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Capítulo 3 – MODELO ANALÍTICO DA DISSERTAÇÃO

4.1 Definições Gerais

Vários trabalhos técnicos foram realizados sobre o segmento Metal-Mecânico, em todo o território brasileiro. No Nordeste podemos destacar a pesquisa de Rosenthal (1999) mais especificamente no estado do Ceará, Mota e Rosenthal 2000. No estado de Minas Gerais, Diniz et. al., 2000 apresentaram o estudo da cadeia de fornecimento automotivo junto à montadora FIAT, em Betim. Especificamente no Rio de Janeiro, Santos e Pinhão, 2000 analisaram o setor metal-mecânico em todo o país.

Este setor compreende uma variedade de atividades relacionadas à transformação e conformação de materiais metálicos e, desta forma, sendo denominado de complexo metal-mecânico. Este complexo constitui um conjunto diversificado de setores, conforme Rosenthal (1999), cuja característica principal consiste no fato do componente principal de bens e serviços contemplar tecnologias baseadas em conhecimentos e procedimentos, relacionados com a produção, processamento e utilização de materiais. Mais especialmente podemos citar o ferro, o alumínio e o aço, dentre outros tipos de ligas metálicas.

Também podemos considerar o segmento metal-mecânico como um dos mais extensos dentre todos os setores na indústria. Os gêneros que o compõem, como a metalurgia dos ferrosos e não-ferrosos, a mecânica (bens de capital em geral e serviços industriais) e os materiais elétricos, de comunicações e de transportes - destacam-se pela grande heterogeneidade de seus produtos. Boa parte deles é demandada como insumos que, ao se combinarem com outros, viabilizam a manufatura de diversos bens intermediários, de capital, e de consumo final, muitos destes últimos também produzidos no seu interior, como é o caso dos automóveis.

4.1.1 Divisão do Segmento

Essa heterogeneidade de produtos, com níveis diversos de complexidade tecnológica, promove a coexistência de processos que variam em relação ao grau de conhecimento tecnológico do fornecedor ou produtor, a possibilidade de normatização dos componentes, à continuidade do processo produtivo, incluindo-se aí a disposição e funcionalidade do Layout e a flexibilidade desse processo; e à escala ótima de produção. Rosental (1999) considerou que tais atividades poderiam estar dispostas nas seguintes divisões:

i. Indústria metalúrgica;

ii. Indústria de máquinas e equipamentos; iii. Indústria de bens finais;

iv. Outras atividades (produção de ferramentas, ferragens e outros artefatos metálicos e a indústria de material elétrico)

Segundo Mota e Rosenthal (2000), o setor de metal-mecânica foi um dos mais afetados pelas tecnologias oriundas da década de 1990, onde a velocidade de mudanças tecnológicas aumentou na medida em que houve uma intensificação da concorrência. Estas tecnologias desenvolvidas representaram as oportunidades para o aumento da competitividade e da inovação, proporcionando uma capacidade maior de controle e de automação da produção.

Podemos citar como uma importante inovação, a incorporação da microeletrônica nos produtos, bem como a compactação e miniaturização, bem como desenvolvimento de novas matérias-primas.

Para atender tais exigências mercadológicas, as empresas do setor tiveram que passar por um processo de reorganização para apresentar uma estrutura mais ágil, com custos menores e qualidade superior, adotando um novo modelo de produção e de distribuição competitivos. Esse novo modelo se baseia, essencialmente, em novas técnicas de gestão e organização, como programas de qualidade através da certificação, sistemas Just in time e a terceirização de parte das atividades produtivas, e também na adoção de novas tecnologias de produção (Ferreira, 2002).

Esta consideração pode parecer paradoxal se analisarmos sua principal base, as indústrias metalúrgicas, compostas por empresas grandes e relativamente modernas, os segmentos ao longo da cadeia produtiva são pulverizados e desintegrados.

4.1.2 Principais Processos Industriais

Outro importante traço estrutural do setor é a convivência, em seu interior, de processos contínuos e descontínuos em unidades produtivas/ organizacionais distintas, de diferentes tamanhos, com níveis de atualização tecnológicos bastante diferenciados, caracterizando uma situação bastante heterogênea.

Podemos dividir os processos de fabricação em seis famílias principais, considerando as atividades correlatas, da seguinte maneira:

i. Fundição é o processo onde o material metálico é derretido, adicionado elementos para garantir suas propriedades físicas, definidos como elementos de liga. Posteriormente o material em estado líquido é vazado em moldes adequados na forma de lingotes, tarugos ou em peças com dimensões finais. Existem processos de micro fusão, onde são obtidas peças com peso de algumas gramas até fundição de grandes componentes industriais que atingem centena de toneladas;

ii. Na conformação mecânica podemos considerar as atividades primárias de corte, dobramento ou repuxo, até atividades mais técnicas como a laminação, estampagem, forjamento ou trefilação. Os processos variam de acordo com as especificidades da matéria prima e dos processos de fabricação subseqüentes. Estes processos dependem de equipamentos específicos e parametrização do processo para garantir a eficácia e qualidade dos produtos finais;

iii. Os processos de separação de materiais são mais conhecidos por processos de usinagem, podendo ser apenas uma operação de remoção pura de material (desbaste) ou para elaborar peças com geometrias complexas e dimensões com precisões em escala micrométricas. A evolução deste processo iniciou com a utilização de metais duros, passando por equipamentos controlados numericamente e mais recentemente, centros de usinagem com múltiplas funções e alta velocidade de processamento;

iv. Nos processos de união de materiais, destaca-se o processo de soldagem, onde as partes são aquecidas e fundidas com ou sem a adição de elemento de união (eletrodo), tendo a atmosfera aberta ou controlada (gás inerte). Os processos evoluíram do uso de gases oxi-acetilênicos (mistura de oxigênio com gás acetileno), eletrodo revestido, MIG/ MAG, TIG e mais recentemente a utilização de plasma;

v. No acabamento superficial temos a pintura como o principal processo, podendo utilizar diversos materiais e técnicas para sua realização. Também existem processos termoquímicos que melhoram as propriedades superficiais sem detrimento das propriedades mecânicas do material base;

vi. Os processos que resultam na alteração das propriedades mecânicas dos materiais metálicos, geralmente realizado por intermédio de aquecimento ou resfriamento adequado, ou seja, o tratamento térmico dos materiais. Processos de conformação mecânica também podem promover a alteração das propriedades mecânicas, porém dependem do material processado e apresentam restrições quanto às dimensões finais exigidas.

Na adoção de técnicas organizacionais, as empresas procuraram se envolver com práticas de Qualidade, sendo também esta técnica a mais utilizada nas empresas deste

setor. Atualmente são consideradas células de produção e controle estatístico de processo avançado, embora por um número restrito de empresas. Uma quantidade ainda menor de empresas trabalha com sistemas de gestão da produção Just in time.

Segundo uma análise estratégica do segmento, verifica-se que a dinâmica concorrencial prevalece, tendo como fator comum o reduzido valor agregado dos componentes individuais. Também se observa um padrão tecnológico de processo de amplo conhecimento e domínio. As barreiras à entrada de novos concorrentes são diminutas, de modo que existe um grande número de pequenas empresas convivendo com um reduzido grupo de médias e grandes empresas, líderes de mercado (Porter 1986). Empresas deste segmento apresentam baixa rentabilidade, capacitação gerencial restrita, tecnologia e processos padrões que, somadas à ausência de uma estratégia de suprimento e à desintegração vertical, induzem o uso de máquinas do tipo universal, afetando a qualidade do produto e a eficiência dos processos.

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