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PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

3. Tratamento de dados

3.3. Dados documentais

Da análise dos documenos orientadores para observação das aulas no ciclo avaliativo anterior, (em que estes foram criados pelas escolas) e os constantes da avaliação relativa ao segundo ciclo avaliativo e atualmente em vigor, que se apresentam em anexo (anexos N e O), temos presente os itens definidores da observação de aulas e com eles entender o que realmente pode fazer um professor excelente.

As grelhas de observação do primeiro modelo foram construídas nas escolas, à luz da definição de perfis, enviados pela tutela enquanto as do segundo modelo foram elas próprias emanadas pelo Ministério e baseam-se também numa definição de perfis que contemplam essencialmente a observação baseada nos aspetos científicos e pedagógicos.

As informações que se seguem enquadram-se com a legislação em vigor para cada um dos momentos e que é devidamente indicada no final deste estudo.

A saber nas grelhas iniciais os parâmetros eram: a realização das atividades letivas, onde se incluia o conhecimento científico, pedagógico e didáctico inerente à disciplina; a organização e gestão das estratégias de ensino face ao contexto e à diversidade dos alunos; a promoção do desenvolvimento cognitivo e incorporação dos contributos dos

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alunos; capacidade de comunicação; rentabilização dos meios e recursos utilizados e a reorientação das estratégias de aula em função do contexto.

E a relação pedagógica com os alunos, onde se incluia a promoção de um clima favorável à aprendizagem e a observância de regras / regulação da disciplina.

Relativamente aos padrões de desempenho de um professor Excelente, (no anterior modelo avaliativo) segundo as orientações gerais da tutela espera-se que, na realização das atividades letivas apresente as seguintes caraterísticas:

- conhecimento científico, pedagógico e didáctico inerente à disciplina - o docente evidencie um elevado nível de conhecimento científico, pedagógico e didáctico.

- organização e gestão das estratégias de ensino face ao contexto e à diversidade dos alunos - o professor utilize as estratégias mais adequadas às características dos alunos e aplica-as da melhor forma.

- promoção do desenvolvimento cognitivo e incorporação dos contributos dos alunos - o docente promova o desenvolvimento cognitivo tendo em conta pré-conceitos revelados pelos alunos e incorporando sistematicamente e de forma coerente os seus contributos. - capacidade de comunicação - comunique com rigor e elevada eficácia, prendendo a atenção da maioria dos alunos.

- rentabilização dos meios e recursos utilizados - o docente utilize os meios e recursos disponíveis de forma eficaz e inovadora.

- reorientação das estratégias de aula em função do contexto - o professor avalie sistematicamente a evolução da aula e reorienta as estratégias planificadas em função das novas situações.

Quanto à relação pedagógica com os alunos,os desempenhos exigidos para a Excelência são:

- na promoção de um clima favorável à aprendizagem - O docente promove contextos de aprendizagem muito ativos em que predomina o respeito mútuo e a interação.

- Observância de regras / regulação da disciplina - O docente cria e utiliza sistematicamente mecanismos diversificados de controle da disciplina em sala de aula. No segundo modelo, que se mantem atual, os parâmetros da observação são também de dois domíniosCientífico e Pedagogico (Segurança).

No âmbito do primeiro incluem-se os conteúdo(s) disciplinar(es) e os conhecimentos que enquadram e agilizam a aprendizagem do(s) conteúdo(s) disciplinar(es).

No domínio Pedagógico (Segurança) estão incluidos os Aspetos didáticos que permitam estruturar a aula para tratar os conteúdos previstos nos documentos curriculares e

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alcançar os objetivos selecionados, verificar a evolução da aprendizagem, orientando as atividades em função dessa verificação e acompanhar a prestação dos alunos e proporcionar-lhe informação sobre a sua evolução e os Aspetos relacionais que permitam assegurar o funcionamento da aula com base em regras que acautelem a disciplina; envolver os alunos e proporcionar a sua participação nas atividades; estimulá-los a melhorar a aprendizagem.

