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entrevista com a professor Marcos José Pereira Barros

Transcrição – Marcos – Áudio 01

Entrevistado: Mailton... tudo bom? Bom primeiro é um prazer tá participando da sua pesquisa... como professor participante... e espero que as falas aqui possam contribuir de maneira significativa para sua dissertação de mestrado... então vamos ao que interessa né?... em relação a questão um... você pede que fale da minha relação com a unidade de tratamento Barra da Grota... a minha relação com o presídio Barra da Grota... é somente profissional... sempre em que eu estive ministrando as aulas indo a escola... éh... sempre busquei ser profissional no sistema... cumprir com as regras né? Estabelecidas... normas de segurança... tanto para o presídio quanto para nossa vida... enquanto pessoas humanas... então minha relação quanto ao presídio é profissional...

Transcrição – Marcos – Áudio 02

Entrevistado: na questão dois você pede que eu fale da minha relação com os presos não alunos... nessa questão... eu sempre procurei evitar qualquer tipo de proximidade com os presos não alunos... por mais que ao adentrar no sistema... ao adentrar no presídio... éh::... éramos de certo modo forçados a cumprimentar... a falar.. pegar na mão... de alguns presos que estavam ali sem ser no regime fechado... né? Lá dentro da celas... estavam desenvolvendo projetos... no entanto a relação que se estabelecia não era relação de afetividade... mas um relação de respeito... né?... pela pessoa... pela pessoa humana em si... né?... e de cordialidade também com... com as pessoas... nada além disso... nunca fui de ficar entrando em detalhes... com conversas com essas pessoas... até porquê éramos orientados que não fizesse... então assim eu fazia... não tinha nem um tipo de relação afetiva... de relação amigável... era somente de cordialidade... na questão

Transcrição – Marcos – Áudio 04

Entrevistado: a minha relação com a escola sonho de liberdade... de trabalho... a minha relação né? com a escola era de prestar meu serviço... enquanto profissional contratado para ministrar minhas aulas aos estudantes... aos detentos... agora... em relação... pegando a escola como um todo... tínhamos uma... os profissionais... falando dos profissionais ali dentro... que pertence ao quadro da escola... tinha uma relação de afetividade... uma relação de respeito né? entre os professores ali... naquele lugar... e família também... que acaba que você por passar muito tempo junto... é muito tempo próximo... a pessoa acaba se tornando muito próximo de você... talvez uma relação de amizade e de família... ela se constitua... e foi isso no meu ponto de vista que ocorreu... em relação a mim e a escola... a minha relação ela é somente de está ali prestando meus serviços... está no horário... na hora de começar as aulas... está na escola... éh:: no momento certo de ir a sala de aula... ir a sala de aula... e ao término de imediato retornar para casa... então somente profissional... com a escola... com a escola em si enquanto pessoa jurídica...

Transcrição – Marcos – Áudio 03

Entrevistado: na questão quatro você fala da minha relação com os presos alunos... dentro da sala de aula... era uma relação que... uma relação de professor com o estudante... nada além disso... por mais que... em alguns momentos na sala de aula... nós tínhamos que parar um pouco porquê... devido as circunstancias do momento ou do quê havia acontecido no dia anterior... ficava difícil você tá ministrando aula e fingindo que aquilo... que os alunos estavam bem e que na verdade não estava... então por vezes a gente para a aula um pouco... conversava... ouvia os estudantes... como uma maneira deles estarem desabafando... mas nada além disso... ficava restrito a sala de aula... e quando muito a escola... né? porquê... eu vejo... por mais que a gente fique por muito tempo junto... uma tarde inteira... uma manhã inteira... em sala de

