• Nenhum resultado encontrado

NAS L IDES INDI VIDU AIS DE CONSUMO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "NAS L IDES INDI VIDU AIS DE CONSUMO"

Copied!
299
0
0

Texto

(1)

A

A

I

I

N

N

T

T

E

E

R

R

V

V

E

E

N

N

Ç

Ç

Ã

Ã

O

O

D

D

E

E

T

T

E

E

R

R

C

C

E

E

I

I

R

R

O

O

S

S

N

N

A

A

S

S

L

L

I

I

D

D

E

E

S

S

I

I

N

N

D

D

I

I

V

V

I

I

D

D

U

U

A

A

I

I

S

S

D

D

E

E

C

C

O

O

N

N

S

S

U

U

M

M

O

O

D

D

O

O

U

U

T

T

O

O

R

R

A

A

D

D

O

O

E

E

M

M

D

D

I

I

R

R

E

E

I

I

T

T

O

O

P

P

O

O

N

N

T

T

I

I

F

F

Í

Í

C

C

I

I

A

A

U

U

N

N

I

I

V

V

E

E

R

R

S

S

I

I

D

D

A

A

D

D

E

E

C

C

A

A

T

T

Ó

Ó

L

L

I

I

C

C

A

A

S

S

Ã

Ã

O

O

P

P

A

A

U

U

L

L

O

O

2

(2)

J

J

O

O

S

S

É

É

L

L

U

U

I

I

Z

Z

R

R

A

A

G

G

A

A

Z

Z

Z

Z

I

I

A

A

I

I

N

N

T

T

E

E

R

R

V

V

E

E

N

N

Ç

Ç

Ã

Ã

O

O

D

D

E

E

T

T

E

E

R

R

C

C

E

E

I

I

R

R

O

O

S

S

N

N

A

A

S

S

L

L

I

I

D

D

E

E

S

S

I

I

N

N

D

D

I

I

V

V

I

I

D

D

U

U

A

A

I

I

S

S

D

D

E

E

C

C

O

O

N

N

S

S

U

U

M

M

O

O

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Direito, área de concentração Direito Processual Civil sob a orientação da Professora Doutora Patrícia Miranda Pizzol.

P

P

O

O

N

N

T

T

I

I

F

F

Í

Í

C

C

I

I

A

A

U

U

N

N

I

I

V

V

E

E

R

R

S

S

I

I

D

D

A

A

D

D

E

E

C

C

A

A

T

T

Ó

Ó

L

L

I

I

C

C

A

A

S

S

Ã

Ã

O

O

P

P

A

A

U

U

L

L

O

O

2

(3)

B

B

A

A

N

N

C

C

A

A

E

E

X

X

A

A

M

M

I

I

N

N

A

A

D

D

O

O

R

R

A

A

__________________________

"

Nota:_________________________

__________________________

"

Nota:_________________________

__________________________

"

Nota:_________________________

__________________________

"

Nota:_________________________

__________________________

"

Nota:_________________________

(4)

D

D

E

E

D

D

I

I

C

C

A

A

T

T

Ó

Ó

R

R

I

I

A

A

À

(5)

À

À PPrrooffeessssoorraa DoDouuttoorraa PPaatrtícciiaa MiMirrananddaa PPiizzzzooll,, pepelloos s e

ennssiinnaammeennttoos s e e fifirrmmezezaa nono cocondnduzuziirr a a rerealaliizzaaçãçãoo dodo p

prreseseennttee ttrraabbaallhhoo..

À

À InInssttiittuuiçãão o ToTolleeddo o dde e EnEnssiinnoo qqueue meme popossssiibbililiittoouu oos s r

reeccurursososs ffiinnaancnceieirrooss nenecceesssárriioos spaparara ququee eueu coconcnclluíssssee o

o ddooututooraraddo.o.

À

À DoDoututoorara JoJosseellaaininee C.C. BuBueennoo pepelolo ininddiissppenensávevell a

(6)

R

R

E

E

S

S

U

U

M

M

O

O

‹

‹‹‹‹‹

O objetivo do presente trabalho é efetuar um estudo comparativo entre

as modalidades de intervenção de terceiros no Código de Processo Civil, ou

seja, a assistência; o chamamento ao processo, a denunciação da lide, a

oposição e a nomeação à autoria. No Código de Defesa do Consumidor, a

única forma de intervenção admitida é o chamamento ao processo nos casos

de seguro de responsabilidade civil, sendo que a finalidade do presente

trabalho é aferirmos se o Código de Defesa do Consumidor proíbe toda e

qualquer modalidade interventiva e se estas realmente vêm em seu prejuízo. O

método para elaboração do trabalho foi o de pesquisa na legislação processual

e consumerista em vários países do mundo. Após minuncioso exame das

modalidades interventivas, chegamos a conclusão de que, em algumas

hipóteses a adoção das modalidades intervencionistas não prejudicam o

consumidor no seu amplo acesso à justiça, mas sim beneficiá-lo e propicia sua

efetiva tutela jurisdicional nos moldes do que preconiza o Código de Defesa

(7)

‹

‹‹‹‹‹

We aim with this work to accomplish a comparative study among the

third party intervention modalities in the Civil Process Code, or, the

assistence; the calling to process, the toil denounciation, the opposition and

the nomination to the authorship. In the Consumer Defense Code, the only

way of admiting intervention is the calling to process in the cases of civil

responsibility security, since the aim of this work is to check if the

Consumer Defense Code forbids all and any interventive modality and if

they really come to its damage. The method we used to prepare this work,

was the research on the consuming processual legislation of several

countries in the world. After a detailed survey of the interventive

modalities, we got to the final conclusion that in some hypothesis the

adoption of the interventionist modalities doesn’t damage the consumer as

to his wide access to justice, but it only benefits and brings up to him its

effective jurisdictional tutelage just like what is said in the Brazilian

(8)

L

L

I

I

S

S

T

T

A

A

D

D

E

E

A

A

B

B

R

R

E

E

V

V

I

I

A

A

T

T

U

U

R

R

A

A

S

S

E

E

S

S

I

I

G

G

L

L

A

A

S

S

a.C. – antes de Cristo

ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

ampl. – ampliada

art. – artigo

arts. – artigos

atual. – atualizada

Câm. – Câmara

CDC – Código de Defesa do Consumidor

CF – Constituição Federal

CF/88 – Constituição Federal de 1988

coord. – coordenação

CPC – Código de Processo Civil

Des. – Desembargador

DJ – Diário de Justiça

DOU – Diário Oficial da União

Dr. – Doutor

Dra. – Doutora

ed. – edição

inc. – inciso

j. – julgado

LACP – Lei sobre a Ação Civil Pública

Min. – Ministro

nº – número

ONU – Organização das Nações Unidas

p. – página

Profº. – Professor

Profª. – Professora

Rel. – Relator

rev. – revisada

SP – São Paulo

ss. – seguintes

STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça

T. – Turma

TACivSP – Tribunal de Alçada Civil de São Paulo

tirag. – tiragem

TJRJ – Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo

(9)

