esta nota, nem tampouco deve começar e terminar ali.

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Escala de Cm harmônica - todas as notas desde as cordas soltas até a casa 12

Escala de Cm melódica (ascendente) - notas desde as cordas soltas até a casa 12

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Escala de C pentatônica menor - notas desde as cordas soltas até a casa 12

Escala de C blues - notas desde as cordas soltas até a casa 12

Você tem agora, alguns exemplos ilustrados de escalas no braço do violão ou guitarra. Lembre-se que este não é um estudo específico sobre escalas. Os exemplos servem apenas para que você tenha idéia de como se localizam as notas das escalas no braço do instrumento.

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Oitavas

O termo já foi mencionado anteriormente neste livro, mas esta parte serve para que você compreenda bem o que são as oitavas.

Vamos dar um exemplo que pode soar estranho, mas é bem prático. Imagine que você ouve uma vaca mugindo e que a nota correspondente fosse um A. Depois você ouve um gato miando e a nota também é A. Mais tarde você ouve um passarinho piando e a nota novamente é A. Aí estão três oitavas.

O mugido da vaca é “grosso”, grave. O miado do gato é um pouco mais agudo, um som médio. E o piado do pássaro é mais agudo ainda. Então, a nota A do miado está uma oitava acima da nota A do mugido. E o piado está uma oitava acima do miado. O contrário também é verdade. O miado está uma oitava abaixo do piado e o mugido uma oitava abaixo do miado.

Observe o teclado de um piano. No lado esquerdo estão as notas mais graves. Conforme você toca as notas mais à direita, elas vão ficando mais agudas. E vão se repetindo. A cada vez que você encontra a mesma nota, ela está uma oitava acima da anterior. E assim por diante.

Veja a imagem abaixo. A primeira nota do lado esquerdo é um A. A terceira nota da direita para a esquerda é outro A, que está sete (7) oitavas acima do primeiro. O A do lado

esquerdo é bem grave. O do lado direito bem agudo.

Oitavas no violão

Diferentemente do piano, o violão repete notas em diferentes oitavas horizontal e

verticalmente. O primeiro e mais evidente exemplo de oitava está em cada corda, solta e na casa 12. São as mesmas notas, porém a nota da casa 12 está uma oitava acima da nota da corda solta. E esta - obviamente - uma oitava abaixo da nota da casa 12. Este é o exemplo de oitava no sentido horizontal.

Porém, as cordas do violão vão ficando mais finas, da corda 6 (mais grossa) para a corda 1 (mais fina). E isso, por si só, já nos dá uma idéia de grave/agudo. Mais grossa = mais grave. Mais fina = mais agudo.

Por outro lado, o violão (a guitarra também) não é tão simétrico como o piano. Explicando: as cordas do violão, soltas, não seguem uma seqüência como as teclas do piano. A corda 6 é um E. A próxima nota seria F, certo? Mas a corda 5 não é um F e sim um A. Por isso

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pode ficar um pouco “confuso” localizar notas no braço do violão. Mas não é tanto assim. Basta acostumar.

Veja o diagrama abaixo.

* De baixo para cima: corda 6, 5, 4, 3, 2, 1

Vamos localizar algumas notas em oitavas diferentes, no sentido vertical. Ou vertical/ horizontal.

Exemplo 1

Nota 1 - Corda 6 solta = E

Nota 2 - Corda 4 casa 2 = E (1 oitava acima da nota 1)

Nota 3 - Corda 2 casa 5 = E (2 oitavas acima da nota 1, 1 oitava acima da nota 2)! Nota 4 - Corda 1 solta = E (2 oitavas acima da nota 1, mesma oitava da nota 3) Nota 5 - Corda 1 casa 12 = E (3 oitavas acima da nota 1)

Exemplo 2

Nota 1 - Corda 6 casa 3 = G

Nota 2 - Corda 4 casa 5 = G (1 oitava acima da nota 1) Nota 3 - Corda 3 solta = G (1 oitava acima da nota 1)

Nota 4 - Corda 1 casa 3 = G (2 oitavas acima da nota 1, 1 oitava acima das notas 2 e 3) Nota 5 - Corda 1 casa 15 = G (3 oitavas acima da nota 1, 1 oitava acima da nota 4)

Obs: Foi mencionado em alguns dos itens que a nota está “2 oitavas acima da nota .... e 1 oitava acima da nota...”. É uma coisa lógica, mas convém explicar. Se você tem 3 notas em sucessivas oitavas. A segunda está 1 oitava acima. A terceira está 2 oitavas acima da primeira e 1 oitava acima da segunda.

