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DEFININDO O TEMA E SEUS CONCEITOS

No documento LUIZ CLAUDIO DE OLIVEIRA DUPIM (páginas 22-89)

Capítulo 1 –DESENVOLVIMENTO LOCAL

Este Capítulo aborda a importância da dimensão local nos estudos econômico e uma breve revisão sobre o conceito de desenvolvimento local e a dinâmica territorial aplicada ao desenvolvimento.

1.1 – A IMPORTÂNCIA DA DIMENSÃO LOCAL NO TEMA DESENVOLVIMENTO

O estudo do tema desenvolvimento vem sendo cada vez mais direcionado no contexto nacional ao seu aspecto local. Tal direcionamento pode ser explicado devido à aceleração, a partir dos anos 1980, do processo de globalização e o consequente enfraquecimento dos Estados nacionais, muito em parte, devido à intensificação do comércio internacional que tende a acentuar as diferenciações em um contexto no qual o desenvolvimento não depende exclusivamente de sua escala nacional, e sim da capacidade de cada país, regiões ou localidades em se integrar aos fluxos de interdependência das atividades econômicas (FAURÉ e HASENCLEVER, 2007).

Marshall foi um dos primeiros autores a reconhecer a importância das economias externas no desempenho econômico mostrando a importância dos fatores de concentração na oferta de mão de obra, relação entre produtores-fornecedores-consumidores, serviços de transporte e o aprendizado (DINIZ e CROCCO, 2006)

Com a intensificação do fenômeno da globalização, a reestruturação industrial, denominada por alguns autores como a crise do padrão fordista4 de produção no final da década de 1970 (AMARAL, 2001), ganha força no campo político o entendimento de que o Estado nacional deve se restringir as suas funções básicas se retirando da economia. Segundo Diniz e Crocco (2006), este processo se aprofundou durante a década de 1980, gerando um movimento de abertura comercial e financeira, acelerando a reestruturação econômica e a internacionalização da produção. Essas mudanças na economia aliadas a revolução tecnológica promoveram uma revalorização da dimensão territorial, em especial ao espaço local na medida em que se acentuava a importância da diferenciação entre os lugares (LASTRES et al, 2006).

Segundo Barquero (2002), a nova concepção de desenvolvimento gerada pelos processos de abertura econômica e descentralização atribui ao local uma grande importância,

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A crise da produção fordista resultou na reestruturação das grandes empresas verticalizadas e rígidas, transformadas em organizações mais flexíveis e articuladas em rede, formando cadeias produtivas globais, afetando as relações de trabalho a as localidades onde estão instaladas (RAMALHO e SANTANA, 2006, p.13).

muito em função de sua dinâmica própria onde à valorização de vantagens comparativas e utilização de seus meios, possibilitam a determinados espaços geográficos a mobilização de seus recursos de uma forma maior ou melhor que outros.

A crise econômica experimentada nos anos 1970 com a crise do petróleo marcaram o fim de ciclo de desenvolvimento baseado em recursos abundantes e baratos. Os programas de ajustes promovidos pelo FMI foram um dos efeitos mais visíveis das mudanças do modelo de desenvolvimento dos países do ocidente. O enfraquecimento dos Estados nacionais a as críticas ao modelo de desenvolvimento baseado sobretudo no crescimento econômico emergiram, passando a situar a dimensão local como protagonista na ordem de desenvolvimento (FERREIRA, 2009)

Atualmente é quase unânime entender que o desenvolvimento local não está relacionado unicamente com crescimento econômico, mas também com a melhoria da qualidade de vida das pessoas e com a conservação do meio ambiente. Estes três fatores estão inter-relacionados e são interdependentes. O aspecto econômico implica em aumento da renda e riqueza, além de condições dignas de trabalho. A partir do momento em que existe um trabalho digno e este trabalho gera riqueza, ele tende a contribuir para a melhoria das oportunidades sociais (MILANI, 2005).

A política de desenvolvimento local se constitui em uma resposta das comunidades locais aos desafios impostos pelo recrudescimento da globalização, ou seja, era necessário que as comunidades locais se reorganizassem em torno do objetivo do desenvolvimento econômico (SOUZA, 2009). Desta forma, o desenvolvimento local implica em articulação entre diversos atores e esferas de poder, seja a sociedade civil, as organizações não governamentais, as instituições privadas e políticas e o próprio governo. Cada um dos atores tem seu papel para contribuir com o desenvolvimento local (BUARQUE, 1999).

