• Nenhum resultado encontrado

Decisão do STF do ano de 2015 sobre a legitimidade do MP para promover a

Ocorreu recentemente, uma sessão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) realizada no dia 14 de maio de 2015, no qual, o mesmo reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal e fixou os requisitos para a atuação do Ministério Público.

Esse debate surgiu ao decidirem sobre um recurso de um prefeito de Ipanema (Minas Gerais) que questionava a possibilidade de o órgão realizar apurações independentemente da polícia, o STF, por maioria de 7 votos a 4, entendeu que esse poder não contraria a Constituição.

Embora proferido num caso específico, o entendimento servirá de orientação para demais processos semelhantes que tramitam em tribunais inferiores.

Ministros deixaram claro que, assim como nas investigações da polícia, aquelas feitas pelo Ministério Público também deverão garantir à defesa acesso às provas produzidas contra o investigado e garantir a ele direito de ficar calado e assistência de advogados durante depoimentos.

O MP, no entanto, não poderá fazer alguns atos próprios da polícia esses serão somente autorizados pela Justiça, como executar mandados de busca domiciliar, fazer interceptação telefônica e conduzir coercitivamente pessoa sob investigação.

Em 2012, o relator, ministro Cezar Peluso votou no sentido de limitar a investigação do MP a casos excepcionais quando, por exemplo, policiais ou membros do MP estiverem envolvidos no delito ou quando a polícia deixar de abrir inquérito.

Ele foi acompanhado à época por Ricardo Lewandowski e, neste dia 14 de maio, também por Dias Toffoli. Também votaram a favor do poder investigatório do MP os ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello, Joaquim Barbosa, Luiz Fux e Ayres Britto. E, Rosa Weber e Cármen Lúcia aderiram a essa posição.

Marco Aurélio Mello votou contra a investigação do Ministério Publico em qualquer situação. Em seu voto, sustentou que o MP pode somente fiscalizar as diligências da polícia, exercendo o controle sobre a legalidade de suas atividades.

Legitimar a investigação por parte do titular da ação penal é inverter a ordem natural das coisas. Quem surge como responsável pelo controle não pode exercer atividade controlada. O desenho constitucional relativo ao Ministério Público na seara penal pauta-se na atividade de controle externo da polícia. Deve ser tutor das garantias constitucionais, disse Marco Aurélio (informação verbal)3.

Já Rosa Weber, por sua vez, entendeu que, a exemplo da investigação realizada por outros órgãos como em crimes, pela Receita; em crimes financeiros, pelo Banco Central; ou em crimes contra a administração realizada, pela Controladoria Geral da União (CGU) ou pelo Tribunal de Contas da União (TCU) o MP também poderia fazer as apurações em crimes comuns.

A ministra, no entanto, ressaltou que eventuais erros e abusos deverão ser corrigidos pelo Judiciário.

Reconhecer o poder de investigação do Ministério Público em nada afeta as atribuições da polícia e não representa qualquer diminuição do papel relevantíssimo por ela conduzida. As melhores investigações decorrem de atuação conjunta, um contribuindo para atividade do outro. Afirmou Rosa Weber (informação verbal)4.

Ao final do julgamento, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que chefia o Ministério Público no país, ressaltou que os dois órgãos devem atuar de modo "cooperado".

3

Retirado de: https://www.youtube.com/watch?v=XwErX37629I

4

Não se quer aqui estabelecer cisão entre Ministério Público de um lado e polícia de outro. O que se quer é a cooperação de ambos. Não se trata aqui de estabelecer o trabalho de um contra o do outro.

"É dia de festa para o Ministério Público Federal e para o MP brasileiro porque hoje conseguimos alcançar uma situação que buscamos há mais de 10 anos. (...) Uma peleja que se arrastava há mais de dez anos, e nesse período, aguardávamos ansiosos para o bem, não de um interesse corporativo, mas da sociedade como um todo. Essa vitória justa e histórica ocorre quase 27 anos após a promulgação da constituição e assegura ao MP o cumprimento de sua árdua missão constitucional (informação verbal)5.

Percebemos, portanto, que se tornou majoritário no STF o entendimento que o ministério público é órgão legítimo para promover a investigação criminal.

Enfim, ante todo o exposto, o Ministério Público não deve e não foi privado de investigar delitos criminais, porquanto tem demonstrado seriedade, capacidade e agilidade em cumprir essa tarefa, sempre visando à realização da justiça.

5

CONCLUSÃO

É possível concluir, tendo em vista, tudo o que foi explanado e à proporção que gerou o tema estudado, que há conceitos em nosso ordenamento jurídico que devem ser repensados, sobretudo a cerca da investigação criminal e suas peculiaridades.

