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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.2 O subsistema gerencial dos municípios na Política Nacional de

2.2.2 Da existência de políticas hídricas municipais nos termos da PNRH no

Tratar da Política Nacional de Recursos Hídricos e sua relação para com o Município de Belém de maneira direta, justifica-se pela inúmeras limitações que o Estado do Pará apresenta e que vão desde a participação popular até a articulação deste para com os demais entes federados (PINHEIRO, 2015). Assim, o município surge preponderante como agente transformador, posto que a partir dele o cidadão, como pessoa humana, se utiliza dos bens ambientais locais, o que permite a integração social, a nível de cidadania participativa. Todavia, nas palavras de Pinheiro, o sistema de gestão sai “prejudicado pela ausência de efetividade da política local, no âmbito do Estado e dos Municípios, alcançando também o ente federal”. (PINHEIRO, 2015, p.5). A seguir, serão descritas situações em que se comprova a afirmativa.

Os bairros em estudo localizam-se aos arredores do rio Tucunduba, possuindo vinculação direta com as alterações naturais ocorrentes do mesmo. A referida bacia urbana passou por inúmeras intervenções, que ocasionaram, inclusive, a perda de sua cobertura vegetal, retificação, aterramento e impermeabilização da superfície, culminando seu transbordo no período de chuvas (SILVA, 2015). Mesmo assim, de acordo com Silva (2015), as obras de canalização na maioria dos canais do rio foram ineficazes, o que demanda revisão e maior efetivação de políticas públicas de ocupação às margens do rio e dos canais, com integração ao Plano de Bacias Hidrográficas. A questão que se verifica é a possibilidade de se obter alternativas mais efetivas e que reduzam o risco hidrológico, que se encontram não apenas em obras de canalização, mas sim na possibilidade de recuperação e ordenamento do uso e da ocupação das planícies de inundação, a exemplo do que ocorreu com o Rio João Mendes em Niterói, cujo entorno fora transformado em áreas de recreação (CUNHA, 2012). Mesmo assim, considera-se à princípio que as obras de intervenção física na bacia do Tucunduba

foram necessárias para aumento da qualidade de vida e da infraestrutura urbana da população às margens do rio, todavia muitas das referidas obras transformaram o rio Tucunduba em “esgoto a céu aberto“, com interferências inacabadas em decorrência da mudança de administração municipal (SILVA, 2015). Assim sendo, há reflexo da inexistência de políticas públicas hídricas efetivas e de um Plano de Gestão Hídrica eficaz, que sejam mecanismos garantidores, mas também controladores dos usos das águas pela população dos bairros abastecidos pelo rio, com a finalidade de proporcionar um desenvolvimento urbano sustentável e efetivo.

Atualmente, a nível macro, há no município o Plano Municipal de Saneamento Básico de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Belém, planejamento para ser cumprido em 20 anos, ou seja, até o prazo máximo de 2033, e que busca garantir o uso dos recursos a partir de projeções futuras para os serviços de abastecimento e esgotamento sanitário, estando ainda em fase preliminar de aplicação. Especificamente na região dos bairros do Guamá e Terra Firme, há o Projeto “Saneamento Básico da Bacia do Tucunduba”, do governo do Estado do Pará, cujo objetivo maior é o revestimento em concreto do leito do rio principal, empreendimento este que dificultará a navegação, inibindo também a biodiversidade do canal, culminando no desaparecimento de peixes (SILVA, 2015). Por parte do estado do Pará, por sua vez, existe o Projeto de Macrodrenagem da Bacia do Rio Tucunduba, que visa sanear a Bacia do Tucunduba, resolvendo problemas de inundações na área, drenagem Pluvial de ruas que chegam a sua margem, além de favorecer a urbanização das margens do igarapé, criando acesso viário nas suas laterais, praças, portos, etc., com isso, a lógica é criar mecanismos de inclusão social, com o incentivo à ocupação ordenada de sua margem com atividades de geração de renda (MMA, 2016). Assim sendo, é de grande valia destacar a necessidade de adaptação do projeto ao contexto socioeconômico, ambiental e cultural da região, de forma a garantir a navegação do rio, focalizando o investimento na construção de portos, pontes e passarelas compatíveis com as embarcações que trafegam no local, o que conferiria aos moradores da localidade maior qualidade de vida, reafirmando as práticas de sociabilidade à beira do rio Tucunduba.

Outrossim, é flagrante a falta de gestão e de políticas públicas com recursos necessários aos serviços hídricos de forma geral. De acordo com dados da Secretaria de Saneamento do Município de Belém (SESAN), o índice de perdas em

distribuição de água é de 45%, sendo que entre 2010 e 2014, a extensão de redes de esgoto em Belém reduziu em 41,6%, mesmo com o aumento de 3.3% da quantidade de economias ativas para o município (PMB, 2014). A partir de 2008, com a edição da lei municipal, Lei nº 8630/2008, há estabelecimento de contrato do programa entre a Prefeitura Municipal de Belém (PMB) e a Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) para concessão integral dos serviços de água e esgoto pelo prazo de 30 anos, sendo a ênfase maior do contrato o esgotamento sanitário com tratamento. Assim sendo, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém (SAAEB), que antes era responsável pelo abastecimento de áreas da cidade hoje de competência da COSANPA, transformou-se num órgão de regulação do serviço de abastecimento de água e esgoto, chamado Agência Municipal de Água e Esgoto de Belém (AMAE). Contudo, ressalte-se, a referida regulamentação ainda não se concretizou pelo fato do estado buscar privatizar a COSANPA, no intuito de buscar maior capitalização à empresa, reduzindo com isso os custos estatais relacionados aos recursos hídricos.

2.3 A eficácia da gestão municipal hídrica como mecanismo garantidor do