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PARTE II – FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS E

2. Definição de “ciber-informações nativas” e outros conceitos

Geralmente, o surgimento dos cibermeios cidadãos é relacionado com a necessidade de ultrapassar o lapso participativo das formas de comunicação unidirecionais (LEMOS, 2009). Sem desconsiderar esta como uma das razões, inclusive bastante presente nos depoimentos dos autores de cibermeios indígenas, convém olhar este objeto com maior complexidade. Na busca por estabelecer uma separação entre o jornalismo e as novas formas de comunicação que emergem na internet, optou-se por denominar as informações produzidas por indígenas, para a internet, de ciber-informações nativas, e não utilizar termos como jornalismo participativo, jornalismo cidadão, ou outros dos conceitos existentes que derivassem de “jornalismo”. Acredita-se que esta distinção permitirá uma diferenciação entre as características específicas do objeto analisado e aquelas do jornalismo, assim como convém melhor à forma como estas práticas se relacionam na esfera pública – a partir de locais de fala e de poder diferentes. Define-se, assim, as ciber-informações nativas como informações produzidas por cidadãos de comunidades tradicionais, nativas, ou comunidades urbanas desfavorecidas, para a internet, que visam intervir no devir social destas comunidades, através da comunicação. Incorporam características de outras práticas comunicativas e narrativas, inclusive do jornalismo e, em muitos casos, buscam dialogar com ele na esfera pública, retransmitindo notícias jornalísticas, questionando-as e/ou simulando o seu formato.

Portanto, estas informações dialogam com o jornalismo tradicional em muitas esferas. Primeiro, a prática jornalística carrega consigo o ideal das narrativas verídicas do cotidiano. O reconhecimento deste conhecimento produzido pelo jornalismo se faz presente quando a produção de informação dos indígenas é denominada de “etno- jornalismo” (THYDÊWÁ, on-line) e quando produções noticiosas das organizações são citadas nos cibermeios indígenas, mesmo que seja de

maneira crítica. Na crítica, reside a insatisfação e o questionamento da legitimação desta forma de conhecimento, mas, ao mesmo tempo, o reconhecimento desta forma de cultura, que são as notícias (SCHUDSON, 2003, p. 03).

Quando os indígenas se autodenominam “etnojornalistas” (INDÍGENAS DIGITAIS, on-line) ou “jornalistas de seu próprio povo” fica evidente que, nos cibermeios indígenas, há uma tentativa de reproduzir um conhecimento semelhante àquele produzido pelo jornalismo. Os autores indígenas reivindicam realizar uma narrativa verídica do cotidiano, simulando o que viram, ouviram e assistiram nos jornais3. Quando publicações de protesto e convocação à mobilização comunitária são escritas, há a incorporação do que, na história do jornalismo, denominou-se de jornalismo político, ou jornalismo de advocacia (advocacy journalism) – aquela forma de comunicação que incitou a Revolução Francesa e se estendeu para diversas partes do mundo de maneira distinta (WAISBOARD, 2009). Em alguns momentos, estas narrativas aproximam-se, assim, do jornalismo em seus primórdios, de autoria pessoal e função política.

Nesta semelhança à militância política presente nos primeiros periódicos, observa-se outra dimensão em que as ciber-informações nativas se aproximam do jornalismo, além da reivindicação de ser uma narrativa verídica do cotidiano: a utilização da publicidade da informação como meio para interferir no devir social. Mas a publicidade como via para governabilidade é a herança do jornalismo e não seu privilégio, assim como o objetivo de reproduzir a realidade não reside em uma forma de conhecimento específica (MACHADO, 1992 p. 07). Estas práticas não se tornam idênticas por causa das influências culturais que o jornalismo exerce sobre os autores dos cibermeios indígenas,

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Durante a pesquisa de campo, a pesquisadora assistiu televisão, com a família onde ficou hospedada. Teve a oportunidade de assistir programas que abordavam a realidade indígena. No dia 08 de janeiro de 2012, foi transmitida a reportagem “Disputa por território entre fazendeiros e índios vira guerra no MS”, na TV Record (disponível no link: http://noticias.r7.com/videos/exclusivo- disputa-por-territorios-entre-fazendeiros-e-indios-vira-guerra-no-

ms/idmedia/4f0a27893d14644c8a3c7272.html; acesso em 08 de janeiro de 2013). Um programa humorístico da Rede Globo satirizava a formação do Brasil (o programa não está disponível do acervo on-line da emissora). Nele, um personagem índio casara com uma branca, passava todo o dia em uma rede e o casal possuía muitos filhos. Os comentários sobre este último programa protestavam: “Olha como eles descrevem os índios”.

assim como exerce sobre quase qualquer cidadão dentro das sociedades atuais.

