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10h. No 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), localizado no bairro do Leblon, inicia-se a movimentação de cadeiras, pessoas e cumprimentos. O salão, com aproximadamente 30m² de tamanho, é também usado como local de refeição dos sargentos e subtenentes desta unidade policial. Nas Polícias Militares, os locais de realização das refeições possuem uma dimensão simbólica com relação às diferentes formas de hierarquização presentes nesta instituição. Fazer a reunião do conselho comunitário de segurança no refeitório dos sargentos e subtenentes (graduações intermediárias na PM) e não no refeitório dos oficiais ou, no extremo oposto da hierarquia policial militar, no “rancho” dos soldados, pode indicar a visão que os policiais militares possuem (pelo menos os desta unidade) sobre o lugar que ocupa esta atividade com a comunidade dentro do imaginário policial militar, podendo representar ora uma atividade de prestígio, ora algo menos valorizado pela instituição49.

O 23º BPM possui duas entradas e o salão onde as reuniões são realizadas localiza-se próximo à entrada da Rua Bartolomeu Mitre, na parte baixa da unidade policial. Alguns minutos antes, por volta das 09h30, os participantes da reunião começam a entrar na unidade, passando pelo corpo da guarda50, às vezes à pé, às vezes de carro51. Não há necessidade de apresentação de nenhum documento de identificação na guarda do quartel, como normalmente ocorre com qualquer pessoa ao entrar num Batalhão de Polícia Militar no Rio de Janeiro. Das diversas vezes que participei das reuniões, entrava à pé e informava aos policiais militares que lá se encontravam que seguiria para a

49 No Brasil, os principais estudos que abordam aspectos da cultura das instituições policiais estão disponíveis em

Kant de Lima (1995), em seu estudo sobre a polícia civil do Rio de Janeiro, seguido por Muniz (1999), em sua etnografia sobre a polícia militar do estado do Rio de Janeiro, em especial sobre a construção de sua identidade. Reiner (2000, em inglês; 2004, em português) no livro A Política da Polícia, aborda a questão da cultura policial em um de seus capítulos, a partir de estudos desenvolvidos sobre polícias de outros países. Estudos sobre a formação policial enfocaram aspectos sobre sua cultura, ethos, hierarquia, processos de formação e transmissão de conhecimento e podem ser consultados em Bretas & Poncioni (1999), Poncioni (2004), Sá (2002), Caruso (2004), Sirimarco (2004), Nummer (2005), Moraes, Caruso e Pinto (2010), dentre outros.

50 Nos Batalhões de Polícia Militar o corpo da guarda representa o total de policiais militares de serviço na entrada

da unidade policial, normalmente responsáveis pela entrada e saída de pessoas, materiais e equipamentos da unidade.

51 O BPM tem uma área bem grande e é permitido estacionar no interior da unidade, diferentemente de outras

113 reunião do Conselho Comunitário de Segurança (CCS), tendo meu acesso permitido quase que automaticamente. No período de realização da pesquisa, as reuniões do CCS da 23ª Área Integrada de Segurança Pública (AISP) não eram itinerantes, sendo realizadas todos os meses no mesmo local. Assim, é provável que os policiais militares do corpo da guarda tenham “aprendido” a reconhecer os seus participantes e convidados ao longo dos meses.

O fato de não ter sido pedido o documento de identificação na entrada da unidade não quer dizer que não haja alguma medida de controle e reconhecimento dos presentes na reunião. Ao contrário. No CCS da 23ª AISP, além de assinar o livro de presença do Conselho Comunitário de Segurança, onde cada pessoa presente deve colocar o seu nome, sua instituição, seu email, telefone, e contar, por diversos momentos, com os olhares curiosos das pessoas que são frequentadoras assíduas das reuniões e, não raro, com sua abordagem perguntando de onde a pessoa seria ou qual instituição representava52, há sempre um policial militar (normalmente um sargento) na porta do salão com prancheta, papel e caneta em mãos, reproduzindo educadamente duas perguntas: “Qual o seu nome? Você é da onde?”, fazendo uma espécie de lista de presença da reunião. Após a abordagem do sargento, são as secretárias do CCS que convidam os participantes a, um a um, assinarem o livro de presença do conselho. Neste, os dados pedidos são o nome, a entidade53, o telefone, e email e a assinatura do participante presente. Assim, são vários os elementos rituais acionados nos diversos momentos de identificação e reconhecimento dos participantes, os quais aparecem associados aos diferentes graus de elegibilidade definidores de quem já “é de dentro” ou quem ainda “é de fora”. Ainda que a reunião seja aberta e seu calendário divulgado no site do Instituto de Segurança Pública (ISP), foi

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Eu, particularmente, fui abordada várias vezes com a pergunta já pronta: ‘você é jornalista?’.