O Ministério Público é uma das Instituições estatais mais importantes da sociedade moderna, uma vez que lhe é incumbido a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais, pela Constituição Federal.

Apesar de vários entendimentos no sentido de impedir a atuação ministerial na investigação criminal, alegando ser atividade exclusiva da policia judiciaria, bem como a violação à imparcialidade, é correto afirmar, que o Ministério Público possui sim, legitimidade para promover a investigação Criminal.

Tendo o órgão ministerial a titularidade da ação penal pública, nada mais justo, que o mesmo possua acesso direto nos elementos probatórios, a fim de formar a opinio delecti com maior precisão.

Em face ao princípio da universalização das investigações, esse monopólio da exclusividade da policia judiciaria na investigação criminal foi derrotado. Pois o rol dos órgãos legitimados foi ampliado e dentro deles encontra-se o Ministério Público.

Tendo em vista o grande aumento da criminalidade e a complexidade dos crimes, muitas vezes difíceis de desvendar e que se assegura ainda mais a possibilidade da atuação do

A legitimidade do MP atuar na investigação criminal já é um entendimento majoritário na doutrina e jurisprudência, tudo se encaminha para o mesmo posicionamento, levando em consideração a Súmula 234 do STJ.

O que se tem em vista com a atuação do Ministério Público, não é a presidência do inquérito policial, e muito menos diminuir ou retirar as funções da policia Judiciária. O inquérito continua sendo presidido pelo Delegado de Policia, e nenhuma função será retirada das mãos dos órgãos policiais, que continuaram atuando nas investigações de crimes.

O que se objetiva com esse trabalho é propor uma atuação em conjunto, isto é, Ministério Público e Polícia, ambos os órgãos estatais de persecução penal atuando atrelados pela sociedade.

Podemos evidenciar aqui, que o tema proposto neste trabalho acadêmico, obteve uma conclusão positiva em termos de entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), o qual julgou em sessão plenária do dia 14 de maio de 2015 a Legitimidade do MP para promover a Investigação no âmbito Criminal.

Diante disso, entendo ser um grande avanço para justiça Brasileira, pois há essa necessidade de aproximação entre os órgãos com a ideia de buscar a celeridade e a eficácia, tanto na investigação de crimes, quanto na ação penal de modo a satisfazer os interesses da sociedade.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Mauro Fonseca. Ministério Público e sua investigação criminal. Porto Alegre: Fundação Escola Superior do Ministério Público, 2001.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito administrativo. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 35. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

_______. Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre. Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Disponível em:<www.planalto.com.br>. Acesso em 05 jan. 2015.

_______. Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Dispõe sobre. Código de processo penal. Disponível em: <www.planalto.com.br>. Acesso em: 04 out. 2014.

CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 17 ed. São Paulo: Atlas S.A, 2005.

CONSELHO Nacional do Ministério Público. Audiência pública. Disponível em: <http://www.cnmp.mp.br/portal/comites/143-uncategorised/1336-audiencia-publica229>. Acesso em: 29 jan. 2015.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

____________. Direito administrativo. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

DOTTI, René Ariel. O Ministério Público e a Policia Judiciaria: relações formais e desencontros materiais. Porto Alegre: Sérgio Fabris Editor, 2014.

FERRAZ, Antônio Augusto Mello de Camargo. Ministério Público: instituição e processo. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GOMES, Luiz Flávio. Ministério Público não tem poder para presidir investigação, Revista Consultor jurídico, 20 maio 2004.

GUIMARÃES, Rodrigo Régnier Chemim. Controle externo da atividade policial pelo Ministério Público. Curitiba: Juruá, 2002.

____________. O controle externo da atividade policial, Revista dos Tribunais, v. 664, p. 392.

____________. Regime jurídico do Ministério Público. 2. ed. São Paulo, Editora Saraiva, 1995.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro, São Paulo: Malheiros, 1999.

____________. Direito administrativo brasileiro. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 1996.

____________. Direito municipal brasileiro. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 1995.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2006.

____________. Curso de direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.

MIRABETE, Júlio Fabrini. Processo penal. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

SILVA, José Afonso da, Curso de direito constitucional positivo. 17. ed. Editora Revista do Tribunais, 2000.

____________. Curso de direito constitucional positivo. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2000.

TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 7. ed. [S.l.]: Ed. Juspodivm, 2014.

