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5 AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO SOB O DOMÍNIO DA

5.2 Da apresentação das páginas do sítio jurídico

Pretendemos nesta seção demonstrar como o Poder Judiciário externaliza e dá visibilidade aos seus serviços e produtos confirmando o paradigma do Estado em rede, diferentemente das outras formas de organização da informação que privilegiavam a perspectiva fixa de um acervo em um lugar específico. Estas páginas em sua totalidade representam formas de “desterritorização” por parte do usuário quando ele busca informações no sítio jurídico do TJMA.

Figura 9 : Página da biblioteca do TJMA

Na página relativa à figura 9 se apresenta informação de caráter institucional, bem como os serviços da biblioteca desse tribunal. Ela

confirma também como a biblioteca inserida nesse conjunto passa a ofertar serviços que historicamente eram apresentados com o deslocamento do usuário até o seu espaço físico. Essa realidade, assim como as outras apresentadas, vêm ao encontro da morfologia da sociedade em rede quando as categorias espaço tempo são redimensionadas a partir da pesquisa de forma instantânea e ubiqua.

Figura 11: Página do clipping do TJMA

Figura 14: Página de consulta a processo 2 grau do TJMA

Figura 16: Página de consulta ao processo virtual nacional

No que concerne a este momento em que as tecnologias da informação têm impactos no campo jurídico, em particular no TJMA, há um conjunto de variáveis que podemos analisar. Primeiramente, cabe assinalar que o TJMA, ainda está voltado para o uso da tecnologia na gestão e publicidade de suas informações, atendendo aos requisitos do CNJ, sem, entretanto, disponibilizar uma orientação maior para o cidadão na busca de informação.

6 CONCLUSÃO

A maior visibilidade dos tribunais na contemporaneidade é uma das conseqüências do desenvolvimento da Sociedade em Rede. Igualmente inferimos que com a disponibilidade a cada dia de informações na rede, há novas possibilidades de acesso ao conteúdo jurídico. Ao lado da questão do acesso, contudo, podemos citar a falta de informação/divulgação sobre os serviços oferecidos. É necessário comunicar para a população a existência da disponibilidade do serviço, de tal forma que ela possa usufruir desse conhecimento. O Poder Judiciário ainda não tem uma cultura da importância da comunicação da informação. Assim, há uma nova demanda na orientação desse Poder quanto à notificação dos serviços existentes e os que estão em via de criação. Entendemos que o ator principal dos serviços prestados é o cidadão/ jurisdicionado, é para ele que em última instância o poder judiciário deve prestar seus serviços na qualidade de um serviço público.

Depreendemos que serviços prestados pelo TJMA como os de unificação das bases de dados, projeto internet móvel para os magistrados, atualização do sistema processual Themis entre outros, ainda estão voltados

para a gestão/administração da Justiça e privilegiam uma parcela dos interessados: os operadores/profissionais do Direito. Esta situação confirma o que a literatura apresenta com consenso, ou seja, na contemporaneidade os tribunais estão adotando as tecnologias de informação como ferramenta para a gestão eficiente da Justiça. Percebemos sinais de uma transição entre

a informatização institucional, embora sinalizando para o acompanhamento das diretrizes e metas de informatização do Conselho Nacional de Justiça.

No que concerne a outros aspectos da pesquisa empírica, observamos durante as visitas ao Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão e ao Foro pouca freqüência no uso dos terminais de auto-atendimento disponíveis para consulta processual. Na maioria das vezes, a consulta é mediada ou pelo advogado da parte, ou pelo funcionário dessas instituições. Poucas pesquisas são desenvolvidas pelos próprios interessados, o que nos leva a evidenciar que significativa parte da população ainda não está familiarizada com o manejo das ferramentas tecnológicas, informação esta que corrobora as críticas apresentadas por Castells e Waiselfisz sobre os índices de exclusão digital no país e no mundo, o que exige orientação ou formação para o uso dos recursos tecnológicos colocados à disposição. Um indicador dessa situação são os cursos ofertados para capacitar os operadores do Direito no uso do processo virtual, sem estender/ampliar esse benefício, ou seja, o da qualificação/apropriação para o uso, para a população, como expressam notícias publicadas pela mídia jornalística maranhense (anexos A, B e C).