Cantando “uma oitava acima” ou “uma oitava abaixo”

Você talvez já tenha ouvido a expressão: “Ele está cantando uma oitava abaixo...). É o mesmo assunto. Vou citar um exemplo.

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Existem cantores com vozes muito agudas, como Zezé di Camargo ou Xororó. As tonalidades usadas por cantores assim são muito altas. E uma outra pessoa que vá cantar suas músicas, geralmente precisa abaixar a tonalidade.

Em alguns casos, isto nem é necessário. Se a tonalidade estiver muito alta mesmo, por vezes basta que a pessoa cante... uma oitava abaixo. E como é isso?

Suponhamos que a primeira nota da música original seja a nota E da corda 1 solta. Ao invés de começar com esta nota, a pessoa começaria com a nota E da corda 4 casa 2, que é uma oitava abaixo.

O contrário também é verdade. Se a tonalidade for muito baixa, basta começar numa nota uma oitava acima.

Mas isto não é regra, claro. Geralmente é mesmo necessário transportar a tonalidade. Muito bem. Acredito que a explanação sobre oitavas tenha lhe dado uma boa idéia sobre o assunto. Sigamos em frente.

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Hora do recreio

Quando eu era moleque (e lá se vão “alguns” anos...), na escola tínhamos o intervalo, que naquela época chamávamos de “hora do recreio”. Até hoje me soa esquisito, mas vá lá. Recreio é divertimento, entretenimento. E está certo mesmo... era o que a gente fazia. Além de comer um lanchinho, claro...

Então vamos fazer um pequeno intervalo aqui também. É claro que se você estiver muito ansioso vai acabar passando direto e nem ler esta parte. Fique à vontade... eu não conto pra ninguém.

Vou usar o intervalo (não musical...) para falar da mesma coisa, mas sem tantas “tecnicidades”.

Voltando lá atrás quando eu era apenas um garoto. Desde aquela época a música estava no meu sangue. Vivia cantando. Como era tímido, muitas vezes ficava só “cantando mentalmente”. Mas a música sempre estava presente.

Hoje eu sei que lá atrás, aquele garotinho já “sabia” muitas das coisas contidas neste livro. É verdade. Jamais menospreze o seu cérebro. Mesmo quando você não está pensando conscientemente e propositalmente em alguma coisa, este órgão incrível que Deus te deu está trabalhando.

Assim, o cérebro vai assimilando notas musicais, ritmos, compassos. Intuitivamente. Ora, quando você está cantarolando uma canção, está usando tudo isso. Talvez até de

maneira um pouco errada, mas está usando. E como foi que você aprendeu?

Simplesmente ouvindo música. O cérebro processa aquilo que você ouve. E retém certas informações. Quando você ouve a mesma coisa novamente, o cérebro identifica. O cérebro “já aprendeu”.

Portanto, não deixe de simplesmente ouvir música. Ouça, cante junto, batuque junto... ah! Isso me faz lembrar...

Há muitos anos, um amigo me perguntou porque eu sempre estava mexendo meus dedos contra a minha perna. Eu olhei para ele com cara de idiota e disse algo assim: “Eu? Eu não faço isso... arrrammm... faço?”. Meu amigo riu... é claro que eu fazia. Então eu comecei a prestar atenção. É. Eu fazia mesmo. E descobri que era quando estava “cantando mentalmente”. Os dedos batucavam o ritmo na perna. Para o meu amigo (E outras pessoas...) aquilo parecia apenas um cacoete, um tique nervoso ou algo assim. Então lá vai a dica: Preste atenção. O seu cérebro já aprendeu um montão de coisa. Você só precisa deixar estas coisas virem à tona.

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Tonalidade

Certo, certo... então já vimos notas musicais e escalas. Você certamente já ouviu a palavra tonalidade. Mas talvez esteja aí meio que “divagando” sobre o significado disso. Que na verdade - tenho que reconhecer - não é tão simples assim. Mas também não é nenhum “bicho de sete cabeças”.

Veja a definição da Wikipédia:

“Tonalidade é um sistema de sons baseados nas Escalas maior, menor, menor harmônica e menor melódica, onde os graus da escala são observados de acordo com sua função dentro da harmonia.”

Arrammm... não ajudou muito, certo? Mas é por aí...

