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5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DE TRABALHO FUTURO

5.2. POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DO INDICADOR

Como interesse e potencialidades deste trabalho, realça-se a reflexão efectuada em torno de indicadores de dissociação e o desenvolvimento de um indicador com base nos estudos disponíveis sobre a matéria, exploradas as variáveis inerentes ao mesmo e efectuada a sua aplicação, enquanto caso de estudo, ao PERSU II.

O indicador incorpora aspectos económicos (PIB) e de pressão ambiental (produção e eliminação de resíduos; hierarquia de resíduos) e permite analisar se ocorre dissociação; a análise da evolução das variáveis permite ainda a distinção entre dissociação absoluta e relativa. Pode ser aplicado a qualquer tipologia de resíduos e à totalidade ou a parte de um sistema de gestão de resíduos; o tipo de estudo

efectuado no presente trabalho é assim replicável relativamente a outros universos de análise.

Trata-se ainda de elementos que presentemente não se encontram, de um modo geral, disponíveis ou aprofundados ao nível das publicações que versam, a nível nacional, matérias de ambiente e sustentabilidade, podendo assim representar um contributo neste contexto.

Atendendo aos critérios de avaliação da AEA, trata-se de um indicador relevante para as políticas e importante para a avaliação de tendências e progresso. O seu cálculo baseia-se na aplicação de uma metodologia devidamente fundamentada e tem como base dados disponíveis, periodicamente recolhidos, de cobertura nacional e relativos a um período relativamente alargado.

Face aos conceitos técnicos e especificidades subjacentes à definição do indicador e à interpretação dos correspondentes resultados, o mesmo poderá ser relevante, em primeira linha, à administração e entidades mais directamente ligadas ao acompanhamento, ao nível político e técnico, de matérias de gestão de resíduos, ambiente e desenvolvimento sustentável.

É também de referir que a variação relativamente à formulação do indicador proposto pela OCDE é, em alguns casos, relativamente reduzida; contudo, julga-se válida a abordagem desenvolvida, visto que tem subjacente o conceito hierarquia de gestão de resíduos.

Por último, considera-se que a definição e utilização de um indicador não representa um fim em si mesmo, antes constituindo uma etapa e uma ferramenta para a implementação e monitorização de políticas ou projectos que envolvem também a alocação de recursos e vontades, a nível colectivo e individual.

Considera-se, no entanto, de referir as limitações identificadas relativamente a esta tipologia de indicadores e ao indicador formulado propriamente dito. Assim:

• A análise efectuada depende da situação de partida e o indicador não reflecte a situação em si, mas sim a variação ocorrida, i.e., traduz a situação relativa e não a absoluta, apenas se verificando diferenças entre cenários quando dentro do mesmo cenário ocorre variação em termos dos parâmetros relevantes;

• A comparação entre países pode apresentar limitações, que não são, em princípio, devidas à ausência de dados, mas a diferentes conceitos de base e metodologias de recolha de informação. Neste contexto, destaca-se o facto de o conceito de resíduo urbano se encontrar interligado a aspectos práticos da sua gestão, a nível local, que poderão abordar de forma diferente, por exemplo, os resíduos domésticos, do comércio e dos serviços, com reflexos no apuramento dos quantitativos de resíduos produzidos. Acresce ainda que a comparação de realidades diferentes, designadamente, em termos de necessidades energéticas e de matérias fertilizantes, pode também constituir uma limitação;

• Existem igualmente limitações inerentes à eficiência possível dos processos de tratamento de resíduos, em termos técnicos, económicos e de mercado, tais como: i) eficiências de separação; ii) custos de recolha e tratamento, ao nível de investimento e exploração; iii) escoamentos dos “outputs” do sistema. Assim, no caso de o sistema de gestão de resíduos se encontrar, neste contexto, optimizado, o potencial de redução do quantitativo destinado a aterro é mais limitado, havendo que interpretar o significado do resultado obtido para o indicador à luz desta situação.

Ao nível da aplicação do indicador proposto:

• Os cálculos efectuados têm como base alguns pressupostos para efeitos de simplificação e análise de sensibilidade do modelo desenvolvido, bem como para ultrapassar algumas lacunas de informação identificadas, tendo estes aspectos certamente um grau de erro e incerteza associados;

• Recorre-se ainda a elementos disponíveis na literatura para a partição dos componentes dos RU pelos diversos fluxos. Esta abordagem é adoptada com vista à quantificação dos referidos fluxos e à estimativa do PCI dos CDR nos diversos cenários. No entanto, podem, em alternativa, ser utilizados quantitativos globais correspondentes aos diversos fluxos aos quais se aplicam factores de eficiência de separação; por outro lado, com a entrada em funcionamento das novas infra-estruturas e com o arranque da produção de CDR, os referidos elementos serão quantificados;

• Visto que é efectuada uma análise para o período compreendido entre 2009 e 2016, associa-se necessariamente aos resultados apresentados a incerteza inerente à projecção, designadamente, da produção de resíduos, da disponibilidade e desempenho de unidades de tratamento e dos parâmetros económicos;

• Em termos formais, para contextualização do caso de estudo, adoptam-se os pressupostos do PERSU II; assim, e embora o DL 183/2009 considere uma derrogação de 4 anos para efeitos do cumprimento das metas de desvio de RUB de aterros relativas a 2009 e 2016, é assumido o horizonte do referido Plano (i.e., 2016).

Destaca-se ainda, como interesse do trabalho desenvolvido, o aprofundamento da temática relativa ao tratamento mecânico e biológico de resíduos urbanos, que

constitui, a nível da política nacional de gestão de resíduos, um processo de grande relevância para o cumprimento dos objectivos de desvio de resíduos biodegradáveis de aterro, em cumprimento da Directiva Aterros. Neste contexto, são estudados, com base em referências bibliográficas, aspectos relevantes relativamente ao processo e aos fluxos de entrada e saída.

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