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4 REVISÃO DE LITERATURA

4.5 Parâmetros para avaliação de semeadoras-adubadoras na semeadura direta

4.5.4 Danificação de sementes

De acordo com Marcos Filho et al. (1987), a germinação é definida como a emergência e o desenvolvimento das estruturas essenciais do embrião, manifestando sua capacidade para dar origem a uma plântula normal sob condições ambientais favoráveis. O

teste de germinação tem como objetivo a obtenção de informações que permitam determinar o vigor das sementes para a semeadura e a comparação do vigor de diferentes lotes.

Testes de vigor são utilizados para predizer com precisão o percentual de emergência de plântulas em campo, visto que o teste de germinação é realizado sob condições ótimas, artificiais e padronizadas, ocasionando uma possível superestimativa do potencial fisiológico das sementes. O vigor é o reflexo das características que determinam o potencial das sementes para emergência rápida e uniforme de plântulas, sob uma diversidade de condições ambientais. É portanto, de fundamental importância conduzir mais de um teste de vigor, para indicar com precisão o potencial de desenvolvimento das sementes. Os comitês de vigor de sementes da International Seed Testing Association - ISTA e da Association of Official Seed Analysts – AOSA, apresentaram em comum os seguintes testes mais convenientes para avaliação de vigor: classificação do vigor de plântulas, taxa de crescimento de plântulas, envelhecimento acelerado, teste de frio, teste de tetrazólio e condutividade elétrica (Marcos Filho, 1999).

De acordo com Nakagawa (1999), é possível avaliar o crescimento de plântulas, determinando-se seu comprimento ou mensurando-se o peso da matéria seca do eixo embrionário da plântula. Segundo o autor, ambas as determinações tornam o teste de fácil execução e reprodutibilidade, pois são medidas de grandeza física e não dependem de subjetividade do analista de sementes. O autor ressaltou que amostras que apresentam maiores valores médios de comprimento de plântulas normais, são mais vigorosas.

Para Vieira & Krzyzanowski (1999), o teste de condutividade elétrica baseia-se na quantidade de lixiviados liberados pela semente para a solução de embebição, devido ao grau de deterioração ou dano que ela apresenta, interferindo assim sobre seu vigor. Os autores ressaltaram que um dos fatores que afetam os resultados de condutividade elétrica são os danos mecânicos e, que em estudos realizados por outros pesquisadores, verificou-se que a presença de poucas sementes mecanicamente danificadas em uma amostra, aumentou significativamente a condutividade em relação à amostra com sementes sem danos ou injúrias.

Conforme Barros et al. (1999), o teste de frio é largamente utilizado para análise de vigor de sementes de milho, possuindo o princípio básico de expor as sementes a fatores adversos de baixa temperatura e alta umidade do substrato, e, nessas condições a capacidade da semente germinar pode ser afetada pela herança genética, presença de danos

mecânicos, tratamento utilizado e condições fisiológicas da semente.

Em relação aos danos mecânicos ocasionados nas sementes pelos mecanismos dosadores de semeadoras, a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1994), descreve que a danificação total das sementes pode ser subdividida em danificação física (constituída de danos visíveis) e fisiológica (não visíveis), sendo que a identificação e quantificação exigem o emprego de métodos laboratoriais.

Para identificar injúrias mecânicas nas sementes, Dias & Barros, (1995), descreveram dois testes: o verde rápido e a coloração com tintura de iodo. Em ambos os testes as sementes são colocadas em contato com solução de “fast green FCF” e iodo respectivamente, e, as injúrias são identificadas pelas colorações (verde e azul) na região danificada.

Oliveira et al. (1998), desenvolveram um estudo para avaliar a eficiência da utilização dos corantes “amaranth”, “fast green” e iodo, na detecção de danos mecânicos em sementes de milho colhidas manual e mecanicamente. Os autores concluíram que todos os corantes usados foram capazes de detectar com eficiência os danos mecânicos.

Butierres (1980), não observou influência da velocidade de semeadura sobre o poder germinativo de sementes de soja. Por outro lado, verificou que o abastecimento dos reservatórios de sementes à sua capacidade máxima, reduziu o poder germinativo das mesmas.