Portanto, na dinâmica do desenvolvimento, o local passa a ter um papel central, onde a mobilização dos recursos materiais e imateriais do espaço geográfico proporcionam vantagens comparativas que podem ser determinantes para o sucesso de políticas de desenvolvimento local.

1.2 – CONCEITOS SOBRE DESENVOLVIMENTO LOCAL

Segundo Barquero (2002), desenvolvimento local é o processo de crescimento e mudança estrutural que ocorre em razão da transferência de recursos das atividades tradicionais para as modernas, bem como pelo aproveitamento das economias externas e pela introdução de inovações, determinando a elevação do bem-estar da população de uma cidade ou região. Este conceito está baseado na ideia de que localidades e territórios dispõem de recursos econômicos, humanos, institucionais e culturais, bem como de economias de escala não aproveitadas, que formam seu potencial de desenvolvimento.

Para Muls (2008), a teoria do desenvolvimento local pode ser apresentada como o resultado da falência dos modelos tradicionais de desenvolvimento fundados seja na compreensão do Estado nacional como principal agente promotor do desenvolvimento, seja nas funções alocativas do mercado como facilitador do ótimo econômico.

Conforme descrito em Fauré e Hasenclever (2007), a concepção de desenvolvimento local é fundada sobre alguns pontos, entre os quais se destacam: a possibilidade do desenvolvimento poder acontecer na escala infranacional apesar das condições nacionais e internacionais; as disparidades e os desequilíbrios espaciais nem sempre, nem necessariamente, são corrigidos ao longo do tempo, nem graças ao papel planejador ou equalizador do Estado e/ou órgãos centrais, nem graças ao mercado, nem através de um processo quase automático a partir da visão liberal e otimista; existem, ainda, na escala local dentro de um espaço, determinadas iniciativas para desencadear uma dinâmica de crescimento, que muitas vezes se apresentam apenas como potencialidades. O desenvolvimento econômico local é também fruto das intervenções de fatores supra locais.

“A noção de desenvolvimento local integra várias dimensões, espaciais, econômicas, sociais, culturais e políticas que, através de seu conjunto dinâmico, podem produzir uma prosperidade sólida e durável que não se reduz somente a taxa de crescimento do PIB do município. O melhoramento dos efeitos de aglomeração, a intensificação das economias de proximidade, a ancoragem física das empresas, a realização de programas de criação de emprego e renda, o apoio à modernização do tecido empresarial, os esforços produzidos para elevar o nível de qualificação e de competências e as ações facilitando a incorporação e a difusão das inovações, a construção do território por um conjunto de organizações e de serviços, o acionamento de uma governança associando as esferas públicas e privadas, a criação de instrumentos institucionais visando adaptar as mudanças e antecipar os problemas e os desafios, figuram entre os componentes do possível desenvolvimento local.” (FAURÉ e HASENCLEVER, 2007, p.19)

As políticas nacionais de desenvolvimento quando aplicadas ao contexto local podem apresentar resultados distintos em função das especificidades do território, pois, segundo Fauré e Hasenclever (2003):

“Em um contexto onde mesmo que regras, princípios, fatores e meios que condicionam as atividades econômicas possam ser mais ou menos as mesmas de um lugar para o outro em um contexto nacional, constata-se que situações locais, em termos de desempenho de resultados com relação ao crescimento econômico, podem ser sensivelmente diferentes. A combinação dinâmica de diferentes fatores locais pode explicar estas variações apesar da análise macroeconômica apontar para a convergência de certas características.” (FAURÉ e HASENCLEVER, 2003, p.15)

Com o propósito de sistematizar o estudo do tema, Fauré e Hasenclever (2007), destacam pelo menos três dimensões da concepção do desenvolvimento local. A primeira seria a endogeneidade, ou seja, a existência de um potencial de recursos locais, materiais e imateriais, que podem ser mais, ou melhor, explorados e valorizados.

