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Da Importância da Relação de Afeto Entre Pai e Filho

4 DO AFETO: A IMPORTÂNCIA, AS CONSEQUÊNCIAS E AS IMPLICAÇÕES PELA AUSÊNCIA DO AFETO NAS RELAÇÕES

4.1 Da Importância da Relação de Afeto Entre Pai e Filho

4 DO AFETO: A IMPORTÂNCIA, AS CONSEQUÊNCIAS E AS

desenvolver e construir sua personalidade de forma plena. Assim pontua FACHIN (1998, pp. 273):

O direito de família evoluiu para um estágio em que as relações familiares se impregnam de autenticidade, sinceridade, amor, compreensão, diálogo, paridade e realidade. Trata-se de afastar a hipocrisia, a falsidade institucionalizada, o fingimento, o obscurecer dos fatos sociais, fazendo emergir as verdadeiras valorações que orientam as convivências grupais.

Atualmente, com base nas informações supracitadas, o afeto tem prevalecido em todas as situações no âmbito familiar, seja ele na adoção, na guarda, no divórcio e até mesmo, no conflito entre a filiação biológica e afetiva, deste modo, a afetividade hoje porta-se mais importante do que o próprio vínculo biológico.

Neste contexto assevera Aline Biasuz Suarez Karow (2012, pp. 123-124):

Casais se separam por reconhecerem que não há mais afeto entre si.

Famílias alternativas formam-se em função do vínculo afetivo existente.

Crianças demonstram desejo de residir com um dos pais ou avós em função dos laços de afeto. Adoções são deferidas em função do vínculo afetivo preestabelecido. Registros de nascimento podem ser anulados em face de nunca haver tido o estabelecimento da socioafetividade. O estado de filho consolida-se com o estabelecimento do afeto. (...) As relações familiares transitam em torno dos laços de afeto.

Esta família unida pelos laços de afetividade e pela busca da felicidade de cada membro, é denominada pela doutrina de família eudemonista e surgiu com base no art. 226 parágrafo 8º da CF, dispondo que o estado assegurará assistência a cada um da família, tendo cada um deles a liberdade de realizar-se e ser feliz no âmbito familiar com base no afeto.

Nessa concepção a família extrapola as composição meramente biológica, deparando-se com outros valores, afetivos, emotivos e até psicológicos.

Surge a noção Eudemonista de família, dando relevo à paternidade de afeto.”

(DELINSKI, 1997 p.34)

Desta modo, concluímos que o afeto faz-se necessário nas relações paterno-filiais, prevalecendo, inclusive, à consanguinidade, uma vez que é através do afeto que os pais desempenham sua importante função de educar, criar, amar, acompanhar, cuidar e orientar seus filhos, contribuindo diretamente para o desenvolvimento saudável, seja ele físico, moral ou psicológico do filho, colaborando sempre para a formação da personalidade que depende de fato desse cuidado,

desse amor, que cura, que faz crescer, que é único e que faz a criança sentir-se segura e desejada; e de uma convivência tranquila e harmoniosa entre todos os membros da entidade familiar.

Para findar e ilustrar a relação de afeto de forma prática e real, faz-se necessário a transcrição da história denominada Nó de Afeto, narrada por Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka (2005, p.16):

Em uma reunião de Pais, numa Escola da Periferia, a Diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-Ihes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível. Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhasse fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar a entender as crianças. Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo durante a semana.

Quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho ainda estava dormindo. Quando ele voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado. Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família. Mas ele contou, também, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho a que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia, religiosamente, todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles. A diretora ficou emocionada com aquela história singela e emocionante. E ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola. O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras de um pai ou uma mãe se fazerem presentes, de se comunicarem com o filho. Aquele pai encontrou a sua, simples, mas eficiente. E o mais Importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo. Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento. Simples gestos como um beijo a um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais que presentes ou desculpas vazia. É válido que nos preocupemos com nossos filhos, mas é importante que eles saibam, que eles sintam isso. Para que haja a comunicação, é preciso que os filhos "ouçam" a linguagem do nosso coração, pois em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras. É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o ciúme do bebê que roubou o colo, o medo do escuro. A criança pode não entender o significado de muitas palavras, mas sabe registrar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó. Um nó cheio de afeto e carinho.

Por fim, vale ressaltar, que os filhos também têm o dever de cuidar, amar, acompanhar e dar suporte aos pais, sempre que eles precisarem, especialmente, em se tratando de pais idosos, carentes ou enfermos, como dispõe o art. 229 da Constituição Federal de 1988.