Vamos lá, então. Toda música é feita numa determinada tonalidade. As tonalidades são baseadas nas escalas. Então uma música feita “na tonalidade” C, tem sua melodia e demais componentes baseados na escala de C. E assim por diante.

Basicamente temo 24 tonalidades, vindas das escalas maiores e menores. Mais, se contarmos com (conforme a definição acima) as escalas menores melódica e harmônica. Acontece que a maioria das músicas mais populares, aquelas que ouvimos no rádio e no Youtube, utilizam a escala maior. Em menor quantidade estão as músicas que utilizam a escala menor.

Portanto, podemos ficar apenas com as nossas tonalidades maiores e menores. Então dizemos que uma determinada música “está na tonalidade C”. E o que exatamente isto significa?

Significa que a melodia, os solos, os acordes e tudo mais pertencerão à escala de C (dó maior).

Começou a fazer sentido, certo? Agora já juntamos algumas coisas: notas, escalas, tonalidades.

Como é determinada a tonalidade de uma música?

A palavra tonalidade, tom, não se usa só em música. É usada para cores também. Uma determinada cor tem diversas tonalidades ou tons, certo?

Na música instrumental, a tonalidade determinada pelo compositor é muito importante. Porque ele quer que a música tenha aquele tom. Aquela “cor”. Teoricamente qualquer música pode ser tocada em outra tonalidade, acima ou abaixo. Por exemplo, uma música que está na tonalidade C, pode ser tocada em C#, D, D#, etc.

Mas na maioria dos casos, em música instrumental, a música terá um “sabor” diferente. Algumas vezes até mesmo benéfico, agradável. Mas diferente.

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Na música popular, não instrumental, isto também acontece, porém a diferença é mais pronunciada em alguma canções e nem tanto em outras.

Talvez já tenha ocorrido com você. Você vê alguém cantar uma música de outro cantor. E parece que “algo está errado”. A música ficou diferente demais. Muitas vezes parece que ficou muito pior. Algumas vezes isto é devido à troca de tonalidade. Na troca de

tonalidade, a música pode perder seu ímpeto. As partes mais fortes da música perdem seu brilho. Isto acontece.

Um exemplo clássico está nos programas de aspirantes a cantor, como o Fama, The voice, etc. Quando a música não é bem escolhida para a voz do cantor, o desastre é quase inevitável.

Suponhamos que eu fosse participar de um programa destes. Eu jamais tentaria cantar músicas de Zezé di Camargo, por exemplo. Porque eu sei que tenho que baixar 4 ou 5 semitons para poder cantar as músicas de Zezé. E as músicas já não ficam tão brilhantes como na tonalidade original.

Quando é preciso subir ou descer a tonalidade só meio tom ou um tom, geralmente não há tanto problema para cantar.

Mas mesmo a harmonia, na troca de tonalidade pode perder. Os acordes diferentes podem não soar tão bem. E assim por diante.

Por estas e outras é que eu disse, no início, que tonalidade não era tão simples. Uma tonalidade pode dar vida a uma música. Outra pode até matá-la.

Mas... isso não impede que você - quando precisar - toque suas músicas preferidas na tonalidade mais adequada à sua voz. Tentar cantar na tonalidade do Xororó, para

algumas pessoas é um verdadeiro suicídio. Na hora das notas agudas... ai, ai, ai... cadê a voz? Nestas horas... não pense duas vezes. Respeite a sua voz e suas limitações. Cantar dentro da tonalidade correta para a sua voz não é errado. É necessário.

Então podemos afirmar que...

A tonalidade determina quais notas e acordes (de qual escala) serão utilizadas na música.

Esta é a parte simples. O básico. Por exemplo: Uma música na tonalidade C (dó maior) irá utilizar as notas: C, D, E, F, G, A, B. E - basicamente - os acordes: C, Dm, Em, F, G, Am, B° (você verá o porque destes acordes mais adiante, em campo harmônico).

Isto é facilmente comprovável em algumas músicas populares. E quando digo populares não me refiro à MPB, por favor. A MPB pode ser qualquer coisa, menos popular.

Mas... - e sempre há um mas - nem só de pura matemática vive a música. Seria muito fácil se fosse assim e pronto. Na verdade, em músicas mais simples, é assim. E pronto. Mas é possível encontrar partes de uma determinada música que fogem às “regras”. Acordes - por exemplo - “emprestados” de outra tonalidade. Troca de tonalidade num trecho da música, é outro exemplo. E outras inúmeras alterações.

