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Da supervisão colegial à avaliação de desempenho, novas experiências sobre

No documento AIDA Aleixo Tese (páginas 32-35)

Parte I – REFLEXÃO AUTOBIOGRÁFICA E IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

1. Descrição reflexiva do percurso profissional

1.1. Narrativa autobiográfica

1.1.8. Da supervisão colegial à avaliação de desempenho, novas experiências sobre

De facto, nos últimos anos, assistimos a algumas mudanças mais aceleradas e incisivas nos sistemas de avaliação. Fala-se cada vez mais em eficiência e eficácia, em autonomia e em inovação. A avaliação quer acompanhar a época atual e faz todo o sentido. Desta forma surgiu a mudança na avaliação dos alunos, tendo surgido a avaliação por competências, agora recentemente retirada e voltando a centrar-se nos conteúdos. A avaliação dos docentes também mudou drasticamente e a implementação da avaliação do desempenho docente (ADD) veio trazer grandes dissabores, questionar o ensino e as práticas letivas. Assistimos ao ruir de hábitos, de competências, de sistemas e esperamos que o que está para vir seja, no mínimo, menos incongruente que certos modelos que se insinuam por tentativas frustradas, altamente contestáveis. A avaliação docente é um exemplo flagrante das mudanças e comprova a resistência dos docentes. Estamos em época de mudanças e sabemos que não podemos deixar que se enraízem hábitos obsoletos embora resistamos veementemente a mudar por mudar, ou mudar por algo tão efémero que, por vezes, só dura meses ou um ano letivo. A mudança, desde sempre, foi

vista como algo complicado e, para que ela aconteça, tem de ultrapassar toda uma série de barreiras. As pessoas têm medo do desconhecido e, de facto, a mudança traz muitas vezes, pelo menos numa primeira fase, a incerteza e a dúvida com as quais os indivíduos têm muitas vezes dificuldades em lidar. A mudança na educação é vista com desconfiança pelos professores, porque, frequentemente, não são dela parte integrante, mas espetadores passivos. É imposta pelo ministério, do topo para a base, com reformas educativas, muitas vezes “à prova do professor” Hargreaves (citado em Nunes, 2000). Knotter (citado em Nunes, 2000) afirma que a transformação só é possível se centenas de milhares de pessoas estiverem dispostas a ajudar, muitas vezes fazendo sacrifícios a curto prazo. É necessário que todos os elementos da organização estejam motivados para levar a cabo as alterações. A mudança tem de fazer sentido e, mais ainda, ser sentida como necessária. O que não é fácil por ser próprio do ser humano deixar-se instalar comodamente numa rotina reconfortante e de algum modo segura. Mas com o mudar dos tempos, da avaliação docente e das funções docentes, todos terão de assumir determinados cargos sejam eles da gestão intermédia ou outros. Foi por essa razão que exerci o cargo de relatora.

Não tive nem tinha qualquer preparação para o exercício desta função, mas encarei este desafio como tantos outros pelos quais já tinha passado: com sentido de responsabilidade, de equipa, de aprendizagem e de partilha de crescimento. Antes de avaliar, queria perceber o sistema de avaliação, a realidade dos colegas que avaliava, as turmas atribuídas e as possíveis escolhas desafio importante que pode não ser resolvido de imediato, mas que tem de ser abordado e trabalhado até à exaustão, não só com o objetivo de avaliar, mas também de acompanhar e criar condições para que se melhore o desempenho docente e as competências que se tem de adquirir e demonstrar. Para se desenvolver um trabalho consistente e útil, as escolas têm de adotar certas atitudes, metodologias, procedimentos e princípios. A avaliação surge então como um processo de desenvolvimento pessoal e profissional dos professores, de apoio, de melhoria da vida das escolas e dos seus alunos.

Para que a avaliação seja bem-sucedida, escolas e professores têm de sentir vontade de analisar e avaliar o seu trabalho, negociando, refletindo conjuntamente e debatendo questões com ela relacionadas num clima favorável, com atitudes positivas e construtivas, para se atingir, de forma mais eficaz, a melhoria do desempenho docente e a qualidade do ensino/aprendizagem. A avaliação não pode servir apenas para a atribuição de classificações mas sobretudo para formar. Avaliei colegas de grupo em dois anos consecutivos, e nem sempre fui bem aceite. Com um dos colegas houve algumas divergências, por não aceitar sugestões, estar convencido que o seu desempenho era excelente e não querer ouvir os mais experientes. Este infelizmente é um problema que se

levanta com alguma frequência e remete para vários fatores difíceis de contornar: a autoridade de quem avalia sem ter formação para tal, a formação científica e pedagógica que avaliador e avaliado tiveram e, evidentemente, o investimento na formação continua e capacidade para ter um percurso de aprendizagem ao longo da vida que cada um de nós delínea e assume de modo diferente. Mas, mais ainda, verifica-se que os professores se sentem ameaçados na sua autonomia e dignidade profissional, se fecham nas “suas” aulas, com os “seus” alunos, os “seus” materiais e as “suas estratégias. Infelizmente não partilham nem conhecimentos nem alegrias nem mágoas. Essas têm um lugar próprio de partilha: a sala de professores e os conselhos de turma onde as lamúrias estão cada vez mais em crescimento. Mas os docentes têm de ser avaliados e a avaliação realizada pelos diretores, coordenadores de departamento ou relatores bem como o controlo da implementação do currículo nacional pelas provas externas, causam desconforto, desconfiança e angústia. A avaliação, processo complexo, impõe simplicidade de procedimentos, que só se alcança estudando, pensando, debatendo e refletindo. A avaliação dos professores tem sido demasiado burocrática e administrativa, desenvolvendo-se através do preenchimento de grelhas, que por vezes não inspiram confiança. Fernandes (2008, p.22) refere que,

as escolas têm que pensar livre e abertamente e fundamentalmente, sobre a forma como querem organizar a avaliação dos seus docentes! (...) as escolas devem definir os esquemas organizativos que querem pôr em prática, para além dos que a legislação prevê.

O Decreto Regulamentar nº2/2008 de 10 de janeiro permite que as escolas o façam. Para este autor – Fernandes –, a avaliação deixará de constituir uma ameaça para os docentes se os critérios a utilizar forem pensados, discutidos coletivamente, propiciando um clima de confiança, de apoio, para a melhoria do ensino. A avaliação entre pares é positiva, tem potencialidades, uma vez que conhecem bem a competência e o desempenho dos seus pares, os contextos concretos e específicos da escola e as exigências a que têm de dar resposta, estando assim em condições de dar sugestões e apoiar os processos de mudança e melhoria. No entanto a avaliação feita por pares acarreta dificuldades como desconfiança nos avaliadores e falta de credibilidade. Todo o processo de avaliação tem de ser transparente, com critérios bem definidos, aceite por todos os intervenientes e envolvendo todos os professores. A avaliação deve também e sobretudo ser formativa, e informativa tornando-se imprescindível uma autêntica supervisão na qual o avaliador acompanhe, partilhe saberes e experiência, prevalecendo o espírito crítico construtivo, fomentando mecanismos de autoaprendizagem e autoavaliação que envolva todos, contribua para uma escola aprendente, qualificante, onde todos convivam desenvolvendo-se e aprendendo.Com outros colegas, a avaliação funcionou com o espírito de uma verdadeira supervisão. Troca

de ideias, de práticas, de experiências, verdadeira entreajuda, com o objetivo de melhorar as prática docentes, incentivar os alunos, melhorar o seu aproveitamento.

1.1.9. Do balanço do percurso docente à proposta de uma nova

No documento AIDA Aleixo Tese (páginas 32-35)