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1. INTRODUÇÃO

3.2. Dados morfométricos e merísticos

3.2.1. Dados morfométricos

1. Comprimento padrão (CP) – distância entre a extremidade do focinho e a última placa da série mediana lateral;

2. Comprimento total (CT) – distância da extremidade do focinho à extremidade posterior do raio principal do lóbulo inferior da nadadeira caudal;

3. Comprimento predorsal (CPD) – distância do focinho à borda posterior da última placa predorsal (a terceira);

4. Comprimento da cabeça (CCA) – distância entre a extremidade do focinho e à extremidade posterior do supraoccipital;

5. Altura da cabeça (ALCA) – altura da cabeça tomada ao final do supraoccipital;

6. Largura cleitral (LC) – porção mais larga do corpo na região do cleitro;

7. Comprimento do focinho (CFO) – distância da extremidade do focinho a extremidade anterior do olho;

8. Diâmetro orbital (DO) – distância longitudinal entre as bordas anterior e posterior do olho;

9. Distância interorbital (DIO) – menor distância entre as duas margens superiores dos olhos;

10. Comprimento da base da nadadeira dorsal (CBND) – distância da origem da nadadeira dorsal à base do raio distal da nadadeira;

11. Comprimento interdorsal (CID) – distância da extremidade posterior da dorsal à origem do espinho da adiposa.

12. Comprimento do pedúnculo caudal (CPC) – distância da extremidade posterior da nadadeira anal à origem do raio principal do lóbulo inferior da nadadeira caudal;

13. Altura mínima do pedúnculo caudal (AMPC) – menor distância entre as superfícies superior e inferior do pedúnculo caudal;

14. Comprimento do primeiro raio da nadadeira dorsal (CPRND) – distância da origem da nadadeira dorsal à extremidade distal do raio indiviso;

15. Comprimento do primeiro raio da nadadeira peitoral (CPRNP) – distância da origem da nadadeira peitoral à extremidade distal do raio indiviso;

16. Comprimento do primeiro raio da nadadeira pélvica (CPRNPE) – distância da origem do primeiro raio simples da nadadeira pélvica à extremidade distal do raio indiviso;

17. Comprimento torácico (CTOR) – distância da origem da nadadeira peitoral à origem da nadadeira pélvica;

18. Comprimento abdominal (CAB) – distância da origem da nadadeira pélvica à origem da nadadeira anal;

19. Comprimento do raio superior da nadadeira caudal (CRSNC) – distância da origem do raio indiviso superior da caudal à extremidade distal deste raio;

20. Comprimento do raio inferior da nadadeira caudal (CRINC) – distância da origem do raio indiviso inferior da caudal à sua extremidade distal;

21. Comprimento da nadadeira adiposa (CNA) – distância da origem do espinho da adiposa à sua extremidade distal;

22. Comprimento do barbilhão (CB) – distância da origem do barbilhão à sua extremidade distal deste;

23. Comprimento do pré-maxila (CPMX) – distância entre as extremidades da pré- maxila;

24. Comprimento do dentário (CD) – distância entre as extremidades do dentário;

25. Largura do lábio (LL) – medida no ponto de inserção dos barbilhões;

26. Comprimento do lábio inferior (CLI) – distância da linha mediana, logo após os dentários, até a margem distal do lábio inferior;

3.2.2. Dados merísticos

1. Placas laterais (PL) – número de placas laterais da série mediana do corpo, a partir da primeira placa perfurada até a última do pedúnculo caudal, exceto placas nitidamente menores situadas sobre a base dos raios medianos da nadadeira caudal (placas supracaudais);

2. Placas predorsais (PPD) – número de placas entre a extremidade do supraoccipital até a origem anterior da nadadeira dorsal;

3. Placas margeando o supraoccipital (PMSU) – número de placas que margeiam o supraoccipital;

4. Placas entre a dorsal e a adiposa (PDeA) – número de placas entre a extremidade posterior da nadadeira dorsal e o início da nadadeira adiposa;