A segunda seria a territorialidade, indicando que, além dos dados físicos, são os atores que constroem, pelas iniciativas que tomam, pelas interações entre eles, um espaço de atuação onde as relações são mais densas e produtivas do que aquelas fora deste espaço.

A terceira dimensão refere-se às instituições e significa que o desenvolvimento local depende também do desenvolvimento do conjunto das inter-relações, fundadas a partir de valores e crenças, e das organizações.

Portanto, o desenvolvimento local está intimamente ligado aos fatores sociais, ambientais e culturais da formação do território. A organização dos atores cria um ambiente favorável à geração de economia de escala e a redução dos custos de transação, assim como aos rendimentos crescentes e ao crescimento econômico.

A população tem uma importância significativa, pois, segundo Moraes (2003), o ambiente do território é onde interagem os atores, exigindo o desenvolvimento de instituições que possibilitem o planejamento com a participação da comunidade. Para isso são necessários os mecanismos de gestão, que articulem os governos e as instituições locais.

A partir de uma abordagem que passa a valorizar ativos econômicos de uma região, verifica-se a existência de fatores endógenos que podem alavancar atividades econômicas a partir da utilização dos recursos locais, sejam eles materiais ou imateriais

1.2.1 - Desenvolvimento endógeno

As ações para o desenvolvimento podem ser construídas de forma exógena ou endógena, sendo exógenas aquelas que são impostas à comunidade, enquanto que as endógenas partem de uma construção onde a comunidade com seus recursos e cultura própria são parte atuante no processo de transformação.

O desenvolvimento endógeno consiste em um enfoque territorial do desenvolvimento e do funcionamento do sistema produtivo. O território é um agente de transformação, não mero suporte dos recursos e atividades econômicas, pois existem interações entre empresas e demais atores que se organizam para desenvolver a economia e a sociedade. Desta forma, o desenvolvimento endógeno visa a atender às necessidades e demandas da população local por meio da participação ativa da comunidade envolvida. Mas do que buscar ganhos no sistema produtivo na divisão do trabalho, o objetivo passa a ser o bem estar social econômico e cultural da comunidade local. (BENI, 2006)

Ao se endogeneizar o papel do território, pretende-se dizer que cada grupo de instituições e de organismos locais é responsável por estas trajetórias de crescimento. Cada arranjo institucional bem sucedido é específico ao território, sendo um produto de seu próprio contexto e o resultado de sua própria construção. (MULS, 2008).

Do ponto de vista regional, o conceito de desenvolvimento endógeno pode ser entendido como um processo que desencadeia uma contínua ampliação da capacidade de agregação de valor sobre a produção, bem como da capacidade de absorção e retenção do excedente econômico gerado pela atividade econômica local, assim como a atração de excedentes provenientes de outras regiões. Este processo resulta em um ambiente propício à ampliação do emprego, do produto interno e da renda local (OLIVEIRA, 2007).

O desenvolvimento endógeno é, portanto, resultante do atendimento às necessidades locais através da participação ativa da comunidade, objetivando a bem estar econômico, social e cultural coletivo. Além de influenciar os aspectos produtivos, a estratégia de desenvolvimento procura atuar sobre as dimensões sociais e culturais que afetam o bem-estar social (BARQUERO, 2002).

Barquero (2002) destaca como uma das raízes teóricas do desenvolvimento endógeno a grande teoria do desenvolvimento e os rendimentos crescentes onde a existência de externalidades é uma condição necessária para o desenvolvimento de uma região assim como também a existência de uma rede de empresas que dá origem a uma multiplicidade de mercados, sendo geradora de economias externas.

O desenvolvimento endógeno está frequentemente associado à existência de potencialidades produtivas, muitas vezes baseadas em atividades artesanais e comerciais, como também na disponibilidade de acúmulos de capital originários do setor primário como atividades agrícolas ou extrativistas. Barquero (2002) reconhece que as forças dinamizadoras

do processo de crescimento e de transformação estrutural das economias locais são os processos de acumulação de capital e a mudança tecnológica.

Desta forma, a formação de um entorno institucional e econômico favorável, proporcionado pela conjugação do aproveitamento dos recursos e dos serviços locais, bem como da cooperação entre os atores estão no bojo do desenvolvimento endógeno. Tal cooperação também significa acúmulo de capital social, significando relações institucionalizadas na forma de redes sociais.