INTRODUÇÃO... 01

1 DAS RELAÇÕES DE CONSUMO... 04

1.1 Noções Gerais ... 04

1.2 Gênese das Relações de Consumo ... 15

1.2.1 Evolução da Proteção ao Consumidor no Direito Comparado... 20

1.2.1.1 Na Itália... 20

1.2.1.2 Na França... 24

1.2.1.3 Nos Estados Unidos da América ... 26

1.2.1.4 Na Organização das Nações Unidas... 28

1.2.1.5 Na Comunidade Econômica Européia... 29

1.2.1.6 No Mercado Comum do Cone Sul ... 31

1.2.1.7 Outros Países... 34

1.2.1.8 No Brasil ... 42

2 DOS PRINCÍPIOS... 50

2.1 Princípios Fundamentais da Legislação Processual Civil... 68

2.1.1 Princípio do Devido Processo Legal... 69

2.1.2 Princípio do Juiz Natural ... 71

2.1.3 Princípio do Acesso à Justiça... 79

2.1.4 Princípio do Contraditório ... 84

2.1.5 Princípio da Recorribilidade e do Duplo Grau de Jurisdição ... 88

2.1.6 Princípio da Boa-Fé e Lealdade Processual... 91

2.1.7 Princípio da Verdade Real ... 95

2.1.8 Princípio da Oralidade ... 97

2.1.9 Princípio da Publicidade ... 99

2.1.10 Princípio da Economia Processual... 101

2.1.11 Princípio da Eventualidade ou da Preclusão... 101

2.1.12 Princípio Inquisitivo e Princípio Dispositivo ... 103

3 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR... 108

3.1 Princípios Constitucionais Gerais da Ordem Econômica: Defesa do Consumidor e Livre Iniciativa ... 109

(10)

3.3 Princípio da Presença do Estado nas Relações de Consumo ou Princípio

do Dever Governamental ... 120

3.4 Princípio da Harmonização dos Interesses e Princípio da Garantia da Adequação ... 122

3.5 Princípio da Coibição e Repressão de Abusos Praticados no Mercado .. 124

3.6 Princípio do Incentivo ao Autocontrole ... 126

3.7 Princípio da Conscientização do Consumidor e Fornecedor e Princípio Informativo... 126

3.8 Princípio da Racionalização e Melhoria dos Serviços Públicos ... 127

3.9 Princípio das Modificações do Mercado... 129

3.10 Princípio da Boa-Fé... 129

3.11 Princípio do Acesso à Justiça no Código de Defesa do Consumidor.. 133

4 DAS PARTES E TERCEIROS... 135

4.1 Partes no Código Processual Civil ... 137

4.2 Conceito de Terceiro no Código de Processo Civil ... 144

4.3 Partes no Código de Defesa do Consumidor ... 147

4.4 Terceiros no Código de Defesa do Consumidor ... 148

5 DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR... 150

5.1 Das Espécies de Intervenção de Terceiros... 160

5.1.1 Da Assistência no Código de Processo Civil... 160

5.1.1.1 Da Assistência Adesiva Simples ... 164

5.1.1.2 Da Assistência Litisconsorcial... 169

5.1.1.3 Legitimidade da Assistência Litisconsorcial ... 172

5.1.1.4 Posição do Interveniente... 173

5.1.2 Da Assistência no Código de Defesa do Consumidor ... 175

5.1.3 Da Oposição no Código de Processo Civil... 181

5.1.3.1 Do Procedimento da Oposição ... 189

5.1.4 Da Oposição no Código de Defesa do Consumidor ... 193

5.1.5 Da Nomeação à Autoria no Código de Processo Civil... 195

5.1.6 Da Nomeação à Autoria no Código de Defesa do Consumidor ... 201

5.1.7 Da Denunciação da Lide no Código de Processo Civil... 204

5.1.7.1 Escorço Histórico... 204

5.1.7.2 Conceitos da Denunciação da Lide no Direito Pátrio e no Direito Comparado... 206

(11)

5.1.7.6 Denunciação Sucessiva... 226

5.1.7.7 Da Sentença na Denunciação da Lide ... 227

5.1.8 Da Denunciação da Lide no Código de Defesa do Consumidor ... 229

5.1.9 Do Chamamento ao Processo no Código de Processo Civil ... 234

5.1.9.1 Considerações Introdutórias ... 234

5.1.9.2 Finalidade... 242

5.1.9.3 Hipóteses de Cabimento ... 244

5.1.9.4 Procedimento ... 246

5.1.9.5 Efeitos da Sentença e da Coisa Julgada... 248

5.1.10 Do Chamamento ao Processo no Código de Defesa do Consumidor.. 252

CONCLUSÕES... 258

(12)

I

I

N

N

T

T

R

R

O

O

D

D

U

U

Ç

Ç

Ã

Ã

O

O

A escolha do presente tema ocorreu durante as aulas ministradas na PUC-SP pela Profª. Dra. Patricia Miranda Pizzol, na matéria Direito do Consumidor.

É notória entre os processualistas a evolução do Direito Processual Civil, no sentido de adequá-lo à busca de efetividade, ou seja, torná-lo um instrumento apto a conferir aos jurisdicionados, efetivamente, o que lhes compete, fazendo com que as decisões judiciais realmente transformem a realidade de quem busca a tutela jurisdicional.

Com o surgimento das relações de massa, nas quais o consumidor quer consumir já e o fornecedor quer vender agora, surgiram os chamados contratos de adesão, nas quais se elimina a fase preliminar de negociação dos contratos, ensejando que o fornecedor de serviços e produtos elabore previamente as cláusulas contratuais, impondo-as ao consumidor.

A Constituição Federal de 1988 inseriu entre os direitos fundamentais a defesa do consumidor, determinando que o legislador outorgasse ao país um Código de Defesa do Consumidor (art. 48 ADCT).

(13)

O CDC tráz novidades na esfera processual, buscando a rápida indenização dos consumidores, o que se infere da adoção da responsabilidade objetiva, excluindo-a apenas nas relações que envolvam profissionais liberais, e, portanto, somente admitindo a intervenção de terceiro (chamamento ao processo) nas lides de consumo na hipótese de que o réu (fornecedor) possua seguro de responsabilidade civil, excluindo as demais modalidades de intervenção.

Objetivamos com o presente estudo demonstrar inicialmente uma gênese das relações de consumo, a evolução da regulamentação no direito comparado e no Brasil, o advento da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

Já no segundo capítulo do trabalho, fizemos um estudo sobre os princípios processuais no Direito Processual Civil Brasileiro, bem como dos princípios que informam o microssistema consumerista, destacando o da vulnerabilidade do consumidor.

No capítulo terceiro apresentamos e analisamos os princípios norteadores do Código de Defesa do Consumidor, dando ênfase ao princípio da vulnerabilidade dos consumidores em geral.

Fizemos no capítulo seguinte um estudo doutrinário para definir Partes e Terceiros no Sistema Processual Brasileiro e também no Código de Defesa do Consumidor, apontando as diferenças entre as relações jurídicas comuns e as consumeristas.

(14)

3

3

destacando desde já que a doutrina brasileira repele qualquer tipo de intervenção nos processos que envolvam relações de consumo, a não ser o chamamento ao processo previsto no art. 101 da Lei nº 8.078/90.

Em seguida, procuramos demonstrar que é aceitável que se adote a possibilidade de utilização dos institutos de intervenção de terceiros nos processos que envolvam fornecedores e consumidores, sem que afrontemos os princípios norteadores da Lei nº 8.078/90, permitindo, portanto, um contraditório amplo.

