• Nenhum resultado encontrado

PARTE I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2. A Educação Ambiental

2.1 Definição do conceito de Educação Ambiental

Tentemos definir o conceito de EA. Se analisarmos a expressão verificamos que é constituída por duas palavras, ambas com significados bem conhecidos: Ambiente e Educação.

Em primeiro lugar, segundo Alves (1998, p.79), poderemos encarar o ensino como “um processo organizado de transmissão de conhecimentos ou de organização de aprendizagens que visa, por isso a formação intelectual dos jovens”, revelando-se como instruções e explicações cedidas para um uso especial. Ainda segundo o mesmo autor, o processo de educação visa “a formação geral e integral, que acrescenta à formação intelectual, a formação sócio-afectiva e moral” (Ibidem), tendendo estas duas perspectivas a ser cada vez menos antagónicas e mais sinónimas.

A Importância da Educação Ambiental, no 1.º Ciclo do Ensino Básico – Um Estudo de Caso

_______________________________________________________________________________

Educar é um processo permanente e não um produto, pois, mais do que ensinar, a alguém, o que pensar ou o que fazer, é despertar neste, o como pensar e agir (INAMB, 1989). Por conseguinte, considerando que o Homem e se torna pessoa na relação com todas as outras pessoas e, embora, normalmente, se delegue à família e à escola a tarefa de educar, a verdade é que é toda a sociedade que educa (Ibidem).

Neste contexto, é preciso delinear a visão de Ambiente. Normalmente este é concebido de modo imóvel, como o local onde tudo acontece e dele se dissocia o Homem.

A análise global do Meio Ambiente não pode dissociar as interacções naturais das interacções sociais, pois os fenómenos aí estudados encontram-se em interacção permanente e dinâmica. Daí a complexidade do conceito de Ambiente pois, segundo o INAMB (1989, p.11) o Ambiente “abarca a totalidade do planeta e os elementos que o compõem, físicos, químicos e biológicos, tanto naturais quanto artificiais, tanto orgânicos quanto inorgânicos (…) até o Homem e as suas formas de organização na sociedade, onde a rede de inter – relações existentes entre estes elementos se encontra em estreita dependência e influência recíproca”.

Segundo Alves (1998, p.17) o Ambiente esta relacionado com o Homem, podendo definir-se como “o conjunto dos sistemas físicos, ecológicos, económicos e sócio – culturais com efeito directo ou indirecto sobre os organismos e a qualidade de vida do Homem.”.

Nas últimas décadas do século XX assistiu-se a um grande agravamento no mundo em matéria de Ambiente, reconhecendo-se também a amplitude desses problemas. O Ambiente ainda se está a degradar de modo irreversível, as matérias-primas, todas elas finitas, caminham para o esgotamento.

As acções irracionais do Homem sobre a Natureza e a exploração gananciosa dos recursos naturais, colocaram em risco a sua própria sobrevivência. Interferindo, assim, desmedidamente, no Ambiente, modificou o seu equilíbrio ficando os seres vivos expostos a perigos que, por vezes, são irreversíveis.

Só nas últimas décadas é que o Homem começa a ter consciência das suas acções e da necessidade de adoptar novas atitudes em relação ao mundo natural, bem como ao Ambiente, em geral.

Fernandes (2001) refere que a actual situação da EA é o resultado de uma história de êxitos e de fracassos em que prevalecem mais as intuições e as boas vontades do que a

A Importância da Educação Ambiental, no 1.º Ciclo do Ensino Básico – Um Estudo de Caso

_______________________________________________________________________________

eficácia de um instrumento pedagógico capaz de informar, esclarecer e formar educadores empenhados e disponíveis, bem como as instituições que os enquadram. O acordo recente de colaboração entre os Ministérios do Ambiente e da Educação deverá constituir, futuramente, o cerne desse instrumento. O mesmo autor afirma que a transformação da EA em Educação, face à mudança gradual do atomismo disciplinar de um currículo solto para uma integração multi e inter – disciplinar dessas mesmas disciplinas por meio de projectos concretos sobre a vida, representará uma verdadeira abertura e integração do Homem no seu Ambiente.

A EA deve, pois, conduzir o Homem a viver harmoniosamente com a natureza, com a participação de todos os cidadãos para solucionar os problemas ambientais, (compreender o ambiente) no sentido da preocupação com a gestão racional dos recursos naturais, com o destino das futuras gerações e com a sobrevivência da espécie humana (INAMB, 1989).

A EA é uma acção ou processo de reconhecimento dos valores humanos que visa procurar esclarecer conceitos e permite fomentar destrezas e atitudes necessárias à compreensão das seguintes inter - relações: “Homem/Sociedade”, “Cultura/Educação” e “Meio/Ambiente”. Consideramo-la como uma forma de educação cívica, moral e social, conduzindo as pessoas a ter um compromisso com os problemas quotidianos da conservação, da administração e da melhoria do meio ambiente.

A EA não é mais uma disciplina ou uma matéria complementar, ela é, pois, um processo que engloba o campo de actuação, com vista à sua vertente prática. É o ponto onde convergem grande variedade de conhecimentos, e não só de natureza ecológica. A EA deve enquadrar-se numa acção interdisciplinar, a fim de alcançar os seus objectivos a que ela se propõe. É, assim, uma educação evolutiva e progressiva dedicada à criatura humana, com vista à sua evolução e progresso, bem como do mundo em que se insere.

Duma forma simples e consensual, Alves (1998, pp.83-84) define EA como “Educar sobre o Ambiente, no Ambiente e pelo Ambiente” cujo objectivo principal das acções da EA vise “uma mudança de atitudes em matéria de Ambiente”. Refere ainda que a EA dirigida a populações alvo muito grandes se entende como uma acção de EA, para se cumprirem determinados objectivos, tais como (Idem, p. 249):

“1. Explicar o problema (causas);

A Importância da Educação Ambiental, no 1.º Ciclo do Ensino Básico – Um Estudo de Caso

_______________________________________________________________________________

“um processo que visa formar uma população consciente e preocupada como Ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permitam trabalhar individualmente e colectivamente para resolver os problemas actuais e impedir que se repitam”.

3. Sensibilizar para a necessidade de resolução do problema;

4. Explicar quais as atitudes que cada um pode tomar nesse sentido;

5. Explicitar quais as consequências esperadas para o ambiente com essa mudança de atitude;

6. Induzir, claramente, à mudança de atitude desejada.”.

Se nos referirmos a alguns aspectos dúbios entre EA e o ensino das temáticas ambientais, devemos, porém, clarificar o conceito de sensibilização ao ambiente. O autor acima citado (Idem, p.84) defende também que sensibilização ambiental visa fundamentalmente “alertar as populações para os problemas objectivos em apreço, por vezes visando mesmo a mudança de atitudes, mas segundo um processo a que não se pode chamar educativo”, mas sim de sensibilização ambiental.

Consideramos urgente e necessário que o Ser Humano adopte uma nova consciência ecológica e uma nova postura ética face à Natureza.

É, pois, a EA um processo em que o Ambiente é abordado na sua globalidade, como se define na nossa LBA (Lei n.º 11/87, de 7 de Abril, Art.º 5.º, ponto 2 a),devendo ser encarada como “conjunto dos sistemas físicos, químicos e biológicos e sua relações e dos factores económicos, sociais e culturais com efeito directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres vivos e a qualidade de vida do homem”.

Segundo o Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO, em 1975 (INAMB, 1989, p.11) a Educação Ambiental deverá ser entendida como

Documentos relacionados