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Da Assistência Adesiva Simples

No documento NAS L IDES INDI VIDU AIS DE CONSUMO (páginas 175-180)

5 DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NO CÓDIGO DE PROCESSO

5.1 Das Espécies de Intervenção de Terceiros

5.1.1 Da Assistência no Código de Processo Civil

5.1.1.1 Da Assistência Adesiva Simples

A doutrina contemporânea distingue duas formas de assistência: a adesiva simples e a adesiva litisconsorcial.

Ocorre a intervenção adesiva simples na hipótese de o terceiro intervir no processo com o escopo de auxiliar uma das partes em cuja vitória tenha interesse, sendo certo que se ocorresse uma decisão contrária à

409 Agravo de Instrumento n° 1.089.344-8/SP, j. un. 12.06.02, em Boletim da Associação dos Advogados de São Paulo n° 2.284, 7 a 13 de outubro de 2002, p. 2404-2405.

410 Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, Comentários ao código de processo civil, p. 239. 411 Giuseppe Chiovenda, Principii di diritto processuale civili, p. 602.

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parte assistida, haveria prejuízo a um direito seu que, de alguma maneira, esteja ligado ao direito do assistido.

A petição em que se formula o pedido de assistência simples (art. 50, CPC), deverá atender aos requisitos exigidos pelos artigos 282 a 285 do Código de Processo Civil.412 Não presentes as exigências legais, a hipótese é de indeferimento liminar nos moldes do art. 295, I, II e III do mesmo Código,413 salvo a hipótese de possibilidade de emenda da inicial, nos termos do art. 284.

Assim, importa distinguir que na demanda deduzida em juízo entre o assistido e seu adversário não está em questão nenhum interesse do assistente, e o atingimento dos efeitos naturais da sentença em seu patrimônio jurídico é uma questão de fato, pois não existe uma relação jurídica material, posta em juízo, da qual o assistente faça parte.414

Destaca-se que o interesse que o assistente simples deve demonstrar não pode ser de cunho exclusivamente moral, econômico ou político. Deverá ser analisado sob o ponto de vista jurídico.

José Frederico Marques vai buscar a definição desse interesse jurídico no direito português, que define tal instituto em seu artigo 355 do Código de Processo Civil: “(...) para que haja interesse jurídico capaz de legitimar a intervenção, basta que o assistente seja titular de uma relação jurídica cuja consistência prática ou econômica depende da pretensão do assistido”.415

412 Arruda Alvim, Código de processo civil comentado, p. 46. 413 Idem, Manual de direito processual civil, p. 137-138.

414 Cássio Scarpinela Bueno, Partes e terceiros no processo civil brasileiro, p. 138.

415 José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, p. 275. No mesmo sentido, v.

Pode a sentença atingir em qualquer caso o terceiro, quer ele houvesse participado do processo, como assistente, quer não. Arruda Alvim é taxativo em afirmar que os efeitos da sentença se produzem contra o assistente litisconsorcial, tenha ele ingressado ou não no processo, e, também ao afirmar que o assistente simples é tocado pelos efeitos da sentença mesmo que não haja participado do processo.416

Esses efeitos reflexos que a sentença produz contra terceiros são inexoráveis, atingindo-os irremediavelmente, tenham ou não intervindo na causa, pois deverão ser tratados como se fossem litisconsortes sob regime unitário. Também o assistente simples sofre os efeitos da sentença, pois terá sua relação jurídica afetada em sua consistência prática e econômica.417

Eficácia direta da sentença será aquela cujo efeito é tido como natural. Assim como existirão eventuais reflexos sobre a relação jurídica conexa de que faça parte o terceiro legitimado a intervir.

Em linhas gerais, ocorre que os exemplos situam-se numa esfera de hipóteses nas quais o terceiro, tenha ou não ingressado no processo, sofreria a eficácia constitutiva da sentença. São hipóteses em que o assistente se limita a evitar, preventivamente, a formação da sentença adversa ao assistido, por ter ele interesse na causa, a fim de evitar que a sentença se vincule em fato contrário ao que lhe interessa. Como também poderá ocorrer que, paralelo a esse tipo de interesse que legitimou a intervenção do assistente simples, o terceiro esteja legitimado a intervir adesivamente em casos nos quais a parte assistida tenha uma ação de regresso contra ele, se resultar a mesma, vencida na causa.

