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3. METODOLOGIA

3.4. DADOS DE BASE E PRESSUPOSTOS CONSIDERADOS

Assumem-se, para os cálculos, dados e pressupostos gerais de base, comuns aos diversos cenários analisados, bem como pressupostos específicos para cada cenário.

3.4.1. Produto Interno Bruto

Utilizam-se valores de “PIB encadeados em volume” com base no ano 2000, considerando-se assim a designação que, nos documentos do INE, substitui a de “PIB a preços constantes”, de modo a excluir a interferência da inflação. Os dados de 2008 e 2009 são os publicados pelo INE. Considera-se a previsão de evolução do PIB entre 2010 e 2013 que consta do Programa de Estabilidade e Crescimento (MFAP, 2010); entre 2014 e 2016 assume-se um crescimento anual do PIB de 1%. A Tabela 3.2 resume os valores utilizados.

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Variação

(%) -2,7 0,7 0,9 1,3 1,7 1,0 1,0 1,0

PIB

(M€) 131 938 128 405 129 304 130 468 132 164 134 410 135 755 137 112 138 483 (Nota: dados encadeados em volume, com base no ano 2000).

3.4.2. Produção de RU

Considera-se a produção real de RU em 2008 (ERSAR/APA, 2010) e, para o período de 2009 a 2016, a evolução da taxa de produção de resíduos que consta do PERSU II. Os valores correspondentes apresentam-se na Tabela 3.3.

Ano 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Taxa de crescimento da produção de RU (%) 1,00 0,60 0,20 -0,10 -0,40 -0,60 -0,80 -1,00 Produção de RU (kt) 5 059 5 110 5 140 5 151 5 145 5 125 5 094 5 053 5 003 3.4.3. Caracterização de RU produzidos

Em termos de caracterização de resíduos produzidos, consideram-se dados de composição física e também o PCI. A caracterização física de resíduos utilizada (IST, 2006), corresponde à considerada no PERSU II; o PCI é calculado com base no PCI individual dos diversos componentes dos RU (Tchobanoglous, G. et al., 1993; Consonni, S. et al., 2005a). Relativamente ao vidro e aos metais, não são considerados valores de PCI negativos, que corresponderiam às perdas associadas à evaporação da humidade contida nestes componentes, uma vez que a sua influência nos cálculos é desprezável. A Tabela 3.4 resume os elementos considerados para a caracterização de RU.

Componente % (MJ/kg) PCI Orgânicos putrescíveis 40 1,719 Papel/cartão 16 13,220 Vidro 6 0,000 Plástico 12 26,180 Metal 2 0,000 Têxteis 8 18,515 Finos 10 4,395 Outros 6 0,000 Total 100 7,865

Tabela 3.3. Evolução da produção de RU.

Para efeitos deste trabalho, consideram-se equivalentes as designações “resíduos orgânicos putrescíveis” e “bio-resíduos”.

É de notar que o valor de PCI calculado para os RU é coerente com o apresentado, na Estratégia para os CDR, para os RU em Portugal (i.e., 7,82 MJ/kg).

3.4.4. Recolha selectiva e valorização orgânica de bio-resíduos

Os Cenários 4 e 5 consideram a partição de bio-resíduos entre a recolha selectiva (para valorização orgânica) e indiferenciada (para TMB).

Tratando-se de bio-resíduos recolhidos selectivamente, assume-se que a produção de refugos é desprezável e estima-se a produção de composto considerando, relativamente à mineralização da fracção orgânica, pressupostos equivalentes aos utilizados para o TMB.

3.4.5. Tratamento Mecânico e Biológico

A Figura 3.1 apresenta um esquema simplificado do processo de TMB. Assumem-se os seguintes pressupostos comuns aos diversos cenários estudados:

• A proporção de resíduos indiferenciados encaminhados para TMB/compostagem e TMB/digestão anaeróbia é a prevista no PERSU II, para 2016, i.e., cerca de 30 e 70%, respectivamente;

• Do fluxo de entrada de RU, consideram-se matéria-prima para a produção de composto as fracções de orgânicos putrescíveis e de finos; assume-se também que os finos são constituídos por 60% de resíduos orgânicos putrescíveis, atendendo ao seu teor em carbono biogénico (Consonni, S. et al., 2005a).

• Admite-se ainda que se atinge a mineralização da fracção orgânica através da produção de composto, que corresponde a 40 e 26% dos bio-resíduos processados, respectivamente por compostagem (Müller, W., 2008) e digestão

anaeróbia (Pires, A. et al., 2010). Tratando-se de resíduos indiferenciados, contribui ainda para a produção de composto o quantitativo de finos encaminhado para TMB; assim, relativamente à mineralização da fracção biodegradável contida neste componente, aplicam-se os pressupostos de processo acima indicados, acrescendo à produção de composto os finos não biodegradáveis processados.

3.4.6. Produção de cinzas

Relativamente aos resíduos resultantes da valorização energética de CDR, considera-se apenas a produção de cinzas e assume-se, em todos os cenários, a mesma taxa de produção de cinzas inertizadas, a depositar em aterro, i.e., 16,5% dos CDR processados (Consonni, S. et al., 2005a).

O pressuposto acima enunciado corresponde à taxa de produção de cinzas inertizadas em sistemas de combustão com tecnologia de leito fluidizado e é considerado para efeitos de simplificação e análise do modelo desenvolvido e atendendo igualmente aos seguintes aspectos: i) indefinição quanto às características do CDR a produzir e correspondentes utilizadores, tecnologia e quantitativos processados; ii) requisitos tecnológicos para incineração de CDR com PCI superior a 12 – 13 MJ/kg.

Trata-se de uma abordagem conservadora, visto que poderão ser utilizados outros processos para a valorização energética de CDR. Assim, para exemplificar algumas considerações e valores aplicáveis aos sistemas de valorização energética, enumeram-se os seguintes:

• A taxa de produção de cinzas inertizadas em sistemas de incineração de resíduos urbanos em massa/grelha é tipicamente de cerca de 4 - 6% (COM, 2006a);

• Foram obtidas taxas de produção de cinzas de 10% em sistemas de co- combustão com co-geração (Frankenhaeuser, M. et al., 2008);

• Nos processos de co-incineração em cimenteiras, uma parte significativa dos resíduos produzidos é incorporada no produto final (COM, 2010c);

• Acresce que nos processos de incineração de resíduos urbanos em massa/grelha são igualmente produzidas escórias, i.e., cerca de 20 a 35%, enquanto nos sistemas de leito fluidizado as mesmas ficam misturadas juntamente com o material que constitui o próprio leito e o quantitativo correspondente é função da tecnologia utilizada (COM, 2006b).

3.4.7. Resíduos eliminados

Consideram-se as opções anteriormente apresentadas de definição da variável “Resíduos Eliminados”, utilizando apenas, nos diversos casos, as parcelas aplicáveis ao processo de TMB. Assim:

• Resíduos Eliminados (e) = refugos TMB

Nesta situação, quantifica-se apenas a eliminação dos refugos do tratamento.

• Resíduos Eliminados (E) = e + cinzas de valorização de CDR

Para além dos refugos do TMB, consideram-se igualmente as cinzas resultantes da utilização de CDR.

• Resíduos Eliminados (E’) = E + composto de baixa qualidade (ou “estabilizado”)

Contabilizam-se as parcelas acima indicadas e prevê-se a necessidade de eliminar o composto resultante do TMB de resíduos de recolha indiferenciada.

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