Em outras dimensões, as ciber-informações nativas se afastam do jornalismo, dialogam com outras formas de narrativa, como a literatura, a história e a propaganda e desenvolvem particularidades. A temporalidade de suas narrativas políticas toma dimensões próprias, que são em muito distintas do que se convencionou como jornalismo na atualidade. É uma temporalidade vinculada a diversos fatores do cotidiano da vida da comunidade: como disponibilidade pessoal, estrutura disponível, vontade individual e, especificamente no caso dos indígenas, algumas vezes, autorização das lideranças das comunidades. Estas produções não são moldadas por uma técnica de narrativa definida, nem por critérios para seleção do que será publicado; variam de acordo com os objetivos individuais e/ou da instituição.

Se, por um lado, não é preciso uma organização para fazer jornalismo, por outro, mesmo os meios produzidos a duas mãos, como o Jornal Pessoal, ou blogues jornalísticos individuais seguem padrões do que é declarado como a instituição social do jornalismo (FOLETTO, 2009). Embora as práticas produtivas sejam importantes, destaca-se uma diferença que reside na relação da narrativa com a realidade: a abertura para pluralidade e a dialética enquanto forma de aproximação da realidade diferencia o jornalismo das ciber-informações nativas. A realidade que se mostra nos cibermeios indígenas é aquela dos povos indígenas, conforme percebida por eles. É a visão política deles sobre a exclusão social e política que sofrem, sobre seus direitos, sua cultura e a cultura do “outro” que ali é transmitida.

Já no jornalismo é obrigatório partir do pressuposto que as aparências são contraditórias e buscar apresentar não uma, mas diversas e opostas perspectivas da realidade: “como realidade mediada, os relatos construídos jornalisticamente são resultado de uma aproximação do real que somente permite um conhecimento singular do mundo porque compreende que as aparências fenomênicas são contraditórias, exigindo uma relação com a totalidade para que apareça o singular” (MACHADO, 1992, p. 104-5). Na prática noticiosa, o questionamento do real se dá a partir da apresentação das contradições deste real, em uma dinâmica em que o singular deve levar ao questionamento do todo (GENRO FILHO, 1987). Este percurso não é traçado naturalmente, mas como consequência de um esforço técnico e deontológico, onde se articulam um mundo real, um mundo de referência e um mundo possível (ALSINA, 1989, p. 188). Assim, o jornalista não transmite apenas o relato do acontecimento – supor isto seria ceder ao empirismo ingênuo.

Além disso, o jornalista realiza uma ligação entre o cidadão e diversas formas de conhecimento da sociedade – filosofia, ciência, política (ALSINA, 1989, p. 180).

Nas ciber-informações nativas, o questionamento do real também pode existir, assim como podem estar presentes as contradições ao se apresentar o singular de cada evento e se refletir sobre o todo; mas isto se dá espontaneamente, sem ser consequência de uma disciplina objetivada. O que significa que estas narrativas têm como principal referência o universo individual do autor e da comunidade produtora. Diferentemente do jornalismo que, enquanto uma instituição social, é uma referência para diversos indivíduos, organizações e localidades diferentes. As notícias constroem esse universo simbólico que em sua forma material simples, cotidiana e descartável pode servir a pessoas de diferentes classes e com diferentes objetivos dentro de uma democracia, quando elas decidirem agir politicamente (SCHUDSON, 2003, p. 33). Mesmo quando o jornal falha em apresentar essa pluralidade, como será demonstrado na análise da cobertura sobre povos indígenas neste trabalho, fica claro que são práticas distintas.

A partir da distinção de que não se trataria de uma forma de jornalismo, optou-se por chamar estas informações de “ciber- informações nativas” e seus textos de “publicações” diferenciando de notícias ou matérias, por exemplo, utilizadas para os textos jornalísticos. Esta distinção é apenas o começo para uma análise que busca perceber as características específicas de cada uma destas práticas e considerar como elas se relacionam. O termo “nativas” foi preferido diante da alternativa “indígenas” porque acredita-se que as características encontradas nas informações indígenas analisadas podem estar presentes ao se observar outras produções informativas de autoria de comunidades nativas de outros lugares: populações tribais da Austrália, da Índia, Nova Zelândia, que não se denominam indígenas (WILSON, STUART, 2008); e também para as produções feitas por comunidades das favelas brasileiras, por exemplo.