53 Ao observar o livro de presença, percebi que o que as pessoas registram neste campo varia bastante. Pude

observar registros que indicam o nome da instituição a qual o participante está vinculado institucionalmente ou profissionalmente (Sendas Leblon; 14ª DP; Guarda Municipal; Jornal Via; etc.), o nome da organização ou associação de bairro da qual faz parte (Marcha Cibernética pela Decência; AMALEME; AMIPANEMA; ANIMALEBLON; AMASCO; etc.); o cargo que a pessoa ocupa (assessor do vereador Carlo Caiado; assessora da vereadora Andrea Gouvêa Vieira; delegada titular da 15ª DP; síndico do edifício Soares Moreno; etc.) ou registros de “morador do Leblon”, “morador de Ipanema”, “proprietária/moradora Leblon” ou mesmo a indicação do seu endereço “Av. Ataulfo de Paiva, 610/402, Leblon”. Veremos mais adiante que todas essas formas de identificação refletem os diferentes perfis dos participantes das reuniões, visíveis no momento quando fazem uso da palavra de enunciam seu “lugar”, explicitando um tipo especifico de construção da representatividade das pessoas que frequentam as reuniões, as diferentes hierarquias ali presentes e suas formas de reconhecimento.

114 possível perceber que a maioria das pessoas presentes às reuniões se conhece (e se reconhece) e certamente passaram por estágios de elegibilidade para a entrada e permanência neste espaço que é público, ao mesmo tempo que particularizado. Ele é composto por conhecidos, vizinhos, afins, que, através da negociação ou conversão de seus interesses particulares em interesses coletivos, comuns, fazem aparecer uma “comunidade” ampliada, referenciada espacialmente (a 23ª AISP), mas sem necessariamente possuir uma fixação identitária. Os territórios morais aos quais se filiam os participantes servem, ao mesmo tempo, para seletivamente incluir e excluir, legitimando ou não o convívio e a participação num espaço que não é de desconhecidos, mas de indivíduos que se reconhecem.

Passadas as “cancelas” de identificação e reconhecimento, à medida que os participantes vão chegando, sejam as “autoridades” que serão convidadas a ocupar a mesa, sejam os moradores da região (representantes ou não de associações de bairros ou das “entidades” esperadas) iniciam-se os cumprimentos, pedidos, entregas de documentos e as conversas públicas (e particulares) entre eles. É comum neste momento que boa parte dos participantes procure quem tem o mando local da segurança ou da ordem, da “autoridade” que pode decidir, como o comandante do Batalhão, os delegados titulares presentes ou o representante da prefeitura para levar suas demandas. O assédio ou o “cerco” preliminar das “autoridades” está previsto na dinâmica da reunião, sendo parte essencial da sociabilidade política ali constituída. Segurar a “autoridade” pela mão, falar ao “pé do ouvido”, chamar para um papo rápido e reservado, entregar um documento “confidencial”, servem como uma espécie de índice de sucesso, seja para as “autoridades”, seja para os participantes que, com este contato pessoal e amistoso, reforçam mutuamente o seu prestígio. Neste cenário de gestos, cumprimentos e deferências, é a “autoridade” que “faz e acontece” que tende a ser mais abordada e cobrada. E aqueles que recebem a deferência da “autoridade”, também agregam valor ao seu prestígio e aumentam sua legitimidade. Dar atenção e verbalizar formas de consideração, sobretudo se feitos pelas “autoridades” presentes, mostra-se fundamental para qualificar e validar o espaço da reunião como um lugar de falas e escutas que circulam. Como veremos adiante, neste espaço a “autoridade” deve ser acessível, estar ao alcance dos participantes, dos olhares

115 e das cobranças de quem se faz presente. A tal da aproximação entre estado e sociedade, entre polícia e comunidade, é encenada aqui como num teste, num exercício que demonstra o quanto de autoridade uma “autoridade” pública de fato tem.

