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4. Prática Letiva

4.2. Definição da Turma 10.º Ano

Em traços muito gerais, a PL realizou-se na EBSGZ com uma turma de 10.º ano de escolaridade do ensino secundário durante todo o ano letivo.

O horário escolar da turma determinava que as aulas de EF seriam às segundas- feiras, das 16h50 às 18h20 e às quintas-feiras das 15h10 às 16h40. No que se refere ao tempo de lecionação, para ambas as aulas seriam de dois blocos de 90 minutos.

Desta forma, Jacinto, Comédias, Mira e Carvalho (2001), evidenciam o cenário ideal para a distribuição das aulas de EF (45+45+45+45), em que é reconhecido cientificamente a importância do exercício físico diário, em dias não consecutivos, para efeitos ao nível da melhoria da aptidão física dos alunos. Esculcas e Mota (2005); Matos et al (2003) são da opinião que os recursos temporais para a EF poderiam ser investidos de outra maneira, pois apenas duas vezes não são suficientes para um estilo de vida saudável, sabendo que muitos destes jovens têm na EF o único momento de atividade física.

No que compete à turma, esta é composta por vinte e quatro alunos (11 rapazes e 13 raparigas), com idades abrangidas entre os 14 e 15 anos. Num questionário realizado no início do ano letivo, detetamos que metade da turma apenas pratica EF na escola. Todos os alunos da mesma habitam no concelho do Funchal.

4.2.1. Experiência Pedagógica na Turma de 6.º Ano

O EP também ficou marcado pela oportunidade de lecionar na Escola Básica e Secundária Ângelo Augusto Silva (EBSAAS), em que tínhamos à nossa tutela uma turma do 2.ºciclo do ensino básico. As aulas da turma em questão, realiza-se às quartas-feiras das 08h00 – 09h30 e às sextas-feiras das 10h45-11h30.

A turma a lecionar era constituída por 24 alunos (13 rapazes e 11 raparigas) com idades compreendidas entre os 10 e 11 anos.

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Na realização de uma reunião semanal com o grupo de estágio ficou definido que cada professor estagiário efetuaria 2 aulas de 90 minutos e 2 aulas de 45 minutos.

O orientador cooperante foi o responsável por realizar a caraterização da turma, pelo simples motivo de ter iniciado e dado continuidade ao processo da prática pedagógica ao longo do ano letivo. Desta forma, o mesmo transmitiu as informações básicas sobre o perfil dos alunos, de modo a auxiliar a realização da nossa ação.

Foi-nos facultado duas informações importantes antes de dar início à nossa intervenção: (i) enviar para o professor da turma do 6.º o plano de aula devidamente identificado e com um prazo de 24 horas de antecedência; (ii) assistir a pelo menos uma aula do colega estagiário que estava a lecionar a turma naquele momento.

No que diz respeito às capacidades físicas dos alunos, na matéria de ensino definida pelo orientador cooperante (andebol), permitiu identificar pelo menos dois níveis distintos no seio da turma. Um grupo de maior representatividade com dificuldades significativas ao nível das habilidades com bola, em que por exemplo, num exercício de receção da bola em movimento não conseguiam manipular e controlar a bola de acordo com o objetivo pretendido. Pelo contrário, um grupo reduzido de alunos, já possuíam um nível de jogo avançado comparativamente aos restantes colegas, pois já ultrapassaram os skills básicos da modalidade e estão a aprender as habilidades motoras específicas.

Quanto às atitudes e valores, pela observação das aulas, a união e o respeito são as duas palavras que necessitam de ser introduzidas e trabalhadas na turma, utilizando metodologias e estratégias didático-pedagógicas que aperfeiçoe estes princípios do ser humano. Portanto, o professor deve no seu processo de ensino-aprendizagem proporcionar aos alunos estes momentos de convivência e de interações sociais, atendendo ao que está determinado no RI da EBSAAS, no art.º 127, ponto 1, alínea (q), “Respeitar normas de conduta social e de educação de modo a permitir uma sã convivência escolar”.