Alguns outros conceitos são centrais nesta pesquisa. O conceito de circulação, explicado no terceiro capítulo, refere-se à etapa do processo comunicativo que está entre a emissão e recepção da informação, uma fronteira ainda pouco estudada pelas teorias da comunicação e jornalismo (FAUSTO NETO, 2010). O conceito de geografia das notícias foi criado ao se analisar diversas instâncias da prática produtiva para compreender as fronteiras do conhecimento transmitido pelas notícias. Sinteticamente, a geografia das notícias é a interação entre a prática produtiva, a técnica e deontologia do jornalismo

e as fontes, concretizada através dos horizontes simbólicos dos profissionais e das organizações jornalísticas, das estruturas de poder das redações e das possibilidades físicas e temporais da teia de facticidade, que delimitam as fronteiras do que se torna conhecido, ou não, nas notícias.

O conceito de portal é aplicado a cibermeios que incluam diversas funcionalidades, entre elas notícias, serviços de finanças, meteorologia, comunidades virtuais, listas de discussão, salas de bate- papo em tempo real (BARBOSA, 2002, p. 45). No entanto, nesta pesquisa, quando se utiliza o termo portal se referindo ao cibermeio Índios On-line, está se replicando o termo utilizado pelos autores indígenas para denominar esse cibermeio, mesmo que de acordo com as suas características, a partir de uma perspectiva acadêmica, ele não pudesse ser considerado um portal.

3. Casos Estudados

A partir de uma análise preliminar do blogue Sites Indígenas (on-line) que lista aproximadamente 60 cibermeios de autoria de indígenas do território brasileiro, selecionou-se os cibermeios indígenas a partir de dois critérios principais, que se mostraram bastante excludentes: o cibermeio deveria publicar textos de caráter noticioso e possuir uma atualização constante4. Houve a intenção inicial que a seleção abrangesse diversas regiões do país, mas não foram encontrados cibermeios de autoria de índios da região sul e sudeste do país com atualização constante e também, devido às restrições de tempo e financiamento para a pesquisa, apenas dois cibermeios indígenas foram analisados. Um blogue e outro cibermeio denominado pelos seus autores de “portal” de autoria de povos indígenas foram selecionados.

Pereira (2007) aponta a existência de três tipos de cibermeios indígenas: de organização (62,17%), pessoais (21,62%) e de etnia (16,21%). Os dois cibermeios analisados também abarcam características destas três modalidades. O blogue AJINDO pertence à organização e o portal Índios On-line é misto – de etnia e pessoal, uma

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Considerou-se uma média semanal, pois notamos, em alguns cibermeios, variação na atualização, como é o caso do Índios Online (on-line) que é de autoria coletiva e cada integrante da rede publica independentemente. Nele, pode transcorrer uma semana sem haver atualização e, em outra semana, acontecerem muitas publicações.

vez que a gestão é feita por grupos étnicos especificados e indivíduos que possuem um perfil dentro do cibermeio.

Segundo a metodologia aplicada pelo Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online - GJOL (MACHADO; PALACIOS, 2008, p. 204), a originalidade, a representatividade e a diversidade são considerados critérios importantes para seleção de objeto de estudos de caso. Buscou- se, assim, na triagem realizada, cibermeios que possuíssem tais características. O cibermeio de uma organização jornalística do estado onde os autores indígenas residem foi selecionado. Os dois cibermeios jornalísticos selecionados são produzidos pelo jornal impresso com maior circulação em cada estado (Bahia e Mato Grosso do Sul).

1. Blogue da Ação de Jovens Indígenas (AJINDO) (AJINDO, on-line) Definição: é o blogue da Organização Não-Governamental Ação dos Jovens Indígenas de Dourados. A ONG é coordenada por Maria de Lourdes Boeldi, socióloga, com mestrado em antropologia, professora do departamento de Medicina da Universidade de São Paulo5.

Sede: Na cidade de Dourados, a quatro quilômetros da Reserva Indígena de Dourados no estado de Mato Grosso do Sul.