Assim, as “preliminares” da reunião são tão importantes quanto os demais momentos deste encontro, sendo fundamentais para todos os demais momentos deste ritual de participação. Trata-se de um momento que permite a sociabilidade necessária neste espaço, a fim de garantir coesões, consensos e dissensos ao longo da reunião. É o momento do “lobby”, da ambientação, onde se observam as “rodinhas”, essenciais para permitir as combinações preliminares de como ou por quem uma determinada demanda será apresentada às “autoridades” que se farão presentes. Dito em outras palavras, a reunião não começa apenas quando o presidente do conselho interrompe o aparente “bate papo” e convida as “autoridades” para compor a mesa. Começa antes, neste momento inicial de circulação da palavra através das conversas “ao pé do ouvido” e, por meio dela, da construção das adesões entre os atores. Quem chega atrasado ou acredita desavisadamente que a reunião se inicia com a abertura “oficial” do presidente perde este momento, tão fundamental quanto os demais. Perder o momento “implícito” das fofocas, conversas cruzadas, das “rodinhas”, é perder a chance de fazer composições, de receber chancelas, de enraizar-se, de “emplacar” uma sugestão ou proposta, ou seja, de “fazer política” no sentido strictu do termo. É, sobretudo, descapitalizar-se politicamente, fato que pode exigir um esforço maior de composição durante a reunião. Se, como diz o ditado, “quem chega atrasado perde o melhor da festa”, nas reuniões do conselho quem chega atrasado arrisca-se ao isolamento, a ser um indivíduo sozinho, desconhecido e não reconhecido.

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“Preliminares” da reunião do CCS da 23ª AISP realizada no mês de março de 2010. Na “plateia”, participantes se cumprimentam e conversam.

No período em que desenvolvi a pesquisa, o comando do 23º BPM passou por três oficiais. O último, curiosamente, neste momento de chegada dos participantes fazia questão de cumprimentar todos os presentes, um a um, com caloroso aperto de mão seguido da frase: “Que bom que você veio!”, valorizando a presença de cada um ali e, de certa forma, demonstrando uma estratégia de “reconhecimento” e de familiarização com os presentes.

No salão, as cadeiras (aproximadamente 60) encontram-se dispostas em fileiras, colocadas de frente para uma grande mesa retangular, local destinado para as “autoridades” presentes e para a secretária do Conselho Comunitário de Segurança redigir a ata da reunião. Logo a lado, outra mesa menor, cuidadosamente decorada com biscoitos, água, café, suco, (às vezes frutas), disponíveis para os participantes da reunião. O café e a água são fornecidos pelo Batalhão e os demais acepipes são trazidos voluntariamente por alguns dos presentes54.

54 A disposição de cadeiras foi alterada a partir do mês de junho, de modo que o ambiente ficasse mais agradável

para a realização das reuniões, com cadeiras mais confortáveis. Mesmo com a modificação, a mesa das autoridades, as cadeiras do público localizadas em frente à mesa principal e a mesa do café permaneceram presentes.

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Foto panorâmica do salão onde as reuniões são realizadas, já em novo formato. No canto esquerdo, mesa destinada à água, café e biscoitos, ao fundo a mesa de “autoridades” e à sua frente a “plateia” de participantes da reunião. Agosto, 2010.

Foto panorâmica, em outro ângulo, do salão onde as reuniões são realizadas. À direita, mesa destinada à água, café e biscoitos. À esquerda, a mesa de “autoridades” e à sua frente a “plateia” de participantes da reunião. Agosto, 2010.

Foto da reunião do CCS da 23ª AISP. Ao fundo, mesa destinada ao café, água e biscoitos. À direita, mesa das “autoridades” (com bandeira nacional estendida). Em sua lateral (esquerda) as duas secretárias do CCS, responsáveis por redigirem a ata. Na “plateia”, a comunidade presente. Janeiro, 2011.

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Foto panorâmica do salão onde as reuniões são realizadas, desta vez no formato antigo (adotado até junho de 2010). Ao fundo, mesa das “autoridades” e à sua frente a “plateia” de participantes. À direita, mesa destinada à água, café e biscoitos. Maio, 2010.

