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3 SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS E O PRINCÍPIO DA

3.1 Sistema de Registro de Preços

3.1.1 Definições

Justen Filho (2014, p.536) atribui ao registro de preços o caráter de “contrato normativo, produzido mediante licitação e que determina as condições quantitativas e qualitativas para contratações futuras de compras e serviços, realizadas por um único ou por uma pluralidade de órgãos administrativos”. O Decreto nº 7.892/2013 em art. 2º informa que o Sistema de Registro de Preços se trata de um “conjunto de procedimentos para registro formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição de bens, para contratações futuras;[...]”.

Jacoby (2009, p. 30) interpreta o SRP como “um procedimento especial de licitação que se efetiva por meio de uma concorrência ou pregão sui generis, selecionando a proposta mais vantajosa, com observância do princípio da isonomia, para eventual e futura contratação pela Administração”.

Carvalho (2017, p. 466) esclarece que o Sistema de Registro de Preços é procedimento usado:

[...] tão somente para registrar preços, para o caso de eventual contratação posterior. Acontece quando a Administração entende que um bem ou serviço é adquirido com muita frequência e, por isso, tem interesse em deixar um registro, no órgão, com o eventual fornecedor deste bem ou serviço.

De modo mais simplificado, Marinela (2014, p. 386) afirma que “Registro de Preços é procedimento administrativo que a Administração pode adotar para compras, obras ou serviços rotineiros”.

Como o próprio decreto estabelece, a contratação é futura, e o entendimento majoritário da doutrina é que não há direito do particular à contratação, mas apenas a preferência durante a vigência Ata de Registro de Preços.

Outras definições relevantes remetem as figuras específicas relacionadas ao Sistema de Registro de Preço. Com redação fornecida pelo Decreto 7.892/2013, em seu art. 2º, incisos II, III, IV e V , é o que se passa a expor:

a) Ata de Registro de Preços – ARP

Trata-se de “documento vinculativo, obrigacional, com característica de compromisso para futura contratação, em que se registram os preços, fornecedores, órgãos participantes e condições a serem praticadas, conforme as disposições contidas no instrumento convocatório e propostas apresentadas”. Este é documento resultante de licitação por SRP, possuindo a validade de até 12 meses, de acordo com a disposição no art. 12 do Decreto nº 7.892/2013.

Conforme Jacoby (2009, p. 320), a ARP “é um instrumento jurídico que tem finalidade própria e distinta dos demais elementos do SRP”. Acrescenta que a ARP não se confunde com o contrato, e nem o dispensa. Não é semelhante a ata de licitação, visto que esta não possui conteúdo obrigacional vinculativo.

Conclui-se que a Ata de Registro de Preços é documento dependente e resultante de licitação por registro de preços, não substituindo ou dispensando documentos, como por exemplo, o contrato, e mais, é na ARP que se registra o objeto da aquisição, o seu valor, o fornecedor, os órgão participantes, se houver, e todas as condições de fornecimento, que devem estar condizentes com o previsto em edital.

b) Órgão Gerenciador

É o “órgão ou entidade da administração pública federal responsável pela condução do conjunto de procedimentos para registro de preços e gerenciamento da ata de registro de preços dele decorrente”. Será o órgão gerenciador responsável por gerir a ARP e em regra, realizará todos os procedimentos anteriores à licitação e a licitação em si, podendo conceder adesão, ou não, entre outros atos (BRASIL, 2013). É o órgão gerenciador a figura de destaque no procedimento licitatório por SRP.

c) Órgão Participante

Concerne em “órgão ou entidade da administração pública que participa dos procedimentos iniciais do Sistema de Registro de Preços e integra a ata de registro de preços”. O órgão participante deverá manifestar seu interesse no registro de preços promovido pelo órgão gerenciador, formalizando a quantidade e produtos ou serviços que pretende adquirir pela licitação que ocorrerá, mediante aprovação da autoridade competente do órgão que manifesta interesse.

Em regra, o órgão participante não exercerá nenhuma função nas fases internas ou externas da licitação, mas, de acordo com o art. 5º, §2º, do Decreto nº 7.892/2013, o órgão gerenciador poderá solicitar auxílio daquele para instruir o processo licitatório, fazer a pesquisa de mercado e realizar a própria licitação.

d) Órgão Não Participante

Refere-se ao “órgão ou entidade da administração pública que, não tendo participado dos procedimentos iniciais da licitação, atendidos os requisitos desta norma, faz adesão à ata de registro de preços”. Seria este, o interessado em adquirir objeto licitado por outro órgão. O órgão não participante é aquele que ao constatar a existência de ARP vigente, sendo do seu interesse o objeto constante em tal ata, pode solicitar, ao órgão gerenciador e ao fornecedor, adesão à ata. Esta solicitação deverá ser concedida pelas duas partes solicitadas, pois havendo a negativa de uma delas, impedirá a contratação por meio de adesão – “carona” – pelo órgão não participante (CARVALHO, 2017).

e) Compra Nacional

Trata-se de procedimento para aquisição ou contratação “[...] em que o órgão gerenciador conduz os procedimentos para registro de preços destinado à execução descentralizada de programa ou projeto federal, mediante prévia indicação da demanda pelos entes federados beneficiados;”. Exemplo clássico de compra nacional é a aquisição de livros do Programa Nacional do Livro Didático – PNLD, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE.

f) Órgão participante de compra nacional

Refere-se a todo “órgão ou entidade da administração pública que, em razão de participação em programa ou projeto federal, é contemplado no registro de preços independente de manifestação formal”.

O SRP, conforme seu decreto regulamentador, poderá ser usado nas seguintes situações:

I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações frequentes;

II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa;

III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração.

A construção do SRP, para que obtivesse a atual face, contou com um processo de organização e aprimoramento. A Administração foi adequando a ferramenta de acordo com seus interesses, e novas regulamentações foram surgindo com o decorrer do tempo, para aproximar a norma abstrata, da prática. Essa evolução está detalhada na subseção 3.1.2.