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4. Prática Letiva

4.4. Planeamento Anual

O início deste novo ano letivo ficou assinalado pelas mudanças ocorridas no sistema educativo das escolas da RAM e no restante território português, em que as mesmas tiveram que se adaptar e articular de acordo com o Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular (PAFC).

Para qualquer educador, uma das ferramentas pedagógicas mais decisivas para um processo de ensino-aprendizagem eficaz, é a planificação docente, que procura preparar e antecipar previamente as decisões do professor. Alvarenga (2011, p. 32) refere que a planificação não deve ser demasiado exigente, apenas deve servir de previsão daquilo que se pretende realizar. Zabalza (2000) é da opinião que a planificação é um fenómeno, resultante dos nossos desejos, convicções e metas pelas quais nos debruçamos e que desejaríamos a sua concretização.

Bento (2003, p. 59) relata que “um plano anual é o primeiro passo a ser dado, do ponto de vista do planeamento, preparação e organização do ensino, acrescentando que este documento oferece uma perspetiva global, no que compete ao programa de ensino local e às pessoas envolvidas.”

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A inexperiência enquanto professor estagiário, leva-nos a grandes desafios, sobretudo, do ponto de vista da utilidade e função da elaboração do PA. No entanto, desfizemos estas dúvidas, principalmente, com o auxílio dos meus colegas estagiários e dos professores envolvidos ao longo do EP.

Após a definição da escola e do ano escolar a lecionar, em reunião realizada com o NE na EBSGZ, avançamos para a construção do PA, iniciando uma série de tarefas que procure responder ao processo de ensino-aprendizagem. Para além disso, formulamos objetivos propostos para o ano letivo, a distribuição e a organização das matérias a lecionar e ainda as etapas delineadas pelo MEEFEBS que estaríamos sujeitos ao longo da nossa intervenção na escola.

No sentido de realizar uma planificação anual cuidada, marcamos presença em várias reuniões do Conselho de Turma (CT), na perspetiva de estarmos a acompanhar todo o processo e de recolher as informações relevantes sobre os alunos.

A consolidação do PA também contou com a colaboração dos professores de EF da EBSGZ, que através de reunião, transmitiram algumas diretrizes para a operacionalização da PL: (i) os recursos e ferramentas que cada professor teria ao seu dispor para cada período letivo; (ii) as alterações ao nível dos critérios de avaliação definidos para cada ano de escolaridade; (iii) as matérias de ensino definidas a médio/longo prazo pelo grupo de disciplina nos diferentes períodos.

Para podermos dar forma ao plano anual, é de extrema importância que o professor de EF tenha conhecimento de todos os documentos implícitos e que influenciam o seu planeamento: o PNEF, o Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatório, o PAFC, as Aprendizagens Essenciais de Educação Física (AEEF). Ao mesmo tempo, foi facultado pelo orientador cooperante, alguns documentos relativos à escola, nomeadamente o RI, o PEE e o Plano Anual de Escola (PAE), em que tenciona esclarecer todo o funcionamento deste estabelecimento de ensino.

A produção de uma leitura atenta e reflexiva, contribui para o nosso enriquecimento como futuros docentes como também permite compreender de uma melhor forma aquilo que se pretende com o aluno à saída da escolaridade obrigatória.

“O Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (PASEO) afirma-se, nestes pressupostos, como documento de referência para a organização de todo o sistema educativo, contribuindo para a convergência e a articulação das decisões inerentes às várias dimensões do desenvolvimento curricular (…) A finalidade é a de

65 contribuir para a organização e gestão curricular e, ainda, para a definição de estratégias, metodologias e procedimentos pedagógico-didáticos a utilizar na prática letiva”.

(Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, 2017, p.8)

O verdadeiro objetivo do planeamento, é o seu seguimento, aperfeiçoamento e adaptação ao longo do ano letivo, na procura de orientações concretas que potencie um conjunto de aprendizagens comuns a todos os alunos. Num permanente processo de melhoria, este documento será alterado e atualizado sempre que necessário, sendo dado conhecimento aos orientadores do EP.

No âmbito da recolha de informação para a caraterização da turma, as duas primeiras aulas destinaram-se sobretudo, à recolha de indicadores demográficos, socioeconómicos, a perceção sobre a vida, saúde, escola e atividade física, a aptidão física, as competências pessoais e sociais e ainda o teste sociométrico. Com base nestas informações, complementamos o nosso conhecimento sobre os alunos e temos a oportunidade de tornar o processo de ensino-aprendizagem mais rico. Favinha et al. (2012) acredita que “o ato de ensinar não é eficaz, nem eficiente, se não conhecermos previamente a turma com quem vamos trabalhar durante um ciclo de estudos”.

Quando iniciamos a PL, fomos confrontados com a imposição dos orientadores de estágio para o cumprimento na íntegra dos protocolos de intervenção, o que exigia uma intervenção mais prolongada em termos do número de aulas dedicadas a algumas matérias de ensino (Ginástica e Desportos Coletivos). Desta forma, o PA ficou, desde logo condicionado, todavia procuramos adotar um modelo misto de lecionação, que incluía a rigidez dos protocolos anteriormente falados, mas também dava a oportunidade de selecionar e aplicar diferentes metodologias didático-estratégicas ao longo do EP.

Paralelamente aos caminhos tomados anteriormente, optamos por realizar as avaliações diagnósticas (AD) das matérias de ensino no início de cada período letivo, no entanto, após a execução e reflexão da prática pedagógica, observamos que seria interessante e ajustado aos programas de EF realizar as AD de todas as matérias de ensino no início do ano letivo, para a realização de um planeamento mais adequado. Fialho e Fernandes (2011) referem que a avaliação diagnóstica deve de ocorrer nas semanas iniciais do ano letivo, para que as escolas e os professores possam oferecer uma organização ao ensino.

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Para além disso, o PA pode sofrer alterações ao longo do ano letivo, justamente, por condições meteorológicas adversas, pela ocupação das instalações desportivas para outros fins, como foi a situação dos ensaios para o Desporto Escolar. A interligação de todos os conhecimentos conseguidos e os resultados alcançados, permite-nos ter um PA estruturado da seguinte forma: (i) as competências gerais/transversais a todas as matérias de ensino; (ii) as competências específicas de cada uma das matérias de ensino; (iii) o número de aulas designado para cada uma das unidades didáticas; (iv) os recursos materiais a utilizar; (v) a avaliação indicada para a abordagem das matérias (Apêndice 2 e 3).

Concluída a lógica macro do PA, era tempo de se debruçar sobre a realização das UD e dos planos de aula.

A principal reformulação do PA ocorrida, deve-se à implementação do PAFC na escola, em que o processo de ensino-aprendizagem começa a ser orientado para as áreas de competências a desenvolver nos alunos, competindo a cada área curricular trabalhar as múltiplas competências consideradas no PASEO. Certamente que o planeamento deve ser um documento flexível e de fácil adaptação em que se consiga constantemente executar o “refresh” do mesmo (Zabalza, 2000).

Finalizado o EP, importa refletir que as transformações do PA, normalmente, ocorrem pelas caraterísticas particulares dos alunos da turma e pela grande quantidade de situações não previstas no planeamento. Por essa razão, os professores são confrontados com problemas em que têm de dar respostas momentâneas, favorecendo assim, o seu desenvolvimento de competências essenciais para a formação docente, como o desenvolvimento pessoal e social, raciocínio e resolução de problemas e o pensamento crítico. Acreditamos que este PA oferece todas as garantias face às exigências do processo de ensino-aprendizagem a que estaríamos sujeitos.