(15)

1.1

Noções

Gerais

Antes de adentrarmos no cerne do presente estudo, algumas considerações deverão ser levantadas para melhor compreensão e elucidação dos tópicos a serem abordados em toda a extensão desta obra. Contudo, observe-se que serão considerações meramente elucidativas, pois não é pretensão, aqui, esgotar os temas preliminarmente expostos, e sim de forma genérica abordar as relações de consumo, sua origem e os fatores que ao longo dos anos conduziram para a codificação deste novo ramo do direito pátrio. Passemos, então, ao estudo desse tópico.

Marcelo Gomes Sodré ensina que:

“As fases da história nunca se apresentam como compartimentos estanques; elas se interpenetram, se sobrepõem. Tudo depende do olhar disponível. Na verdade, a história não tem fases. Ela é um todo contínuo. Se o desenrolar dos fatos históricos é resultado da contínua ação humana, a teorização histórica é criação da razão humana, ou de algo que tenta ser racional. Dentre as várias opções, escolhe-se uma. Busca-se o critério e seu fundamento. Quando se trata de optar, os erros são a tônica. O acerto é apenas uma das escolhas erradas pelo ângulo do critério distinto. E é tão violento como o próprio erro, pois mobiliza o desenrolar dos acontecimentos. Mas é assim que o conhecimento se faz e é o que torna possível o diálogo científico. Se o conhecer limita, o refletir pode transbordar; melhor dizendo, o refletir é transbordar. Criar fases da história é bordar a moldura pela flexão racional”.1

O desenvolvimento econômico, em seu alto grau de industrialização e sofisticação tecnológica, aliado à grande concentração da

1 Marcelo Gomes Sodré, A formação do sistema nacional de defesa do consumidor: avanços e

(16)

5

5

atividade empresarial e de capitais, constitui fator decisivo na formação da sociedade de consumo de massa. Nessa sociedade de produção em larga escala, a abundância de produtos e serviços precisa ser absorvida pelo mercado como condição para sua própria realimentação. Todavia, a lógica de funcionamento dessa sociedade produz reflexos e disfunções no mercado, além de lesões em alta escala aos consumidores, desafiando a necessidade imediata de sua defesa.2

Para que possam compreender as causas que deram origem à tutela do consumidor, bem como à busca de um meio verdadeiramente eficaz que amparasse as relações de consumo, necessário será compreender em que consistem essas relações e qual a definição adotada pela doutrina ao estudar esse fenômeno social.

Conforme assinala Marcelo Kokke Gomes:

“A relação de consumo é aquela em que uma das partes adquire produtos ou serviços tendo em vista sua utilização final enquanto a outra parte fornece tais bens em caráter de habitualidade e profissionalismo”.3

O objetivo dessa relação, conforme salienta José Geraldo Brito Filomeno,4 será a satisfação das necessidades privadas dos consumidores, quais sejam, os bens de consumo.

Assim, nítida e clara é a definição de relações de consumo adotada por João Batista de Almeida, em sua obra A proteção jurídica do consumidor, quando menciona serem as mesmas bilaterais, existindo num dos

2 Josué Rios, A defesa do consumidor e o direito como instrumento de mobilização social, p. 07. 3 Marcelo Kokke Gomes, Responsabilidade civil: dano e defesa do consumidor, p. 87.

4 José Geraldo Brito Filomeno, Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos

(17)

pólos um fornecedor, disposto a fornecer seus bens e serviços a terceiros e, no outro pólo, o consumidor, envolto num estado de subordinação às condições e aos interesses impostos pelo titular daqueles bens e serviços, que atendam às suas necessidades, habituais ou não, de consumo. Pondera ele ainda, que essas relações de consumo são dinâmicas, uma vez que sucedidas pela existência natural do ser humano, crescendo, evoluindo e tomando corpo, de modo a evidenciar precisamente o momento histórico em que se situam.5

Sob o prisma de Washington Peluso Albino de Souza, tem-se que “(...) as relações de consumo assumem características de direito Econômico quando tomadas pelo prisma de uma política voltada para objetivos definidos ideologicamente”.6

Em outra esteira, se extrai dos ensinamentos de Manoel Lauro Volkmer de Castilho uma definição bastante plausível do que sejam as relações de consumo, em órbitas atuais:

“A relação de consumo pode, pois, ser compreendida como o processo ou o resultado da aquisição de bens e serviços pelo consumidor final, de modo a garantirem-se as condições (mínimas) de subsistência e manutenção para uma vida, naquelas condições mencionadas, mas não se trata de uma mera compra e venda isolada para aquisição de patrimônio, ou riqueza, ou obrigação individual, posto que o comportamento protegido e o ordinário, o reiterado, necessário e comum a grande quantidade de pessoas. Tutelam-se, portanto, interesses de massa”.7

Sobretudo, importa saber que o Código de Defesa do Consumidor não definiu as chamadas relações de consumo, porém, limitou-se a fornecer indícios do que seriam os seus elementos, quais sejam:

5 João Batista de Almeida, A proteção jurídica do consumidor, p. 01.

6 Washington Peluso Albino de Souza, Primeiras linhas de direito econômico, p. 594.

(18)

7

7

consumidor, fornecedor, produtos e serviços, que serão aqui analisados. Ao utilizar essas expressões, o Código o faz destacando-as como objeto jurídico de sua tutela, e dessa forma, faz com que careçam de definição precisa.

Assim, em conformidade com o que prescreve o mencionado Código no artigo 2° e parágrafo único, “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final”, indo mais além, estendendo o conceito de consumidor à “(...) coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”.

Questão tormentosa para a doutrina é definir quando uma pessoa física ou jurídica pode ser considerada destinatária final de produtos ou serviços.

No Brasil convivem duas teorias, a maximalista e a finalista. Esta somente considera como consumidor e, portanto, destinatário final de produtos ou serviços, aquele que adquire ou utiliza um produto ou serviço para uso próprio ou de sua família, pois a finalidade do Código é a proteção do vulnerável, o que não se aplicaria aos profissionais. Porém, em casos excepcionais, a mesma doutrina reconhecendo a vulnerabilidade de profissionais que adquirem produtos ou serviços fora de sua especialidade, entende possível a aplicação das normas do CDC.8

Já a teoria maximalista entende que o CDC é um código geral sobre o consumo, ou seja, institui normas para todos os agentes do mercado e, portanto, o § 2º do CDC deve ser interpretado da forma mais extensiva

8 Cláudia Lima Marques, Comentários ao código de defesa do consumidor: arts. 1º ao 74:

(19)

possível, não importando se a pessoa física ou jurídica tem a finalidade de obter lucro com o produto ou serviço.9

No Brasil nossos tribunais têm adotado a teoria finalista:

“AGRAVO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO – CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO – APLICABILIDADE DO CDC – COMISSÃO DE PERMANÊNCIA – INACUMULABILIDADE COM JUROS MORATÓRIOS E MULTA CONTRATUAL – SÚMULA Nº 83 DESTA CORTE. I – Pela interpretação do art. 3º, § 2º, do CDC, é de se deduzir que as instituições bancárias estão elencadas no rol das pessoas de direito consideradas como fornecedoras, para fim de aplicação do Código de Defesa do Consumidor às relações entre essas e os consumidores, no caso, correntistas. II – Tratando-se de contrato firmado entre a instituição financeira e pessoa física, é de se concluir que o agravado agiu com vistas ao atendimento de uma necessidade própria, isto é, atuou como destinatário final. Aplicável, pois, o CDC. III – O entendimento adotado pelo aresto recorrido encontra-se em consonância com o desta Corte, segundo o qual é inviável a incidência de comissão de permanência concomitantemente” (STJ – 3ª T. – AgAgIn. nº 296.516/SP – Rel. Min. Nancy Andrighi – j. 07.12.2000).