Histórico: O blogue, criado em 2006, nos últimos três anos apresenta uma média de cento e cinquenta publicações anuais.

Quem produz: Jovens indígenas, com idade entre 18 e 24 anos, das etnias Guarani, Kaiowá e Terena, moradores da Reserva Indígena de Dourados, que integram a ONG AJI. Atualmente a equipe de bolsistas da AJI é composta por Ana Cláudia, Rosivânia, Emerson, Indianara, Diana e Jaqueline. É possível observar que o blogue aceita colaborações esporádicas de outros autores indígenas.

Justificativa: Mobilizado por jovens, este blogue pode fornecer possibilidades ímpares devido a sua originalidade, além de abranger a

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Além do blogue, a AJI produz um jornal impresso distribuído mensalmente, chamado “Ajindo”, feito sob coordenação de uma jornalista, um website (JOVENS INDÍGENAS, on-line) e um programa de rádio “ORE REKO”, que é veiculado na rádio 92.1 AM, de Dourados. Segundo a coordenadora da ONG (ALCÂNTARA, 2012), o blogue foi criado enquanto não se tinha financiamento para produzir o website, e quando este foi finalmente produzido o blogue foi mantido. Não foram estabelecidos propósitos claros que diferenciassem o blogue do website.

região centro-oeste na reserva indígena com maior densidade demográfica do país, com 15 mil índios numa região de 3554 hectares.

Estatísticas: O blogue possui 983 publicações referentes aos anos entre 2006 e 2012. Não foi possível encontrar estatísticas referentes ao número de visitas, porque o cibermeio encontra-se abaixo da posição 100.000 na classificação do Alexa (on-line).

2. Índios On-Line

Definição: O portal Índios Online (on-line) teve início em 2004 e recebeu patrocínio do Ministério da Cultura para se tornar um Ponto de Cultura em 2007. Criado originalmente pela Organização Não- Governamental Thydêwá, o portal hoje é uma rede autônoma, gerida pelos indígenas (THYDEWA, on-line). É uma rede de comunicação de povos indígenas conectados à internet produzindo conteúdo multimídia de criação individual e/ou coletiva.

Sede: não possui uma sede. É um cibermeio que conecta indígenas de diversas localidades. A pesquisa foi realizada nas aldeias de Água Vermelha, Caramuru e Bahetá (municípios de Pau Brasil e Itaju do Colônia, Bahia), uma vez que os primeiros pontos do projeto foram implantados nessa região6.

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É importante ressaltar que, no caso das aldeias visitadas, a conexão à internet para acessar o portal é feita a partir de um ponto de presença do GESAC na aldeia, ou computador pessoal. O GESAC tem como objetivo promover a inclusão digital no território brasileiro, através de telecentros com conexão à internet via satélite e terrestre (GESAC, on-line) e é a iniciativa mais ampla de

Estatística: O portal possui 3943 publicações entre os anos 2005 e 2012. Não foi possível encontrar estatísticas referentes ao número de visitas, porque o cibermeio encontra-se abaixo da posição 100.000 na classificação do Alexa (on-line).

Quem produz: O portal recebe colaboração principalmente de sete etnias de três estados do Nordeste brasileiro: Kiriri, Tupinambá, Pataxó Hã Hã Hãe, Tumbalalá na Bahia, Xucuru-Kariri, Kariri-Xocó em Alagoas e os Pankararu em Pernambuco. A rede é composta atualmente por cinco gestores (Alex Makuxi de Roraima, Patrícia Pankararu de Pernambuco, Nhenety Kariri-Xocó de Alagoas e Fábio Titiá e Yonana Pataxó Hã Hã Hãe da Bahia), e por inúmeros indígenas voluntários que colaboram para o portal, divididos entre essas etnias e localidades.

Justificativa: O Índios On-line é atualmente uma referência em comunicação digital de indígenas no país. Este cibermeio pode ser considerado, dentro do material pesquisado para a realização deste projeto, um pioneiro em articulação de povos indígenas no ciberespaço, devido à possibilidade de conexão em rede e à frequência de publicações.

inclusão digital do governo brasileiro, alcançando localidades de difícil acesso (PINTO, 2009, p.10). Em Olivença, dois indígenas (Potyra Tê e Jaborandy) foram entrevistados na sede na ONG Thydêwá, idealizadora do projeto do portal. Com exceção daqueles dois indígenas, que trabalham para a ONG, os demais integrantes da rede, inclusive os cinco gestores, não são remunerados para exercer a função.

