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O primeiro significado da expressão planeta remete à Antiguidade, mais especificamente, à pré-história. Segundo Faria (1987) os primeiros registros históricos evidenciam que os povos primitivos, enquanto faziam suas observações continuamente do céu noturno, perceberam que além do movimento do Sol e da Lua em relação às estrelas, havia outros astros, sendo também pontos luminosos e com forma semelhante à

27 das estrelas, que se moviam por entre estas com o decorrer das noites. Estes astros foram intitulados como “errantes”8

. Essa foi considerada a primeira definição para planeta.

Com o desenvolvimento de teorias sobre sua origem, o conceito de planeta modificou-se, apontando a esta expressão “corpos de massa inferior a cerca de 1500 massas terrestre e superior a aproximadamente 0,001 massas da Terra que giram ao redor do Sol, ou que possam existir girando em torno de outras estrelas (FARIA, 1987, p. 82).

Em 24 de agosto de 2006, a International Astronomical Union (IAU) [União Astronômica Internacional] decidiu por meio de uma Assembleia Geral, tornar público um conceito mais consistente, ao anunciar através da resolução 5A, que Planeta e outros organismos do nosso Sistema Solar, exceto os satélites, é todo corpo celeste que cumpra as seguintes condições9.

(a) esteja em órbita em torno do Sol;

(b) tem massa suficiente para que sua autogravidade se sobreponha as forças de corpo rígido de modo que ele assuma uma forma em equilíbrio hidrostático (aproximadamente arredondada.)

(c) seja gravitacionalmente dominante na vizinhança de sua órbita.

Ainda em relação à resolução 5A, a IAU introduziu uma nova terminologia em astronomia: a de Planeta Anão. Todavia, para um corpo ser um “Planeta Anão”, ele tem que

(a) estar em órbita ao redor do Sol,

(b) ter massa suficiente para a sua autogravidade superar forças rígidas do corpo, de modo que ele assume um equilíbrio hidrostático (quase redondo)

(c) não tenha vizinhança livre em torno de sua órbita, e (d) não seja um satélite.

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Hoje, sabe-se que esses astros se tratavam de: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno e a Lua (RODRIGUES, 2003).

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28 Isto é, para um astro ser considerado Planeta Anão, ele deve cumprir as duas primeiras condições da definição de Planeta, não satisfazer a terceira, ou seja, não ter limpado a vizinhança de sua órbita e, não ser satélite de nenhum planeta.

Vale ressaltar que, essa resolução aplica-se apenas aos planetas do nosso Sistema Solar. Segundo Melo (2010) para os planetas que vem sendo descobertos ao redor de outras estrelas, os chamados exoplanetas ou planetas extrasolares, faz necessário um item adicional: a não existência de um processo nuclear de geração de energia no interior do planeta.

A massa limitante para a fusão termonuclear de deutério é de 13 massas de Júpiter para objetos de metalicidade solar. A partir desse limite, segundo a nomenclatura aprovada em 2003 pelo grupo da IAU10, o corpo passa a ser considerado uma Anã Marrom11. Esta é, então, a principal característica que distingue planeta e Anã Marrom.

3.1.2 O Sistema Solar

Durante décadas, diversas culturas observaram e analisaram, à luz do conhecimento cientifico da época, como era a distribuição e a organização dos astros no céu chegando a ver o sistema planetário dentro de uma multiplicidade de modelos. De acordo com Faria (1987) o surgimento do conceito de Sistema Solar deu-se em virtude da necessidade de explicar os movimentos observados com os planetas, assim como entender o funcionamento do planeta Terra e tudo que estava ao seu redor.

Atualmente, sabe-se que o Sistema Solar “é o conjunto de todos os corpos (ou matéria) cujo principal centro de atração é o Sol” (RODRIGUES, 2003, p. 95) sendo composto por uma estrela, oito planetas com suas luas e anéis, um vasto número de planetas anões, asteroides, cometas e o espaço interplanetário. O corpo dominante é o Sol, por possuir uma grande quantidade de matéria concentrada e ao seu redor orbitam os seus satélites, os asteroides e os oito planetas conhecidos. Em ordem de proximidade ao Sol são eles: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte (Planetas telúricos, terrestres que são

10

http://www.astro.iag.usp.br/~dinamica/WGEP.html 11

Possuem M ≥ 13 MJup possuem luminosidade intensa quando nascem e a partir daí vai perdendo sua temperatura e luminosidade incessantemente.

