• Nenhum resultado encontrado

Das ações de medicamentos

!

Judiciário, titulares do direito à alimentação, buscando de forma incisiva a sua efetivação, que não é mais somente garantia infraconstitucional, mas também como sabemos está expressamente previsto em nossa “Lei Maior”.

!

que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Conforme vimos, o próprio legislador constituinte, expressamente menciona que a saúde é “dever” do Estado. Sendo dever do Estado, do outro lado eu tenho o direito do cidadão que pode exigi-lo, e assim o faz principalmente por meio do mandado de segurança, ferramenta constitucional que busca efetivar direito líquido e certo.

Ousamos até aqui, nas considerações finais do trabalho, salientar que as regras aplicadas ao mandado de segurança, com suas devidas peculiaridades, podem também ser aplicadas aqui para o direito à alimentação, efetivado também por via do mandado de segurança.

A jurisprudência conforme consta no corpo do trabalho, encara as ações de medicamentos de forma séria, fazendo assim valer realmente o direito do cidadão, retirando-o do campo do abstrativismo positivista, e o concretizando com punhos firmes.

É dessa forma que também queremos que o direito à alimentação também se concretize, se efetive, por meio do writ, proporcionando aos indivíduos a concretização de um direito, que muitas das vezes se encontra somente no texto normativo.

!

10 CONCLUSÃO

O direito do homem em se alimentar como já dito, se reveste da categoria de fundamental à própria existência humana. Não podemos ficar de braços cruzados vendo o nosso semelhante passar fome.

Os dados da Organização das Nações Unidas por meio da sua agência chamada FAO apontam que no mundo ainda existem aproximadamente 925 milhões de pessoas que não se alimentam de forma suficiente, não sendo assim consideradas em estado de saúde regular43. Dentre essas pessoas, um terço das crianças correspondentes morrem pela desnutrição do organismo44. Diante dessa realidade, sabemos que a sociedade justa é o que sempre se esperou, mas ainda não chegou. O direito à vida envolve o direito de permanecer vivo. Por isso, o direito à alimentação é um direito preferencial, pois para gozo de outros direitos é preciso estar vivo. Isso envolve a dignidade da pessoa humana, ou seja, viver dentro de um padrão de condições mínimas para o desenvolvimento perfeito e saudável da espécie humana.

Nutrir o ser humano dando condições de vida é um dever do Estado e um direito natural do indivíduo, que independe de positivação para ser assegurado, embora no Brasil exista a previsão na Lei Maior. Obviamente que após todo o período negro da história o homem passou a ver a necessidade de codificar as prioridades e interesses do Estado. A lei escrita é uma forma de todos lembrarem que o direito primário existe. Essa positivação possui o condão de evitar que o direito seja violado ou ameaçado de violação.

O Estado Democrático e Social de Direito que nasce no México e na Alemanha busca assegurar os chamados direitos sociais, a fim de que o ser humano possa viver melhor e gozando de seus direitos plenamente, sem nenhum tipo de intervenção que possa restringi-lo ou violá-lo, seja por parte do órgão estatal, ou muito menos por ato do particular. A dignidade do ser humano é colocada como ponto máximo do Estado Democrático, que busca colocar o homem como sujeito central do objeto do direito.

Nesse sentido, o que se busca é um aperfeiçoamento do tema e principalmente a conscientização de sua importância para a humanidade. Se há o direito de viver, há também

43 Informação disponível em: < http://www.adital.com.br/SITE/noticia_imp.asp?lang=PT&img=N&cod=71325>

. Acesso em 11 de mai. de 2012.

44 Informação disponível em: <http://m.estadao.com.br/noticias/geral,desnutricao-afeta-crescimento-de-195-milhoes-de-criancas,464923.htm >. Acesso em 11 de mai. de 2012.

!

o direito de poder manter a vida. Se o Estado se preocupa com a vida, é preciso também se preocupar com a sua essência, seus pilares que permitem que a mesma exista.

O direito à alimentação como um direito social positivado em nossa “Lei Maior” deve ser efetivado com suma prioridade, pois todos os demais direitos derivam da vida, que só pode ser mantida através da alimentação regular. É imprescindível atualmente que as autoridades olhem para os seus semelhantes que vivem um mal injusto, grave e repugnante, que não afeta somente o homem individualizado, mas todos ao seu redor, até mesmo o seu país.