Relativamente ao modelo avaliativo ainda em vigor, tendo em conta que no domínio Científico, os conteúdos disciplinares valem 40% e os conhecimentos que enquadram e agilizam a aprendizagem dos conteúdos disciplinares 10%, enquanto que no domínio Pedagógico, os aspetos didáticos que permitam estruturar a aula para tratar os conteúdos previstos nos documentos curriculares e alcançar os objetivos selecionados (verificar a evolução da aprendizagem, orientando as atividades em função dessa verificação, acompanhar a prestação dos alunos e proporcionar-lhes informação sobre a sua evolução) tem um peso de 40% e os aspetos relacionais que permitam assegurar o funcionamento da aula com base em regras que acautelem a disciplina (envolver os alunos e proporcionar a sua participação nas atividades; estimulá-los a melhorar a aprendizagem) são contabilizados em 10%.

Assim sendo os padrões de desempenho de um professor Excelente, definidos superiormente, apontam para que no domínio Científico, o professor revele:

- domínio pleno dos conteúdos disciplinares e de conhecimentos funcionais segundo diversos indicadores, através da orientação da sua ação em benefício da aprendizagem dos alunos com base nos conteúdos disciplinares, selecionando corretamente os conteúdos a abordar, de acordo com os documentos curriculares revelando, correção científica no desenvolvimento dos conteúdos trabalhados; clarificando os conteúdos científicos face às dúvidas dos alunos; revelando que no conhecimento de língua portuguesa, utiliza com correção a língua portuguesa para comunicar; utilizando um discurso claro, adequado e eficaz oralmente / por escrito; promovendo o gosto pelo uso correto da língua portuguesa.

- segurança inequívoca tanto em termos relacionais como didáticos, através da orientação da sua ação em benefício da aprendizagem dos alunos, em termos de elementos didáticos, selecionando as abordagens de ensino mais adequadas; estruturando a aula de forma a lecionar os conteúdos previstos nos documentos curriculares e alcançarem os seus objetivos; acompanhando a prestação dos alunos e informa os mesmos sobre a sua evolução; promovendo a evolução da aprendizagem e

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orientação das atividades em função dessa verificação; revelando capacidade de uma adaptação eficaz das abordagens implementadas.

Nos elementos relacionais, criando um ambiente educativo assente em valores comummente reconhecidos, tratando os alunos com a dignidade que esses valores preconizam e assegurando que eles procedam do mesmo modo; tendo presente a especificidade dos papéis de «aluno» e de «educador/professor», não deixando de considerar as fronteiras que lhe são inerentes; fazendo com que a aula funcione com base em regras que acautelem a disciplina; envolvendo os alunos nas atividades e estimulando-os com vista à melhoria das suas aprendizagens.

Pergunto-me como é possível avaliar com exatidão o conhecimento cientifico de um professor a ponto de o saber distinguir de bom a excelente, quando não se dominam esses mesmos conhecimentos científicos por se ser de uma área disciplinar diferente? E mesmo dentro da mesma área (como acontece nas Artes Visuais) o observador / avaliador deverá dominar conhecimentos de uma grande abrangência que vão desde a especificidade da Geometria Descritiva ao ensino da Multimédia, passando por tecnologias específicas no dominio oficinal das Artes.

Esta ironia justifica-se pelo facto (de conforme tivemos oportunidade de constatar pelos depoimentos recebidos), perceber que nem sempre a observação de aulas, traduz a real qualidade e avaliação docente, para além se constituir apenas um aspeto ( importante é certo ), mas apenas uma faceta no trabalho do professor.

A rigidez do cumprimento de um plano de aula pode comprometer por completo a fluiedez de uma aula excelente e de um professor de mérito.

A questão do feedback, para melhoria das práticas também não parece ter tanta atenção, porque na realidade o que está em jogo é a própria “ classificação dos docentes”.

Isso é comprovado logo à partida pelo facto das aulas marcadas não surgirem na sequência uma da outra, no âmbito da mesma disciplina, ano ou turma, para que se pudesse verificar se houve ou não interiorização dessas recomendações para melhoria. Por outro lado conforme se comprova pelos dados recolhidos, a atenção é focada nos resultados obtidos pelo desempenho e não tanto nas recomendações daí resultantes. Curiosamente, ainda que de forma abrangente a ficha de observação no segundo modelo, apresenta os aspetos recomendados pelo avalidor para serem melhorados, mas a dinâmica funcional em que isso se processa na prática através da distante relação entre o Avalidor e Avaliado, comprometem essa componente, que aliás pode não ser a que mais interessa realmente aos seus intervenientes.

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