5. Placas entre a adiposa e a caudal (PAeC) – número de placas entre a extremidade posterior da base da nadadeira adiposa e a origem da base do raio indiviso/principal do lóbulo superior da nadadeira caudal;

6. Placas azíguas caudais superiores (PAzCS) – número de pequenas placas anteriores à base do lóbulo superior da nadadeira caudal;

7. Placas azíguas caudais inferiores (PAzCI) – número de pequenas placas anteriores à base do lóbulo inferior da nadadeira caudal;

8. Placas da base da dorsal (PBD) – número de placas da origem da nadadeira dorsal até a extremidade posterior da nadadeira;

9. Placas da base da anal (PBA) – número de placas da origem da nadadeira anal até a base do último raio da nadadeira;

10. Dentes do dentário (DDe) – número de dentes presentes em cada dentário (direito e esquerdo); apenas o maior valor foi considerado para a descrição;

11. Dentes do pré-maxila (DPMX) – número de dentes presentes em ambos os prémaxilares (direito e esquerdo); sendo considerado na descrição apenas o maior valor;

12. Raios da nadadeira dorsal (RND) – incluindo os dois espinhos da dorsal – o “spinelet” e o raio principal indiviso – mais os raios subseqüentes ramificados;

13. Raios da nadadeira peitoral (RNP) – incluindo o espinho peitoral mais os raios subseqüentes ramificados;

14. Raios da nadadeira pélvica (RNPE) – incluindo o primeiro raio indivisivo mais os raios subseqüentes ramificados;

15. Raios da nadadeira anal (RNA) – incluindo o primeiro raio indivisivo mais os raios subseqüentes ramificados;

16. Raios da nadadeira caudal (RNC) – incluindo os dois raios indivisivos principais mais os raios ramificados.

Figura 6: Esquema das medidas em Squaliforma (vista lateral, vista dorsal e vista ventral,

3.3. Análise estatística

Para os caracteres morfológicos foram utilizados descritores estatísticos básicos: média (para para as proporções corporais), moda (para as merísticas), desvio padrão, valores mínimo e máximo. A partir dos dados brutos foram calculados proporções corporais expressas em porcentagens do comprimento padrão ou comprimento da cabeça (Oyakawa et al., 2005). O comprimento padrão foi expresso em milímetros (mm).

Os dados morfométricos foram analisados estatisticamente através do software livre PAST versão 2.14 (Hammer & Harper, 2004). Os dados foram normalizados e transformados pelo seu logaritmo natural, de acordo com o protocolo estabelecido por Reis et al. (1990). Posteriormente, os dados foram submetidos a uma Análise de Variância Multivariada (MANOVA) objetivando testar diferenças significativas entre os grupos. A Análise de Variáveis Canônicas (ACV) independente do tamanho foi utilizada para avaliar graficamente o agrupamento dos exemplares estudados, com base nos dois eixos que explicam a maior parte da variância dos dados (Reis et al., 1990).

Alguns caracteres foram excluídos da MANOVA, uma vez que certas estruturas (como por exemplo: raio da nadadeira dorsal, raios dos lobos superior e inferior da nadadeira caudal) encontravam-se danificadas.

4. RESULTADOS 4.1. Material analisado

Foram analisados 547 exemplares de Squaliforma do grupo emarginata da Amazônia brasileira. Através dos caracteres morfológicos, merísticos e principalmente através do padrão de coloração, foram identificados nove morfotipos, sendo que quatro representam a espécies válidas e cinco constituem novos táxons, a saber: Squaliforma sp. n. “Aripuanã” (15 exemplares), Squaliforma sp. n. “Roraima” (65 exemplares),

Squaliforma sp. n. “Tapajós” (124 exemplares), Squaliforma sp. n. “Tocantins” (102

exemplares) e Squaliforma sp. n. “Xingu” (48 exemplares).