Com esta experiência pedagógica percebemos que os alunos destes escalões etários necessitam de estar constantemente em empenhamento motor, por isso, é fundamental dar-lhes exercícios e tarefas para os manter conectados nas aulas de EF.

Ao nível da predisposição motora para a aprendizagem, identificamos que os alunos mais proficientes são aqueles que têm uma menor vontade para as aprendizagens, enquanto que os menos proficientes, demonstram mais interesse em melhorar as suas capacidades.

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Um dos aspetos menos positivos, está relacionado com o facto de ter realizado a intervenção pedagógica nesta turma no 1º período, tornando-se um constrangimento, porque o conhecimento e a orientação do processo de ensino-aprendizagem ainda era limitado.

Apesar de ter sido um processo curto no tempo, consideramos que foi grande em termos de aprendizagem, pela variabilidade e complexidade das situações vivenciadas nesta experiência do EP. Numa perspetiva de futuro docente, a lecionação a diferentes ciclos de ensino potencializa a aquisição e o desenvolvimento de competências essenciais para a formação e construção do perfil de um professor.

4.3. Organização e Gestão do processo de ensino-aprendizagem

É desafiante caminhar para o desconhecido aceitando a complexidade que é o processo de ensino-aprendizagem, mas também poderá ser dessa forma que os professores estagiários aperfeiçoam as competências de lecionação.

No entendimento de Altet (2000), o processo de ensino/aprendizagem carateriza-se pela definição de objetivos que o professor tenta transmitir para os seus alunos, a partir do PA. Matos (2014, p.3) reforça que a sua elaboração parte da construção eficaz de uma estratégia de intervenção que respeite e conduza com eficácia pedagógica a formação do aluno na aula de EF, dirigida por objetivos pedagógicos.

Partindo do ponto de vista macro, é importante o conhecimento da realidade escolar, especificamente, a EBSGZ, o conselho de turma e o grupo disciplinar de EF. No que diz respeito à relação criada com o grupo de disciplina, acreditamos manter uma relação estável e de colaboração com os professores facilitando a nossa integração na Escola. Paralelamente, estivemos presentes na maioria das reuniões quer do conselho de turma como com os professores do grupo disciplinar, para estarmos a par das situações que ocorreram ao longo do ano letivo com os nossos alunos e eventuais alterações/modificações no panorama educativo.

Organizar e gerir um conjunto de indivíduos com caraterísticas distintas e oriundos de contextos diferentes, é sempre uma tarefa de extrema responsabilidade, pelo que exige do professor uma capacidade de adaptação às circunstâncias exigidas.

“Gerir é, essencialmente, um processo de tomada de decisões orientado para as finalidades que se pretendem atingir. Trata-se, portanto, de um processo que implica analisar a situação que se apresenta e confrontá-la com o que se pretende

63 conseguir. Dessa análise resulta a identificação de alguns caminhos possíveis, que têm de ser ponderados quanto à sua viabilidade, possibilidades de sucesso, riscos. Perante essas vias possíveis, quem gere, decide optar por uma, e aplica-a. Essa aplicação deve ser monitorizada e avaliada de forma constante para permitir mudar de rumo ou introduzir ajustamentos a todo o tempo, sob pena de comprometer o resultado pretendido”.

(Roldão & Almeida, 2018, p.18) Ao longo de todo o processo pedagógico fomos confrontados com cenários em que tomamos decisões descontextualizadas, que nos obrigaram a uma reflexão, no entanto, estaremos sempre mais perto de tomar decisões conscientes sempre que procuramos uma resposta para os problemas, mesmo que tenhamos que errar várias vezes.

Para a fundamentação do processo de ensino-aprendizagem, baseamo-nos em documentos de referência para o sucesso do EP, tais como: o Programa Nacional de Educação Física (PNEF), as Aprendizagens Essenciais (AE), o Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória (PASEO) e ainda a adaptação e exigências do contexto e às necessidades dos alunos.