“Tratando-se de contrato firmado entre a instituição financeira e pessoa física, é de se concluir que o agravado agiu com vistas ao atendimento de uma necessidade própria , isto é, atuou como destinatário final. Aplicável, pois, o CDC” (STJ – Resp. nº 296.516 – Rel. Min. Fátima Nancy Andrighi – j. 07.12.2000).

“CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – APLICABILIDADE SE CONFIGURADA A RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO. Ementa da redação: Aplicam-se as regras do Código de Defesa do Consumidor aos contrato que envolvam crédito como os de mútuo, de abertura de crédito rotativo, de cartão de crédito, de aquisição de produto durável por alienação fiduciária, além de outros, desde que configurem relação jurídica de consumo” (1º TACivSP – 7ª Câm. de férias de julho/97 – Ap. nº 732.366-4 – Rel. Juiz Barreto de Moura – j. 12.08.1997 – RT nº 750/292).

(20)

9

9

O artigo 17 do CDC equipara a consumidor todas as vítimas do evento, no caso de responsabilidade pelo fato do produto ou serviço, portanto, basta ser vitima decorrente de produto ou serviço para ser equiparado a consumidor:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO ORDINÁRIA – CONTAMINAÇÃO DE MORADORES DE BAIRRO PRÓXIMO À REFINARIA, PELA EMANAÇÃO DE PRODUTOS TÓXICOS – EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. O art. 17 do Código de Defesa do Consumidor equipara ao consumidor qualquer pessoa, natural ou jurídica, que venha a sofrer um dano, em decorrência do fato do serviço. Assim sendo, e em princípio, cabe à espécie a aplicação das regras do Código de Defesa do Consumidor, e, entre elas, a da inversão do ônus da prova, cujos pressupostos se acham presentes, já que verossímil a versão do autor, confirmada pelas notícias jornalísticas, sendo ele hipossuficiente. Correta, assim, a decisão recorrida, que objetiva proteger a vítima do fato do serviço, equiparada a consumidor. Desprovimento do recurso” (TJRJ – 10ª Câm. Civ. – AgIn. nº 5.587/02 – Rel. Des. Sylvio Capanema de Souza – j. 25.06.2002).

“DIREITO CIVIL – RESPONSABILIDADE CIVIL – FURTO EM ESTACIONAMENTO – SHOPPING CENTER – VEÍCULO PERTENCENTE A POSSÍVEL LOCADOR DE UNIDADE COMERCIAL – EXISTÊNCIA DE VIGILÂNCIA NO LOCAL – OBRIGAÇÃO DE GUARDA – INDENIZAÇÃO DEVIDA – PRECEDENTES – RECURSO PROVIDO. I – Nos termos do Enunciado 130/STJ, ‘a empresa responde, perante ao cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento’. II – A jurisprudência deste Tribunal não faz distinção entre o consumidor que efetua a compra e aquele que vai ao local sem nada a despender. Em ambos os casos, entende-se pelo cabimento da indenização não decorre ao contrato de depósito, mas da obrigação de zelar pela guarda e segurança dos veículos estacionados no local, presumivelmente seguro” (STJ – Resp. nº 437649/SP – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira – j. 06.02.2003).

(21)

A expressão fornecedor está inserida no caput do artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor, in verbis:

“Artigo 3º: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”.

No mesmo artigo encontram-se ainda as definições acerca dos produtos e serviços, inseridos respectivamente nos §§ 1º e 2º, in verbis:

“Artigo 3º: (...).

§ 1º – Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2º – Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”.

Ao dispor sobre a Política Nacional de Relações de Consumo, a lei faz indicações de que as necessidades dos consumidores, tais como a dignidade, a saúde, a segurança, a proteção de seus interesses e a melhoria da qualidade de vida (art. 4º) servem de importantes vetores para a identificação do que deverá ser considerado quando da tipificação do que sejam as relações de consumo a serem protegidas.

(22)

1

111

pessoas. Amparam-se, assim, os interesses de massa, ao passo que a característica mais marcante e nítida do regime jurídico das relações de consumo pode ser considerada como o ser de massa, e desta forma, transmudar-se na perspectiva que quis a Constituição Federal de 1988, ou seja, incluindo a defesa do consumidor entre os direitos fundamentais e na proteção da ordem econômica. (art. 5º, XXXII e art. 170, V).

Primeiramente, necessário será entender o fenômeno do surgimento do direito do consumidor.

Etimologicamente, a palavra consumir, do latim consommare, significa acabar, gastar, despender, absorver, corroer. Na linguagem dos economistas, consumo se resume num ato pelo qual se completa a última etapa de um processo que eles denominam de econômico.10

Tais relações de consumo há muito vinham sendo estudadas apenas no âmbito da ciência econômica; hodiernamente, porém, fazem parte também de uma linguagem jurídica.11

Na realidade, até há pouco tempo, o direito preocupava-se tão somente com as relações singularmente consideradas, surgindo apenas recentemente a preocupação com as relações de massa, exorbitantemente multiplicadas entre consumidores e fornecedores, ao lado do aparecimento dessa tão conhecida sociedade de massa.12

10 Newton de Lucca, Direito do consumidor: aspectos práticos, p. 20. 11 Calais-Auloy, Droit de la consommation, p. 06.

(23)

Em linhas opostas, a falsa idéia de que um consumidor é favorecido pela livre concorrência dos mercados, pelas empresas, pelos serviços postos à sua disposição podendo-se tornar um monarca do mercado, sempre contribuiu para a fragilidade absoluta que o circunda. Entretanto, alguns já previam a falha nesse contexto, conforme se observa em Zola e Charles Gide.13

Contudo, a partir das décadas de 50 e 60, com o surgimento e crescimento de macroempresas, com os produtos e métodos de produção cada dia mais sofisticados, a grotesca figura do consumidor ditador foi sendo desmistificada, observando-se de forma nítida e clara que o consumidor estava revestido mais da figura da escravatura, do que da de suserano. Reconheceu-se, enfim, a vulnerabilidade dos consumidores, atribuindo-lhes direitos específicos e fazendo nascer a sua proteção.

Essa proteção não demonstrava uma autonomia disciplinar, com especificidade própria, mas sim, uma interdisciplinaridade dentro desse assunto, ao qual se atribuíram regras e princípios de direito comercial, civil, penal, administrativo, econômico e processual que passaram a conviver harmonicamente com a proteção e defesa do consumidor, tão almejada.

