4. RESULTADOS E ANÁLISES
4.2. Natureza das deficiências de controles internos e verificação de suas correções no
4.4.2. Deficiências de Complexidade
As deficiências de complexidade são apresentadas pela literatura como, por exemplo,
inconsistências na aplicação de políticas da empresa entre unidades de negócios e segmentos e
fraquezas materiais não apenas na aplicação de padrões contábeis complexos, como também
em sua interpretação, tais como padrões relacionados a transações de hedge e derivativos.
Nessa categoria, foram encontradas deficiências como na contabilização de receitas
regulatórias, as quais foram resolvidas com a realização de reuniões com o órgão regulador para
sistematização do cálculo da receita, embora a solução não tenha sido imediata. No tocante a
deficiências de contabilização de transações em partes relacionadas, elas foram solucionadas
por meio da definição de uma política de combinações de negócios, assim como para o fluxo
de informações entre as entidades. Outra iniciativa positiva foi a centralização do departamento
internacional de contabilidade. Por outro lado, não foram medidas eficazes no sentido de
discutir a problemática com auditores e com as subsidiárias.
Ainda no tocante às partes relacionadas, foram divulgadas deficiências em relação ao
efetivo monitoramento. Tais deficiências foram corrigidas por meio de um acompanhamento
de informações financeiras pelo conselho fiscal, bem como de treinamento aos indicados pela
entidade para participar da diretoria/conselho das subsidiárias. Ao contrário, as deficiências
continuaram nos casos em que a estratégia adotada foi de elaborar manuais de orientação e da
implantação de sistema integrado. Destaca-se que houve casos em que a avaliação de acordos
de acionistas vigentes contribuiu para a solução da deficiência e outros em que a deficiência
remanesceu.
Neste ponto, destaca-se que a ação de treinamento aos indicados pela entidade para
participar da diretoria/conselho das subsidiárias tem como característica aumentar a
qualificação e competência dos membros desses conselhos e que, segundo Johnstone, Li, &
Rupley (2011), a melhoria na qualidade desses conselhos contribui para o aprimoramento da
governança da entidade e para a remediação de eventuais deficiências de controle.
Com relação a deficiências de conversão de demonstrações contábeis do padrão
brasileiro (BR GAAP) para o padrão americano (US GAAP) ou internacional (IFRS), as
soluções eficazes encontradas giraram em torno de treinamento da equipe, contratação de
profissionais especializados e automatização do processo de conversão. Entretanto, destaca-se
que houve casos nos quais foram realizados treinamento da equipe e contratação de novos
profissionais e a deficiência permaneceu, indicando que possivelmente a automatização do
processo de conversão seja uma alternativa mais eficiente, algo passível de um estudo pontual.
No caso de deficiências no reconhecimento, na mensuração e na evidenciação de perdas
ao valor recuperável (impairment), foram medidas positivas ao solucionamento do problema: a
aprovação das premissas de cálculo do impairment pelo conselho executivo, o treinamento, a
implementação de novos controles de monitoramento de ativos em nível corporativo, a
ampliação do escopo de avaliação de revisão do processo pela administração, dentre outros. Por
outro lado, não levaram ao solucionamento a exigência de um parecer detalhado que avalie a
capacidade econômico-financeira de fornecedores em projetos estratégicos, assim como do
processo de revisão periódica dos saldos em aberto e de revisões dos procedimentos e
comunicação aos empregados envolvidos.
No caso de deficiências relacionadas à contabilização e ao monitoramento de benefício
pós-emprego, foram adotadas várias medidas eficazes para seu solucionamento, tais como a
definição de um novo conjunto de controles que abrangem os processos de inclusão, alteração
ou exclusão de empregados, dependentes ou aposentados nas bases de dados, a revisão dos
relatórios atuariais, a implementação de um manual de políticas e procedimentos referente às
premissas atuariais para todas as empresas do grupo, assim como do treinamento de uma equipe
própria da empresa para avaliar os cálculos. Diferentemente, medidas como o estabelecimento
de procedimentos para controle de relatório atuarial emitido por terceiros e revisão das
informações, de processos e de recadastramento dos participantes não foram eficazes na
correção dos problemas.