1.2.2 - Redes de Cooperação

A teoria do desenvolvimento local se fundamenta, entre outros, no fato de que as relações entre os atores econômicos possibilitam a formação de um mecanismo de coordenação que proporciona um processo de crescimento e mudança estrutural nas economias locais e regionais, possibilitado haver rendimentos crescentes quando as relações e a interação entre os agentes econômicos resultam em uma redução dos custos de transações.

Percebe-se, portanto, que os mecanismos de desenvolvimento local se iniciam a partir das interações dos atores econômicos locais às quais se pode aplicar a noção de rede. Uma rede, no sentido de interação entre atores econômicos, pode ser definida como um sistema de relações que vinculam meio produtivo, como produtores, empresas e fornecedores, instituições e meios de informação e tecnologia que tornam possível as trocas de bens, serviços e informações que incorporam conhecimentos (BARQUERO, 2002).

As relações entre atores econômicos em um sistema de rede, apresentam: transações em um contexto de reciprocidade, relações de interdependência, sistemas de interconexões múltiplas, acesso à informação, aprendizagem interativa, difusão inovativa e assimetria, elementos fundamentais para o funcionamento da rede.

As redes podem assumir diferentes formas de organização e inter-relações dependendo do grau de complexidade da relação entre seus atores. Relações informais são tácitas e espontâneas, relações formais se caracterizam por serem explícitas, obedecendo a decisões associadas a objetivos estratégicos de seus integrantes. As primeiras apresentam um caráter casual geralmente se baseando em um grau de confiança como a mantida por famílias, vizinhos, companheiros ou antigos empregados, a segunda apresentam relações envolvendo contratos como bancos, empresas e instituições. Em se tratando de empresas e instituições, as redes podem referir-se a transações comerciais como trocas de bens e serviços que permitem uma relação entre fornecedores e clientes, podem ainda reportar-se a relações técnicas

baseadas em intercâmbio de informações referente a aplicações tecnológicas ou inovadoras de produtos, processos, organização e mercado, obedecendo a regras específicas que regem as relações profissionais e pessoais (OLIVEIRA e GUERRINI, 2002).

A formação e expansão de redes de empresas representam um importante papel no processo de desenvolvimento endógeno, uma vez que possibilitam a difusão de inovações e o processo de mudança estrutural. Uma rede de empresas com base na confiança estimula a interação o que permite aflorar as economias externas ocultas. A cooperação entre os atores é o fator preponderante no sucesso de uma rede, através dela, rompem-se a barreira da concorrência e passa a ocorrer uma relação estratégica entre os parceiros.

Oliveira e Guerrini (2002) destacam a necessidade das empresas reagirem aos desafios e mudanças no mercado, sendo a organização em redes um modelo, não tão novo, porém eficiente como forma de sobrevivência no mercado. Os autores citam exemplos de sucesso obtidos em localidades como a Emilia Romana na Itália, o Vale do Silício nos Estados Unidos da América (EUA), na Comunidade Valenciana na Espanha, e Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul) no Brasil. Os autores também citam como barreiras a serem transpostas para a organização em rede, a quebra do paradigma da concorrência, a falta de oportunidades de encontro de empresas do mesmo setor e a falta de confiança quanto às atitudes dos atores locais.

1.2.3 - Coordenação, normas e convenções sociais

Um fator importante dentro da dinâmica territorial é a relação entre os agentes econômicos onde, em boa parte fora das relações mercantis; o peso das regras, normas e símbolos da comunidade de origem são elevados.

Douglas North5, reconheceu que os custos de transação podem ser reduzidos pelo que chamou de troca pessoal, na medida em que vínculos entre agentes possuam natureza mais pessoal tal como os jogos aplicados ao estudo da interação e cooperação. Verifica-se que em certas condições é possível esperar resultados positivos de ordem espontânea, deixando-se as comunidades, especialmente as pequenas e homogêneas com fortes vínculos de identidade e tradição entre seus indivíduos, ditarem suas próprias normas de cooperação. É o que pode ser verificado em alguns casos de arranjos produtivos e distritos industriais onde as proximidades entre os atores, em geral pequenas e médias empresas, em determinado espaço geográfico proporcionam sinergias capazes de estimular a cooperação a partir de convenções e normas

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espontâneas que surgem devido a fatores que garantem diferenciais competitivos comuns (FIANI, 2011).

