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2. Caracterização do universo da pesquisa

2.4 Da constituição do corpo docente

O corpo docente do CESL é constituído no panorama nacional da educação em prisões. Nas diversas literatura que constituíram os estudos sobre a educação no contexto prisional, bem como no contato com outras escolas, salas/celas de aulas espalhadas pelo estado do Tocantins, pudemos perceber que a maior parte dos professores que lecionam no contexto da prisão é composta por professores em regime de contrato temporário, considerando que os professores efetivos (concursados) não se interessam pela proposta. Isso é evidenciado no CESL.

O recurso humano que o CESL dispõe está estruturado da seguinte maneira:

Como podemos observar, há um total de 16 servidores que realizam o trabalho educacional no CESL. Quanto às funções, a escola dispõe de: um diretor, dois coordenadores pedagógicos, um coordenador de apoio pedagógico, uma coordenadora de apoio escolar, dez professores e um monitor de música. Desse total apenas um funcionário é efetivo na rede estadual de educação do Tocantins, a saber, o diretor da Unidade Escolar. Os demais são professores que atuam em regime de contrato temporário.

Todos os professores que atuam na cela/sala de aula possuem formação para atuarem nas respectivas funções, com exceção dos que trabalham com os componentes curriculares de Física e de Química, esses são ministrados por um professor que possui formação em Biologia. A distribuição de funções do corpo administrativo-pedagógico da escola segue segundo a tabela abaixo:

Figura 3: Quantidade de servidores do CESL.

Tabela 7: Distribuição de função do corpo administrativo-pedagógico do CESL.

Função Formação/Graduação

Diretor Geografia

Coordenador Pedagógico Letras – Ensino de Língua e Literatura

Coordenadora Pedagógica Pedagogia

Coordenadora de apoio pedagógico Pedagogia

Coordenadora de apoio escolar História

Fonte: BRITO, 2018, p. 35 (adaptado pelo autor).

No PPP 2018 do CESL a distribuição do corpo docente está organizada da seguinte maneira:

Tabela 8: Perfil do corpo docente. Categoria: formação e quantidade.

Formação/Graduação Quantidade Biologia 01 Professor Geografia 01 Professor História 01 Professor Letras 02 Professoras Matemática 01 Professor Pedagogia 04 Professores

Fonte: BRITO, 2018, p. 36 (adaptado pelo autor).

O CESL conta com o quadro de dez professores, todos eles são graduados, conforme a tabela 7. Além disso, os professores buscam aperfeiçoamento profissional através de cursos de pós-graduação estricto e latu senso e, também, como mostra o PPP (2018, p. 45), há uma proposta semestral de 60 horas de formação continuada proposto pelo CESL, par ao primeiro semestre de 2018, a proposta era: “Promover encontros de formação continuada para a equipe pedagógica [...] Integração da internet no contexto escolar”. Desta feita, podemos observar que se trata de uma equipe engajada com o ensino e a aprendizagem desenvolvido na escola uma vez que há o comprometimento e o investimento na formação docente e, consequentemente a busca pela melhoria da educação desenvolvida para os alunos (re)educandos.

Com relação a experiência ou formação para o desenvolvimento da educação no contexto de privação de liberdade, foi possível identificar no percurso empírico dessa pesquisa que todos, sem exceção, não passaram por uma formação específica, nem pedagógica ou de

segurança – para saber como proceder no ambiente prisional. Grosso modo foram alocados na escola como se o CESL fosse uma escola “comum” que não demandasse algo específico de formação. Dentro da prisão os professores, os alunos, os agentes penitenciários e demais funcionários que compõem o quadro de recurso humano, devem seguir procedimentos de segurança padronizados, os quais não foram repassados em caráter de formação para o corpo docente da escola.

O que há de percepção de como proceder, agir na educação desenvolvida no contexto da prisão, mais especificamente na UTPBG, no CESL, é de conhecimento empírico. A média de tempo de experiência na educação prisional do corpo docente do CESL está entre dois e cinco anos. Os conhecimentos são repassados de professor para professor no dia-a-dia e conforme a experimentação dos acontecimentos. Isso mostra que dentro da proposta para a educação no contexto da prisão – segundo os documentos oficiais, mais especificamente a Resolução Nº 03, de 11 de março de 2009, que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a Oferta de Educação nos estabelecimentos penais – o corpo docente do CESL está desamparado do ponto de vista da formação específica para atuação no pleno desenvolvimento da educação no sistema prisional. A resolução a qual citamos pontua que:

Educadores, gestores, técnicos e agentes penitenciários dos estabelecimentos penais devem ter acesso a programas de formação integrada e continuada que auxiliem na compreensão das especificidades e relevância das ações de educação nos estabelecimentos penais, bem como da dimensão educativa do trabalho. (BRASIL, 2009, grifo nosso).

Participar das formações integradas e continuadas que auxiliam a compreensão do modo como a educação nos estabelecimentos penais deve ser executada, garante o pleno desenvolvimento educacional dos (re)educandos apenados, como também possibilita aos participantes do processo educacional a garantia do desenvolvimento profissional. No PPP (2018) do CESL não consta nenhuma proposta que se vincule a esse tipo de formação.

A resolução Nº 2, de 19 de maio de 2010, que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais também pontua da relevância da formação para os profissionais da educação do contexto de privação de liberdade: “Educadores, gestores e técnicos que atuam nos estabelecimentos penais deverão ter acesso a programas de formação inicial e continuada que levem em consideração as especificidades da política de execução penal” (BRASIL, 2010). Com relação ao sexo biológico do corpo docente que atua no CESL – e isso é relevante tendo em vista que se trata de uma penitenciária masculina, diante disso a figura feminina neste

ambiente deve ser tratada de modo peculiar – conta que há, trabalhando diretamente em sala de aula:

Como mostra o gráfico acima, apesar de ser um ambiente quase que exclusivamente masculino, a não ser pela presença das professoras e algumas agentes penitenciárias, há diretamente trabalhando sem ala de aula três professoras. Pelo que consta, não há nenhum embargo por parte dos (re)educandos apenados, ou da direção do presídio com relação a atuação das professoras lecionarem na sala/cela de aula.