• Nenhum resultado encontrado

Filiação na Convenção sobre o Direito das Crianças

3 DA FILIAÇÃO

3.4 Filiação na Convenção sobre o Direito das Crianças

A Convenção sobre os Direitos das Crianças é um instrumento de direitos humanos, sendo considerada mundialmente a Carta Magna dos direitos das crianças. Foi ratificada por 193 países em Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 20 de Novembro de 1989 e ficou famosa por ser o instrumento mais aceito entre os países das Nações Unidas, sendo que apenas Estados Unidos e Somália não a ratificaram.

Tendo como vetor o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, a convenção tratou de reconhecer que o seio familiar, por ser o ambiente onde a criança cresce e se desenvolve, merece tutela e assistência especial, visando sempre um ambiente familiar pautado na educação, compreensão, felicidade e amor, objetivando o desenvolvimento saudável da criança.

No Brasil, a Convenção sobre os Direitos da Criança foi promulgada pelo decreto nº 99.710 de 21 de Novembro de 1990, revogando, desta maneira, qualquer disposição contrária a ela.

Em relação à filiação, a convenção assegurou em seu art. 7 § 1º, o direito da criança, ao nascer, de ter seu nome registrado, de conhecer seus pais e ser cuidado por eles, sempre que isto for possível.

A convenção também se comprometeu em zelar pela relação entre pai e filho, ou seja, pela filiação, preservando, sempre que possível, a criança sob poder e cuidado dos pais, exceto nos casos de maus tratos, descuido e nos casos previsto em lei. O estado também intervêm nas situações em que os pais vivem separadamente e nos casos de adoção, visando sempre o maior e melhor interesse da criança, assim, dispostos no art. 9, §§ 1º, 2º e 3º. A jurisprudência pátria reconhece a convenção como um instrumento normativo imediatamente exequível, senão vejamos:

TJ-BA - Apelação: APL 00126323120098050001 BA 0012632-31.2009.8.05.0001

APELAÇÃO. ADOLESCENTE. GUARDA. MODIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE.

PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE. CONVENÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA. BRASIL. RATIFICAÇÃO. SENTENÇA.

OBSERVÂNCIA. JULGADO. CONFIRMAÇÃO. RECURSO.

DESPROVIMENTO.

Tendo o Brasil subscrito e ratificado a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, ocorrendo divergência entre os pais sobre a guarda de filhos, o caso deve ser solucionado com base no princípio do superior interesse da criança, daí porque mostrando os autos que o exercício da guarda por parte do pai apresenta-se mais conveniente para o adolescente, ratifica-se a sentença nesse sentido prolatada e nega-se provimento ao recurso interposto pela genitora do mesmo, observando-se a mesma linha conclusiva da Ilustrada Procuradoria de Justiça, preservando-se, no entanto, a visitação materna.

TJ-MG - Apelação Cível : AC 10342120078171001 MG

APELAÇÃO CÍVEL - FAMÍLIA - ADOÇÃO C/C DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR - MÃE DROGATÍCIA E PAI DESCONHECIDO - MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA - PRÉVIA INSCRIÇAO NO CADASTRO

NACIONAL DE ADOTANTES - PRESCINDÍVEL ANTE AS

CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

- Por força da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, ratificada pelo Governo Brasileiro e promulgada pelo Decreto Federal n. 99.710/90,

"todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o melhor interesse da criança".

- E conforme estatuído na Constituição da República, no Código Civil e no Estatuto da Criança e do Adolescente compete aos pais garantir o pleno e sadio desenvolvimento do filho menor, responsabilizando-se por sua criação, proteção, educação, guarda e assistência material, moral e psíquica.

- O poder familiar pertence naturalmente aos pais biológicos, como decorrência da consanguinidade, sendo admitida, excepcionalmente, a sua

extinção caso constatado o descumprimento dos deveres e responsabilidades a eles inerentes, mormente à vista do periclitante estado da mãe biológica, usuária de drogas.

- A necessidade de prévia inscrição no Cadastro Nacional de adotantes, nos termos do art. 50 do ECA, cede ante as circunstâncias fáticas do caso concreto, e deve ser mitigada em razão, e por prestígio, a proteção integral e melhor interesse da criança.