____________. Curso de direito processual penal. 3. ed. [S.l.]: Editora Juspodivm, 2009.

ANEXO I

"HABEAS CORPUS" SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO - DESCABIMENTO - QUEBRA DOS SIGILOS BANCÁRIO E FISCAL - DETERMINAÇÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA - IMPRESCINDIBILIDADE DA MEDIDA - PREVALÊNCIA DO INTERESSE DA SOCIEDADE NA APURAÇÃO DOS FATOS - INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PRESIDIDA DIRETAMENTE PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - POSSIBILIDADE - HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. Os Tribunais Superiores restringiram o uso do "habeas corpus" e não mais o admitem como substitutivo de recursos e nem sequer para as revisões criminais. 2. A garantia de sigilo fiscal e bancário não se reveste de caráter absoluto, devendo ceder se, verificados fortes indícios de participação do paciente em operações financeiras suspeitas, se mostrar imprescindível. 3. Na fase investigativa deve prevalecer o interesse da sociedade na apuração da realidade dos fatos. 4. Admite-se que o Ministério Público proceda a investigações criminais. 5. "Habeas corpus" não conhecido por ser substitutivo do recurso cabível.

(STJ - HC: 120141 MG 2008/0247175-2, Relator: Ministro MOURA RIBEIRO, Data de Julgamento: 07/11/2013, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/11/2013)

Ementa: 1) Penal. Constitucional. A litispendência pressupõe a existência de duas ações pendentes idênticas, fenômeno inocorrente, quando se está diante de uma ação penal e de um inquérito policial, procedimento investigativo que não se confunde com aquela. Inexistência de litispendência que também se constata em decorrência da ausência de identidade absoluta entre a peça de denúncia encartada nestes autos e aquela presente no Inquérito nº 3.273, consoante já decidido pelo juízo a quo. 2) Busca e apreensão válida, porquanto precedida de regular autorização judicial. Ausência de nulidade da referida medida cautelar em decorrência de a diligência ter contado com a participação de membros do Ministério Público e da Receita Estadual, na medida em que é da atribuição dos agentes da Receita Estadual colaborar com a Polícia Judiciária na elucidação de ilícitos tributários, o que os autoriza a acompanhar as diligências de busca e apreensão. 3) Ministério Público. Investigação criminal conduzida diretamente pelo Ministério Público. Legitimidade. Fundamento constitucional existente. 4) A investigação direta pelo Ministério Público possui alicerce constitucional e destina-se à tutela dos direitos fundamentais do sujeito passivo da persecução penal porquanto assegura a plena independência na condução das diligências. 5) A teoria dos poderes implícitos (implied powers) acarreta a inequívoca conclusão de que o Ministério Público tem poderes para realizar diligências investigatórias e instrutórias na medida em que configuram atividades decorrentes da titularidade da ação penal. 6) O art. 129, inciso IX, da Constituição da República predica que o Ministério Público pode exercer outras funções que lhe forem conferidas desde que compatíveis com sua finalidade, o que se revela como um dos alicerces para o desempenho da função de investigar. 7) O art. 144 da carta de 1988 não estabelece o monopólio da função investigativa à polícia e sua interpretação em conjunto com o art. 4º, parágrafo único, do Código de Processo Penal legitima a atuação investigativa do parquet. 8) O direito do réu ao silêncio é regra jurídica que goza de presunção de conhecimento por todos, por isso que a ausência de advertência quanto a esta faculdade do réu não gera, por si só, uma nulidade processual a justificar a anulação de um processo penal, especialmente na hipótese destes autos em que há dez volumes e os depoimentos impugnados foram acompanhados por advogados. 9) O acervo probatório dos autos é harmônico no sentido de que não há provas de que o demandado concorreu para o cometimento dos delitos narrados na denúncia. In casu, a imputação de responsabilidade penal ao réu pelo fato de ter desempenhado a função de diretor em sociedade empresária investigada implicaria o indevido reconhecimento da responsabilidade penal objetiva vedada por nosso ordenamento jurídico. 10) É que a imputação de que o réu inseria nos documentos fiscais dados falsos sobre a natureza do carvão adquirido no afã de cometer delitos ambiental e fiscal restou afastada por toda a prova oral, a qual, além de exonerá-lo de culpa penal, destacou seu protagonismo como defensor do meio ambiente. 11) Deveras, ainda que assim não o fosse, os trechos degravados das conversas do imputado com representantes do Ministério Público anunciam um ambiente contraditório ao acolhimento da condenação, na medida em que o imputado recusara a

assinatura de um TAC (termo de ajustamento de conduta) afirmando-se inocente perante o Ministério Público, que não infirmou essa assertiva. 12) A condenação, como destacado pela escola clássica penal, deve provir de fatos claros como a água e a luz, o que inocorre no caso sub judice, recomendando a absolvição do acusado por falta de provas. 13) Agravos regimentais prejudicados. Pedido de condenação julgado improcedente, nos termos do que previsto no art. 386, V, do Código de Processo Penal (V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal).

