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4ª SECRETARIA DO CÍVEL DE MARINGÁ PROJUD

DAS PROVAS

1. Ab initio, é importante ressaltar a espécie de relação jurídica material levada a apreciação desse respeitável juízo para os devidos fins de demonstrar a real conveniência e necessidade dos meios probatórios a serem realizados para justa composição do litígio.

2. Conforme resta indiscutível nos autos, trata-se de demanda judicial envolvendo matéria de natureza econômico-financeira cuja verossimilhança das alegações exige conhecimentos específicos externos a ciência do direito. O que, por conseguinte, exige a intervenção de profissional habilitado para execução de prova técnica nos autos.

3. Justificando, portanto, a produção de perícia técnica-financeira

para a elucidação das matérias de fato suscitadas na petição pela Requerente.

4. Dentre outros, Excelência, são discutidas nos autos as seguintes matérias:

a) Cobrança abusiva de juros com aplicação de taxa flutuante unilateralmente definida acima da taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil (BCB);

b) Formação indevida do título exequendo; c) Capitalização mensal de juros;

d) Cobrança de tarifas não contratadas;

e) Cobrança de produtos e serviços não reconhecidos;

f) Empréstimos realizados para saldar saldo devedor formado sob o manto da ilegalidade; g) Etc.

5. Nestes termos, ver-se-ia que “a prova pericial se torna indispensável nos casos em que o credor apresenta o valor do débito ao devedor, mas não lhe fornece a

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planilha de cálculos que o levou a tal montante” (STJ – Terceira Turma, REsp. n.° 333.320/MG, rel. Ministra Nancy Andrighi, j. 13.11.2001).

6. Sabendo-se, ainda, que “as alegações de que foram utilizadas taxas e outros encargos em desacordo com a legislação pertinente hão de ser analisadas, e devem ser afastadas quaisquer dúvidas ou incertezas quanto ao valor real da dívida através da adequada instrução probatória” (STJ – Terceira Turma, REsp. n.° 333.320/MG, rel. Ministra Nancy Andrighi, j. 13.11.2001), isto é, se efetivamente tal dívida existe entre os Litigantes, o

que não é o caso.

7. Neste mesmo sentido, ver decisório em REsp. n.° 132.565/RS do Egrégio Superior Tribunal de Justiça (STJ), cuja transcrição segue abaixo:

“CIVIL E PROCESSUAL. ACÓRDÃO. NULIDADE. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. NOTAS DE CRÉDITO COMERCIAL. REPACTUAÇÃO POSTERIOR EM CONTRATO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. PROVA PERICIAL. INVESTIGAÇÃO DA LEGITIMIDADE DE CLÁUSULAS ANTERIORES. SEQÜÊNCIA CONTRATUAL. POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DA PERÍCIA. REEXAME. MATÉRIA DE FATO. RECURSO ESPECIAL.

I. Não se configura nulidade quando o acórdão, inobstante não descendo a todos os múltiplos aspectos suscitados pela parte, se acha corretamente fundamentado relativamente aos pontos essenciais ao deslinde da controvérsia.

II. Possível a revisão de cláusulas contratuais celebradas antes da novação por instrumento de confissão de dívida, se há uma seqüência na relação negocial e a discussão não se refere, meramente, ao acordo sobre prazos maiores ou menores, descontos, carências, taxas compatíveis e legítimas, limitado ao campo da discricionariedade das partes, mas à verificação da própria legalidade do repactuado, tornando necessária a retroação da análise do acordado desde a origem, para que seja apreciada a legitimidade do procedimento bancário durante o tempo anterior, em que por atos sucessivos foi constituída a dívida novada.

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III. Devidamente justificada pelo Tribunal a quo a imprescindibilidade da realização da prova técnica, cuja dispensa levou à anulação da sentença por cerceamento da defesa, o reexame da matéria recai no âmbito fático, vedado ao STJ, nos termos da Súmula n. 7.

IV. Recurso especial não conhecido.” (STJ – Quarta Turma, REsp. n.° 132.565/RS, rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, j. 12.09.2000).

8. Portanto, o exato delineamento das matérias de fato suscitadas na presente demanda exige indubitavelmente a produção de prova pericial, sob pena de tornar-se ineficácia da tutela jurisdicional e, por conseguinte, excluída a possibilidade de demonstração inequívoca das práticas antijurídicas realizadas pela Requerida durante a gestão do contrato de contra-corrente e abertura de crédito e cujo ativo é pleiteado perante esse r. juízo.

9. Neste sentido, incontestável se mostra a produção de prova pericial, sendo, por conseguinte, o que se pleiteia oportunamente a esse r. juízo.

10. De outro lado, especial atenção, Excelência, merece também a questão relativa ao ônus da prova, pois os contratos bancários “têm por objeto valores e, por isso mesmo, exigem a realização de certos atos que permitam a comprovação imediata da operação (Covello, op. loc. cit.)” (AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. Os contratos bancários e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. – Brasília: CJF, 2003. P. 14).

11. Neste sentido, a característica acima mencionada “deve ser vista à luz do princípio de que o direito processual atual superou o dogma probatório das cargas estáticas para inclinar-se decididamente pela aceitação da denominada teoria da carga dinâmica: a prova incumbe àquele a quem é mais fácil demonstrar o fato, ou a quem se prejudica com as presunções extraídas dos fatos” (AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. Os contratos bancários e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. – Brasília: CJF, 2003. P. 14).

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12. “Com essa observação, conclui-se que os bancos, sempre que

solicitados, devem fornecer ao juiz os elementos já registrados em sua contabilidade a respeito da relação bancária litigiosa estabelecida entre o banco e seu cliente, pois é ele, banco, quem tem melhores condições de fazer prova do negócio”. (AGUIAR JÚNIOR,

Ruy Rosado de. Os contratos bancários e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. – Brasília: CJF, 2003. P. 14).

13. Assim, necessário se faz a definição no presente momento processual das pertinentes questões sobre inversão do ônus da prova e dever da instituição financeira

apresentar documentos. Uma vez que, a verdade real da matéria de fato suscitada no

exordial, somente será possível visualizar mediante a definição dos pontos acima destacados e as respectivas provas devidamente realizadas, sob pena eventual decisão proferida não contemplar de maneira inequívoca o direito subjetivo a qual faz jus a Requerente.

14. Oportunidade também em que pleiteia a apreciação dos pedidos de correspondentes a inversão do ônus da prova e exibição de documentos constantes da exordial.

CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, Ínclito Magistrado, para a justa composição do litígio versado nos autos, mostra-se imprescindível, nessa oportunidade, a apreciação dos pedidos acima mencionados, e, ato contínuo, dada a natureza da demanda, também se faz necessário o deferimento do pedido de produção de prova pericial por importar que as questões discutidas são de fato cujo teor exigem conhecimentos externos a ciência do direito, mais precisamente de ordem econômica e financeira. Encontrando-se, portanto, demonstrado a real conveniência e necessidade dos meios de prova a serem produzidos para o deslinde da causa.

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Termos em que

Pede e aguarda deferimento.

De Maringá, 16 de dezembro de 2011.

VINÍCIUS FRANÇOZO OAB/PR N.° 41.723

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