Foi possível reconhecer representantes das espécies Squaliforma annae, S.

emarginata, S. horrida e S. squalina. Esta identificação foi realizada através de

comparação com imagens dos holótipos, bem como através das descrições originais. No presente trabalho quatro espécies (Squaliforma scopularia, S. biseriata, S.

phrixosoma e S. virescens) foram sinonimizadas com Squaliforma emarginata, por

apresentarem características morfométricas, merísticas e coloração muito semelhantes, o que as tornam indiferenciáveis de S. emarginata. Ademais, tanto S. biseriata como S.

phrixosoma foram escritas com base em exemplares jovens. As espécies

sinonimizadas, aparentemente, só são conhecidas pelas suas descrições originais, não tendo sido registradas posteriormente na literatura.

4.2. Análise multivariada

As espécies deste grupo são muito semelhantes morfologicamente entre si. Através da Análise de Variância Multivariada (MANOVA), no entanto, foi possível observar o agrupamento de cada espécie válida utilizando os dados morfométricos (Figura 7). Todavia, algumas espécies, como foi o caso de Squaliforma emarginata e

Squaliforma horrida, ficaram muito próximas no gráfico, indicando morfometricamente

que são muito semelhantes, apesar da existência de alguns caracteres distintos entre as mesmas, Devido ao grande número de exemplares analisados, os gráficos da análise MANOVA foram separados por grupos para melhor visualização.

-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7 Axis 1 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 A xi s 2

Figura 7: Agrupamento de algumas das espécies reconhecidas de Squaliforma da bacia

Amazônica obtida através da Análise de Variáveis Canônicas.    Squaliforma annae x Squaliforma emarginata + Squaliforma horrida  Squaliforma phrixosoma     Squaliforma squalina

Para as espécies novas também foi possível observar o agrupamento quando comparados com Squaliforma emarginata, que é a espécie mais bem distribuída no gênero. Para melhor visualização, os agrupamentos das novas espécies foram divididos em três exemplos gráficos: o primeiro mostra o agrupamento de Squaliforma

emarginata com as novas espécies do rio Branco, Estado de Roraima e rio Aripuanã,

drenagem do rio Madeira, que abrange o Estado do Amazonas e Mato Grosso (Figura 8). O segundo agrupamento mostra Squaliforma annae e as novas espécies do rio Tapajós e Tocantins, ambos no Estado do Pará (Figura 9). E o terceiro e último agrupamento mostra Squaliforma annae, Squaliforma emarginata e Squaliforma sp. n. “Xingu” (Figura 10). -6 -4.8 -3.6 -2.4 -1.2 1.2 2.4 3.6 4.8 Axis 1 -6 -4.8 -3.6 -2.4 -1.2 1.2 2.4 3.6 A xi s 2

Figura 8: Agrupamento das espécies novas do rio Branco, Estado de Roraima e rio Aripuanã,

Estado do Amazonas e Mato Grosso em comparação com Squaliforma emarginata obtido através da Análise de Variáveis Canônicas.

x Squaliforma emarginata  Squaliforma sp. n. “Roraima” + Squaliforma sp. n. “Aripuanã”

-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 Axis 1 -6 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 A xi s 2

Figura 9: Agrupamento das espécies novas do rio Tapajós e rio Tocantins em comparação com

Squaliforma annae obtido através da Análise de Variáveis Canônicas.  Squaliforma annae

 Squaliforma sp. n. “Tapajós”  Squaliforma sp. n. “Tocantins”

-6 -4.8 -3.6 -2.4 -1.2 1.2 2.4 3.6 4.8 Axis 1 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 A xi s 2

Figura 10: Agrupamento da espécie nova do rio Xingu em comparação com Squaliforma annae

e Squaliforma emarginata obtido através da Análise de Variáveis Canônicas.