Saliente-se, contudo, que o reconhecimento e análise destes direitos estabelecidos favoravelmente aos consumidores, não levaram à aceitação da existência desse direito do consumidor, ou de um direito do consumo, como ramo autônomo do direito.14

13 Calais-Auloy, Droit de la consommation, p. 06.

14Um direito de consumo, como ramo autônomo do direito, à semelhança do direito civil, do

(24)

1

133

Newton de Lucca, por exemplo, entende cabível o agrupamento de normas específicas à proteção dos consumidores, adotando inclusive institutos jurídicos próprios, levando-se em consideração a natureza daquelas normas protetoras que se limitam a um conjunto de restrições e imposições com relação à atividade produtiva e não ao interesse específico dos consumidores.15

Encerrando esse ciclo de opiniões, que divergem e se completam acerca das relações e tutelas consumeristas, surgem autores que, com ou sem maiores questionamentos prévios, admitem a existência de um verdadeiro direito do consumidor, concebido como um conjunto de normas com o intuito de proteger os consumidores.16

Assim, esse ramo do direito, tem-se delimitado pela órbita do direito comercial, com o qual se relaciona necessariamente, tendo em vista que tanto empresário quanto empresa, formam o cerne do direito comercial moderno, sendo um dos principais tipos de fornecedores do direito do consumidor (obviamente, não o único e exclusivo).

Avançando nessa linha de raciocínio, o correto seria demarcar o direito do consumidor por meio do direito econômico, no qual de certo

15 Newton de Lucca, Direito do consumidor: aspectos práticos, p. 33 e ss.

16 Calais-Auloy, Droit de la consommation, p. 19-20. Mostra o ilustre professor que existiram, de rigor, duas concepções básicas : uma primeira, para a qual, o direito do consumo é o conjunto de regras aplicáveis aos atos de consumo; e, uma segunda , para a qual o direito do consumo é o conjunto de regras que tem por finalidade a proteção do direito dos consumidores. Na verdade, conforme esclarece esse autor, essas concepções são muito vizinhas uma da outra sem que coincidam inteiramente, parecendo-lhe por isso, o que mais acertado seria a junção de ambas (p. 19): “Il convient donc dúnir lês deux ensembles. Lê droit de la consommation, mais encore celles qui tendent à proteger les consommateurs, même si elles ne sáppliquent pas directement à eux”. Neste sentido: Rodolfo de Camargo Mancuso,

(25)

modo ele se engloba, interpretando-o como um direito a relações econômicas.17

A tarefa de constituição do direito do consumidor pode ser considerada como algo bastante complexo, se este for encarado como ramo autônomo do direito, como na verdade o é, ou seja, microssistema jurídico e independente. Como é notório, em mais de um dispositivo, tais como o art. 90 que estabelece a aplicação das normas do CPC e da Lei de Ação Civil Pública nas relações de consumo no que não contrariar suas disposições, além dos arts. 110 e 117, nos quais o Código de Defesa do Consumidor cuidou de indicar, “por vezes didática, como se dá ‘interação’ entre ações coletivas e individuais, a par de esclarecer que o CPC e a lei de ação civil pública (nº 7.347/85) são de aplicação subsidiária nos casos em que for omisso o CDC (art. 90)”.18 Todavia, torna-se animadora a determinação, em cada uma das disciplinas integrantes da ciência jurídica deste microssomo de interesses dos consumidores, que devem ser compartimentados e constituídos objeto de princípios específicos, corroborando, assim, com nosso entendimento de que é o direito consumerista autônomo em toda sua essência jurídica.

Nessa lógica pode-se adotar o posicionamento de Eduardo Pólo, em sua obra La protección del consumidor em el derecho privado, onde se lê:

“Porém não é fácil – nem talvez útil ou desejável metodologicamente falando – proceder a criação de um setor específico do ordenamento jurídico que agrupe e ordene a proteção e defesa do consumidor, não menos difícil se apresenta a tarefa inversa de compartimentar este amplo leque de interesses dignos de proteção em cada uma das disciplinas jurídicas que o contemplam e o fazem objeto de suas normas. Em conseqüência, quando falamos da proteção do consumidor no Direito privado ou

17 Ibidem, p. 15.

(26)

1

155

no direito público, tem que ser conscientes da inexatidão terminológica que se comete, uma vez o Direito privado e o Direito público se relacionam e influem reciprocamente neste tema a tal ponto que raro é a parte ou parcela da problemática jurídica do consumidor cujo tratamento exija normas de um ou outro caráter. Se trata, uma vez mais de uma manifestação de dois conhecidos fenômenos em cujo sugestivo exame resulta impossibilidade de impedir nesta ocasião: de um lado, a generalização do Direito mercantil como um Direito profissional que tende a desprofissionalizar-se aplicando-se a um círculo de pessoas cada vez maior, de outro, o direito privado à mercê de uma lenta introdução das idéias sociais e a progressiva intervenção do Estado no âmbito de atuação que tradicionalmente vinha reservado à autonomia privada”.19

1.2 Gênese das Relações de Consumo

É fato notório que as relações de consumo tiveram uma evolução enorme nos últimos tempos. Das operações de trocas de mercadorias que existiam há muito, chegou-se, de modo progressivo, ao que atualmente se conhece como operações de compra e venda, aos tão conhecidos arrendamentos, ao leasing, às importações, dentre outras operações que renderiam linhas e mais linhas nas suas descrições, mas, que, da mesma forma, envolveriam grandes volumes de milhões de dólares. Foi-se o tempo em que as relações eram pessoais

19 Tradução livre de: “Pero si no es fácil – ni acaso útil o deseable metodológicamente hablando –

(27)

e diretas; em dias atuais, as operações transformaram-se em impessoais e indiretas, ainda mais se tomarmos por base os grandes centros urbanos. Hoje, não existe mais uma preocupação quanto a saber quem é o vendedor, o fornecedor ou o comprador. Existem imponentes estabelecimentos comerciais e industriais, hipermercados fabulosos, shoppings centers, que se resumem em conglomerados de lojas e oportunidades para a massificação dessas relações de consumo. Importa ressaltar que a mecanização nos centros rurais colaborou para o fenômeno do êxodo rural, fazendo com que as populações daquelas áreas migrassem para as cidades, para as periferias dos grandes centros urbanos, aumentando significativamente o número populacional, a conturbação e deterioração dos serviços públicos essenciais. Houve uma mudança nos setores industrializados, os bens de consumo passaram a ser produzidos em série, levando-se em consideração o número crescente de consumidores. Ocorreu um aumento na procura e aplicação de publicidade como meio de divulgação desses produtos, produziu assim uma produção em massa, para um consumo de massa, que gerou a tão conhecida sociedade de massa, atualmente muito sofisticada e complexa.

Paulo Valério Dal Pai ensina que:

“Ao final do século XVIII, iniciou-se uma profunda alteração no modelo de produção; a relação de trabalho, que até então tinha caráter meramente individual e personalizado, converteu-se em uma relação massificada e despersonalizada. A energia humana foi substituída pela mecânica, e o trabalhador passou a ser considerado um número, com funções restritas e invariáveis no labor. Como conseqüência disso, a produção aumentou imensamente e deu origem a um mercado de consumo seduzido pelas inovações das quais o consumidor sequer noção possui quanto à forma com que foram produzidas ou quanto aos eventuais problemas que podem acarretar”.20

20 Paulo Valério Dal Pai, Código do consumidor: o princípio da vulnerabilidade no contrato, na

(28)

1

177

Ressalva seja feita que existe por parte das pessoas uma forte confiança, uma entrega total, quando se fala em consumir. Observe-se que não existe um prequestionamento pelos indivíduos, quando vão comprar um pão para seu café da manhã, no sentido de saber se o padeiro lavou corretamente as mãos antes de fabricar aquele alimento, ou se o leite sofreu o adequado processo de pasteurização, ao contrário, o que existe é uma entrega completa por parte dos indivíduos em relação ao consumo.

