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Com o intuito de criar uma proposta para a formação do mediador de leitura literária, utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica e de campo. O estudo bibliográfico, já apresentado nos capítulos anteriores, levantou os pressupostos teóricos em relação ao histórico e aos gêneros da literatura infantil, bem como traçou uma perspectiva sociológica sobre a leitura na escola, destacando o papel do mediador na formação de leitores. Esses pressupostos serão a base para a interpretação dos resultados da investigação empírica.

Na pesquisa de campo delimitou-se como foco o profissional que atua em bibliotecas escolares, pois se entende a importância que ele exerce como mediador de leitura na formação de leitores. Nesse sentido, é fundamental que o profissional seja um leitor e promova atividades com obras literárias, incentivando o gosto pela leitura.

Como defende Michèle Petit, é necessário que haja uma aproximação entre professores ou bibliotecários com os livros, pois eles precisam transmitir “sua paixão, sua curiosidade, seu desejo de ler e de descobrir12” (2001, p. 64) para as crianças e os jovens com os quais trabalham. Tal ideia é reforçada por Marisa Lajolo, quando afirma que o professor precisa ser um leitor, caso queira formar leitores, pois “um professor precisa gostar de ler, precisa ler muito, precisa envolver-se com o que lê” (1997, p. 108), pois, só assim, fará com que seus alunos se tornem leitores.

Com atenção no profissional que atua em bibliotecas escolares, decidiu-se pela amostragem na cidade de São Leopoldo, pelo fato de a autora da pesquisa ter sido responsável pela formação pedagógica dos profissionais das bibliotecas escolares, no ano de 2005, quando trabalhou na Secretaria de Educação, Esporte e Lazer de São Leopoldo (SMED). Outro fator relevante é que, nesse mesmo ano, apresentou uma pesquisa empírica sobre as bibliotecas escolares do município já citado, em seu Trabalho de Conclusão de Curso, para a obtenção do título de Licenciado em Letras-Português pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).

Diante desses dados, definiram-se como objetivos determinantes da pesquisa o de criar propostas de leitura com obras literárias, como forma de contribuir para a prática de mediadores de leitura, bem como o de analisar o perfil dos profissionais que atuam em bibliotecas escolares municipais de São Leopoldo. Com base nisso, foi organizado um Curso de Formação – Biblioteca escolar: da mediação à prática de leitura, que foi apresentado, em abril de 2008, à representante pedagógica da SMED, Lucrécia Raquel Fuhrmann, a qual consultou a Coordenadora Pedagógica e a Secretária de Educação, desse órgão público, para, então, firmar-se a parceria para a realização do Curso.

A participação dos profissionais que atuam em bibliotecas escolares no Curso de Formação partiu de um convite enviado às escolas via SMED. A reunião ocorreu em maio de 2008, e dela, além do profissional responsável pela biblioteca, também participou um representante da supervisão da escola. O intuito desse encontro foi o de apresentar a proposta do Curso de Formação, bem como os objetivos da pesquisa, destacando que todos os participantes receberiam certificados, os quais foram emitidos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Por intermédio da SMED, as sessões ocorreram em uma sala, localizada no centro da cidade, pertencente ao Círculo Operário Leopoldense

(COL), o qual concedeu esse espaço no período de maio a novembro de 2008, às segundas- feiras, no turno da manhã, nas datas previamente agendadas.

Com o convite feito, no encontro seguinte, que aconteceu em junho, havia 40 professoras responsáveis por bibliotecas escolares inscritas e participantes, sendo 33 de escolas municipais de Ensino Fundamental, 4 de escolas municipais de Educação Infantil e 3 representantes da SMED.

Um dado relevante no que diz respeito às participantes do Curso, é que todas são professoras e concursadas, logo, não são bibliotecárias, formadas em Biblioteconomia; assim, serão referidas, durante o decorrer da pesquisa, como professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares ou mediadoras de leitura.

Das 40 professoras que participaram do Curso, se chegou a uma amostra de 25 professoras, tendo por base os seguintes critérios excludentes: 3, eram representantes da SMED, portanto não atuavam em bibliotecas escolares; 9, por excesso de faltas13, o que acarretou na não produção dos textos; e 3, por não apresentarem documentos, como produções textuais e a autorização para o uso posterior do material pela pesquisadora. As 25 professoras que fazem parte da amostra são de escolas de Ensino Fundamental, portanto, não há nenhuma representante de escola municipal de Educação Infantil.