 Squaliforma annae

x Squaliforma emarginata

4.3. Taxonomia

Squaliforma Isbrücker & Michels, 2001

Squaliforma Isbrücker & Michels, 2001: 22. Espécie-tipo: Hypostomus horridus Kner,

1854. Gênero: masculino.

Diagnose: Squaliforma pode ser facilmente diferenciado dos demais gêneros da tribo Hypostomini, exceto de Isorineloricaria, pelo longo pedúnculo caudal (vs. pedúnculo curto). Squaliforma difere de Isorineloricaria pelo menor número de placas na linha lateral (27 a 29 vs. 30 a 32); pela presença de placas que margeiam o supraoccipital (vs. placas ausentes); pela ausência de elevação posterior da órbita (vs. presença); pelo menor número de placas do pedúnculo caudal (14 vs. 17). Squaliforma difere de

Aphanotorulus pela presença de uma papila bucal (vs. numerosas papilas); pelo

hipobranquial e basibranquial curtos (vs. extremamente alongados). Squaliforma difere de Hypostomus pela nadadeira peitoral curta, alcançando apenas a inserção da nadadeira pélvica (vs. nadadeira peitoral ultrapassando a inserção da nadadeira pélvica); pelo maior número de vértebras (33 vs. 30); pela presença de papila bucal alongada (vs. pequena ou ausente); e pelo maior número de placas do pedúnculo caudal (14 vs. 12).

Distribuição geográfica: As espécies do gênero estão distribuídas na América do Sul, podendo ser encontrada no Brasil (calha do rio Solimões-Amazonas e tributários), na Colômbia (rio Magdalena), Guiana (rio Essequibo), Peru (rio Ucayali), Suriname (rio

Suriname) e Venezuela (rios Orinoco e Apure). Entretanto, as espécies do gênero incluídas neste estudo são provenientes apenas de tributários da Bacia Amazônica brasileira, ocorrendo nos rios Purus, Solimões-Amazonas, Madeira, Xingu, Tapajós, Branco, Tocatins-Araguaia e tributários.

Comentários: Isbrücker & Michels (2001) propuseram o gênero Squaliforma com base em duas características: o pedúnculo caudal alongado e extremidade dos raios da nadadeira dorsal não alcançando a nadadeira adiposa (vs. raios da nadadeira dorsal alcançam a nadadeira adiposa em Hypostomus).

Atualmente, muitos autores consideram o gênero Squaliforma como um gênero válido (Nelson, 2006; Ferraris, 2007; Soares et al, 2008; Mérona et al., 2010; Bueno et

al., 2012; Hernan et al., 2012; Froese & Pauly, 2012). Artoni & Bertollo (2001)

corroboraram Isbrücker & Michels (2001) quando realizaram análises citogenéticas em

Hypostomus emarginatus (nome científico da espécie na época) que apresentou um

menor número diplóide (2n=52 vs. 2n=54-80 para as demais espécies de Hypostomus), e sugeriram manter Squaliforma com um gênero válido.

Weber (2003), Carvalho & Bockmann (2007) e Ferraris (2007) utilizaram o gênero Squaliforma para as espécies do grupo Hypostomus emarginatus, exceto

Aphanotorulus e Isorineloricaria, agrupando assim as espécies que antes eram

identificadas como Hypostoma squalina (atualmente Squaliforma squalina),

Hypostomus emarginatus (atualmente Squaliforma emarginata), H. horridus (atualmente S. horrida), Plecostomus annae (atualmente S. annae), P. biseriatus (atualmente S. biseriata), P. phrixosoma (atualmente S. phrixosoma), P. scopularius (atualmente S.

scopularia) e P. virescens (atualmente S. virescens). Todas as espécies mencionadas

possuem o pedúnculo caudal alongado.

Para Armbruster (2004), Aphanotorulus, Hypostomus (Squaliforma) e

Isorineloricaria formam um grupo monofilético, sendo Isorineloricaria (gênero

monotípico) o táxon mais basal. Entretanto, Isorineloricaria apresenta algumas sinapomorfias em relação à Squaliforma como maior número de infraorbitais (7-10 vs. 5-6), contato posterior com o metapterigóide separado da margem posterior do etmóide lateral (vs. em contato com a margem posterior). Outras sinapomorfias levantadas por Armbruster (2004) como papila central grande e odontódios hipertrofiados em machos no período de reprodução ocorrem tanto em Isorineloricaria como em Squaliforma.