Temos ainda que a livre iniciativa privada cedeu espaço à grande concentração dos meios de produção, fazendo surgir os monopólios, oligopólios, responsáveis por toda uma alteração nas relações mercantis.21

Toda essa mudança fez surgir o capitalismo em sua forma exacerbada, apoiado em um desenvolvimento produtivo, estabelecendo a sociedade de consumo como novo modelo social, ou, como preferem alguns autores, a mass consumtion society.22

É nesse momento que se desenvolve a produção em série supracitada, com uma redução de custo essencial, e uma busca incansável de um número cada vez maior de consumidores dispostos a adquirirem seus produtos, e as empresas visando exclusivamente ao lucro, tão almejado nas sociedades capitalistas.

Tal demanda trouxe ao mercado consumerista a ampliação dos sistemas de marketing vastamente persuasivo, indutor e controlador das pessoas, capaz até mesmo de condicionar suas condutas consumistas.

21 Ibidem, mesma página.

(29)

O que deveria vir em prol do consumidor, antes de beneficiá-lo, deixou-o numa situação de extrema fragilidade e vulnerabilidade em relação ao fornecedor, de modo que houve uma preemente necessidade de intervenção hierárquica para o fim de salvaguardar o equilíbrio social, buscando condições mínimas ou mesmo máximas para esse fim.23

Foi então que os Estados do mundo inteiro, com maior ou menor preocupação, passaram a intervir nas relações de consumo, buscando o fim único de regulá-las, igualando os participantes das mesmas, igualando suas forças na busca de uma harmonização para o funcionamento econômico, vez que somente assim se alcançaria equilíbrio e harmonia social.24

João Batista de Almeida considera natural que a evolução das relações de consumo viessem a refletir nas relações sociais, econômicas e jurídicas, admitindo inclusive que a proteção dos consumidores foi uma conseqüência direta das modificações ocorridas nestes últimos tempos nas relações de consumo.25

Em relação ao surgimento dessa tutela do consumidor, Camargo Ferraz, Milaré e Nelson Nery Júnior evidenciaram que:

“O surgimento dos grandes conglomerados urbanos, das metrópoles, a explosão demográfica, a revolução industrial, o desmensurado desenvolvimento das relações econômicas, com a produção e consumo em massa, o nascimento dos cartéis, holding, multinacionais e das atividades monopolísticas, a hipertrofia da intervenção do Estado na esfera social e econômica, o aparecimento dos meios de comunicação de massa, e, com eles, o fenômeno da propaganda maciça, entre outras coisas, por terem

23 Ibidem, p. 18.

(30)

1

199

escapado do controle do homem, muitas vezes voltaram-se contra ele próprio, repercutindo de forma negativa sobre a qualidade de vida e atingindo inevitavelmente os interesses difusos. Todos esses fenômenos, que se precipitaram num espaço de tempo relativamente pequeno, trouxeram a lume a própria realidade dos interesses coletivos, até então existentes de forma ‘latente’, despercebidos”.26

Othon Sidou, ressalta em sua obra Proteção ao consumidor que:

“(...) o que deu dimensão enormíssima ao imperativo cogente de proteção ao consumidor, ao ponto de impor-se como tema de segurança do Estado no mundo moderno, em razão dos atritos sociais que o problema pode gerar e ao Estado incumbe delir, foi o extraordinário desenvolvimento do comércio e a conseqüente ampliação da publicidade, do que igualmente resultou, isto sim, o fenômeno conhecido dos economistas do passado – a sociedade do consumo, ou o desfrute pelo simples desfrute, a aplicação da riqueza por mera sugestão consciente ou inconsciente”.27

Por seu turno, Ricardo Hasson Sayeg faz compreender de forma nítida que, conforme o indivíduo se integra na sociedade, por meio de seu nascimento, são criadas e desenvolvidas necessidades que não são apenas aquelas que a maioria das pessoas entendem como básicas à sua sobrevivência, tais como as necessidades alimentares, de higiene, dentre outras. Ao contrário, quando um indivíduo se integra numa sociedade, ele tende a necessitar de tudo quanto a sociedade possa lhe oferecer, de acordo com a sua integração nessa mesma sociedade, exemplificando, podemos considerar as vestimentas compatíveis com os costumes e a situação social em que estes indivíduos se encontram.28

Por óbvio, tais necessidades vinculadas à integração social coagem o indivíduo a satisfazê-las, haja vista a realidade inevitável de ter que pagar, a duras penas, o preço do prestígio social. O constrangimento e a

26 Camargo Ferraz, A ação civil pública e a tutela jurisdicional dos interesses difusos, p. 54-55. 27 Othon Sidou, Proteção ao consumidor, p. 05.

(31)

infelicidade são conseqüência que muitas vezes, certos comportamentos trazem ao indivíduo, na ânsia do consumo, por vezes intenso e cruel, não alcançado. Nesse passo ainda, muitas vezes o indivíduo é levado a práticas delituosas para obtenção de tais requisitos sociais.

A satisfação que se traz a lume não fica restrita aos bens e usos reservados à necessidade de sobrevivência de cada um, mas também se relaciona com a satisfação de adquirir bens econômicos ou serviços que forçam os portadores de tais necessidades a contratarem o que corresponde ao móvel de todo o mercado de consumo.

Todavia, como bem acrescenta Ricardo Hansson Sayeg, se ocorrer uma situação monopolística, como por exemplo uma concorrência imperfeita, o sujeito de tal necessidade estará sendo forçado a contratar com o titular da respectiva posição dominante de mercado, o qual, por essa razão, coloca-se em um status de superioridade em relação a seu consumidor que, por sua inferioridade, vê prejudicada sua autonomia de vontade, submetendo-se às leis unilateralmente impostas pelo fornecedor, via de consubmetendo-seqüência, tornando-se vulnerável aos abusos.29

1.2.1 Evolução da Proteção ao Consumidor no Direito Comparado

1.2.1.1 Na Itália

A regulamentação das relações de consumo na Itália, conforme assinala José Geraldo Brito Filomeno, ocorre da seguinte forma:

(32)

2

211

nas causas romanas, defendidas por Cícero, o adquirente de bens de consumo duráveis recebia sempre a garantia de que seriam sanadas quaisquer deficiências ocultas nas operações de venda e compra.30

Mesmo os romanos, apesar do prestígio de que dispunham em sua ordem jurídica da autonomia da vontade nas negociações e do respeito à propriedade privada, a exemplo da Lei das Doze Tábuas, tiveram sua história marcada pelo intervencionismo de Roma sobre a atividade econômica em seu território e nos territórios conquistados.31

No período do império de Deocleciano (284 a 305 d. C.), era comum a prática de controle de abastecimento de produtos, ainda mais nas regiões conquistadas, havia ainda a decretação de congelamento de preços, em virtude do processo inflacionário, ocasionado em parte pelo déficit do tesouro imperial na manutenção das hostes de ocupação.32

Destaca-se naquela época o conhecido Edito de Deocleciano, que promoveu a reforma da moeda corrente com o fim de atacar a inflação. Neste Edito, conhecido como Edito do Preço Máximo, o Imperador fixou os salários e preços das mercadorias e serviços, regulamentando inclusive a emissão de moeda, com severíssimas punições para os infratores.33Importa ressaltar que a primeira lei sobre o monopólio é romana, sendo que fora proclamada pelo imperador Zenon, sob o título Monopollis, de acordo com o que se observa no livro 4, § 59, do Código Justiniano.