As professoras14 selecionadas não terão seus nomes mencionados e sim o nome da escola na qual atuam. Por outro lado, foram solicitadas autorizações para as professoras (Apêndice A), pois foram elas que responderam as produções textuais; autorizações15 para as escolas (Apêndice B), pelo uso dos nomes das mesmas; e para a SMED (Anexo A), como forma de legitimar a pesquisa, pois esse órgão público é o responsável pelas unidades da rede municipal de São Leopoldo.

Como forma de situar o leitor, seguem os nomes das escolas municipais de Ensino Fundamental que fizeram parte da experiência, bem como o nome de suas respectivas bibliotecas:

1) E.M.E.F. Barão do Rio Branco – Biblioteca Mundo Mágico 2) E.M.E.F. Dr. Borges de Medeiros – Biblioteca Mundo Mágico

13 Mesmo com o número de faltas excedido, cinco professoras continuaram participando do Curso, portanto

houve apenas quatro desistências.

14 Destaca-se a formação acadêmica das professoras selecionadas: cinco tem Magistério; seis estão cursando a

graduação em Pedagogia; oito possuem a graduação completa (nas áreas de Letras, Pedagogia e Biologia) e seis concluíram a Especialização na área de Educação.

3) E.M.E.F. Castro Alves – Biblioteca Mundo Mágico

4) E.M.E.F. Henrique Maximiliano Coelho Neto – Biblioteca Coelho Neto 5) E.M.E.F. Franz Louis Weinmann – Biblioteca Mario Quintana

6) E.M.E.F. Irmão Weibert – Biblioteca Cecília Meireles 7) E.M.E.F. Prof. José Grimberg – Biblioteca Monteiro Lobato 8) E.M.E.F. Dr. Osvaldo Aranha – Biblioteca Cecília Meireles 9) E.M.E.F. Rui Barbosa – Biblioteca José Bento Monteiro Lobato 10) E.M.E.F. Senador Salgado Filho – Biblioteca William Rotermund 11) E.M.E.F. Zaira Hauschild – Biblioteca Érico Veríssimo

12) E.M.E.F. Dr. Paulo da Silva Couto – Biblioteca Monteiro Lobato

13) E.M.E.F. Prof. João Carlos Hohendorff – Biblioteca Visconde de Sabugosa 14) E.M.E.F. General Mário Fonseca – Biblioteca Anita Garibaldi

15) E.M.E.F. João Belchior Marques Goulart – Biblioteca Saci Pererê 16) E.M.E.F. Arthur Ostermann – Biblioteca Paraíso da Leitura

17) E.M.E.F. Clodomir Vianna Moog – Biblioteca Clodomir Vianna Moog 18) E.M.E.F. Senador Alberto Pasqualini – Biblioteca Visconde de Sabugosa 19) E.M.E.F. Prof ª Dilza Flores Albrecht – Biblioteca Mundo Mágico 20) E.M.E.F. Edgard Coelho – Biblioteca Fonte de Luz

21) E.M.E.F. Maria Edila da Silva Schmidt – Biblioteca Cantinho do Saber Monteiro Lobato 22) E.M.E.F. Prof. Álvaro Luís Nunes – Biblioteca Álvaro Luís Nunes

23) E.M.E.F. Santa Marta – Biblioteca “Abre-te Sésamo”

24) E.M.E.F. Loteamento Tancredo Neves – Biblioteca Mundo da Leitura – Monteiro Lobato 25) E.M.E.F. Padre Orestes Stragliotto – Biblioteca Mundo Mágico da Leitura

Em relação ao método utilizado na pesquisa, esse foi de caráter qualitativo, pois se baseou nas análises das produções feitas pelas professoras, além das observações registradas pela pesquisadora durante o Curso. Assim, o estudo foi descritivo, com o intuito de discutir os dados obtidos, interpretando-os à luz da teoria exposta nos capítulos anteriores.

Por se tratar de uma pesquisa de campo, de caráter qualitativo, elaboraram-se as seguintes questões norteadoras:

• Qual a base teórica presente no planejamento das atividades das professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares?

• Com quais obras literárias as professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares trabalham?

• Como as professoras responsáveis pelas bibliotecas escolares veem sua prática como mediadoras de leitura?

• Que atividades são desenvolvidas na biblioteca escolar para a formação de leitores? • Como qualificar a ação dos mediadores de leitura no espaço da biblioteca escolar?

Conforme Maria Lucia de Moura et al., a “identificação das questões da pesquisa é o ponto de partida nas pesquisas de natureza qualitativa. Neste caso, não são formuladas hipóteses a serem testadas e sim as questões que se tentará responder com a investigação” (1998, p. 42). Neste trabalho, as perguntas elaboradas foram respondidas, a partir da análise dos dados obtidos na pesquisa empírica, de modo a se chegar a conclusões.