Definição de áreas de disposição final de resíduos sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010) em seu artigo 19, inciso II, exige a indicação de áreas favoráveis para a disposição final ambientalmente adequada de rejeitos. A escolha das áreas é permeada por critérios técnicos de seleção, presentes no plano diretor ou zoneamento ambiental dos municípios.

A avaliação contida neste item é sucinta, tendo por objetivo apenas o cumprimento dos requisitos legais previstos na lei e uma indicação dos critérios técnicos a serem utilizados, no caso da adoção de uma tecnologia de destinação final de resíduos sólidos na área do município.

As áreas selecionadas servem ainda como base para possível alocação de estruturas de gerenciamento de resíduos sólidos, tais quais estações de transbordo e deposição temporária de resíduos recicláveis e de logística reversa obrigatória.

Para seleção de possíveis áreas para instalação de infraestruturas utilizaram-se os dados cartográficos do Exército em escala 1:50.000 e imagens de satélites disponibilizadas pelo sistema Google Earth. Para avaliação das possíveis áreas para instalação de aterros sanitários de pequeno porte foram utilizados os critérios apresentados por Castilhos (2002) conforme consta no Quadro 7.

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Quadro 7: Critérios técnicos, ambientais e de uso e ocupação do solo para escolha de áreas.

Critério Definição

Critérios Ambientais

Distância de recursos hídricos

No que se refere à proximidade de recursos hídricos foi tomada por padrão a medida mínima de 200 metros de distância. Essa metragem baseia-se no critério de distanciamento que atende à Portaria n. 124 de 20/8/80 do Ministério do Interior, a qual estabelece que “quaisquer indústrias potencialmente poluidoras, bem como as construções ou estruturas que armazenam substâncias capazes de causar poluição hídrica, devem ficar a uma distância mínima de 200 metros de coleções hídricas ou cursos d’água mais próximos”.

Condutividade hidráulica do solo

A condutividade hidráulica (parâmetro que mede a maior ou menor facilidade com que a água percola através de um meio poroso, Azevedo & Albuquerque Filho, 1998). É o critério que verifica a potencialidade de infiltração de líquidos no solo. No caso de um acidente em um aterro sustentável de resíduos sólidos urbanos um local com maior condutividade hidráulica permitirá mais facilmente a passagem do lixiviado pelo solo, potencializando o risco de poluição das águas. Solos com baixa condutividade hidráulica (<10–4 cm/s) apresentam maior potencial de utilização como camadas de impermeabilização de laterais e fundo do aterro sustentável

Fauna e flora local Neste item serão avaliadas as áreas sob o enfoque do meio biológico, destacando a existência de espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção, e ainda as áreas de preservação permanente.

Critérios de Uso e Ocupação do Solo

Distância dos centros urbanos

São dois os fatores (opostos) que interferem nesta característica: primeiro que, quanto mais longe da zona urbana, mais caro será o serviço de transporte. Tem-se adotado a distância máxima de 15 km para resolver esta questão. O segundo fator parte do princípio de que a população não se mostra interessada em possuir um aterro sustentável de resíduos sólidos nas proximidades de sua residência, em razão de possíveis odores, ruídos (incremento do tráfego e operação do aterro), poeira e incômodo visual. A mescla dos dois fatores resultou na pontuação apresentada pelo autor.

Facilidade de acesso

A intensidade de certos impactos ambientais, como ruídos, odores e modificação da paisagem, depende diretamente da distância da fonte poluidora em relação ao receptor. Para a distância de vias foi adotado o valor de 100 metros do eixo de rodovias federais e estaduais.

Critérios Operacionais

Clinografia

A importância deste critério pode ser verificada em termos de preservação do solo, pois além de ser um fator restritivo do uso para disposição de resíduos sólidos urbanos, limita o transporte do material ate o local. Considerou-se a classe plana a mais adequada ao uso pretendido, em função das facilidades de implantação dos aterros sustentáveis de resíduos.

Reaproveitamento da área do lixão

Na medida em que esta é a situação da maioria dos municípios de pequeno porte no País, incluiu-se este critério para reforçar a importância da recuperação da área degradada. Áreas empregadas anteriormente para outros usos, como por exemplo, pedreiras, podem também ser consideradas neste item, já que necessitam de recuperação ambiental.

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O município de Maracajá faz divisa com os municípios de Forquilhinha ao norte, Criciúma à nordeste, Araranguá ao sul e Meleiro ao oeste . A implantação de estruturas nas áreas aqui ditas pode ser realizada de forma isolada ou através de consórcio intermunicipal, sob parecer técnico e administrativo. Para tal, salienta-se que a seleção da área para construção de um aterro é uma fase muito importante no processo de implantação, pois diminui os custos e gastos relacionados com infraestrutura.

A avaliação prévia das áreas existentes no Município objetiva direcionar as decisões, estudos e projetos de futuras instalações destinadas à destinação ou disposição final de resíduos sólidos. Para tal, foram selecionadas 5 áreas no Município, as quais se referem aos passivos ambientais que compõe o cenário atual, conforme consta na Figura 7.

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Figura 7: Localização das áreas selecionadas para avaliação prévia de viabilidade ambiental das áreas para instalação de sistema de manejo ou destino final de resíduos sólidos urbanos.

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As informações sobre as possíveis áreas para implantação de aterros sanitários ou outras tecnologias são apresentadas na Tabela 11 e a avaliação detalhada é apresentada no Anexo 6.

Tabela 11: Informações das áreas e resultados da avaliação prévia de viabilidade ambiental de áreas.

Parâmetro Área 1 Área 2 Área 3

Localização Grau Decimal (Datum SAD69) Lat: 28°50'6.58"S Long: 49°24'48.15"O Lat: 28°51'31.50"S Long: 49°26'45.84"O Lat: 28°51'52.51"S Long: 49°25'24.64"O Critérios ambientais 45 42 45 Uso e ocupação do solo 9 15 13 Critérios Operacionais 13 13 9 Total 67 70 67

Legenda: Lat = latitude; Long = longitude. Fonte: elaborado pelos autores.

Verifica-se que a Área 2, apresentou maior escore total na avaliação. Isso se deve ao fato de a área ter apresentado maior desempenho no critério de reaproveitamento de área degradada, por situar-se numa área de mineração bem como sua menor distância de áreas urbanas. Em síntese as 3 áreas avaliadas, para possível implantação de unidades de tratamento de resíduos, após avaliação dos critérios ambientais se mostraram muito semelhantes. As áreas avaliadas apresentam Argilossolos e Cambissolos conforme Mapa de Solos UPR 8 (SANTA CATARINA, 2002). As taxas de infiltração são da ordem de 10-4 à 10-5 cm/s e de 10-3 à10-4 cm/s respectivamente (FIORI et al, 2010).

Para realização de projetos nesses locais deverá ser realizado um estudo detalhado, com avaliações baseadas em levantamentos de dados em campo. Além disso, devem-se considerar as condições, critérios e diretrizes para instalação descritos na Resolução CONAMA n˚ 404 (BRASIL, 2008). A necessidade de apresentação de EIA/RIMA será estabelecida pelo órgão ambiental que avaliará o projeto de aterro sanitário.

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É importante ressaltar que a avaliação das três áreas pré-selecionadas considerou apenas a viabilidade técnica e ambiental, porém não foi avaliou-se a disponibilidade de aquisição dessas áreas, nem seus valores comerciais.