(STF - AP: 611 MG , Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 30/09/2014, Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-241 DIVULG 09-12-2014 PUBLIC 10-12- 2014)

RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS” – PRETENDIDA SUSTENTAÇÃO ORAL NO

JULGAMENTO DO “AGRAVO REGIMENTAL” – INADMISSIBILIDADE –

CONSTITUCIONALIDADE DA VEDAÇÃO REGIMENTAL (RISTF, ART. 131, § 2º) – PRETENDIDO TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL – NECESSIDADE DE INDAGAÇÃO PROBATÓRIA – INVIABILIDADE NA VIA SUMARÍSSIMA DO “HABEAS CORPUS” – LEGITIMIDADE JURÍDICA DO PODER INVESTIGATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –

JURISPRUDÊNCIA (SEGUNDA TURMA DO STF) – INEXISTÊNCIA DE

CONSTRANGIMENTO ILEGAL – JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONSOLIDADA QUANTO À MATÉRIA VERSADA NO RECURSO – POSSIBILIDADE, EM TAL HIPÓTESE, DE O RELATOR DA CAUSA DECIDIR, EM ATO SINGULAR, A CONTROVÉRSIA JURÍDICA – COMPETÊNCIA MONOCRÁTICA DELEGADA, EM SEDE REGIMENTAL, PELA SUPREMA CORTE (RISTF, ART. 192, “CAPUT“, NA REDAÇÃO DADA PELA ER Nº 30/2009, C/C O ART. 312) – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. IMPOSSIBILIDADE DE SUSTENTAÇÃO ORAL EM SEDE DE “AGRAVO REGIMENTAL” . - Não cabe sustentação oral em sede de “agravo regimental”, considerada a existência de expressa vedação regimental que a impede (RISTF, art. 131, § 2º), fundada em norma cuja constitucionalidade foi expressamente reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ 137/1053 – RTJ 152/782 – RTJ 158/272-273 – RTJ 159/991-992 – RTJ 184/740-741 – RTJ 190/894, v.g.). PRETENDIDO TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL – POSSIBILIDADE EXCEPCIONAL, DESAUTORIZADA, NO ENTANTO, NO CASO, EM FACE DA NECESSIDADE DE INDAGAÇÃO PROBATÓRIA, INCABÍVEL NA VIA SUMARÍSSIMA DO PROCESSO DE “HABEAS CORPUS” . - A extinção anômala do processo penal condenatório, em sede de “habeas corpus”, embora excepcional, revela-se possível, desde que se evidencie – com base em situações revestidas de liquidez – a ausência de justa causa. Para que tal controle jurisdicional se viabilize, no entanto, impõe-se que inexista qualquer situação de iliquidez ou de dúvida objetiva quanto aos fatos subjacentes à acusação penal, pois o reconhecimento da ausência de justa causa, para efeito de extinção do procedimento persecutório, reveste-se de caráter extraordinário, quando postulado em sede de “habeas corpus”. Precedentes . - A liquidez dos fatos constitui requisito inafastável na apreciação da justa causa, pois o remédio processual do “habeas corpus” não admite dilação probatória, nem permite o exame aprofundado de matéria fática, nem comporta a análise valorativa de elementos de prova. Precedentes. É PLENA A LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO PODER DE INVESTIGAR DO MINISTÉRIO PÚBLICO, POIS OS ORGANISMOS POLICIAIS (EMBORA DETENTORES DA FUNÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA) NÃO TÊM, NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO, O MONOPÓLIO DA COMPETÊNCIA PENAL INVESTIGATÓRIA . - O poder de investigar compõe, em sede penal, o complexo de funções institucionais do Ministério Público, que dispõe, na condição de “dominus litis” e, também, como expressão de sua competência para exercer o controle externo da atividade policial, da atribuição de fazer instaurar, ainda que em caráter subsidiário, mas por autoridade própria e sob sua direção, procedimentos de investigação penal destinados a viabilizar a obtenção de dados informativos, de subsídios probatórios e de elementos de convicção que lhe permitam formar a “opinio delicti”, em ordem a propiciar eventual ajuizamento da ação penal de iniciativa pública. Doutrina. Precedentes: HC 85.419/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 89.837/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 91.613/MG, Rel. Min. GILMAR MENDES – HC 91.661/PE, Rel. Min. ELLEN GRACIE – HC 93.930/RJ, Rel. Min. GILMAR MENDES – HC 94.173/BA, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 97.969/RS, Rel. Min. AYRES BRITTO – RE 535.478/SC, Rel. Min. ELLEN GRACIE, v.g.).

