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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.6 DELIMITAÇÃO DOS TERMOS E DAS VARIÁVEIS DE PESQUISA

Para delimitar o complexo universo de estudo do fluxo da informação, se tornou necessário identificar os aspectos e as variáveis que seriam considerados nesta pesquisa.

O fluxo informacional da prática clínica foi analisado através do processo de acesso às fontes de informação, sendo aplicado à resolução de questão clínica pelos médicos residentes.

O resultado será examinado com base em parte da metodologia indicada pela MBE, especificamente a segunda etapa, conforme o esboço da Figura 2, a fim de identificar se essa etapa do processo está sendo aplicada, total ou parcialmente, na prática clínica.

Para delimitar e definir os termos passíveis de discussão, são elencados a seguir os principais termos adotados na presente pesquisa:

Medicina baseada em evidências (MBE) – o uso consciente, explícito e judicioso da melhor evidência disponível, integrada com a experiência clínica do médico e os valores e as preferências do paciente (SACKETT et al., 1996).

Evidências – em MBE, evidências são “as informações e os dados coletados, na literatura médica recente, cuja validade e importância são aferidas por determinados critérios” (DRUMMOND, 2004a, p. 3).

Prática clínica – tem por objetivo diagnosticar, curar e trazer benefícios para o bem-estar e a saúde do paciente, utilizando-se de princípios comprovadamente científicos (SABBATINI, 1999).

Necessidade informacional do médico – exigência informacional para novos conhecimentos médicos, no que se refere ao cuidado de um paciente ou de um grupo de pacientes (GREEN, CIAMPI, ELLIS, 2000, p.220, tradução nossa).

Fluxo da informação – é um processo de mediação da informação gerada por uma fonte emissora e aceita por uma receptora, podendo realizar a geração de conhecimento (BARRETO, 1998).

Busca da informação – tentativa intencional de encontrar informação a fim de satisfazer um objetivo, podendo-se interagir com vários sistemas de informação (WILSON, 2000, tradução nossa).

Canais de informação – caminhos por onde a informação flui (MULLER, 2000). Nesta pesquisa serão considerados os canais formais e informais.

Canais formais de informação – destinados à transferência de informação para uma comunidade e não para um indivíduo. Tornam público o conhecimento produzido e são considerados oficiais, públicos e controlados por uma organização (SILVA; MENEZES, 2001).

Canais informais de informação – destinados à transferência de informação entre os pesquisadores, através do contato direto ou intermediado pelo computador. A informação veiculada é recente e o acesso limitado, pois se destina a um público restrito (SILVA; MENEZES, 2001).

Fonte de informação – “significa qualquer recurso que responda a uma demanda de informação por parte dos usuários, incluindo produtos e serviços de informação, pessoas ou rede de pessoas, programas de computador, etc” (BIREME, 2001, p.7). Fontes primárias de informação – assim considerados “os textos completos

segundo os tipos clássicos da literatura científica (revistas, monografias, teses, etc.), como também outras fontes originais de dados hiper-textuais e numéricos” (BIREME, 2001, p.7).

Fontes secundárias de informação – as “que incluem todos os índices, bases de dados e diretórios, cujos registros fazem referência a fontes primárias, entidades e eventos na área de saúde. Incluem-se também os serviços de informação associados a essas fontes” (BIREME, 2001, p.7). Enquadram-se como publicações secundárias as bases de dados LILACS, MEDLINE, catálogo de revistas, diretórios de eventos e instituições, dentre outras.

Fontes terciárias de informação – “são geradas com valor agregado a partir das fontes primárias e secundárias, e que têm objetivos didáticos ou de apoio à tomada de decisão de diferentes comunidades de usuários” (BIREME, 2001, p.7). Dentre os exemplos, se destaca a Biblioteca Cochrane.

As variáveis foram identificadas na literatura estudada e sistematizadas a partir do propósito da pesquisa. Estão distribuídas em quatro módulos (Quadro 7), que servirão para

nortear os instrumentos de coleta de dados e para subsidiar a análise do fluxo da informação na prática clínica dos médicos residentes.

Quadro7 - Identificação do grupo das variáveis de pesquisa.

A caracterização dos respondentes, Módulo 1, se faz necessária para que se possa definir o perfil dos médicos residentes, considerando que as necessidades informacionais geralmente se iniciam a partir das características físicas, tais como idade, e sexo. Agregam- se dados sobre o nível de especialização e características da prática, tais como número de horas dedicadas às atividades de residência médica, prática ambulatorial e atividades teóricas, bem como o número de pacientes atendidos em ambulatório. Conforme indicado por Gruppen (1990), na revisão de literatura, tais características tendem a ter influência direta sobre as necessidades informacionais dos médicos e, conseqüentemente, no processo de busca da informação.

No Módulo 2, o estudo dos canais e das fontes de informação utilizadas no processo de atendimento ambulatorial se faz necessário para que se possa identificar quais canais e fontes de informação são utilizadas pelos médicos residentes. E até que ponto esses itens influenciam no fluxo informacional, bem como sua relação com os preceitos da MBE. A utilização de fontes terciárias é um forte indicador de uso da MBE, mesmo que de forma parcial. Portanto, faz-se necessário indicar se isto ocorre entre os pesquisados e qual seu grau de interferência no fluxo informacional. A variável “fontes de informação” foi indicada

MÓDULOS Grupo das

VARIÁVEIS FINALIDADE NÚMERO DE QUESTÕES

Módulo 1 Caracterização

dos respondentes Identificar o perfil da comunidade médica estudada 09

Módulo 2: Fontes e canais

de informação

Identificar os principais canais formais e informais de comunicação utilizados;

Identificar as principais fontes de informação utilizadas;

Identificar os critérios de seleção das fontes de informação

08

Módulo 3:

Recursos informacionais

Identificar o nível de conhecimento dos participantes no uso das potencialidades das fontes de informação;

Identificar as habilidades dos participantes no uso das TIC disponíveis para busca e recuperação da informação;

Identificar as barreiras encontradas no processo de busca e seleção.

06

Módulo 4:

Necessidades informacionais

Identificar a freqüência das necessidades informacionais;

Identificar o grau de resposta das questões clínicas;

Identificar a importância da informação na resolução do problema clínico

como importante em estudo indicado na revisão de literatura dos autores Leckie, Pettigrew e Sylvain (1996).

No Módulo 3, Recursos Informacionais, foram elaboradas questões que pudessem identificar o grau de conhecimento e utilização dos recursos informacionais das fontes de informação utilizadas, uma vez que esses fatores exercem influência direta sobre o resultado da busca informacional. O desenvolvimento de habilidades no manejo das fontes de informação, especialmente as on-line, é ponto primordial para o melhor aproveitamento das informações constantes nessas fontes e um indicador forte de uso da metodologia da MBE. Outro fator que tende a influenciar grandemente o fluxo informacional são as barreiras, os problemas enfrentados pelos médicos residentes na resolução de questões clínicas. O conhecimento sobre os recursos também foi detectado como um dos fatores que influenciam na busca informacional por Leckie, Pettigrew e Sylvain (1996).

É a partir das necessidades informacionais dos médicos residentes, abordadas no Módulo 4, que o fluxo de informação é delineado. Assim, tendem a dar um panorama geral, para que o fluxo informacional seja evidenciado dentro do real contexto, variáveis como: o número de questões clínicas formuladas, número de respostas encontradas, tempo médio gasto na resolução da questão clínica, freqüência da busca da informação, tipo de questão clínica, canais utilizados na dificuldade de resolução da questão clínica e conduta tomada de posse das informações pertinentes.