Em ensaios conduzidos por Oliveira (1997), a qualidade das sementes não foi afetada pela velocidade de semeadura, ao passarem pelo mecanismo dosador do tipo disco horizontal perfurado, mantendo o poder germinativo e de vigor próximo aos valores obtidos para sementes que não passaram pela semeadora-adubadora. Silva et al. (2000), também não obtiveram danificações em sementes de milho quando submetidas a altas velocidades (9,0 e 11,2 km.h-1) de semeadura.

Andersson (2001), variando a velocidade de deslocamento em uma semeadora equipada com mecanismo dosador de discos horizontais perfurados, verificou que após a passagem de sementes de milho e soja pela máquina, os índices de danificação (física e fisiológica) foram inferiores a 0,5%.

Estudos realizados por Krzyzanowski et al. (1991), revelaram que os mecanismos de distribuição de sementes de soja contribuíram para o aumento do nível de dano

mecânico e conseqüentemente para a redução da qualidade. Segundo Portella (1997), quando as sementes são desuniformes e miúdas, em semeadoras de precisão, pode ocorrer que mais de uma se aloje em cada célula do mecanismo, podendo a semente maior permanecer exposta e ser danificada pelo dispositivo raspador.

Boller et al. (1991), avaliaram os percentuais de sementes quebradas e o vigor de sementes de soja quando submetidas a três mecanismos dosadores em duas velocidades de deslocamento e constataram que a percentagem de sementes quebradas e o vigor foram influenciados pelas velocidades e pelos tipos de dosadores. Estudos realizados por Justino (1998), com sementes de milho, também levaram o autor a concluir que a qualidade das sementes ao passar pela semeadora-adubadora, foi afetada pelo mecanismo dosador.

Mantovani et al. (1992), estudando nove semeadoras de milho em condições de campo, concluíram que, apesar do efeito da máquina ter sido significativo, a qualidade das sementes ficou dentro de limites aceitáveis de germinação (85%) e de vigor (75%). Kurachi et al. (1993), ensaiando em laboratório nove semeadoras-adubadoras de precisão, sendo sete equipadas com mecanismo dosador do tipo disco horizontal, uma de disco inclinado e uma pneumática pressurizada, observaram que os melhores resultados em relação à danificação mecânica foram obtidos com os mecanismos do tipo pneumático e disco inclinado.

Resultados de ensaios realizados por Bonnin Acosta (2000), revelaram que o dosador pneumático de semeadora de covas para semeadura direta, apresentou menor dano mecânico às sementes de milho, ao passo que maiores índices de danos foram obtidos para o dosador tipo colher.

Dambrós (1998), avaliou visualmente as injúrias mecânicas das sementes de milho e observou que o maior percentual de danos (8%) ocorreu para o mecanismo dosador tipo disco perfurado horizontal de ferro na velocidade de 7,6 km.h-1. Neste tratamento, o autor obteve os menores valores percentuais de germinação e vigor, os quais foram de 92,3 e 75,8%, respectivamente. O melhor desempenho para estes parâmetros foi obtido no tratamento com dosador de disco perfurado horizontal de plástico, utilizando sementes lubrificadas, obtendo-se 4,3; 95,8 e 82,3%, para dano mecânico, germinação e vigor respectivamente, sendo que estes resultados foram semelhantes aos obtidos para o tratamento com dosador pneumático na mesma velocidade. O autor observou ainda que o fator velocidade

não interferiu no percentual de germinação, vigor e danos às sementes. Por outro lado, a lubrificação com pó de grafite teve efeito significativo sobre o vigor e reduziu os danos causados às sementes.

Reis & Alonço (2001), pesquisaram 13 trabalhos científicos conduzidos no Brasil, para avaliar a precisão de semeadoras e de mecanismos dosadores de sementes (disco horizontal, disco inclinado, rotor vertical, dedos prensores e pneumático), através da regularidade de distribuição longitudinal e danificação de sementes. Os autores concluíram que: os dosadores pneumáticos e de dedos prensores apresentaram melhor desempenho em relação aos demais mecanismos, pois o desempenho destes foi limitado pelo alto índice de espaçamentos múltiplos e falhos; que os danos mecânicos causados às sementes foram menores nos mecanismos dosadores pneumáticos, com valores inferiores a 1,8%, enquanto nos demais tipos de mecanismos dosadores, atingiram valores de 4,3% de danos às sementes.

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