(STF - RHC: 122839 SP , Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 07/10/2014, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-211 DIVULG 24-10-2014 PUBLIC 28-10-2014)

PENAL. PROCESSO PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MINISTÉRIO PÚBLICO. PODERES DE INVESTIGAÇÃO. OFENSA AOS ARTIGOS 5º, LIV e LV, 129, VIII, e 144, TODOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA NOS AUTOS DO RE 593.727, RELATOR MIN. CEZAR PELUSO. SOBRESTAMENTO. Decisão: Trata-se de Recurso Extraordinário interposto por MIGUEL JORGE e FADEL NETO, com arrimo nas alíneas a e b do permissivo Constitucional, contra acórdão assim do: “APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE DESVIO DE VERBA PÚBLICA (ART. 1º, INCISO I, DO DECRETO-LEI Nº 201/67-10 VEZES).

PRELIMINAR DE NULIDADE DAS PROVAS OBTIDAS EM PROCEDIMENTO

ADMINISTRATIVO REALIZADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. ORGÃO MINISTERIAL PROVIDO DE LEGITIMIDADE PARA PROCEDER A INVESTIGAÇÃO. MÉRITO. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO ANTE A ATIPICIDADE DA CONDUTA. INOCORRÊNCIA. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE AFERE A PRESENÇA DO ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. DOLO CARCTERIZADO. PLEITO DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INVIABILIDADE. BEM JURÍDICO TUTELADO ATINGIDO. MORALIDADE PÚBLICA E PROBIDADE ADMINISTRATIVA MACULADAS. ROGATIVA DE ADEQUAÇÃO DA PENA. PROCEDÊNCIA. NECESSÁRIO AFASTAMENTO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DA “CULPABILIDADE E CIRCUNSTÂNCIA DO CRIME”. CONSIDERADAS DESFAVORÁVEIS. FUNDAMENTAÇÃO EXARADA INERENTE AO TIPO PENAL. CONTINUIDADE DELITIVA CARACTERIZADA. PERPETRAÇÃO CONTÍNUA POR 10 VEZES DO TIPO DELITIVO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, E DE OFÍCIO READEQUADA A FRAÇÃO DE AUMENTO PELO CRIME CONTINUADO PARA 1/6 (UM SEXTO) E SUBSTITUIDA A PENA CORPORAL POR DUAS RESTRITIVAS DE DEIREITO.” Os embargos de declaração opostos foram rejeitados. O recorrente alega, em síntese, violação aos artigos 5º, LIV e LV, 129, VIII, e 144. § 4º todos da Constituição Federal. Sustenta a ausência de justa causa para a ação penal, pela inconstitucionalidade das provas juntadas com a denúncia, ante a impossibilidade de investigação exclusiva do Ministério Público. Requer seja admitido e provido o presente recurso para anular os acórdãos recorridos, por apresentarem relevantes omissões. É o relatório, decido. A matéria encontra- se pendente de apreciação pelo Pleno, em face da repercussão geral reconhecida no RE n. 593.727, Relator o Ministro Cezar Peluso, DJ de 29.10.2009, em acórdão assim ementado: “EMENTA: Recurso Extraordinário. Ministério Público. Poderes de investigação. Questão da ofensa aos arts. 5º, incs. LIV e LV, 129 e 144, da Constituição Federal. Relevância. Repercussão geral reconhecida . Apresenta repercussão geral o recurso extraordinário que verse sobre a questão de constitucionalidade, ou não, da realização de procedimento investigatório criminal pelo Ministério Público.” Ex positis, determino o sobrestamento do Recurso Extraordinário, até a decisão de mérito do Plenário no RE n. 593727. Publique-se. Int.. Brasília, 5 de fevereiro de 2015.Ministro Luiz FuxRelatorDocumento assinado digitalmente

(STF - RE: 850737 PR , Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 05/02/2015, Data de Publicação: DJe-029 DIVULG 11/02/2015 PUBLIC 12/02/2015).

ANEXO II

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PODER INVESTIGATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. I - O art. 557, § 1º-A, do CPC, permite ao relator dar provimento ao recurso caso a decisão afronte a jurisprudência dominante nos Tribunais Superiores, não importando em violação ao princípio da colegialidade. Precedentes. II - Na esteira de precedentes desta Corte, malgrado seja defeso ao Ministério Público presidir o inquérito policial propriamente dito, não lhe é vedado, como titular da ação penal, proceder a investigações. A ordem jurídica, aliás, lhe

Documentos relacionados