Isorineloricaria spinosissima apresenta distribuição trans-andina, com registros apenas

para o oeste do Equador, nos rios Vinces (drenagem do rio Guayas) e Peripa (Boulenger, 1898).

Algumas espécies de Squaliforma são apreciadas no mercado de peixes ornamentais, entretanto, ainda existe a dificuldade na identificação correta das espécies. Existem também diversas referências que citam as espécies de Squaliforma como ornamentais (e.g. Sanchéz et al, 2006; Prang, 2007; Hercos et al, 2009), demonstrando sua importância econômica.

Atualmente, Squaliforma emarginata está presente na lista de espécies permitidas para fins comerciais através da Instrução Normativa No 1 de 3 de janeiro de

2012 (MPA, 2012). Dentro da codificação internacional de loricarídeos ornamentais, codigo “L-Number” (da Sociedade Internacional de Pesquisadores especialistas na família Loricariidae), Squaliforma emarginata possui quatro códigos: L011 (rio Xingu,

Pará, Brasil), L035 (rio Tocatins-Araguaia, Pará e Mato Grosso, Brasil), L108 (alto rio Napo, Equador) e L116 (rio Trombetas, Pará, Brasil) (disponível em: http://www.planetcatfish.com).

Portanto, no presente trabalho são considerados válidos os gêneros

Aphanotorulus (com duas espécies válidas), Isorineloricaria (gênero monotípico, trans-

andino) e Squaliforma (com quatro espécies válidas e cinco novas). Estas conclusões são seguidas segundo Armbruster (2004), em que considera os três gêneros como distintos entre si.

Squaliforma horrida (Kner, 1854)

Figuras 11 e 12, Tabela 2

Hypostomus horridus Kner, 1854: 9. Localidade-tipo: América do Sul, Rio Guaporé,

Bacia do rio Madeira, Rondônia, Brasil. Holótipo: NMW 16325.

Material examinado:

Síntipo: NMW 16325 355 mm CP, Forte do Príncipe da Beira, Rio Guaporé, Bacia do rio Madeira, Rondônia, Brasil. Imagem do holótipo disponibilizada no site do All Catfish Species Inventory (http://silurus.acnatsci.org/).

Não tipo. Brasil: Rondônia: INPA 31838 (4) 252,5-283,5 mm CP, Rio Guaporé, Surpresa, Guajará-Mirim, Drenagem Madeira, 10° 48’ 22’’S 065° 23’ 04’’W, Santos, G.M., 21/09/1985.

Diagnose: Squaliforma horrida difere de seus congêneres, exceto de S. annae, S.

emarginata e S. squalina por possuir a nadadeira caudal com manchas pequenas de

cor marrom e sem mancha uniforme no lobo inferior da nadadeira caudal (vs. manchas pequenas presentes, mas com mancha uniforme de cor marrom, preto ou vermelho no lobo inferior da nadadeira caudal). S. horrida difere de seus congêneres, exceto de

Squaliforma sp. n. “Roraima” e S. sp. n. “Tocantins” por possui 5 placas que margeiam

o supraoccipital (vs. 2 a 3 placas). S. horrida difere de todos seus congêneres pela maior proporção do pedúnculo caudal em relação ao comprimento padrão (38,5 vs. 35,3%). Squaliforma horrida difere de S. emarginata pelo padrão das manchas no corpo por serem menos conspícuas (vs. mais conspícuas e alongadas). Difere ainda de S.

