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Definição Do Corpus De Análise

No documento Relatorio MCD Trabalho de parto Marco2017 (páginas 68-71)

CAPÍTULO II: ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

9. Análise De Conteúdo

9.1. Definição Do Corpus De Análise

O processo de constituição do corpus de análise obedeceu as regras preconizadas por Bardin (2009), ou seja, a (1) regra da exaustividade, condição que estipula que não se pode deixar de fora elementos por uma qualquer razão; a (2) regra da representatividade que defende que os elementos a analisar devem ser representativos do universo inicial; a (3) regra da homogeneidade, para qual os elementos escolhidos devem obedecer a critérios de escolha, não podendo apresentar demasiada singularidade fora desses critérios; e a (4) regra da pertinência, na qual os elementos devem ser adequados de forma a corresponderem aos objetivos que suscitam a análise.

Indo ao encontro dos objetivos da presente investigação, a constituição do corpus de análise obedeceu a escolhas e seleções que priorizassem o material que pudesse associar- se ao evento Trabalho de parto, excluindo, com a devida justificação, aquele que se associasse a outras problemáticas e/ou diagnósticos. Desta forma, foi excluído do corpus de análise todo o material não relacionado com o Trabalho de parto, que não contribuiu para a caracterização ou avaliação deste (Anexos III e IV). Excluímos, assim, os enunciados de diagnósticos e intervenções de enfermagem que claramente se associassem a outros focos, que não o Trabalho de parto, como por exemplo:

- Amamentação, como os enunciados: Conhecimento sobre relação entre

amamentação / vinculação mãe – filho; Ensinar sobre prevenção de mastite; Ensinar sobre preparação dos mamilos; Facilitar o amamentar depois do trabalho de parto; Promover vinculação mãe-filho.

- Gravidez, como as unidades de registo: Monitorizar altura uterina; Ensinar sobre

alterações corporais na gravidez; Ensinar sobre hábitos alimentares durante a gravidez.

- Optou-se, também, por excluir o material relacionado com Conhecimento e Capacidade sobre a preparação psicoprofilática para o parto, tais como, Ensinar sobre

preparação psicoprofilática para o parto; Instruir preparação psicoprofilática para o parto,

pois atualmente a preparação psicoprofilática já não está efetivamente associada à realidade atual. Hoje estão propostas outras recentes técnicas comportamentais facilitadoras (exercícios físicos, respiratórios e de relaxamento) que visam a melhor

preparação da mulher para o Trabalho de parto (Mafetoni et al., 2014; Osório et al., 2014; Sousa, 2015). Tal designação é, atualmente, obsoleta.

Foi igualmente excluído todo o material que apresentasse algum erro de enunciação ou formulação, que, de certa forma, nos impedisse de compreender o sentido, o objetivo concreto ou o conteúdo do mesmo, impossibilitando o posterior processo de análise, (Exemplo: Aprendizagem de Habilidades; Aplicar protocolo). De forma global, e como exemplo, consideramos assim excluídos: os diagnósticos e intervenções com conteúdo inespecífico, demasiado abrangente ou descontextualizado, não se conseguindo compreender a sua finalidade (Exemplo: Preparar material; Alimentar a pessoa); os enunciados que representavam resultados, isto é, associados ao juízo clínico Demonstrado ou Ausente (Exemplo: Aprendizagem de capacidades sobre trabalho de parto Demonstrado;

Trabalho de parto Ausente); e diagnósticos e intervenções de enfermagem relacionados

com prescrição médica (Exemplo: Conhecimento sobre indução de trabalho de parto e

Inserir cateter venoso periférico por procedimento).

Desta forma, a partir da seleção fundamentada do material que deveria ser rejeitado, foi constituído o corpus de análise, com os restantes diagnósticos e intervenções do universo do material do estudo. Dele fazem parte toda a documentação de enfermagem que possa estar ligada ao Trabalho de parto. Salientamos que se procurou chegar a um conjunto de elementos com elevada pertinência, mas também diversidade, de forma a acrescentar riqueza e exaustividade à análise. Dada a extensão do material do estudo, o processo da constituição do corpus de análise está devidamente clarificado nos Anexos III e IV, que correspondem, ao material excluído do corpus, com a respetiva explicação e esclarecimento dos motivos que levaram à sua exclusão. Nesta sequência, do nosso corpus de análise, fizeram parte 41 tipos de enunciados diferentes de diagnósticos de enfermagem e 143 tipos de enunciados diferentes de intervenções de enfermagem.

A definição das unidades, ou seja, a transformação dos dados em bruto em unidades de análise, que são classificadas e agregadas, é uma etapa fundamental de codificação. As unidades de registo constituem segmentos de conteúdo a considerar como unidade base, permitindo a categorização, e que são distinguidas segundo referencial temático (Bardin, 2009). No presente estudo, as unidades de registo correspondem aos enunciados de diagnósticos e de intervenções do SAPE®. Com vista a organização do corpus de análise, bem como a agilização do processo de análise e sucessiva categorização, as unidades de registo foram tratadas em Excel, procedendo-se, posteriormente, à sua categorização.

Nesta altura, a categorização apresenta um papel importante, uma vez que é das categorias elaboradas, que o investigador procede a agregação das unidades de registo previamente definidas (Bardin,2009).

Como já foi referido, neste estudo, optou-se por uma definição de categorias e subcategorias à priori, ou seja, um Modelo de Análise de Conteúdo Categorial à priori.

Uma reflexão e análise mais aprofundada sobre o corpus de análise conduziram a seleção das unidades de contexto e consequentemente a análise e categorização. Para a construção das categorias utilizamos, como modelo de análise a CIPE® versão 2015 , enquanto estrutura semântica. Esta opção está relacionada com o facto de nesta classificação estarem contidos os conceitos necessários à descrição dos cuidados de enfermagem. Suportamos o processo de análise, também, em parte, pela norma ISO 18104: 2014 (ISO, 2014) enquanto terminologia de referência orientada pelos conceitos de enfermagem.

Ainda assim, deixou-se espaço para uma definição indutiva de categorias, caso se viesse a verificar a necessidade de acrescentar novas categorias e subcategorias ao longo do desenvolvimento do processo de análise de conteúdo. Procuramos então, através do referencial teórico, encontrar o conjunto de dados relevante para a avaliação do foco Trabalho de parto, que aponta para as experiências e vivências de transição no contexto do Trabalho de parto e nascimento.

O investigador pode, assim, realizar uma síntese e seleção dos resultados, deduzir inferências e propor interpretações, utilizando os resultados da análise com fins teóricos e pragmáticos (Bardin, 2009). Neste estudo, as conclusões da análise de conteúdo efetuada, permitir-nos-á evoluir para o desenvolvimento de uma parte do Modelo Clínico de Dados inicialmente proposto.

No documento Relatorio MCD Trabalho de parto Marco2017 (páginas 68-71)