30 José Geraldo Brito Filomeno, Manual de direitos do consumidor, p. 23. 31 Ibidem, p. 23-24.

(33)

Fábio Konder Comparato34 esclarece que, no direito romano clássico, o vendedor não respondia pelos vícios da coisa, desde que fossem por ele desconhecidos, sendo que foi no direito justiniano que a responsabilidade mencionada começou a ser atribuída a ele, não perquirindo conhecimento ou não do defeito.

Acrescenta ainda que as ações redibitória e quanti minoris, ambas amparadas na boa-fé do comprador, eram os instrumentos existentes para ressarcimento em caso de vícios ocultos na coisa posta em venda, deixando claro que lhe cabia devolver em dobro o que houvesse recebido.

No período romano, ainda que indiretamente falando, diversas leis atingiam o consumidor, tais como: a Lei Semprônia de 123 a.C., encarregando o Estado da distribuição de cereais abaixo do preço de mercado; a Lei Clódia do ano 58 a.C., reservando o benefício de tal distribuição aos indigentes; a lei Aureliana, do ano 270 da nossa era, determinando fosse feita a distribuição do pão diretamente pelo Estado. Foram leis ditadas pela intervenção do Estado no mercado frente às dificuldades de abastecimento havidas nessa época em Roma.35

Com a decadência do Império romano, e a Europa toda fragmentada política e economicamente, tornando os mercados inicialmente dispiciendos, com economia basicamente agrícola e feudal em seu segundo período econômico, constituíram-se mercados regionais, fundados no aparecimento das cidades, os burgos, implicando atualmente a determinação dos burgueses, surgindo a denominação da tão conhecida burguesia, tida como a classe dos titulares dos meios de produção.

(34)

2

233

Diferentemente do que se pensa, esse período foi de elevada importância no que se refere à disciplina jurídica da atividade negocial. Influenciado pela doutrina católica, desenvolveu-se o princípio da moderação, que enunciava o respeito à propriedade privada, não em sentido absoluto, mas devendo atender à respectiva finalidade social.36

Assim, desenvolveu-se, ainda, o princípio do equilíbrio, pelo qual entendia-se que o preço das mercadorias deveria ser estabelecido por critérios de justiça e igualdade, nunca especulativos, ou seja, o conhecido preço justo.37

Imediatamente, o direito canônico impôs para a atividade negocial severas restrições, cujo mais destacado teórico foi Santo Tomás de Aquino, em sua Summa Theologica, na qual referindo-se à fraude na compra e venda, à justiça na troca, e à usura, expressava claramente o pensamento juris-econômico medieval, e, em decorrência, os princípios da moderação e do equilíbrio.38

Nos dias atuais a Constituição Italiana tutela os interesses dos consumidores de forma indireta, estabelecendo em seu artigo 41 que:

“A iniciativa econômica privada é livre. A mesma não pode se desenvolver em contraste com a utilidade social ou de uma forma que possa acarretar dano à segurança, à liberdade, à dignidade humana. A lei determina os programas e os adequados controles, a fim de que a atividade econômica pública e privada possa ser dirigida e coordenada para fins sociais”.39

36 Ibidem, p. 49 e ss. 37 Ibidem, p. 52 e ss.

38 Idem, Economistas célebres, p. 55 e ss.

(35)

Seguindo as diretrizes da Comunidade Comum Européia, a Itália conta hoje com um sistema de defesa do consumidor e do meio ambiente, por meio da Lei nº 281, de 30 de julho de 1998 , não tão específico e rico quanto o nosso, mas que prevê inúmeras situações de reequilíbrio contratual, cria regras para o surgimento de associação de consumidores, regras de publicidade e propaganda e regula a responsabilidades dos fornecedores.

1.2.1.2 Na França

Recordando Lemer, na Europa medieval a proteção dos consumidores previa penas inibidoras para lesão a estes, ao passo de serem previstas penas vexatórias para quem adulterasse substâncias alimentícias. O rei Luiz XI, na França do século XV (1481), punia com banho escaldante quem vendesse manteiga com pedras no seu interior, para aumentar o peso ou o leite com água para inchar o volume.

Em conformidade com José Geraldo Brito Filomeno, no início do século XVI, era obrigatório que se anunciasse a procedência e o nome do vinho que fosse adulterado com o acréscimo de água ou falsificação do nome, sendo o culpado apenado com o suplício de ter de bebê-lo até a asfixia.40

Na França existem várias instituições privadas que se dedicam ao proselitismo e à publicidade na defesa dos consumidores, como a Union Fédérale de la Consommation ou o Institut National de la Consommation.41

(36)

2

255

Medidas foram tomadas visando a conter as práticas abusivas, conforme seguem: em 1905 procurou combater a fraude e a falsificação de produtos alimentícios; em 1951 combateu a venda com prêmios; em 1963 promoveu a repressão à publicidade enganosa.

Segundo Ada Pellegrini Grinover, na França contemporânea, em 1973, levando-se em consideração a fraqueza individual do consumidor, legitimaram-se as associações de defesa para a tutela em juízo de interesse coletivo do grupo que representavam. Essas associações protegeriam os consumidores no processo de reparação coletiva do dano comum.42

No ano de 1973 editou-se a referida Lei para orientação do comércio, oferecendo mecanismos de proteção ao pequeno comerciante e aos consumidores; em 1978 editou-se a Lei nº 78-22, para regular o crédito ao consumidor e a Lei nº 78-23, para o controle das cláusulas abusivas.43

Contudo, em virtude da edição da Lei nº 92-60, cujo escopo é a proteção ao consumidor, a França caminha para a edição de um Código para disciplinar as relações de consumo entre os fornecedores e consumidores.44

Em 1995 foi editada a Lei nº 95-96, que veio modificar alguns dos artigos do Código de Consumo (Code de la Consommation), introduzindo o artigo 132-1, cujo teor, prevê que nos contratos concluídos entre profissionais e não profissionais, ou consumidores, são abusivas as cláusulas que

42 Ada Pellegrini Grinover, A tutela dos interesses difusos no direito comparado,p. 82.

43 Josimar Santos Rosa, Relações de consumo: a defesa dos interesses de consumidores e

(37)

criem, em detrimento do não profissional ou consumidor, um desequilíbrio significante entre os direitos e obrigações das partes contratantes.45

Outra figura interessante que, recentemente, fora incorporada no direito francês é o chamado Superendividamento, caracterizado pela concessão desordenada de créditos a consumidores já endividados. Importa ressaltar que no direito francês, em se tratando de superendividamento, existe a boa-fé do devedor, que é presumida.46

1.2.1.3 Nos Estados Unidos da América

Nos Estados Unidos a repressão às fraudes de comércio remonta à lei de 1872 e à legislação antitruste, de que é modelo a Lei Sherman de 1980.47

A Federal Trade Commission, constituída em 1914 e, mais recentemente, o Office of Consumer Affairs são órgãos públicos na defesa dos interesses da comunidade que, a seu turno, se organiza em iniciativas privadas, de que são modelo campanhas comandadas por Ralph Nader, de notória repercussão e eficiência.48

Mas foi, notadamente, a partir do governo Kennedy que a proteção ao consumidor americano recebeu os modernos diplomas legais, entre os quais podemos citar os seguintes: Consumer Credit Protection Act

45 Vitor Vilela Guglinski, O princípio da boa-fé como ponto de equilíbrio nas relações de

consumo. Disponível em: <http://ww.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=4706>. Acesso em: 13 set. 2004.