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Porém as músicas mais simples (a grande maioria que ouvimos), encaixam-se - com algumas poucas exceções - nestas regras (que, como vimos, não são regras absolutas).

As tonalidades na partitura

O quadro abaixo já foi apresentado anteriormente. E mostra como reconhecer as tonalidades numa partitura.

E porque o quadro mostra somente tonalidades maiores? Pelo simples fato de que as tonalidades também seguem as regras das relativas. Uma tonalidade C é relativa da tonalidade Am. Ou seja, se na tonalidade C não temos sustenidos ou bemóis, tampouco temos estes acidentes na tonalidade Am. Portanto o início da partitura será igual.

O que nos leva a uma pergunta. Então, como iremos saber se a música está na

tonalidade maior ou menor? Aí é que a porca torce o rabo... Quem não estudou música com a profundidade suficiente, logo de cara não vai saber. Porque a partitura é igual e as notas também.

Um músico profissional ou um maestro, por outro lado, é claro que sabe qual é a tonalidade. Pela disposição das notas, acordes, etc.

Mas para quem não lê partitura há esperança. Caso a partitura não tenha as cifras dos acordes na parte de cima (muitas hoje em dia têm), o negócio é no ouvido. Ao

experimentar os acordes, o ouvido vai acabar identificando se a tonalidade é maior ou menor.

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Por exemplo... suponhamos que a partira indique C ou Am. Há grandes probabilidades de que a música comece com o acorde C ou Am. Ao experimentar um ou outro e os demais acordes que poderiam vir em seqüência, um músico com um pouco de experiência identifica rapidamente a tonalidade. Uma questão de treinar.

Transporte de tonalidade

Um nome que causa um pouco de receio em alguns. Parece que você vai ter que fazer um esforço dantesco para “transportar” a tonalidade. Mas na verdade é uma coisa bem simples.

Já falamos aqui sobre a troca da tonalidade, quando necessária. Isso é o transporte. Tocar uma música com tonalidade diferente. Mais alta ou mais baixa. E neste caso, a matemática funciona.

Pense... quando transportamos uma música da tonalidade C para D, o que aconteceu? Subimos a música em 1 tom. Tudo na música vai subir 1 tom. Notas e acordes. No caso dos acordes, mais simples impossível. Basta usar a escala cromática.

Suponhamos que uma música tenha os seguintes acordes: A, F#m, D, E, C#m

Queremos transportar a tonalidade para um tom mais alto. E decidimos que 1 tom e meio é o ideal. Teremos que mudar todos os acordes um tom e meio acima.

O primeiro acorde. A. O que vem depois de A? A#. E depois? B. E depois? C. Então nosso primeiro novo acorde será C. Que é um tom e meio acima de A. Veja a escala cromática abaixo (com duas oitavas, para facilitar):

C C# D D# E F F# G G# A A# B C C# D D# E F F# G G# A B C O x x x

Repare como “andamos” três semitons (1 tom e meio) de A para C. Agora basta fazer a mesma coisa com os demais acordes.

Importante: O que vem depois do nome do acorde permanece. Lembrando que

#(sustenido) e b(bemol) fazem parte do nome do acorde, que vai mudar no transporte. Então num transporte de meio tom, um acorde F# vai para G, ou seja, perde o sustenido. Já o que venha depois, permanece. Por exemplo: F#m transportando em meio tom, vai para Gm. Porque o “m” significa que o acorde é menor. Se era menor antes, irá continuar menor. Se era com sétima, sexta, décima primeira... etc., vai continuar também.

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O segundo acorde é F#m. Temos que transportá-lo em um tom e meio (três semitons). Veja abaixo, na tabela:

C C# D D# E F F# G G# A A# B C C# D D# E F F# G G# A B C O x x x

Encontramos então o A. Nosso novo acorde então é Am. Repare que - conforme

explicado - o acorde agora já não é sustenido. Mas continua sendo um acorde menor. Se tivéssemos transportado apenas um tom (dois semitons), ele seria G#m.

O próximo acorde é D. Mesma coisa... três semitons adiante:

C C# D D# E F F# G G# A A# B C C# D D# E F F# G G# A B C O x x x

O novo acorde é F.

Próximo acorde é E. Três semitons...

C C# D D# E F F# G G# A A# B C C# D D# E F F# G G# A B C O x x x

O novo acorde é G.

