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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Estratégias de amostragem e obtenção de dados

4.1.3 Dados do trabalho

As campanhas de água ao longo do gradiente salino, em junho de 2004 e fevereiro de 2005, foram realizadas juntamente com a coleta de sedimento superficial e de testemunhos (Figura 7B e 7F). Estas coletas além de cobrirem o eixo principal da baía, também incluíram os canais de mangue e efluentes. A campanha de fevereiro de 2006 foi realizada somente no eixo principal da baía desde a fonte principal dos rios São João e Cubatão até a desembocadura do sistema, e desta até as águas costeiras adjacentes ao mar (Figura 7C). A campanha de março de 2006 foi efetuada na maré de quadratura somente na água de superfície, porém com maior resolução, desde salinidade zero nos rios e canais de mangue seguindo o eixo principal da baía até a desembocadura do sistema (Figura 7D).

4.1.3.1 Amostragens da água

Em cada estação foram realizadas medições in situ da temperatura da água (ºC), medida com termômetro de campo, e do pH através de um pH-metro portátil dotado de sensor de T ºC (modelo HANNA, com precisão de 0,01). A salinidade também foi determinada in

situ com um refratômetro (ATAGO). A condutividade foi averiguada, quando possível, principalmente nos canais e rios, por meio de um condutivímetro de campo acoplado ao termômetro modelo GEHAKA CG-220. A transparência da água foi medida com auxílio do disco de Secchi (30 cm diâmetro) e a zona eufótica foi deduzida considerando aproximadamente três vezes a profundidade do disco de Secchi (ODEBRECHT; CARUSO, 1987).

As amostragens na água, superfície e fundo, foi realizada com uma garrafa do tipo “Van Dorn”, as amostras foram armazenadas em frascos de polietileno e mantidas no escuro, resfriadas e acondicionadas em uma caixa térmica até a chegada em laboratório, onde foram processadas conforme metodologia proposta para cada parâmetro. Todas as estações foram geo-referenciadas com auxílio de um GPS – Garmin Etrex.

4.1.3.2 Experimentos de produção primária

Os experimentos de produção primaria (n=35) foram realizados cobrindo os setores jusante até à montante (estações 3, 2 e 1) da Baía de Guaratuba (Figura 7E). As campanhas foram realizadas nos períodos de janeiro de 2005 a janeiro de 2006. Por motivos logísticos a maioria dos experimentos foram realizados nas marés de quadratura nos períodos chuvosos, e

somente na estação 1 foi possível realizar experimentos no período seco de 2005 (Tabela 4). Paralelamente aos experimentos foram coletadas amostras de água para análises físico- químicas (salinidade, temperatura, pH, alcalinidade e saturação do CO2, oxigênio dissolvido,

nutrientes (Si(OH)4, PO4, NO2, NO3, NH4, NT e PT), material particulado em suspensão

(MPS) e clorofila-a.

Os dados de produção primária bruta (PPB) e líquida (PPL) obtidos na Baía de Guaratuba, foram utilizados para a calibração de um modelo empírico conforme Cole e Cloern (1987). Este modelo, tem por objetivo o cálculo das estimativas de produtividade nos sistemas através da utilização de três parâmetros empíricos, tais como a profundidade do disco de Secchi (m), a biomassa (Clorofila-a - µg.L-1) e a luz incidente na superfície (PAR E.m-2.d-1).

Tabela 4: Estações, data, condições do tempo e da maré; hora inicial (H. ini) e final (H.

fin); tempo de incubação (Incub.) e número (n) de amostras dos experimentos de produção

primária (PP) (♦) na baía de Guaratuba no período de janeiro de 2005 a janeiro de 2006.

Estação Data Tempo Maré H. ini H. fin Incub. (h) n

5/1/2005 nublado cheia 13:10 15:05 1,92 3

3/2/2005 nublado c/ chuva cheia parada 12:15 14:50 2,75 1 16/2/2005 sol cheia vazando 10:40 12:50 2,17 3 10/3/2005 nublado enchendo 14:30 16:30 2,00 3 31/3/2005 sol baixa 11:25 14:40 3,25 3 18/4/2005 sol cheia 12:00 14:00 2,00 3 18/4/2005 sol cheia 12:45 15:40 2,90 4 2/6/2005 nublado enchendo 10:55 13:00 2,08 3 16/6/2005 nublado enchendo 12:34 14:15 1,68 3 21/10/2005 sol baixa 10:30 13:15 2,58 5 26/10/2005 nublado cheia 11:20 13:55 2,59 4 26/10/2005 nublado cheia 11:54 14:45 2,35 1 26/10/2005 nublado cheia 13:45 15:15 1,50 1 24/1/2006 nublado enchendo 12:15 14:15 2,00 1 1 jusante (♦) 26/1/2006 nublado baixa 10:20 13:15 2,92 3 15/2/2005 sol baixa 11:40 14:10 2,50 3 16/2/2005 sol vazando 10:15 12:40 2,42 3 21/10/2005 sol enchendo 12:25 14:10 1,60 2 25/10/2005 nublado cheia 10:50 13:17 2,45 3 26/10/2005 nublado enchia 10:50 13:20 2,50 3 23/11/2005 sol cheia 13:13 15:45 2,53 1 23/11/2005 sol baixa 10:17 12:15 1,97 3