TJ-DF - Apelação Cí-vel : APL 228142220098070001 DF 0022814-22.2009.807.0001

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO - GUARDA E RESPONSABILIDADE - AVÓS MATERNOS - PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DO MENOR - RECURSO PROVIDO.

1. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PERMITE A ATRIBUIÇÃO DA GUARDA DO MENOR AOS AVÓS, UMA VEZ CONSTATADO QUE ESSA SITUAÇÃO ATENDE AOS INTERESSES DO INFANTE.

2. DEVE-SE OBSERVAR O PRINCÍPIO DO "MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA", CONSAGRADO PELA CONVENÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA, SEGUNDO O QUAL OS INTERESSES DO MENOR SOBREPÕEM-SE AOS DE OUTRAS PESSOAS OU INSTITUIÇÕES.

3. RECURSO PROVIDO.

O art. 18 da Convenção sobre os Direitos das Crianças assegura o reconhecimento do princípio da igualdade de responsabilidades entre pai e mãe em relação ao seu filho, evidenciando que ambos têm obrigações comuns no que diz respeito à educação e ao desenvolvimento de seu filho, mitigando todo e qualquer tipo de discriminação e desigualdade entre os pais. Para que esta igualdade de responsabilidades seja efetivamente cumprida, os Estados-partes da Convenção comprometeram-se em dar assistência, aos pais ou aos representantes legais, para que eles possam desempenhar suas funções, garantindo de forma plena a educação das crianças.

Os estados-membros ao aderirem à convenção, comprometem-se, através do art. 19,§§ 1º e 2º, a adotar todas as medidas necessárias e eficazes para proteger a criança contra qualquer tipo de violência, maus tratos, exploração, abuso sexual, enquanto estiver sob o poder e os cuidados de seus pais ou representante legal.

TJ-SE - APELAÇAO CRIMINAL: APR 2009302156 SE

APELAÇAO CRIMINAL - CRIME DE ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR PRATICADO CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE - ART. 214 C/C ART.

224, ALÍNEA a, TODOS DO CP - VÍTIMAS COM 11, 12 E 13 ANOS NA

DATA DO ABUSO SEXUAL - PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA REJEITADA - MÉRITO - DECLARAÇÕES DAS VÍTIMAS - MAIOR RELEVÂNCIA NOS CRIMES SEXUAIS - PROVA IDÔNEA DA MATERIALIDADE DELITIVA E DA AUTORIA - PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DA PROTEÇAO INTEGRAL DA CRIANÇA - ARTIGO 227, DA CF/88 E ARTIGO 3º DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RATIFICAÇAO DA CONVENÇAO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA - EXEGESE DO ARTIGO 34 DO DECRETO Nº 99.710 - COMPROMISSO DE COMBATE A TODA FORMA DE EXPLORAÇAO E ABUSO SEXUAL - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO IMPROVIDO.I - As declarações prestadas pela vítima, no inquérito policial e em juízo, são coerentes e firmes ao relatar o abuso sexual e identificar o autor do delito, de maneira que, em consonância com os depoimentos prestados por suas amigas, revelam-se suficientes para a comprovação da materialidade e da autoria delitivas. II - O fato de ser a vítima criança ou adolescente não afasta de suas declarações a credibilidade necessária para embasar um juízo condenatório, quando se mostram coerentes e firmes, como no caso vertente. Acolher a tese da defesa de que o simples fato de ser a vítima uma criança ou adolescente excluiria desta a idoneidade probante, significaria negar vigência ao princípio constitucional da Proteção Integral destas, ainda mais quando se trata de crime sexual, atentado violento ao pudor, que não deixa vestígios e ocorre às escondidas, portanto sem testemunhas. III - Sentença mantida. Recurso improvido

E, finalmente, o art. 27 e seus parágrafos, dispõe que os estados-membros reconhecerão o direito da criança ao desenvolvimento completo e saudável, cabendo, deste modo, principalmente aos pais, o encargo de oferecer as condições necessárias, dentro de suas condições financeiras e, subsidiariamente cabe ao estado, por meio de medidas assistenciais à família, inclusive, colaborando para assegurar a pensão alimentícia devida, por parte dos pais ou responsável.

4 DO AFETO: A IMPORTÂNCIA, AS CONSEQUÊNCIAS E AS