46 Ibidem. Disponível em: <http://ww.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=4706>. Acesso em: 13 set. 2004.

47 Ricardo Hasson Sayeg, Práticas comerciais abusivas, p. 23-24.

(38)

2

277

(1983), que obriga o agente financeiro a informar ao consumidor as condições e encargos do financiamento dos bens adquiridos, e mais, obriga que o consumidor seja convenientemente informado sobre as razões que determinam a recusa de créditos; Consumer Legal Remedies (1969), que regula a publicidade comercial, atribuindo aos produtores ou comerciantes de determinado bem responsabilidade legal por sua qualidade e eficácia; Magnuson-Moss Warranty Act (1975), que exige do fabricante a garantia dos produtos acima de certo valor. As condições de garantia, inclusive os prazos, devem constar dos produtos de venda ou embalagem dos produtos.49

Nos Estados Unidos da América existem mais de 600 entidades privadas de proteção ao consumidor. Algumas, em que pese serem particulares, dispõem de modernos meios de atuação, mantidos por subvenções de toda natureza.

Existem basicamente cinco agências governamentais especializadas na proteção ao consumidor, como a já mencionada Federal Trade Comission, órgão máximo do sistema em âmbito federal, cujos encargos são de regulamentação e fiscalização das práticas negociais em todo o país; o Consumer’s Education Office, criado para promover e administrar programas educacionais voltados para formação e treinamento de pessoal especializado em consumer affair e para educar e orientar o consumidor; o Food and Drug Administration, que cuida da fiscalização de produtos comestíveis, farmacêuticos, cosméticos e drogas, com laboratórios espalhados por todo o país; o Consumer Product Safety Comission, responsável por fixar as normas e padrões de segurança dos produtos e fiscalizar sua aplicação; o Small Claim Courts, que equivalem aos nossos juizados de pequenas causas,

(39)

que se acham espalhados por todo o país, protegendo o consumidor e desobstruindo a justiça comum.

Ressalte-se que em 1962 o tema ganhou um grande impulso nos Estados Unidos, quando John Kennedy assumiu a bandeira da defesa do consumidor, em plena campanha eleitoral para a Presidência da República, e, uma vez eleito, já em sua primeira mensagem ao congresso passou a cuidar do assunto, consagrando os direitos básicos do consumidor, que, mais tarde, viriam a ser encampados pelas Nações Unidas.50

Além disso os americanos contam, ainda, na esfera da Administração Pública Federal, com uma comissão específica e um assistente especial, ambos vinculados à Presidência da República.51

1.2.1.4 Na Organização das Nações Unidas

A Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou, em 16 de abril de 1985, a Resolução n° 39/248, que, pela compilação de normas esparsas anteriores,52 tratou da proteção ao consumidor.

O princípio fundamental que orienta essa Resolução, consta do item 2 de seu Anexo, intitulado Diretrizes para a Proteção do Consumidor, expresso nos seguintes termos:53

50 Stephan Klaus Radloff, A inversão do ônus da prova no código de defesa do consumidor, p. 13.

51 Luis Otávio de Oliveira Amaral, História e fundamentos do direito do consumidor, p. 35. 52 Entre estas normas podem ser citadas: Resolução nº 1.981/62 do Conselho Econômico e

Social da ONU, datada de 23 de julho de 1981 e, a Resolução nº 38/147 da Assembléia Geral, datada de 19 de dezembro de 1983, bem como a Resolução nº 1.984/63 do Conselho Econômico e Social, de 26 de julho de 1984.

(40)

2

299

“Os governos devem desenvolver, fortalecer ou manter vigorosa política de proteção ao consumidor, levando em conta as diretrizes definidas pela própria sociedade. Para tanto, cada Governo deve fixar suas próprias prioridades para a proteção dos consumidores, de acordo com as circunstâncias econômicas e sociais do país e as necessidades de sua população, tendo em mente os custos e benefícios das medidas propostas”.54

O item 3 do mesmo Anexo estabelece os princípios da proteção ao consumidor:55

“As necessidades legítimas que as normas de cada país devem ter em vista são as seguintes: a) a proteção dos consumidores contra os perigos à sua saúde e segurança; b) a promoção e proteção aos interesses econômicos dos consumidores; c) o acesso do consumidor à informação adequada, que o esclareça o suficiente para que ele possa fazer com segurança suas escolhas, de acordo com seus desejos e necessidades; d) a educação do consumidor; e) a criação de meios para a efetiva reparação de danos sofridos pelo consumidor; f) a liberdade para a formação de grupos ou organizações de consumidores e outros pertinentes, e a criação de canais por meios dos quais essas organizações possam participar dos processos de decisão que os afetem”.56

1.2.1.5 Na Comunidade Econômica Européia

O primeiro instrumento oficial a tratar da proteção ao Consumidor no âmbito da Comunidade Econômica Européia foi a Carta de

54 Tradução espontânea de: “Governments should develop, strengthen or maintain a strong

consumer protection policy, taking into account the guidelines set out below. In so doing, each Government must set its own priorities for the protection of consumers in accordance with the economic and social circunstances of the country, and the needs of its population, and bearnng in mind the costs and benefits of proposed measures”.

55 Roberto Basilone Leite, Introdução ao direito do consumidor, p. 31.

56 Tradução espontânea de: “The legitimate needs wicht the guidelines are intended to meet are

Referências

Documentos relacionados

Os aspectos abordados nesta perspectiva relacionam-se às questões de PIB, investimentos públicos/privados, desempenho dos setores, renda per capita, arrecadação, orçamento

De sua gênese surgiram duas linguagens, uma conhecida como Luta Regional Baiana (atualmente, apenas Capoeira Regional) e a outra como Capoeira Angola. No nosso entendimento,

Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), o layout é uma manifestação física do tipo de um processo produtivo, ou seja, as características de volume-variedade da

O modelo conceitual procura mostrar quais são os elementos de informação tratados pelo sistema, para que mais adiante se possa mostrar ainda como essa informação é transformada pelo

Para devolver quantidade óssea na região posterior de maxila desenvolveu-se a técnica de eleva- ção do assoalho do seio maxilar, este procedimento envolve a colocação de

Essa revista é organizada pela Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE) e por isso foram selecionados trabalhos que tinham como objetivo tratar a

[r]

A tem á tica dos jornais mudou com o progresso social e é cada vez maior a variação de assuntos con- sumidos pelo homem, o que conduz também à especialização dos jor- nais,