3. O Correio do Estado (O CORREIO DO ESTADO, on-line)

Definição: o Correio do Estado é o cibermeio jornalístico do jornal homônimo, que tem sede em Campo Grande (MS).

Histórico: em outubro de 2010, o cibermeio foi reformulado, adquirindo uma nova concepção com um maior foco em produção multimídia do que anteriormente. Antes o site do jornal apenas repetia na íntegra os textos publicados no impresso e era atualizado uma vez por dia.

Estatística: maior número de visitas na classificação do Alexa (on-line) entre os cibermeios de organizações jornalísticas do estado, ocupando a posição 45.733 na classificação geral, 1.005 no Brasil.

Justificativa: esse jornal foi escolhido por ser o cibermeio do jornal impresso com maior circulação no estado.

Equipe: a equipe do jornal é composta por dois editores, um subeditor, um jornalista e uma estagiária que trabalham entre os horários de 6h30min e 22h.

4. Correio 24 Horas (on-line)

Definição: o Correio 24 Horas é o cibermeio jornalístico do jornal Correio, que tem sede em Salvador (BA).

Histórico: em agosto de 2008, o cibermeio foi reformulado, adquirindo uma nova concepção com foco em um cibermeio dinâmico, com imagens, feito por núcleo de produção digital. Antes o site do

jornal apenas repetia na íntegra os textos publicados no impresso e era atualizado uma vez por dia.

Estatística: maior número de visitas na classificação do Alexa (on-line) entre os cibermeios de organizações jornalísticas do estado, ocupando a posição 15.323 na classificação geral, 442 no Brasil.

Justificativa: esse jornal foi escolhido por ser o cibermeio do jornal impresso com a maior circulação no estado7.

Equipe: a equipe do jornal é composta por um editor, um subeditor de home, quatro jornalistas e quatro estagiários, que trabalham entre os horários de 6h30min e 24h

4. Objetivos

4.1 Objetivo geral

Analisar as principais características das ciber-informações nativas de autoria de povos indígenas residentes no território brasileiro, com um enfoque na forma como se dá a circulação destas informações, observando uma possível relação entre os cibermeios indígenas e o jornalismo tradicional no contexto da sociedade em rede.

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O jornal A Tarde, o segundo com maior circulação no estado, havia sido selecionado para a investigação, a princípio. Mas a solicitação para realizar a pesquisa não foi aceita pelo jornal. Como o Correio 24 Horas concordou em colaborar e, além disso, atualmente possui a maior circulação do estado, a pesquisa foi feita com este cibermeio.

4.2 Específicos

a) Discutir os conceitos de diversas formas de comunicação e jornalismo que propuseram uma alternativa ao formato do jornalismo tradicional das organizações jornalísticas, definindo as especificidades destas propostas, de forma que essas propostas possam oferecer elementos para analisar as ciber- informações nativas de autoria de povos indígenas e refletir sobre o potencial e/ou limites das informações de autoria cidadã;

b) Analisar as diversas utilizações e funções aplicadas às ciber- informações ativas de autoria de povos indígenas, para compreender qual o papel social destas informações, quais são os objetivos por trás da implantação de tecnologias de informação e comunicação em aldeias indígenas e como ocorre sua incorporação pelas comunidades;

c) Compreender como se dá a circulação das ciber-informações nativas de autoria dos povos indígenas, apontando uma relação entre a forma e o conteúdo da informação e entre as estratégias tecnológicas e conexões em rede, virtuais e não-virtuais, na sociedade atual;

d) Investigar a cobertura sobre povos indígenas em cibermeios jornalísticos observando como parâmetros da técnica e deontologia jornalísticas são aplicados e podem ser reconhecidos no conteúdo das notícias sobre povos indígenas e nas práticas produtivas nas organizações noticiosas.

5. Hipótese

A hipótese principal desta pesquisa é que as ciber-informações nativas são produzidas pelos povos indígenas na busca para se adequarem à sociedade em rede e que as estratégias para circular informações entre si e para a sociedade envolvem uma convergência de atitudes e comportamentos, no que Jenkins (2008) descreveu como uma interligação da tecnologia com a esfera cultural.

Uma dimensão desta relação entre a globalização e as identidades étnicas e comunitárias é captada por Stuart Hall (2006)

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