menor comprimento da cabeça (26,4-27,9 vs. 30,2-37,8%), menor comprimento do focinho (16,5-17,0 vs. 18,2-20,8%), menor largura cleitral (22,6-24,5 vs. 26,9-31,3%), menor comprimento do espinho da nadadeira peitoral (20,7-21,8 vs. 24,4-28,2%) e pelo menor comprimento do espinho da nadadeira pélvica (17,3-19,4 vs. 20,8-27,3%). Menores proporções em relação ao comprimento da cabeça: pela menor diâmetro orbital (12,5-14,4 vs. 16,6-24,0%); menor distância interorbital (39,5-41,7 vs. 43,0- 50,5%) e menor proporção na largura do lábio (37,6-39,2 vs. 41,1-46,3%). Difere de seus congêneres, exceto de S. squalina por apresentar menor comprimento pré-dorsal (32,3-34,7 vs. 38,1-46,5% do CP). Difere de S. annae pelo menor número de placas entre a nadadeira dorsal e a nadadeira adiposa (8 vs. 10). Difere de seus congêneres, exceto de S. annae, S. sp. n. “vermelha” e S. sp. n. “Tapajós” pelo menor número de dentes do pré-maxilar (22-26 vs. 32-65) e dentário (24-26 vs. 30-63). Difere também de

S. annae, S. sp. n. “Aripuanã”, S. sp. n. “Tapajós” e S. sp.n. “Xingu” pela menor

proporção do comprimento do pré-maxilar (10,2-13,8 vs. 14,2-18,2%) e dentário (10,9- 11,4 vs. 12,7-16,3) em relação ao comprimento da cabeça.

Descrição: Dados morfométricos apresentados na Tabela 2. Espécie de médio porte com aproximadamente 300 mm CP. Corpo longo, arredondado e moderadamente deprimido em vista transversal. Corpo quase sem carenas, porém com quilha na 4ª fileira de placas da série lateral (médio-ventral) que se estende do opérculo até base da nadadeira caudal. Corpo mais largo anteriormente às nadadeiras peitorais. Região ventral coberta por pequenas placas de tamanho uniforme, desde o lábio posterior até região do ânus. Presença de placa localizada anteriormente à nadadeira anal. Três placas pré-dorsais, sendo a primeira mais larga que as demais. Oito placas entre a

nadadeira dorsal e adiposa. Oito placas na base da nadadeira dorsal. Linha lateral com 28 placas localizadas na 4ª fileira da série lateral, chamada de média-ventral.

Cabeça deprimida, aproximadamente triangular em vista dorsal (Figura 12). Ponta do focinho arredondada com pequenos odontódios em vista ventral. Parte superior da cabeça completamente coberta por placas, com exceção de uma pequena área nua localizada no meio da ponta do focinho. Barbilhões longos, ultrapassando linha do lábio inferior. Papila bucal grande, obtusa e arredondada localizada imediatamente atrás da pré-maxila, coberta por pequenas papilas. Órbita pouco elevada, margeada por pequenos odontódios; espaço interorbital reto. Supraoccipital elevado, em forma de crista, quase alcançando a altura da base da nadadeira dorsal. Supraoccipital limitado lateralmente por cinco placas pequenas, irregulares, quase fusionadas, dispostas em cacho (“cacho de uva”). Em indivíduos adultos, supraoccipital bastante obtuso, com odontódios direcionados posteriormente e bastante desenvolvidos. Boca ampla, lábio superior arredondado em vista ventral, com franjas carnosas na extremidade. Lábio inferior arredondado, coberto por papilas redondas espaçadas entre si.

Dentes relativamente longos, em forma de “Z” em vista lateral, lado esquerdo, compostos por base larga, de espessura curva para trás e coberto pelo epitélio da mandíbula, com eixo fino, côncavo e mediano com a haste superior mais espessa, possuindo coroa bicuspidada com cúspide externa de extremidade arredondada de tamanho duas vezes maior do que cúspide interna, que possui extremidade pontiaguda. Dentes hialinos nos eixos inferior, mediano e superior e coroa de cor amarela. Pré- maxila com 22-26 dentes (moda=25, n=4), dentário com 24-26 dentes (moda=24, n=4).