Passados de quinze a vinte minutos do horário de início da reunião, o presidente do conselho se dirige ao centro da mesa retangular e “convoca” os presentes a tomarem seus lugares para que a reunião possa ser iniciada. No CCS da 23ª AISP não são apenas os chamados membros natos (o comandante do BPM e os delegados titulares das delegacias de polícia da região) que compõem a mesa das “autoridades”. Além destes, são convidados a ocupar a mesa o comandante do Grupamento do Corpo de Bombeiros Militar da região, o responsável pela 6ª Região Administrativa da Prefeitura55 e o inspetor chefe da Guarda Municipal responsável pela 2ª Inspetoria56.

A secretária do Conselho, responsável por redigir a ata da reunião, também ocupa a mesa, lateralmente. Ela conta com a ajuda da 2ª secretária, que circula entre os presentes o livro de presença do conselho, para que seja assinado por aqueles que chegaram depois. Normalmente são os titulares dos órgãos acima mencionados que se mostram presentes nas reuniões, fator extremamente importante para o sucesso da reunião. Mas, em alguns casos, na impossibilidade dos mesmos, são enviados representantes, que ocupam a mesa e falam em nome de suas respectivas instituições.

Ainda sobre a composição da mesa das “autoridades”, no CCS da 23ª AISP é normalmente fruto da iniciativa do presidente do conselho o convite a outros participantes “especiais” para a reunião. No período de realização da pesquisa, deputados, vereadores, secretários do executivo estadual e municipal e até de

55 Apesar da 27ª RA ser a responsável pela Rocinha, bairro que faz parte da 23ª AISP, apenas o representante da

6ª RA está presente nas reuniões. A 6ª RA compreende os seguintes bairros: Gávea, Ipanema, Jardim Botânico, Lagoa, Leblon, São Conrado e Vidigal.

56 A 2ª IGM compreende os bairros do Leme, Copacabana, Lagoa, Gávea, Jardim Botânico, Ipanema, Leblon, São

119 um ex-ministro estiveram presentes às reuniões, ocupando lugar na mesa das “autoridades”. A decisão de quem e quando convidar parte normalmente do presidente do conselho. E estas presenças ilustres ao mesmo tempo em que trazem prestígio para o CCS, geram reações controversas entre os participantes.

O do Leblon, por exemplo, na reunião que vem já fui avisada que vai o Ministro Minc, entendeu? Aí a gente já sabe que vai. A última reunião que eu fui lá estava o Luis Paulo Correa. Outros deputados. O Biscaia já foi. Quer dizer, é uma região concorrida, por ser um bairro chique, são pessoas que tendem a abrilhantar as reuniões com presença de autoridades. E isso, querendo ou não querendo, dá status para a coisa. E isso até faz parte.

[Coordenadora dos Conselhos de Segurança Pública no Rio de Janeiro]

O trecho acima, fruto do relato da coordenadora dos conselhos comunitários de segurança no ISP, evidencia o papel ocupado pelas “autoridades” ou de tais participantes “especiais” que ganham o status de “autoridade” ao sentar à mesa numa reunião do conselho. Aparentemente as regras de precedência para ocupar a mesa são compartilhadas pelos presentes, mas por vezes elas (as regras) são adaptadas por intermédio do presidente do conselho, que convida ou chama à mesa determinada pessoa segundo o contexto da reunião e segundo o que se pretende discutir. Além disso, como o Leblon e a maior parte dos bairros da 23ª AISP são locais onde residem pessoas de classe média alta e onde boa parte dos vereadores, deputados e secretários de governo também moram, esta justificativa é apresentada também como forma de anunciar que sua presença nas reuniões sempre é uma possibilidade iminente.

Nós não temos aqui, nessa reunião, vocês notaram que não temos parlamentares hoje nem convidados especiais. Isso já foi preparado por mim, porque já discutimos isso na reunião anterior quando recebemos o ministro do estado, deputados, etc, etc, etc. O que é muito bom por que geralmente esses parlamentares moram na área, na região integrada, na região de segurança publica do 23º BPM que abrange da Rocinha ao Jardim Botânico. É obvio que são moradores, não só parlamentares, são moradores do Bairro. (...)

Muito bem, fato é o seguinte, hoje teremos algumas demandas importantes e por isso não fizemos esses convites, na outra virá algum parlamentar e virá alguma coisa a respeito da nossa segurança, é natural, mas não se impressionem se de repente abrirem a porta o nosso vice-governador Pezão ou o Alessandro Molon porque eles falaram: “Nós somos moradores... Talvez eu vá aparecer lá!” Quer dizer, não houve convite formal, quero que todos

120 saibam disso, nenhum convite a nenhum parlamentar hoje. Mas nada impede que eles apareçam, evidente, nada tem a ver, são moradores da área.