Com relação às normas sociais como redutor de conflitos e promoção da cooperação, as condições mais favoráveis parecem ser aquelas observadas igualmente em pequenas e médias comunidades, em que indivíduos se reconheçam mutuamente, sendo necessário um longo período de tempo para que normas surjam e se difundam pelo grupo, com a aplicação, se necessário, de sansões aos não seguidores (FIANI, 2011).

1.2.4 - Território e formas de organização no espaço

O componente fundamental na teoria do desenvolvimento local, como não poderia deixar de ser, é o território como o suporte geográfico (físico) para o desenrolar das relações sociais das comunidades. Conforme Maillat (1995), um território, enquanto espaço econômico, não surge do acaso e sim é construído graças à dinâmica do ambiente, podendo-se considerar que forças coletivas regionais possibilitam a promoção e o início do desenvolvimento territorial real. Seria, portanto, importante investigar a capacidade dos agentes, ao nível territorial, em estimular e promover o desenvolvimento.

Marshall (1985) em seus estudos destacou a organização industrial e investimentos em infraestruturas, criadores de economias externas. A divisão do trabalho possibilitou a geração de economias de escala, e, segundo Marshall (1985), algumas condições podem facilitar o surgimento de economias externas, como por exemplo:

(1) A concentração de indústrias em um mesmo local, gerada pelas interdependências tecnológicas existentes entre atividades, que permite minimizar custos de transporte de insumos;

(2) A formação de um mercado de trabalho especializado;

(3) A troca de ideias entre empresários, que podem se reunir com mais facilidade; (4) A melhoria na infraestrutura, efetuadas por particulares ou pelo Estado, beneficiando o conjunto do complexo industrial localizado no mesmo espaço.

As condições que favorecem as economias externas reproduzem economias de escala. Contudo, a aglomeração excessiva de indústrias em um mesmo local pode produzir “deseconomias” externas, como a elevação dos terrenos e salários, devido ao aumento da concorrência.

Marshall popularizou-se também pela introdução da noção de ‘distritos industriais’, o que tem exercido forte influência em muitos dos debates contemporâneos voltados ao estudo de processos localizados de desenvolvimento. A noção de distrito industrial marshalliano faz

referência ao fenômeno, presenciado ainda no século XIX, de concentração de empresas especializadas em um ramo de produção em certas comunidades inglesas, com uma divisão de trabalho entre pequenos produtores baseada em laços de solidariedade.

Segundo Marshall (1985), no entanto, a cooperação econômica explica apenas em parte as vantagens de um distrito industrial e por isso o seu interesse pelos distritos industriais vai além dos aspectos econômicos, reconhecendo que o quadro de análise deve incluir também a dinâmica sociocultural das regiões. Com isso ele chama a atenção para os valores imateriais da localização (as relações sociais, a cultura local) para mostrar que a dinâmica industrial não pode ser reduzida ao seu aspecto mercantil de trocas puras.

Conforme Markusen (1996), a organização econômica das regiões é influenciada por fatores históricos, geográficos, movimentos migratórios e políticas econômicas que proporcionam fatores competitivos que podem explicar o sucesso ou declínio de atividades econômicas em determinados locais em função do tempo e das oportunidades. Entender os fatores que proporcionam os diferenciais competitivos de determinados locais é importante na implantação de políticas públicas de desenvolvimento econômico local, pois possibilitam potencializar fatores que proporcionam vantagens comparativas de regiões com potenciais de desenvolvimento.

Dentre as inúmeras formas de organização econômica no espaço verificadas na literatura resenhada por Markusen (1996) e que está relacionada à dinâmica de construção do espaço econômico, uma chama especial atenção no contexto deste trabalho, são os chamados distritos industriais italianos. Os distritos industriais do tipo italiano chamam a atenção devido às relações de cooperação envolvidas e a natureza das empresas, que são constituídos em sua maioria por médias e pequenas empresas.

No documento LUIZ CLAUDIO DE OLIVEIRA DUPIM (páginas 22-89)

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