Portanto, neste contexto, é imperativo investir em infra-estrutura de informação, em políticas públicas de acesso, em proficiência tecnológica da população em geral, em novas oportunidades de educação não-formal para o/a cidadão/ã comum que figura neste ambiente, como expressa Boaventura Santos (2004, p. 24-25):

“[...] investimentos tecnológicos nos tribunais tenham um sentido político bem definido: melhorar o acesso dos cidadãos à justiça; corresponder ao incremento da competência informática

dos cidadãos, abandonando de vez a idéia que o conhecimento técnico não é susceptível de ser comunicado aos cidadãos”

No que se refere às mudanças ocorridas no campo jurídico notadamente a partir da nova Constituição, evidenciamos que no Maranhão o TJMA não tem conseguido acompanhar essas mudanças em sua totalidade. Tal assertiva está relacionada com os poucos recursos investidos/destinados, nos últimos anos, à área de tecnologia conforme dados do Conselho Nacional de Justiça (2008), bem como com a histórica situação de concentração de poder no executivo do Estado, que resulta por

esvaziar as funções políticas e jurídicas deste tribunal de justiça.

No que se refere às variáveis presentes na literatura há certo consenso de que a utilização da tecnologia possibilita uma maior proximidade entre a Justiça e os/as cidadãos/ãs, além de contribuir para aumentar a celeridade. Entendemos que estes são objetivos a serem atingidos com uma prestação de serviço mais efetiva às necessidades/demandas do/a cidadão/ã, o que exige, para tanto, novos estudos e pesquisas.

Por fim, é necessário a continuidade da pesquisa buscando-se responder a algumas questões de cunho teórico e metodológico, e assim, desenvolver outro caminho empírico da pesquisa contemplando o principal interessado pela informação, ou seja, o/a cidadão/ã. Para tanto, ficam questões como Quais informações buscam? Para quê fim? Recebem atendimento de um funcionário? Tem experiência como uso/manejo de tecnologia de informação?

O desafio que se coloca ainda para esta pesquisa é entender até que ponto há uma ressignificação da antiga prestação jurisdicional diante dos

novos paradigmas da Sociedade em Rede, considerando alguns princípios apontados por Castells (1999) na configuração do Estado-rede, como o da flexibilidade, participação cidadã, transparência administrativa e modernização tecnológica.

Entendemos ainda que a relevância desta pesquisa está em contribuir para que Ciência da Informação amplie o seu olhar para novos objetos e

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ANEXO D - Lei nº 8.159, de 08 de janeiro de 1991

LEI Nº 8.159, DE 8 DE JANEIRO DE 1991

Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências.

Decreto nº 2.942, de 18.1.99, regulamenta os arts. 7º, 11 e 16 (revogado) Decreto nº 4.073, de 03.01.02, regulamenta a Lei 8.159/91

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 1º É dever do Poder Público a gestão documental e a de proteção especial a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como elementos de prova e informação.

Art. 2º Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.

Art. 3º Considera-se gestão de documentos o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente.

Art. 4º Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, contidas em documentos de arquivos, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujos sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, bem como à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas.

Art. 5º A Administração Pública franqueará a consulta aos documentos públicos na forma desta lei.

Art. 6º Fica resguardado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente da violação do sigilo, sem prejuízo das ações penal, civil e administrativa.

CAPÍTULO II

Dos Arquivos Públicos

Art. 7º Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias.

§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.

§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à instituição arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.

Art. 8º Os documentos públicos são identificados como correntes, intermediários e permanentes.

§ 1º Consideram-se documentos correntes aqueles em curso ou que, mesmo sem movimentação, constituam de consultas freqüentes.

§ 2º Consideram-se documentos intermediários aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos produtores, por razões de interesse administrativo, aguardam a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente.

§ 3º Consideram-se permanentes os conjuntos de documentos de valor histórico, probatório e informativo que devem ser definitivamente preservados.

Art. 9º A eliminação de documentos produzidos por instituições públicas e de caráter público será realizada mediante autorização da instituição arquivística pública, na sua específica esfera de competência.

Art. 10º. Os documentos de valor permanente são inalienáveis e imprescritíveis. CAPÍTULO III

Dos Arquivos Privados

Art. 11. Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decorrência de suas atividades.

Art. 12. Os arquivos privados podem ser identificados pelo Poder Público como de interesse público e social, desde que sejam considerados como conjuntos de fontes relevantes para a história e desenvolvimento científico nacional.