aula...nos temos que ter em mente que nossa relação ali é somente de professor e estudante... estudante e professor... então nós estamos ali para ensinar... e os estudantes estão ali para aprender... se ocorre a aprendizagem ou não... éh... aí depende muito do querer... do interesse do estudante... porquê eu enquanto professor estava ali fazendo processo de ensino né?... que não obrigatoriamente eu teria um retorno de aprendizagem... porquê é (algo) um pouco delicado... depende muito do estudante... e a maioria dos estudantes do sistema prisional... eles estão em sala de aula não para aprendizagem... eles estão em sala de aula pra ganhar remissão né?... para diminuir o tempo de pena... no regime fechado... então isso prejudica muito... né? porquê se não há interesse por parte do estudante em aprender... não há aprendizagem por mais que você se esforce em realizar o ensino... das variadas maneiras possíveis... né?... então... se há... então o processo de ensino e aprendizagem deveria sim ser uma via de mão dupla né?... você ensina... o estudante aprende... do mesmo modo o estudante ensina e você aprende com o estudante... né?... mas ali... eram poucos os casos que no meu ponto de vista... ao me ver... não ocorria isso... né? essa troca de experiências e aprendizagem como consequência disso... certo?

Transcrição – Marcos – Áudio 05

Entrevistado: éh::... em relação a questão cinco né?... terminando aqui seu questionário... éh:: o que pode a escola sonho de liberdade na minha concepção... na minha concepção a escola sonho de liberdade... pode pouco... infelizmente ela pode pouco... a escola sonho de liberdade... a educação pode muito... né?... mas a escola enquanto uma instituição... que tem que proporcionar o ensino aos estudantes... ela fica limitada... demais... as normas que o sistema prisional impõe... então em consequência disso os professores... fica limitado nos seus processos de ensino... nas suas aulas... porquê não pode levar em alguns casos... alguns não... vários casos... o professor não pode levar material que quer utilizar na sala de aula... as vezes pode e as vezes não pode... então a escola fica muito amarrada as normas e o querer do sistema... éh::

penitenciário... porquê nós sabemos que a escola... é uma instituição... um sistema dentro de um outro sistema... então nós temos o sistema do presídio... que é responsável pela segurança... que é responsável também pela seguranças dos professores... de deslocar o professor... né? da sala... da sala dos professores até a sala de aula... então por causa disso... nós ficamos muito limitados... porquê muita coisa não pode... muita coisa não pode... então a escola em si... não pode fazer muito... agora educar... a educação pode muito como eu falei anteriormente... ela pode sim transformar as pessoas... ela pode... ressocializar os detentos que ali estão... mas com a ressalva que tem que haver o querer do estudante... que muitas vezes... na maioria dos casos eu não percebi ali... durante quatro anos que fiquei... né?... a escola... sendo representada pelos professores em sala de aula... pode sim educar... pode ensinar... pode ressocializar... pode fazer tudo isso... por meio dos professores... agora a escola enquanto instituição não pode muita coisa... mas em contrapartida precisa do querer dos estudantes... mais um vez... eles aprendem?... percebi que muito pouco... durante todas minhas aulas... durante todo esse tempo... mas entra aquela questão... eles aprenderam muito pouco... não estou tirando minha responsabilidade de professor... de responsável pelo ensino... mas no entanto era percebível... que as maioria dos professores viveram isso... era o desinteresse... é apatia né?... pela aprendizagem por porte dos estudantes... então isso dificulta a aprendizagem... tá ok meu amigo? acho que... espero ter respondido... a suas perguntas... espero ter contribuído... éh:: se precisar de... que seja mais aprofundado você me fala aí que estou a disposição... tá bom?... éh:: só quero ressaltar algo... que ainda em relação a questão dois... né? minha relação com os presos não alunos... na saída da sala dos professores passando por alguns corredores... éh:: muitas vezes do lado do... banho de sol... dos presos não alunos... a relação era de angústia... um pouco de medo... porquê ali o sistema... infelizmente... assim por mais que se diga que é de segurança máxima tem muita falha né?...e nós sabemos o tipo de pessoas estamos lidando... se estão ali é porquê fizeram alguma coisa... mas eu não desacredito da pessoas humanas delas... da pessoa humana desses detentos... eu acredito que sim que pode ter uma transformação... no entanto eu creio... que a taxa de querer mudança muito pequena... porquê infelizmente a maioria não quer mudança... isso eu ouvi varias vezes... na sala de aula alguns

comentando que iria continuar como estava... tá bom abraço meu amigo... qualquer coisa estamos aqui... boa sorte em sua pesquisa... que Deus te abençoe...