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CAPÍTULO IX AMOSTRAGEM

11.3. Definição da amostra

Vimos que a amostragem de auditoria permite que o auditor obtenha e avalie a evidência de auditoria em relação a algumas características dos itens selecionados de modo a formar uma conclusão sobre a população da qual a amostra é retirada. Para isso, é preciso definir a amostra.

De acordo com as normas de auditoria, ao definir uma amostra, o auditor deve considerar a finalidade do procedimento de auditoria e as características da população da qual ela será retirada.

No que se refere à finalidade do procedimento, o auditor deve considerar os fins específicos a serem alcançados e a combinação de procedimentos que devem alcançar esses fins, incluindo um claro entendimento do que realmente constitui desvio ou distorção.

Por exemplo, em um teste de detalhes relacionado com a existência de contas a receber, um registro errôneo entre as contas de clientes não afeta o saldo total das contas a receber, portanto, pode não ser apropriado considerar que isso seja uma distorção na avaliação dos resultados da amostragem desse procedimento em particular. Por mais que isso possa ter um efeito importante em outras áreas da

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auditoria, como por exemplo, na avaliação do risco de fraude ou da adequação da provisão para créditos de liquidação duvidosa, não afeta o objetivo do teste em questão (avaliar a existência de contas a receber).

Já ao considerar as características de uma população, o auditor, para estabelecer

a amostra de auditoria e determinar o tamanho dessa amostra, deve avaliar: gi

• Taxa esperada de desvio (no caso de testes de controle): erro que o auditor espera encontrar em determinado procedimento de controle.

Essa taxa é estimada com base no entendimento do auditor dos controles relevantes ou no exame de uma pequena quantidade de itens da popula­

ção. :

Note que, se a taxa esperada de desvio for inaceitavelmente alta, o auditor geralmente decide por não executar os testes de controles. Ora, se o erro esperado dos controles é alto, não faz sentido aplicar testes de controle, Vi pois já se sabe que os controles internos não são confiáveis.

• Distorção esperada na população (no caso de testes de detalhes): erro que o auditor espera encontrar em determinado saldo avaliado em um teste de detalhes.

Assim como no caso anterior, a distorção esperada na população é esti­ mada com base na experiência do auditor ou no exame de uma pequena quantidade de itens da população.

Observe que, se a distorção esperada for muito alta, o exame completo (censo) ou o uso de amostra maior pode ser apropriado ao executar os testes de detalhes.

■ Além do que já foi exposto, ao considerar as características da população da qual a amostra será extraída, o auditor pode determinar se a estratificação ou a seleção com base em valores é apropriada.

Outro passo importante no processo de definição da amostra é a determinação § do tamanho de amostra suficiente para reduzir o risco de amostragem a um nível

mínimo aceitável. ; í

Dessa forma, logicamente um importante componente nessa definição é o nível de risco de amostragem qüe o auditor está disposto à aceitar, de forma que quanto menor o risco, maior deve ser o tamanho da amostra. Em outras palavras, para se obter um menor risco amostragem é necessário utilizar uma amostra maior.

Na prática, o tamanho da amostra pode ser determinado mediante aplicação de fórmulas com base em estatística (tabelas ou programas computadorizados) ou por meio do exercício do julgamento profissional. Os detalhes desse processo fogem do escopo desse livro, entretanto, vamos discutir qualitativamente como alguns fatores que influenciam no tamanho da amostra em testes de controle e em testes de detalhes.

Capl 11 - A M O STR AG EM ;

'Tèstes"de.C o h tro ie - v . v ' 7 V>!"V. ■'*

Fator Relação Explicação

Extensão na qual a avaliação de risco leva em consideração os controles relevantes

Direta Quanto mais segurança o auditor pretende obter da efetividade operacional dos controles, menor será a avaliação do auditor quanto ao risco de distorção relevante e maior deve ser o tamanho da amostra.

Taxa tolerável (aceitável) de desvio5

Inversa Quanto menor a taxa tolerável de desvio, maior o tamanho da amostra precisa ser.

Taxa esperada de desvio Direta Quanto mais alta a taxa esperada de desvio, maior o tamanho da amostra precisa ser para que o auditor esteja em posição de fazer uma estimativa razoável da taxa real de desvio.

Nível de segurança desejado do auditor de que a taxa tolerável de desvio não seja excedida pela taxa real de desvio na população (risco de superavaliação de con­ fiabilidade)

Direta Quanto maior for o nível de segurança de que o auditor espera que os resultados da amostra sejam de fato indicativos com relação à incidência real de desvio na população, maior deve ser o tamanho da amostra.

Quantidade de unidades de amostragem na população

Efeito negli- genciável

Para popuiações grandes, o tamanho real da po­ pulação tem pouco efeito, se houver, no tamanho da amostra. Assim, para pequenas populações, a amostragem de auditoria não é geralmente tão eficiente quanto os meios alternativos (ex.: cen­ so) para obter evidência de auditoria apropriada e suficiente.

' ■ Fator . •. 'R e ia ç ã o v Explicaçao •. •

Uso de outros procedimentos substantivos direcionados à mesma afirmação

Inversa Quanto mais o auditor confia em outros pro­ cedim entos substantivos (testes de detalhes ou procedimentos analíticos substantivos) para reduzir a um nível aceitável o risco de detecção relacionado com uma população em particular, menos segurança o auditor precisa da amos­ tragem e, portanto, menor pode ser o tamanho da amostra.