Art. 13. Os arquivos privados identificados como de interesse público e social não poderão ser alienados com dispersão ou perda da unidade documental, nem transferidos para o exterior.

Parágrafo único. Na alienação desses arquivos o Poder Público exercerá preferência na aquisição.

Art. 14. O acesso aos documentos de arquivos privados identificados como de interesse público e social poderá ser franqueado mediante autorização de seu proprietário ou possuidor.

Art. 15. Os arquivos privados identificados como de interesse público e social poderão ser depositados a título revogável, ou doados a instituições arquivísticas públicas.

Art. 16. Os registros civis de arquivos de entidades religiosas produzidos anteriormente à vigência do Código Civil ficam identificados como de interesse público e social.

CAPÍTULO IV

Da Organização e Administração de Instituições Arquivísticas Públicas

Art. 17. A administração da documentação pública ou de caráter público compete às instituições arquivísticas federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais.

§ 1º São Arquivos Federais o Arquivo Nacional do Poder Executivo, e os arquivos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. São considerados, também, do Poder Executivo os arquivos do Ministério da Marinha, do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério do Exército e do Ministério da Aeronáutica.

§ 2º São Arquivos Estaduais o arquivo do Poder Executivo, o arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do Poder Judiciário.

§ 3º São Arquivos do Distrito Federal o arquivo do Poder Executivo, o Arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do Poder Judiciário.

§ 4º São Arquivos Municipais o arquivo do Poder Executivo e o arquivo do Poder Legislativo.

§ 5º Os arquivos públicos dos Territórios são organizados de acordo com sua estrutura político-jurídica.

Art. 18. Compete ao Arquivo Nacional a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda, e acompanhar e implementar a política nacional de arquivos.

Parágrafo único. Para o pleno exercício de suas funções, o Arquivo Nacional poderá criar unidades regionais.

Art. 19. Competem aos arquivos do Poder Legislativo Federal a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Legislativo Federal no exercício das suas funções, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda.

Art. 20. Competem aos arquivos do Poder Judiciário Federal a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Judiciário Federal no

exercício de suas funções, tramitados em juízo e oriundos de cartórios e secretarias, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda.

Art. 21. Legislação estadual, do Distrito Federal e municipal definirá os critérios de organização e vinculação dos arquivos estaduais e municipais, bem como a gestão e o acesso aos documentos, observado o disposto na Constituição Federal e nesta lei.

CAPÍTULO V

Do Acesso e do Sigilo dos Documentos Públicos

Art. 22. É assegurado o direito de acesso pleno aos documentos públicos.

Art. 23. Decreto fixará as categorias de sigilo que deverão ser obedecidas pelos órgãos públicos na classificação dos documentos por eles produzidos.

§ 1º Os documentos cuja divulgação ponha em risco a segurança da sociedade e do Estado, bem como aqueles necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas são originariamente sigilosos.

§ 2º O acesso aos documentos sigilosos referentes à segurança da sociedade e do Estado será restrito por um prazo máximo de 30 (trinta) anos, a contar da data de sua produção, podendo esse prazo ser prorrogado, por uma única vez, por igual período.

§ 3º O acesso aos documentos sigilosos referente à honra e à imagem das pessoas será restrito por um prazo máximo de 100 (cem) anos, a contar da sua data de produção. Art. 24. Poderá o Poder Judiciário, em qualquer instância, determinar a exibição reservada de qualquer documento sigiloso, sempre que indispensável à defesa de direito próprio ou esclarecimento de situação pessoal da parte.

Parágrafo único. Nenhuma norma de organização administrativa será interpretada de modo a, por qualquer forma, restringir o disposto neste artigo.

Disposições Finais

Art. 25. Ficará sujeito à responsabilidade penal, civil e administrativa, na forma da legislação em vigor, aquele que desfigurar ou destruir documentos de valor permanente ou considerado como de interesse público e social.

Art. 26. Fica criado o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que definirá a política nacional de arquivos, como órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos (Sinar).

§ 1º O Conselho Nacional de Arquivos será presidido pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional e integrado por representantes de instituições arquivísticas e acadêmicas, públicas e privadas.

§ 2º A estrutura e funcionamento do conselho criado neste artigo serão estabelecidos em regulamento.

Art. 28. Revogam-se as disposições em contrário.

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