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5 MÉTODO DE PESQUISA

5.2 Definição da amostra da pesquisa

A primeira consideração a ser feita relaciona-se com a definição da unidade de análise da pesquisa e do caso a serem investigados. Yin (2001) fornece vários exemplos e cuidados a serem tomados para a definição de ambos. Entre estes exemplos, se encontra um referente a estudos de casos de pacientes clínicos. Para o autor, a unidade de análise neste caso, seria o indivíduo, e dessa forma, seriam coletadas as informações sobre cada indivíduo relevante. Os vários exemplos desses indivíduos seriam os casos a serem estudados, podendo estes serem incluídos em um estudo de casos múltiplos.

Outra consideração feita pelo autor é que a literatura existente pode se tornar uma referência-guia para se definir o caso e a unidade de análise, pois muitos pesquisadores vão querer comparar suas descobertas com pesquisas anteriores, sendo que cada estudo de caso ou unidade de análise devem ser semelhantes àqueles previamente investigados por outras pessoas ou divergindo-se destas de forma clara e operacionalmente definida.

Dessa forma, definiu-se a unidade de análise deste trabalho como sendo “empresas líderes em logística do setor de bens de capital agrícolas”, e os casos a serem explorados como sendo as “mudanças bem sucedidas envolvendo aspectos logísticos que ocorreram nos últimos cinco anos” nestas empresas. A comprovação da seleção de amostras com tais características foi obtida através da aplicação de um questionário contendo ao todo oito questões que poderia ser respondido via internet.

As sete primeiras questões eram objetivas, encontrando fundamentação no modelo de excelência logística de Fawcett e Clinton (1996). O objetivo destas questões consistiu em identificar a unidade de análise da pesquisa, na qual utilizando-se de uma escala de cinco pontos (1 = discordo totalmente; 5 = concordo totalmente), buscaram-se evidências que comprovassem um desempenho logístico de excelência das empresas entrevistadas.

Já a última questão era aberta, composta por campos a serem preenchidos e requerendo das empresas a citação das três mudanças mais bem-sucedidas envolvendo aspectos logísticos ocorridas nos últimos cinco anos. Tal questão permitiu a identificação dos casos a serem investigados. O questionário pode ser visto no Apêndice D.

Para Yin (2001), a definição da unidade de análise e do caso influencia nos tipos de projetos de estudo de casos, podendo ser estes:

a) projetos de caso único (holístico): representam projetos de caso único com unidade única de análise;

b) projetos de caso único (incorporado): representam projetos de caso único com unidades múltiplas de análise;

c) projetos de casos múltiplos (holísticos): representam projetos de casos múltiplos ou multi-casos com unidade única de análise;

d) projetos de casos múltiplos (incorporado): representam projetos de casos múltiplos ou multi-casos com unidades múltiplas de análise.

Figura 5.2 – Tipo de projeto de estudo de caso utilizado no trabalho Fonte: adaptado de Yin (2001).

Logo, o projeto de estudo de caso deste trabalho se classifica dentro do tipo 3, ou seja, projetos de casos múltiplos (holísticos), pois foram realizados estudos de casos múltiplos examinando apenas a natureza global de um processo de mudança envolvendo aspectos logísticos, tendo em vista uma única unidade de análise (empresas líderes em logística do setor de bens de capital agrícolas).

Após a definição da unidade de análise e do caso a serem investigados e da construção do questionário, iniciou-se a etapa de definição do perfil do respondente mais indicado para o preenchimento do questionário, sendo estes profissionais responsáveis pela área de logística e líderes dos processos de mudanças investigados nas empresas. Assim, a maioria dos respondentes foram gerentes e/ou supervisores de logística. Tal fato impôs algumas dificuldades relacionadas à obtenção de contatos (emails) destes gestores, em função da ausência destes dados nas bases de dados já existentes sobre o setor.

A alternativa encontrada, portanto, foi a obtenção destes contatos via ligações telefônicas e indicações de gerentes e pesquisadores envolvidos no setor. Tal levantamento permitiu a obtenção de vinte e oito contatos (emails) de gerentes e/ou supervisores de logística envolvidos na liderança de processos de mudanças relacionados à logística, em sua maioria, de empresas de grande porte do setor.

Após a obtenção destes contatos, houve o envio dos questionários de definição de amostra para os respondentes. Dos vinte e oito emails enviados, doze retornaram, totalizando

TIPO 4 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 1 projetos de caso único projetos de casos múltiplos Incorporados (unidades múltiplas de análise) Holísticos (unidade de análise única) TIPO 4 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 1 projetos de caso único projetos de casos múltiplos Incorporados (unidades múltiplas de análise) Holísticos (unidade de análise única)

uma taxa de retorno de aproximadamente 43%. Os resultados podem ser visualizados na figura seguinte:

Figura 5.3 – Resultado do processo de definição da amostra

Como pode ser observado na Figura 5.3, os nomes das doze empresas respondentes não foram revelados com o objetivo de preservar suas identidades, já que os dados foram tratados como confidenciais. Das doze empresas respondentes, selecionaram-se apenas as seis melhores colocadas para participarem do estudo multi-casos. Tal seleção se justifica, pois empresas líderes em logística tendem a terem freqüentes e agressivos processos de reestruturações e mudanças, sendo esta uma característica marcante deste tipo de organização (FAWCETT e CLINTON, 1996).

Além disso, seis casos correspondem a um número considerável para descrever o fenômeno na qual a pesquisa se propôs a investigar. Segundo Eisenhardt (1989), embora não se possa apontar um número ideal de casos, costuma-se utilizar de quatro a dez casos. Com menos de quatro casos, é pouco provável que se gere uma teoria, pois a base empírica provavelmente será pouco convincente. Já com mais de dez casos fica difícil lidar com o volume e complexidade das informações obtidas. Na próxima seção, será apresentado o método de coleta de dados da pesquisa, destacando-se especificamente as principais fontes de coleta, o tipo de entrevista utilizado e a estruturação do instrumento de coleta de dados (roteiro de entrevista).

Respondente Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Média 1ª Mudança citada como a mais bem-sucedida 2ª 3ª

Empresa A 5 5 5 5 5 5 4 4,86 Lean Manufacturing

Empresa B 5 5 4 4 4 5 5 4,57 Lean Manufacturing

Empresa C 4 4 5 4 4 5 4 4,29 Introdução do Sistema de Produção Enxuta

Empresa D 5 5 5 1 5 5 4 4,29 Insourcing da logística de entrada e interna da empresa

Empresa E 4 4 5 1 5 5 5 4,14 Redesenho da malha de distribuição

Empresa F 5 5 3 3 3 5 4 4,00 Implantação de seqüenciamento, kitinização e kanban

Empresa G 5 4 4 4 3 5 3 4,00 Empresa H 5 1 4 4 4 4 5 3,86 Empresa I 5 4 5 2 4 2 4 3,71 Empresa J 3 4 2 3 1 4 2 2,71 Empresa K 2 2 5 4 1 1 1 2,29 Empresa L 1 4 3 3 1 2 1 2,14

Identificação de “casos” a serem explorados

Identificação da “unidade de análise”: empresas de alto desempenho logístico Escala Likert

1- Discordo totalmente; 5- Concordo totalmente