416 Arruda Alvim, Código de processo civil comentado, p. 30. 417 Ibidem, p. 33-34.

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Ovídio Araújo Baptista da Silva assevera que ocorrerá a assistência adesiva simples, nos seguintes casos: a) o ingresso do subinquilino na ação de despejo proposta pelo locador contra o inquilino; b) ingresso do fiador na ação entre o credor e o devedor principal sobre a validade do contrato de empréstimo garantido pela fiança; c) a intervenção do legatário na demanda entre o herdeiro legítimo e o testamentário sobre a validade do testamento; d) a intervenção do tabelião na ação entre os figurantes numa escritura pública por aquele lavrada, para a declaração de nulidade ou falsidade da escritura; e) a do segurador na causa movida pela vítima do acidente contra o segurado causador do dano.418

Quanto à sujeição à sentença, ocorre que na assistência simples legitimidade o terceiro que possui relação jurídica com uma das partes e será alcançado negativamente pela decisão se a mesma for desfavorável a quem ele assiste.

Portanto, o interveniente adentra ao processo buscando a vitória de seu assistido, visando à não incidência do resultado negativo que refletirá na relação jurídica que possui com a parte. Assim, o assistente não se sujeitará à imutabilidade da sentença encoberta pela coisa julgada, pelo fato de não ser parte.

Porém, o artigo 499, § 1°, do Código de Processo Civil autoriza-o a interpor recurso, dada a sua condição de terceiro juridicamente interessado, mesmo que não haja comparecido anteriormente ao processo.

O que concerne ao assistente simples, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu nos seguintes termos:

“PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL. SÚMULA 267/STF. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. TRANSPORTE DE PASSAGEIROS. ATUAÇÃO COMO LONGA MANU DO ESTADO. INTERVENÇÃO COMO ASSISTENTE SIMPLES. ART. 52, CPC. 1. O mandado de segurança não é sucedâneo de recurso, sendo imprópria a sua impetração contra decisão judicial passível de impugnação prevista em lei, consoante o disposto na Súmula nº 267 do STF. 2. A decisão liminar de órgão fracionário dos tribunais enseja agravo, impassível de ser substituído pelo mandado de segurança. Admitido o writ e denegado, é lícito ao Tribunal Superior, em recurso ordinário, com ampla devolutividade, aferir a carência de ação pela impropriedade da via eleita ab origine. 3. Nos regimes de concessão de serviços públicos as entidades concessionárias representam uma longa manu do Estado, certo que as decisões proferidas contra este vale para aquelas. A concessão, como evidente, não pode ser efetivada com sacrifício dos comandos constitucionais que regulam o agir do poder concedente. Destarte, na concessão, a transferência dos serviços, opera-se com as limitações que atingem o poder concedente, pelo princípio de que memo plus iuris transfere ad alium potest quam ipse habet (ninguém pode transferir mais direitos do que tem). Impondo a Constituição Estadual, por reprodução da Carta Federal (art. 230, CF), limites à concessão, estes devem ser respeitados, sem admissão de oposição pela concessionária em razão do próprio regime de submissão que se lhe impõe. 4. O concessionário age vinculadamente ao poder concedente, subsumindo-se às determinações emanadas deste poder, em sentido amplo, donde as decisões proferidas em face do concedente obrigam também o concessionário. 5. Em conseqüência, tratando-se de concessão de serviço público -transporte de passageiros- não há litisconsórcio necessário entre a entidade e o Estado, senão a possibilidade de intervenção do concessionário no feito como assistente simples, sujeitando-se aos limites legais estabelecidos para essa modalidade de intervenção de terceiro. 6. O assistente assume o processo no estado em que se encontra, sujeitando-se às preclusões operadas em face do assistido no juízo e foro preventos na forma do art. 109, do CPC. 7. Deveras, o impedimento à quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato é dever do Poder concedente, cuja responsabilidade não pode ser persequível nem em mandado de segurança autônomo substitutivo de ação de cobrança, via interditada pela Súmula 269 do STF, nem pelo viés da intervenção litisconsorcial. 8. Recurso improvido”.419

419 RMS nº 14865/RJ – 1ª T – 2002/0059407-2, Relator Ministro Luiz Fux – j. 08.10.02,

publicado no DJ em 11.11.02, RSTJ vol. 167, p. 79. Neste sentido, decisão do STJ – RMS nº 5872/SP, RMS nº 9004/SP, RMS nº 8441/CE, RMS nº 9103-DF.

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Concluindo, verifica-se que o assistente simples é a forma mais pura de intervenção de terceiros, já que é o único terceiro que permanece nessa condição, mesmo depois de ingressar na lide, pois o assistente não faz pedido e muito menos defesa, sendo que da sua intervenção no processo não surge uma outra demanda em que o juiz deva decidir juntamente com a demanda originária, o que ocorre na denunciação da lide e na oposição.

No documento NAS L IDES INDI VIDU AIS DE CONSUMO (páginas 175-180)

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