29 similares a Terra), Júpiter, Saturno, Urano e Netuno (Planetas Jovianos similares a Júpiter).

Figura 1: Características dos tipos de planetas

Terrestres Jovianos

Massa Pequena (≤ M ⊕) Grande (≥14 M ⊕)

Tamanho Pequeno Grande

Densidade Grande Pequena

Distância ao Sol Pequena Grande

Composição química Rochas e metais pesados Silicatos, óxidos, Ni, Fe

Elementos leves H, He, H2O, CO2, CH4, NH3

N° de satélites Poucos ou nenhum Muitos

Fonte: OLIVEIRA FILHO E SARAIVA (2014, p. 158)

Como pode ser visto na Figura 1, os planetas terrestres ou telúricos são pequenos, apresentam pouca massa, grande densidade, possuem poucos ou nenhum satélite, e sua composição é basicamente de elementos pesados. A superfície é sólida e a atmosfera é tênue em comparação a massa do planeta. São chamados de planetas internos por estarem mais próximos do Sol.

Os planetas Jovianos são chamados de gigantes por serem grandes em dimensão e em massa, possuem muitos satélites e todos exibem anéis, não possuem uma superfície sólida, sua atmosfera é densa e estão muito distantes do Sol. Sua composição é basicamente de elementos leves (hidrogênio e hélio). Esta composição química é a mesma do Sol e praticamente a dominante no Universo.

Os cinco planetas visíveis a olho nu são: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno (conhecidos desde a Antiguidade). A descoberta dos outros planetas ocorreu, segundo Oliveira Filho e Saraiva (2014), após a invenção do telescópio: Urano, em 1781, por William Herschel (1738- 1822) que a princípio acreditaram que se tratava de um cometa, mas após novas observações e medições realizadas pela comunidade cientifica confirmaram ser um planeta. Logo após a descoberta de Urano, foi observado que os cálculos matemáticos não reproduziam com exatidão a sua órbita. Foi insinuado que existiria outro planeta, uma vez que, a influência gravitacional era a responsável pelos desvios na orbita de Urano (RODRIGUES, 2003). Em 1845, John Couch Adams (1819-1892) e pouco depois o astrônomo francês Urbain Jean Joseph Le Verrier (1811-

30 1877) supuseram a presença de Netuno que, em seguida foi observado por Johann Gottfried Galle (1812- 1910) a menos de um grau dos cálculos realizados anteriormente. (RODRIGUES, 2003).

Após a descoberta de Netuno, vários astrônomos foram em busca de outros planetas. Assim outros “planetas” continuavam sendo descobertos entre as órbitas de Marte e Júpiter. Em 1860 os astrônomos já contabilizavam um número bem maior que 50, no qual tratava de uma população com características próprias e distintas dos oito planetas principais (MELLO, 2010).

Em 1930, Plutão, descoberto por Clyde William Tombaugh (1906-1997), a princípio foi aclamado como planeta. No entanto, com a descoberta de outros objetos (alguns com diâmetros maiores e outros com diâmetros menores que Plutão) localizados além da órbita de Netuno, o status de Plutão foi sendo contestado. Após longos debates, em 2006 a União Astronômica Internacional decidiu excluir Plutão da lista de planetas e o reclassificou como um “planeta anão” (MELLO, 2010).

Hoje, vários planetas vêm sendo descobertos em torno de outras estrelas que não o Sol. Estes planetas são chamados de Exoplanetas ou Planetas Extrasolares. Essas descobertas levam-nos a crer que o nosso Sistema Solar não é único e que a nossa galáxia, a Via Láctea, comporta um número “astronômico” de exoplanetas.

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