Além dos descritos anteriormente, os demais resultados foram compilados nas tabelas
Tabela 17 e Tabela 18,a seguir.
Tabela 17
Deficiências de controle e as medidas assertivas em processos complexos
Contabilização de investimentos em títulos e valores mobiliários e impostos sobre ativos regulatórios;
Mudança de estrutura organizacional, transferindo mais responsabilidades para o CFO
Contabilização de receitas regulatórias
Reuniões com o órgão regulador para sistematização do cálculo da receita
Contabilização de transações em partes relacionadas
Definição de uma política de combinações de negócios, assim como estabelecimento de uma política para o
fluxo de informações entre as entidades. Centralização do departamento internacional de contabilidade e
liquidação de empresas inativas.
Não indicado
Conversão de BRGAAP para USGAAP
Grupo especializado em USGAAP
Treinamento da equipe.
Treinamento e automatização de algumas partes do processo de conversão
Treinamento e contratação de profissionais especializados
Impairment
Aprovação das premissas de cálculo do impairment pelo Conselho Executivo, assim como treinamento dos
colaboradores.
Implementação de novos controles de monitoramento de ativos em nível corporativo, ampliação do escopo de
avaliação de revisão do processo pela administração
Não indicado
Novas diretrizes para redução do valor do ativo e implementação de novos procedimentos de validação de
informações e registros.
Reconhecimento de todas as perdas identificadas, independentemente da fase do projeto
Monitoramento de transações em partes relacionadas
Avaliação de acordos de acionistas, acompanhamento de informações financeiras pelo conselho fiscal, bem
como treinamento aos indicados pela entidade para participar da diretoria/conselho das subsidiárias
Monitoramento do investimento em SPEs
Criação e atualização periódica da Política de Representantes de SPEs com a finalidade de estabelecer a
política de nomeação de representantes da empresa nos órgãos de governança das SPEs; Criação da
Superintendência para o Gerenciamento de Participações em SPEs; Estabelecimento de um processo para
monitoramento das participações em SPEs, determinando diretrizes para o monitoramento do desempenho das
SPEs no contexto de: (i) gestão de informação e documentos corporativos das SPEs; (ii) consolidação de
informações.
Tratamento contábil de transações incomuns e complexas
Estabelecimento de procedimentos adicionais de revisão e discussões técnicas
Treinamento, aumento da equipe contábil, estabelecimento de procedimentos adicionais de revisão
Contabilização e monitoramento de benefício pós-emprego
Novo conjunto de controles que abrangem os processos de inclusão, alteração ou exclusão de empregados,
dependentes ou aposentados nas bases de dados
Revisão dos relatórios atuariais por gerentes de benefício e implementação de um manual de políticas e
procedimentos referente às premissas atuariais para todas as empresas do grupo.
Treinamento de equipe própria da Companhia para avaliar os cálculos.
Tabela 18
Deficiências de controle e as medidas sem êxito em processos complexos
Contabilização de receitas regulatórias
Reuniões com órgão regulador
Contabilização em partes relacionadas
Discussão com auditores e com a subsidiária
Conversão de BRGAAP para IFRS
Contatação de funcionários com conhecimentos especializados
Conversão de BRGAAP para USGAAP
Contatação de funcionários com conhecimentos especializados
Treinamento dos funcionários e melhorar a comunicação sobre controles internos às diversas áreas de negócio
Impairment
Exigirá um parecer detalhado que avalie a capacidade econômico‐financeira de fornecedores em nossos
projetos estratégicos, assim como do processo de revisão periódica dos saldos em aberto.
Não informado
Revisão dos procedimentos e comunicação aos empregados envolvidos.
Monitoramento de transações em partes relacionadas
Elaboração de manual de orientação de ações, análise de acordos de acionistas vigentes e sua aderência ao
manual.
Implantação de sistema integrado
Contabilização e monitoramento de benefício pós-emprego
Procedimentos para controle do relatório emitido por terceiros
Revisão das informações, processos e recadastramento dos participantes.
Fonte: dados da pesquisa.
No documento
DEFICIÊNCIAS DE CONTROLES INTERNOS DE EMPRESAS BRASILEIRAS LISTADAS NA NYSE
(páginas 77-81)