A falta de alimentação adequada coloca o homem numa situação de humilhação, de renegação da própria existência, ou seja, nem mesmo o direito de permanecer vivo lhe é garantido. Devemos, entretanto, fixar os olhos nas necessidades de milhões de homens e mulheres assombrados pela fome e pela má nutrição de seus corpos.

O presente trabalho se preocupou assim em mostrar ao leitor mecanismos de defesa desse direito aqui em nosso país. O constituinte bem fez em disponibilizar ao homem ferramentas de âmbito constitucional para fazer valer as letras frias da constituição. É através principalmente do mandado de segurança, que o homem comprovando sua liquidez e certeza, pleiteia do Estado, o direito de manter sua vida, através de uma alimentação adequada.

Portanto, sem buscar exaurir toda a repercussão sobre o tema, devemos relembrar o leitor que a inversão de valores na sociedade não pode ser aceita como normal. O homem tem que estar no centro do direito. É preciso um ordenamento jurídico do “ser” e não do “ter”. As políticas públicas devem estar voltadas ao homem médio, analisando assim a realidade brasileira, e não colocar uma máscara como se tudo estivesse pronto e nada precisasse ser feito. Muito mais do que a consciência é necessário à ação dos responsáveis pelo Estado, e a colaboração dos órgãos estatais constituídos para este fim. Não se pode esperar que somente outro realize a sua obrigação, é preciso que nós cumpramos o nosso dever para motivar o outro também a fazê-la. E nesse trajeto o homem possa esperar na estação, chegar a tão sonhada sociedade justa; ainda que só venha parte dela, mas que pelo menos venha.

!!

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Gregório Assagra de. Mandado de segurança: introdução e comentários à Lei 12.016, de 7-8-2009. São Paulo: Saraiva, 2011.

ARAÚJO, Luiz Alberto David. NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito Constitucional. 9. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005.

________. Curso de Direito Constitucional. 10.ed. São Paulo: Método, 2008.

BOBBIO, Noberto. A era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal, código civil, código de processo civil, código comercial, legislação civil, processual civil e empresarial. 13. ed., rev., ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

BRASIL. Legislação de Direito Internacional. São Paulo: Saraiva, 2008.

BORGES, Leonardo Estrela. O direito internacional humanitário. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.

CANOTILHO, J. J. Gomes. Constituição dirigente e vinculação do legislador: contributo para a compreensão das normas constitucionais programáticas. Coimbra: Coimbra Ed., 1994.

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 7. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010.

DECOMAIN, Pedro Roberto. Mandado de segurança. São Paulo: Dialética, 2009.

DIMITRI, Dimoulis; e MARTINS, Leonardo. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. 2.

tir. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

!

FACHIN, Zulmar. Curso de Direito Constitucional. 3. ed. São Paulo: Método, 2008.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. 7. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005.

FILHO, Jose dos Santos Carvalho. Manual de direito administrativo. 19.ed. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2008.

FILHO, Napoleão Nunes Filho. Comentários à nova Lei do mandado de segurança. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

MARTINS, Ives Gandra da Silva. Direito Fundamental à Vida. São Paulo: Quartier Latin/

Centro de Extensão Universitária, 2005.

MARTINS NETO, João dos Passos. Direitos fundamentais: conceito, função e tipos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.

MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança: Atualização de Arnold Wald e Gilmar Ferreira Mendes. 30.ed. São Paulo: Malheiros, 2007.

___________,. Mandado de segurança: Atualização de Arnold Wald e Gilmar Ferreira Mendes. 31.ed. São Paulo: Malheiros, 2008.

MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 20.ed. São Paulo:

Malheiros, 2008.

NUNES, Junior Vidal Serrano, Marcelo Sciorilli. Mandado de segurança: ação civil pública, ação popular, habeas data, mandado de injunção. 2.ed. São Paulo: Verbatim, 2010.

PEREIRA, Jane Reis Gonçalves. Interpretação Constitucional e Direitos Fundamentais.

Rio de Janeiro: Renovar, 2006.

PEREIRA, Tânia da Silva, Vida, morte e dignidade humana. Rio de Janeiro: GZ, 2010.