Nadadeira dorsal inserida na vertical que passa pela metade da nadadeira peitoral adpressa ao corpo; dorsal com II,7 raios, sendo os raios ramificados decrescentes em tamanho desde o primeiro até o último raio. Primeiro raio da nadadeira dorsal indiviso, reto e mais longo do que os ramificados. Cada raio ramificado com duas bifurcações subsequentes. Nadadeira peitoral com I,6 raios, atingindo a inserção da nadadeira pélvica e raios ramificados decrescendo de tamanho. Nadadeira pélvica com i,5 raios, atingindo a inserção da nadadeira anal e inserida na vertical que passa pela metade base da nadadeira dorsal. Nadadeira anal com i,4 raios. Raio não ramificado da nadadeira anal de mesmo tamanho que os raios ramificados (i,4 raios). Nadadeira caudal furcada com i,14,i raios. Raio do lobo inferior da nadadeira caudal mais longo que superior. Todos os raios não ramificados e ramificados possuem pequenos odontódios. Cinco raios procurrentes na região superior e cinco na região inferior do pedúnculo caudal.

Coloração em álcool: Corpo claro com manchas escuras alongadas elipsóides, presentes em toda a superfície dorsal do corpo. Em vista ventral, sem manchas, coloração marrom claro uniforme. Nadadeiras dorsal, peitoral, pélvica, anal e caudal com pequenas manchas escuras nos raios indivisos e membranas interrradiais. Membranas interradiais com manchas escuras alongadas, formando pequenas listras transversais nadadeiras. Espinho da nadadeira dorsal com 12-14 manchas, raios ramificados com 9-10 manchas dispostas nos dois lados de cada raio. Nadadeiras peitoral e pélvica com manchas formando pequenas faixas transversais, desde o espinho até o último raio ramificado. Espinho da nadadeira peitoral com 10 manchas. Presença de manchas em todas as placas da série lateral, exceto na 4ª e 5ª fileiras.

Face dorsal do lábio superior coberto por pequenas manchas escuras redondas e a franja sem manchas (Figura 12).

Nota ecológica: Exemplares de Squaliforma horrida foram coletados com redes de

espera (malhadeiras) em área alagada, sem praia, próximo a barrancos (Geraldo Santos, com. pess.).

Distribuição geográfica: A espécie é conhecida somente para o rio Guaporé, Rondônia, Brasil (Figura 13).

Comentários: Squaliforma horrida foi descrita inicialmente como Hypostomus horridus Kner, 1854 e segundo a descrição original se tratava da espécie mais alongada dentre os Hypostomus, com comprimento da cabeça contido cinco vezes no comprimento total.

Squaliforma horrida apresenta coloração semelhante à S. emarginata, entretanto, com

manchas menos conspícuas e mais espaçadas. As manchas não se unem na cabeça formando um mosaico como ocorre em S. emarginata. Por outro lado, S. horrida é a única espécie do gênero a apresentar manchas escuras alongadas nas nadadeiras, formando pequenas listras, particularmente conspícuas na nadadeira dorsal.

Regan (1904) sinonimizou Hypostomus horridus em Plecostomus emarginatus (atualmente Squaliforma emarginata), por apresentar as seguintes características: 28- 30 placas na série longitudinal, placas da 4a série fortemente angulada e superfície ventral do pedúnculo caudal plana.

Figura 11: Síntipo de Squaliforma horrida, NMW 16325, 355 mm CP (Localidade-tipo: Forte do

Príncipe da Beira, Rio Guaporé, bacia do rio Madeira, Rondônia, Brasil) em vista lateral, dorsal e ventral, respectivamente. Foto: Mark Sabaj-Pérez.

Figura 12: Exemplar de Squaliforma horrida, INPA 31838, 252,5 mm CP, Rio Guaporé,

Surpresa, Drenagem rio Madeira, Guajará-Mirim, Rondônia, Brasil, em vistas lateral, dorsal e ventral. Foto: Renildo de Oliveira.

Figura 13:Região norte da América do Sul ilustrando local e dado de coleta de exemplares de Squaliforma horrida examinados. Estrela amarela representa a localidade-tipo. O círculo vermelho representa mais de um exemplar no lote.

Tabela 2: Dados morfométricos e merísticos dos exemplares analisados de Squaliforma

horrida.

Medidas N Amp. de variação

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