O último acorde é C#m. Andemos três semitons:

C C# D D# E F F# G G# A A# B C C# D D# E F F# G G# A B C O x x x

Novo acorde: Em

Portanto nossa música tinha: A, F#m, D, E, C#m E agora tem: C, Am, F, G, Em

O mesmo princípio é aplicado a todos os casos. Seja transportando para cima ou para baixo. E sejam quantos semitons se deseja transportar.

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Fazendo o transporte no dia a dia

É claro que você não precisa fazer tudo isso aí... com o tempo, você acostuma a

transportar rapidamente, nos casos mais simples. Um tom acima ou abaixo, por exemplo. É fácil visualizar as notas. Principalmente quando não há sustenidos.

Tenha sempre à mão uma folha de papel com a escala cromática em duas oitavas,

conforme acima. Basta então localizar a nota desejada e andar a quantidade de semitons para frente ou para trás. Com o tempo, você fará isso de memória e não precisará mais da folha de papel. Vai apenas anotando os novos acordes. O próximo capítulo vai ajudar mais ainda. Conhecendo o campo harmônico, transporte vira brinquedo.

É claro que eu poderia colocar aqui uma tabela de transporte. Mas... não. Esta não é a intenção do livro. É muito melhor para você compreender e fazer as coisas por si mesmo. Quando você consulta uma tabela, está mandando seu cérebro ir tomar um café no bar da esquina. Você não pensa. E eu quero que você pense. Mais tarde você vai lembrar-se do Brunão... e vai agradecer.

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Campo harmônico

Um nome meio... pomposo. Mas a esta altura não tem segredo para você. O campo harmônico nada mais é do que o conjunto de acordes gerado por cada escala. Lá atrás já dissemos que uma música numa determinada tonalidade vai utilizar certas notas e certos acordes. Pertencentes à escala que dá nome à tonalidade. Pois é... os acordes vêm das escalas. Isto é o campo harmônico.

Campo harmônico maior

Cada escala tem sua nota 1, 2, 3... e assim por diante. Vamos chamar cada uma das notas de grau. Assim temos o primeiro grau, o segundo, terceiro... etc.

No campo harmônico, cada grau gera um acorde, maior, menor ou diminuto. Vejamos quais são no

Campo harmônico maior

Grau Acorde (maior, menor ou diminuto) Escala de C Acordes gerados Primeiro Maior C C Segundo Menor D Dm Terceiro Menor E Em Quarto Maior F F Quinto Maior G G Sexto Menor A Am Sétimo Diminuto (°) B B°

Portanto, para saber os acordes do campo harmônico maior, basta saber as notas da escala e atribuir-lhes as extensões dos acordes de acorde com a tabela acima. Com o tempo, você acostuma-se a isso de tal maneira que faz sem pensar, acredite. Principalmente se utilizar o campo harmônico para compor músicas ou “tirar” músicas. As regras para o campo harmônico menor são as mesmas. Para exemplificar melhor, utilizamos na tabela a seguir, a tonalidade relativa de C (Am). Como as notas são as mesmas, é claro que os acordes também serão os mesmos. Apenas a ordem das notas é diferente.

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Campo harmônico menor

Grau Acorde (maior, menor ou diminuto) Escala de C Acordes gerados Primeiro Menor A Am Segundo Diminuto (°) B B° Terceiro Maior C C Quarto Menor D Dm Quinto Menor E Em Sexto Maior F F Sétimo Maior G G

Para os demais campos harmônicos, basta seguir a mesma regra. Mais uma vez... nada de tabelas. Basta colocar diante de si as sete notas de uma escala e colocar os sinais diante das notas. Veja o exemplo abaixo:

Escala de D#

D#, F, G, G#, A#, C, D, D# Acordes gerados

D#, Fm, Gm, G#, A#, Cm, D° + - - + + - dim

Variações dos acordes

Acordes têm alterações. Por exemplo: A é um acorde natural. A7 é um acorde com

variação. Os acordes com alterações fazem parte do campo harmônico. Assim, você pode ter um acorde A, por exemplo. E mais os acordes alterados, como por exemplo: A7, A6, A9... etc.

Acordes relativos

Aí está a palavra novamente... relativo. Você já sabe que escalas relativas têm as mesmas notas. Tonalidades relativas também. Agora... e os acordes relativos? Acordes relativos são aqueles que têm em suas escalas, as mesmas notas. Ou seja, acordes relativos provém de escalas relativas.

Referências

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