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Os dados sobre medidas de concentração que utilizaremos para estimar as distribuições de

market shares foram coletados de MOREIRA (1999). Neste trabalho, o autor defende a idéia

de que o novo ciclo de investimento estrangeiro direto que ocorreu no Brasil após a abertura comercial traria uma relação custo-benefício mais vantajosa para o país graças, principalmente, ao rompimento do viés anti-exportador do antigo regime de substituição de importações.

Para testar essa hipótese, o autor analisa possíveis mudanças na forma de operação das empresas instaladas no Brasil, após a abertura comercial. O foco da análise se concentrou em variáveis como o progresso técnico, a concentração industrial e o comércio exterior.

Para verificar a hipótese que a abertura comercial aumentou o grau de concentração da produção doméstica em setores em que as empresas estrangeiras operam, o autor analisou mudanças ocorridas nessa variável em 143 setores da indústria manufatureira de acordo com a classificação da Receita Federal de 1978.

O cálculo das medidas de concentração ( , e ) foi feito a partir de uma amostra de cerca de 20 mil empresas nacionais e estrangeiras extraídas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica Lucro Real (IRPJ) para os anos-base de 1995 e 1997. Os dados referentes ao ano de 1978 foram obtidos no trabalho de BRAGA & MASCOLO (1983) que também utilizaram o IRPJ 25 como base de dados. O autor justifica a utilização do IRPJ como base de dados, pois as empresas presentes nesta base eram responsáveis por 65% do produto industrial no período analisado. A seguir, apresentaremos uma breve descrição sobre as variáveis ( , e ). Para o cálculo das variáveis mencionadas acima, devemos primeiro definir a variável market

share ( ) que será utilizada nesse cálculo. Essa variável é definida em termos do percentual

25 Para consolidar as informações sobre produtividade, concentração e comércio exterior, MOREIRA (1999)

seguiu o critério utilizado por BRAGA & MASCOLO (1983) e selecionou as empresas industriais com uma receita operacional líquida superior a R$300 mil (valor equivalente a CR$ 2 milhões a preços de 1978). Foi feito também um tradutor da CNAE a 4 dígitos exclusiva da Receita Federal e seguida pelo IRPJ no ano-base 1978.

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da receita líquida de vendas da empresa ( ) ( ) em relação ao total da receita líquida de vendas na indústria ( ) em que esta empresa opera. Assim:

(20)

A partir dessa variável podemos derivar duas medidas de concentração: as razões de concentração ( ) e o índice de Herfindahl-Hirschman ( ).

Razões de concentração ( ) são índices que fornecem a parcela de mercado das maiores empresas presentes em uma indústria. Assim,

(21)

Quanto maior o valor desse índice, maior é o poder de mercado exercido pelas maiores empresas na indústria ( ) 26 e, portanto maior é a concentração de mercado. Utilizaremos nesse trabalho as seguintes variações desse índice.

(22)

e

(23)

que representam a participação das quatro e oito maiores empresas no total da receita líquida de vendas do mercado 27.

26 As razões de concentração apresentam algumas limitações, como por exemplo, elas não levam em conta a

presença das demais empresas presentes na indústria. Assim, no caso de ocorrer fusões entre essas

empresas não haverá alteração no índice. Além disso, esse índice ignora as diferenças de market shares existentes entre as maiores empresas. No caso de uma transferência significativa de market shares entre essas empresas o índice não sofrerá alteração.

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O índice de Herfindahl-Hirschman ( ) 28 pode ser definido da seguinte forma:

(24)

Para o cômputo desse índice consideramos todas as empresas presentes na indústria. Esse índice pondera o market share de cada empresa no mercado. Assim, quanto maior for o tamanho de uma empresa, maior será seu peso no cálculo do . Esse índice pondera a participação relativa de cada empresa e atribui um peso maior às maiores empresas.

As estatísticas descritivas da amostra utilizada por MOREIRA (1999) se encontram na tabela 2 a seguir. Podemos notar que, após 1995, ocorreu um movimento de concentração da produção com o número médio de empresas por setor diminuindo, além das medidas de concentração subindo. Segundo o autor, esse movimento é fruto da busca por escalas mais competitivas para enfrentar a concorrência externa. Ele também conclui que os setores que acusaram os maiores aumentos nas medidas de concentração eram aqueles que em 1997 apresentavam maior participação de empresas estrangeiras.

Tabela 2: Estatísticas descritivas da amostra total

Fonte: MOREIRA (1999), p.16.

27

Assuma, por exemplo, que em um mercado existam 10 empresas e que a participação de cada empresa (em ordem decrescente) é dada por: ,

assim e .

28 Este índice varia entre 0 e 10.000 (situação de monopólio). Assumindo-se o mesmo exemplo apresentado

acima o HHI no mercado pode ser assim calculado: .

1978 1995 1997 1978 1995 1997 1978 1995 1997 1978 1995 1997 Média 103 119 108 0,54 0,52 0,55 0,67 0,66 0,68 0,16 0,14 0,15 Desvio Padrão 119 134 125 0,24 0,24 0,24 0,24 0,23 0,23 0,18 0,16 0,15 Mediana 59 70 66 0,52 0,49 0,52 0,68 0,64 0,67 0,11 0,09 0,10 Valor Máximo 597 753 731 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 0,95 1,00 0,86 Valor Mínimo 2 1 2 0,08 0,10 0,10 0,15 0,17 0,17 0,01 0,01 0,01 Número de Empresas C4 C8 HHI por setor

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A amostra inicial de dados (MOREIRA, 1999) é composta por 143 setores da indústria de transformação brasileira de acordo com a classificação da Receita Federal de 1978. Neste trabalho, porém, iremos utilizar apenas os setores que apresentaram mais de 8 empresas 29, resultando num total de 106 setores 30 desta indústria. O período utilizado na análise compreende os mesmos anos de 1978, 1995 e 1997.

Na tabela 3 abaixo se encontram as estatísticas descritivas da amostra. Podemos notar que, no ano de 1995, após 7 anos de abertura comercial houve uma elevação no número de empresas no mercado, além de uma ligeira redução em todas as medidas de concentração industrial em comparação ao ano de 1978. A partir de 1995, nota-se uma situação distinta, em que houve uma redução no número de empresas, assim como elevação em todas as medidas de concentração, o mesmo resultado encontrado na amostra com 143 setores.

Tabela 3: Estatísticas Descritivas da Amostra

Fonte: MOREIRA (1999). Elaboração própria.

Após a apresentação dos dados utilizados nas estimativas, vamos apresentar na próxima seção os resultados para algumas distribuições estimadas por Máxima Entropia.

29 Esse critério foi adotado para evitarmos que a matriz Z presente na equação (4) seja não inversível.

30 Para mais detalhes sobre os setores utilizados consultar o Apêndice C.

1978 1995 1997 1978 1995 1997 1978 1995 1997 1978 1995 1997 Média 118 139 127 0,48 0,47 0,50 0,62 0,61 0,64 0,12 0,10 0,11 Desvio Padrão 121 146 136 0,21 0,21 0,22 0,22 0,22 0,22 0,10 0,08 0,09 Mediana 69 82 78 0,46 0,45 0,47 0,62 0,60 0,62 0,09 0,08 0,07 Valor Máximo 597 753 731 0,94 0,98 0,98 1,00 0,99 1,00 0,47 0,37 0,40 Valor Mínimo 8 11 8 0,08 0,10 0,10 0,15 0,17 0,17 0,01 0,01 0,01 Número de Empresas C4 C8 HHI por setor

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