23/11/2005 sol vazando final 09:58 12:42 2,73 2 24/1/2006 nublado enchendo 11:40 14:15 2,58 2 26/1/2006 nublado Enchendo baixa 10:45 13:00 2,25 6

2 central (♦) 26/1/2006 nublado enchendo 13:40 15:15 1,58 2 15/2/2005 sol baixa 11:15 14:30 3,25 3 10/3/2005 nublado baixa 10:15 12:30 2,25 2 10/3/2005 nublado baixa 10:40 12:53 1,75 2 25/10/2005 nublado cheia 11:48 14:15 2,45 4 21/11/2005 sol baixa 9:15 12:10 2,45 3 21/11/2005 sol baixa 12:52 14:45 1,88 3 24/1/2006 nublado enchendo 11:10 13:15 2,08 3 3 montante (♦)

26/1/2006 nublado Enchendo baixa 11:10 13:50 2,66 2 [Fonte: este estudo].

4.1.3.3 Amostragem dos sedimentos

As amostras dos sedimentos superficiais foram coletadas com auxílio de um pegador de fundo tipo petite-ponar de aço inox ao longo de transectos entre a fonte fluvial e marinha em período seco (junho de 2004), para detectar as transformações da quantidade, qualidade e os padrões de deposição da matéria orgânica em relação à mistura das massas de água. Além dos transectos foram efetuadas amostragens nas fontes potenciais de MO, tais como canais de efluente (esgoto doméstico e/ou industrial e escoamento superficial da chuva), canais de

mangue (impactado e/ou natural) e as entradas dos rios São João e Cubatão na Baía de Guaratuba (Figura 7F; Tabela 5).

Adicionalmente, foram coletados 12 testemunhos (GT1 a GT12) por Sanders (2005) em maio de 2004, através de mergulho autônomo, utilizando testemunhadores (tubos de acrílico), nos setores jusante, central e montante do estuário. Variáveis tais como granulometria, densidade, matéria orgânica (MO) e a taxa de sedimentação dos testemunhos, realizados pelo mesmo autor, foram utilizados como dados secundários para a interpretação dos resultados propostos neste estudo.

Tabela 5: Sumário das campanhas das amostras de sedimento (●), representado pelas datas,

marés, estrato amostrado, número de estações (Est.) e número de amostras (Am.) realizados

na Baía de Guaratuba.

Amostragem Data Maré Estrato Est. (n) Am. (n)

Maio de 2004 Quadratura Testemunhos 5 69 Maio de 2004 Quadratura Superficial 12 12 21junho de 2004 Quadratura Superficial 10 10

Sedimentos

(●)

23 e 24junho de 2004 Quadratura Superficial 15 15 [Fonte: este estudo].

Os testemunhos com cerca de 7 cm de diâmetro e 50 de comprimento foram seccionados em campo com uma resolução vertical de 2 cm do topo até os 25 cm de profundidade, a partir de onde se utilizou a resolução de 5 cm até a base do testemunho. Em seguida, as amostras foram armazenados em sacos plásticos identificados e condicionados em isopor com gelo até o processamento posterior em laboratório. No laboratório uma parte de cada amostra foi acondicionada em placas de Petri para as análises radioquímicas e de porosidade (PATCHINEELAM; SMOAK, 1999; SANDERS, 2005), sendo as restantes congeladas para posteriores análises geoquímicas. As amostras dos testemunhos (réplicas) utilizadas para as análises geoquímicas, fazem parte do projeto “Dinâmica e Fluxos Hídricos

na Baía de Guaratuba – PR.”

Do total de doze testemunhos (GT1 a GT12) como representado na figura 7F, quatro deles foram analisados do topo até a base (GT4=13,8 km, GT7=11,9 km, GT9=7,9 km e GT1=21,8 km), os demais utilizou-se somente a camada superficial de 0 a 2 cm. As análises geoquímicas espaciais e dos testemunhos representando o setor montante (GT4 e GT7), central (GT9) e jusante (GT12) analisadas foram: fósforo total (orgânico e inorgânico) e clorofila-a sedimentar, C orgânico e N total, isótopos (δ13C e δ15N) e os fenóis das ligninas. O objetivo foi sincronizar as análises da composição elementar dos testemunhos à

quantificação das taxas de sedimentação com 210Pb (contagem gamma), para estimativas das taxas de acumulação de C, N e P.

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