[Comunicado do Presidente do Conselho da 23ª AISP no início de uma das reuniões deste CCS]

Há na reunião do conselho um cerimonial partilhado entre membros da reunião, ainda que nem sempre em consenso entre os participantes. Tal protocolo normalmente é alusivo ao de uma cerimônia oficial do Estado57, cujas regras estão estabelecidas por decreto aprovado antes da Constituição Federal de 88. No entanto, foi possível perceber que no próprio conselho são praticadas novas regras de precedência, construídas segundo suas singularidades, afinidades e interesses. Trata-se assim, tanto da apropriação das regras definidas pelo Estado como de sua adaptação e “(re)invenção” segundo a realidade da qual fazem parte. Como veremos mais detalhadamente a seguir, tais regras que marcam a liturgia das reuniões são “reinventadas” no espaço do conselhos de segurança pública da 23ª AISP e conduzidas pelo presidente do conselho do início ao fim da reunião.

Eu queria passar realmente a palavra porque a população do nosso conselho tem a prioridade, e sempre teve. Hoje realmente tivemos uma reunião atípica, não é toda vez que recebemos um ministro de estado. Nós temos que entender que são eles que fazem acontecer. Nós reclamamos de um lado, mas eles têm que estar cientes para poder fazer acontecer e fazer cumprir. Como o nosso próprio ministro Minc disse: ‘a gente faz as leis, mas o problema é fazê-las cumpri- las’. Pra isso ele está aí! E agora ainda mais assumindo um cargo no nosso poder legislativo porque também está ali para fazer leis. Então nós temos que olhá-los de frente, solicitar, cobrar e pedir, porque não sou eu e nem são vocês que vão fazer as leis no Congresso ou na Câmara, são eles! Eles nos representam, então eles precisam presentes sim e falar sim! Porque, senão, não adianta reclamar depois! Nós estamos aqui para isso.

(...)

Eu queria passar rapidamente apenas para a mesa, nós ainda estamos dentro do prazo... para a população se manifestar com perguntas... para o nosso ministro e para o nosso Biscaia e para nossa polícia... nosso comandante... E deixar rápido na nossa mesa algumas palavrinhas apenas, porque hoje, a reunião é do Minc (risos) que é nosso convidado especial, então ele já se manifestou... Eu queria passar a palavra para o nosso querido dep. Federal Biscaia, que já nos ajudou tanto... em tão pouco tempo também! Em duas reuniões! Essa é uma delas!

[Presidente do Conselho de Segurança da 23ª AISP]

57 O Decreto 70.274 de 9 de maço de 1972 aprova as normas do cerimonial público e a ordem geral de precedência.

Art . 1º São aprovadas as normas do cerimonial público e a ordem geral de precedência, anexas ao presente Decreto, que se deverão observar nas solenidades oficiais realizadas na Capital da República, nos Estados, nos Territórios Federais e nas Missões diplomáticas do Brasil.

121 É o presidente do CCS que concede e, quando necessário, “cassa” a palavra dos participantes, fazendo interrupções quando julga que o “andamento” da reunião está sendo prejudicado. Este ocupa o centro da mesa das “autoridades”, local não apenas de destaque, mas que representa seu papel de moderador do encontro. Normalmente permanece sentado, mas mantêm-se de pé cada vez que faz uso da palavra. Por vezes, entre uma declaração e outra, parafraseia o comentário recém-feito, endossando ou rechaçando o conteúdo exposto. Além disso, é comum que o presidente do conselho, a partir da demanda, pedido ou reclamação feita, provoque imediatamente o titular do órgão responsável sentado à mesa, sugerindo que o mesmo dê uma resposta imediata ao pleito apresentado.

A presença de convidados “especiais” como vereadores, deputados, secretários de governo (do estado e do município) é algo recorrente nas reuniões do CCS da 23ª AISP. Como mencionado acima, seu convite normalmente parte do presidente do conselho, assim como é de sua responsabilidade a escolha de quem ocupará um lugar na mesa, a ordem e, sobretudo, o tempo de fala de cada um. Na reunião do conselho, há uma expectativa de comportamento com relação à “autoridade” presente, sobretudo quando a mesma é um participante “especial” convidado. Tal expectativa está