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3.1 Lixo: resíduos sólidos

3.1.4 Definições

Lixo, segundo Lima (1991), é definido como todo e qualquer resíduo das atividades diárias do homem.

A palavra “liXO” deriva do latim lix, que significa cinza. Em dicionários encontra-se a definição como sujeira; coisa ou coisas inúteis, velhas e sem valor; tudo o que não se quer e se joga fora. Em linguagem técnica lixo é a denominação comum de resíduos sólidos que se caracterizam por materiais descartados de atividades humanas, como restos de alimentos, couros, madeiras, latas, vidros, vapores, poeiras, gases, entre outros (RODRIGUES; CAVINATO, 1997).

O lixo também pode ser definido por matéria fora do lugar (SELIAR, 1999). E, para Bonalume Neto (1999), lixo é o espelho das sociedades humanas.

Para o Instituto de Pesquisas Tecnológicas e para o Compromisso Empresarial para Reciclagem (ABNT, 1987a apud IPT; CEMPRE, 2000, p.29), denomina-se como lixo

os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Normalmente, apresentam-se sob estado sólido, semi-sólido ou semi-líquido (com conteúdo líquido suficiente para que este possa fluir livremente).

Segundo Monteiro et al. (2001, p.23), muitos autores em suas publicações se utilizam indistintamente dos termos “lixo” e “resíduos sólidos”. No Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, encontra-se a seguinte definição:

resíduo sólido ou simplesmente lixo é todo material sólido ou semi-sólido indesejável, que necessita ser removido por ter sido considerado inútil por quem o descarta, em qualquer recipiente destinado a este ato.

A ABNT, de acordo com a Norma Brasileira Registrada (NBR) 10.004:2004 define resíduos sólidos como:

resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição urbana. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos e corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível” (ABNT, 2004, pg.1).

A legislação americana define os resíduos sólidos como

[...] qualquer tipo de lixo, refugo, lodo de estação de tratamento de esgoto, de tratamento de água ou de equipamento de controle da poluição do ar e

outros materiais descartados, incluindo sólidos, líquidos, semi-sólidos, gás de contêineres resultantes de operações industriais, comerciais, de mineração e agrícolas, e de atividades da comunidade, porém não inclui sólidos ou materiais dissolvidos e esgoto doméstico, sólidos ou materiais dissolvidos na água de fluxo de retorno de irrigação e descargas pontuais [...] (USA, 1989, p.R-8 apud PHILIPPI JR; AGUIAR, 2005, p.271).

Na interpretação dos órgãos normativos europeus, resíduo é “tudo aquilo que requeira processamento físico ou químico para reaproveitamento, mesmo que conserve um valor econômico residual” (TROMANS e FITZGERALD, 1998 apud PHILIPPI JR; AGUIAR, 2005, p.271).

Para Philippi Jr e Aguiar (2005, p.272) a definição utilizada pelos órgãos europeus é conseqüência do limite ainda impreciso entre o que são sub-produtos e o que são co-produtos, pois pode haver distinção tanto no processo gerado quanto ao uso que se dá. Mas os autores salientam que em todas as definições, os resíduos constituem

subprodutos das atividades humanas com características específicas

adquiridas pelo processo que os gerou. Do ponto de vista da sociedade, materiais descartados que são aproveitados deixam de ser resíduos, constituindo-se matérias-primas secundárias. Em particular, são

denominados rejeitos todos os resíduos que não têm aproveitamento por nenhum processo tecnológico disponível e acessível.

A Figura 02 mostra um diagrama esquemático do fluxo de aproveitamento dos subprodutos e resíduos gerados em um processo.

REJEITOS MATÉRIAS- PRIMAS SECUNDÁRIAS RESÍDUOS MATÉRIAS- PRIMAS SECUNDÁRIAS SUBPRODUTOS PRODUTOS ATIVIDADE HUMANAS

Figura 02 – Diagrama esquemático de algumas definições utilizadas. Fonte: PHILIPPI JR; AGUIAR, 2005..