Risco de distorção re le ­ vante

Direta Quanto mais alta a avaliação do risco de distorção relevante do auditor, maior deve ser o tamanho da amostra.

Nível de segurança desejado pelo auditor de que uma distorção tolerável não é ex­ cedida pela distorção real na população (risco de aceitação incorreta)

Direta Quanto maior o nível de segurança de que o auditor precisa de que os resultados da amostra sejam de fato indicativos do valor real de distorção na popu­ lação, excedido peia distorção real na população, maior o tamanho da amostra precisa ser.

5 Taxa tolerável de desvios é a taxa de desvios definida pelo auditor para obter um nível apro­ priado de segurança de que essa taxa não seja excedida peia quantidade de desvios real da população.

AUDITORIA Davi Barreto é Fernando Graeff ;A;.

" V - u Testes de D e talh e s ,, í -- ^ ^

Fator Relação Explicação

Distorção tolerável6 (acei­ tável)

inversa Quanto menor for a distorção tolerável, maior o tamanho da amostra precisa ser.

Distorção esperada Direta Quanto maior for o valor da distorção que o au­ ditor espera encontrar na população, maior deve ser o tamanho da amostra para se fazer urria estimativa razoável do valor real de distorção na população.

Estratificação da população Redução Quando a população pode ser adequadamente es­ tratificada, o conjunto de tamanhos de amostra dos estratos geralmente será menor do que o tamanho da amostra que seria necessário para alcançar certo nível de risco de amostragem se uma amostra tivesse sido retirada de toda a população. Quantidade de unidades de

amostragem na população

Efeito negligen-

ciável7

Para populações grandes, o tamanho real da po­ pulação tem pouco efeito, se houver, no tamanho da amostra. Assim, para pequenas populações, a amostragem de auditoria não é geralmente tão eficiente quanto os meios alternativos (ex.: censo) para obter evidência de auditoria apropriada e suficiente.

Finalmente, o auditor deve selecionar itens para a amostragem de forma que cada unidade de amostragem da população tenha a mesma chance de ser selecio­ nada (princípio da aleatoriedade).

Pela amostragem estatística, os itens da amostra são selecionados de modo que cada unidade de amostragem tenha uma probabilidade conhecida de ser selecionada. Pela amostragem não estatística, o julgamento é usado para selecionar os itens da amostra. Contudo, independente do tipo de amostragem, como a finalidade do processo é a de fomecer base razoável para o auditor concluir quanto à população da qual a amostra é selecionada, é importante que a amostra seja representativa, de modo a evitar tendenciosidade mediante a escolha de itens da amostra que tenham características típicas da população.

Os principais métodos para selecionar amostras estão descritos abaixo. • Seleção aleatória (randômica); é a que assegura que todos os itens da

população ou do estrato fixado tenham idêntica possibilidade de serem escolhidos. Exemplo: em um conjunto com 1.000 notas fiscais, numeradas de 1 a 1.000, são sorteadas “x” notas para teste por intermédio de algum

Distorção tolerável é um vaíor monetário definido peio auditor para obter um nível apro­ priado de segurança de que esse valor monetário não seja excedido pela distorção real na população.

Note que, ao usar a amostragem de unidade monetária, um aum ento no valor monetário da população aumenta o tamanho da amostra, a menos que isso seja compensado por um aumento proporcionai na materialidade para as demonstrações contábeis como um todo.

mecanismo aleatório qualquer, como por exemplo, aqueles globos utilizados nos sorteios da loteria.

Seleção sistemática (por intervalo): é aquela em que a seleção de itens é procedida de maneira que haja sempre um intervalo constante entre cada item selecionado, seja a seleção feita diretamente da população a ser testada, ou por estratos dentro da população. Ou seja, no exemplo anterior, você estabelece qual o intervalo a ser aplicado — por exemplo, 100 - faz o sorteio da primeira nota, digamos que seja a de número 225, então, as notas selecionadas para a amostra serão as de número 025, 125, 225, 325, ... , 925.

Ao usar uma seleção sistemática, o auditor precisa determinar que as unidades de amostragem da população não estão estruturadas de modo que o intervalo de amostragem corresponda a um padrão em particular da população.

Amostragem de unidade monetária: é um tipo de seleção com base em valores, na qual o tamanho, a seleção e a avaliação da amostra resultam em uma conclusão em valores monetários.

Seleção ao acaso: é aquela feita a critério do auditor, baseada em sua experiência profissional.

Esse método pode ser uma alternativa aceitável para a seleção, desde que o auditor tente extrair uma amostra representativa da população, sem intenção de incluir ou excluir unidades específicas, evitando qualquer tendenciosidade ou previsibilidade consciente (por exemplo, evitar itens difíceis de localizar ou escolher ou evitar sempre os primeiros ou os úl­ timos lançamentos de uma página). A seleção ao acaso não é apropriada quando se usar a amostragem estatística.

Seleção de bloco: envolve a seleção de um ou mais blocos de itens con­ tíguos da população.

A seleção de bloco geralmente não pode ser usada em amostragem de auditoria porque a maioria das populações está estruturada de modo que esses itens em seqüência podem ter características semelhantes entre si, mas características diferentes de outros itens de outros lugares da popu­ lação. Embora, em algumas circunstâncias, possa ser apropriado que um procedimento de auditoria examine um bloco de itens, ela raramente seria uma técnica de seleção de amostra apropriada quando o auditor pretende obter inferências válidas sobre toda a população com base na amostra.

- "C a p . 11 - AMOSTRAGEM'.

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