A partir deste capítulo, em vez de “lixo” foi utilizado o termo “resíduos sólidos”, e como definição para este termo, a da NBR 10004 (ABNT, 2004), pois permite uma abordagem técnica atual e abrangente quanto ao tema deste trabalho.

Destaca-se, ainda, que em algumas definições apresentadas, a característica inservível dos resíduos sólidos é discutível, pois materiais que não apresentam serventia para quem os descarta, para outros podem se tornar matéria-prima para um novo produto ou

processo. Neste sentido, o princípio dos 3 Rs; reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos sólidos, é condição básica a ser considerada para o gerenciamento integrado de resíduos sólidos, de competência pública ou privada.

3.1.5 Formas de classificação

Os resíduos sólidos, segundo Bidone (1999), podem ser classificados de várias formas, e, aquela a ser adotada, depende do tipo de trabalho e do objetivo que se pretende alcançar, ou seja, se o objetivo for estudar a:

a)

b)

c) d)

biodegradabilidade - classifica-se em biodegradável (ex: restos de alimentos); moderadamente biodegradável (ex: celulósicos - folhas de papel, restos de plantas, podas de árvores); dificilmente biodegradável (ex: madeira, borracha, couro), e, não biodegradável (vidro, plástico e metal);

composição classifica-se em, doméstico; comercial; industrial; serviços de saúde; e, especiais;

incineração, classifica-se em, combustíveis e não combustíveis; e, reciclagem, classifica-se de acordo com:

ƒa composição do material - matéria orgânica, plástico, metal, vidro, e outros diversos materiais;

ƒa umidade - seco (plástico, vidro, metal, papel) e úmido (matéria orgânica e rejeitos); e,

ƒo gênero (genérica) - reciclável, descartável e perigosos.

Para o IPT e CEMPRE (2000), os resíduos sólidos podem ser classificados quanto à: a) natureza física: seco ou molhado;

b) composição química: matéria orgânica e inorgânica;

c) riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública: perigosos e não perigosos (não inertes e inertes), de acordo com a NBR 10004 (ABNT, 2004); e,

d) origem: domiciliar; comercial; público; serviços de saúde e hospitalar; portos, aeroportos e terminais de rodoviários e ferroviários; industrial; agrícola e entulhos.

O Quadro 01 mostra de forma resumida, a NBR 10004: 2004, da ABNT que classifica os resíduos em:

a) resíduos classe I - Perigosos;

b) resíduos de classe II – Não Perigosos; ƒresíduos classe II A – Não inertes; e, ƒresíduos classe II B – Inertes.

a)

Categoria Características

Resíduos Classe I PERIGOSOS

São aqueles que apresentam PERICULOSIDADE, em função de suas propriedades físicas, químicas e infecto-contagiosas e podem apresentar:

a)_riscos à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices; e,

b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. Podem ainda apresentar as características de : INFLAMABILIDADE, CORROSIVIDADE, REATIVIDADE, TOXIDADE OU PATOGENICIDADE, descritos nos itens 4.2.1.1 a 4.2.1.5 ou que constem nos anexos A ou B desta norma.

Os códigos para alguns resíduos encontram-se no anexo H desta norma.

Resíduos Classe II A – Não inertes

Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos CLASSE I - PERIGOSOS ou de resíduos CLASSE II B – INERTES.

Podem ter propriedades, tais como: BIODEGRABILIDADE, COMBUSTIBILIDADE ou SOLUBILIDADE EM ÁGUA.

Resíduos Classe II NÃO

PERIGOSOS Resíduos Classe II B – Inertes

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT- NBR 1007, submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme a ABNT-NBR 1006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbides, dureza e sabor, conforme ANEXO G.

Nota: os resíduos radioativos não são objeto desta Norma, pois são de competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNE).

Quadro 01 - Classificação dos resíduos sólidos quanto à periculosidade. Fonte: adaptado da NBR nº 10004 da ABNT, 2004.

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