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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 UNIVERSO DA PESQUISA E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

O universo da pesquisa foi constituído por médicos residentes matriculados no PRM do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago da UFSC que atuam na prática clínica ambulatorial.Com relação às especialidades da RM que integraram a pesquisa, os residentes estão assim distribuídos: 16 em Clínica Médica, 4 em Dermatologia, 2 em Endocrinologia, 2 em Gastroenterologia, 1 em Hematologia e Hemoterapia, 3 em Neurologia, 2 em Pneumologia, 3 em Ginecologia e Obstetrícia e 8 em Pediatria.

A escolha pelos médicos residentes como grupo de estudo se deu, principalmente, pelo reduzido número de pesquisas brasileiras sobre o tema e pelo fato de que, no período de residência, o profissional:

tem oportunidade de colocar em prática o aprendizado do curso de graduação, o que permite extrair um forte indicador do grau de conhecimentos adquiridos durante a graduação;

está receptivo para absorver novos aprendizados, mostrando grande interesse na resolução de questões clínicas, seja para incorporar novos conhecimentos ou para sua afirmação profissional.

O período de residência médica marca fortemente o perfil profissional dos médicos, considerando que, geralmente, são recém-formados da graduação e necessitam de treinamento mais efetivo para resolverem problemas e buscarem soluções para a prática médica. Além disso, a residência médica permite o encontro de profissionais oriundos de

diversas instituições, com linhas diferenciadas de ensino e situadas em diferentes regiões do país, possibilitando a interação de várias linhas de pensamento e estilos de conduta médica.

Alguns autores divergem quanto à data exata de implantação da residência médica no Brasil, ficando entre os anos de 1944 e 1945. Mas é na década de 70 que ela se expande, devido ao aumento do número de médicos ocorrido a partir da década de 60. Em 1977, através do Decreto 80.281/77 (BRASIL. Ministério da Educação, 1977), é criada a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), com o objetivo de regulamentar essa modalidade de ensino. A promulgação da Lei 6.932/81 (BRASIL. Ministério da Educação, 1981), que dispõe sobre as atividades do médico residente, consolidou a atuação da CNRM.

A residência médica se caracteriza como uma modalidade de pós-graduação, sob a forma de curso de especialização (lato sensu) que funciona em instituições de saúde com a orientação de profissionais médicos, e se caracteriza por treinamento em serviço. A expressão “residência médica” só pode ser empregada para programas que sejam credenciados pela CNRM (BRASIL. Ministério da Educação, 2007b). Para Feuerwerker (1998), a residência médica representa um duplo papel na formação dos médicos: complementa o processo de graduação e constitui uma forma de ingresso no mercado de trabalho.

O HU da UFSC consistiu no locus de desenvolvimento desta pesquisa e os médicos residentes que atuavam na prática clínica ambulatorial o universo de aplicação. Para o processo de coleta de dados, foram utilizados dois instrumentos: o questionário (Apêndice A) e a entrevista semi-estruturada (Apêndice B), acompanhados de uma carta de apresentação e de aceite para participar da pesquisa (Apêndice C).

Segundo Richardson et al. (1989), o questionário é útil para descrever características e medir determinadas variáveis de um indivíduo ou de um grupo.

Para Silva e Menezes (2001, p. 33) questionário se carateriza por uma

série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções. As instruções devem esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância da colaboração do informante e facilitar o preenchimento.

O questionário foi constituído de 30 questões distribuídas em quatro módulos, a saber: Caracterização do Respondente, Seleção das Fontes e do Conteúdo da Informação, Conhecimento dos Recursos Informacionais, e Necessidades Informacionais.

A entrevista “é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema” (SILVA; MENEZES, 2001, p. 33). Na entrevista foi utilizada a técnica do incidente crítico, que compreende a identificação de situações particularmente relevantes,

observadas ou relatadas por um indivíduo. Os incidentes críticos podem ser positivos ou negativos e sua análise busca isolar, de forma relativamente subjetiva, os comportamentos críticos expressos pelos sujeitos envolvidos. Flanagan (1973, p. 100) conceitua incidente como “qualquer atividade humana observável que seja completa em si mesma para permitir inferências e previsões a respeito da pessoa que executa o ato”.

A técnica do incidente crítico foi sistematizada por Flanagan (1973) e

consiste em um conjunto de procedimentos para a coleta de observações diretas do comportamento humano, de modo a facilitar sua utilização potencial na solução de problemas práticos e no desenvolvimento de amplos princípios psicológicos, delineando, também, procedimentos para a coleta de incidentes observados, que apresentam significação especial, e para o encontro de critérios sistematicamente definidos (FLANAGAN, 1973, p. 99).

Segundo Flanagan (1973), é uma técnica que, essencialmente, permite obter fatos importantes relacionados ao comportamento do indivíduo. Ela é caracterizada como flexível e considera que, ao invés de coletar opiniões, palpites e estimativas, deve-se obter o registro de comportamentos específicos para fazer as observações e avaliações necessárias. Para o autor o incidente, para ser crítico, “deve ocorrer em uma situação onde o propósito ou intenção do ato pareça claro ao observador e onde suas conseqüências sejam suficientemente definidas para deixar poucas dúvidas no que se refere aos seus efeitos” (FLANAGAN, 1973, p. 100).

A entrevista semi-estruturada contou com três questões norteadoras, nas quais se solicitou aos entrevistados relembrarem da última situação relevante vivenciada, em que necessitaram de informação para responder uma questão clínica, especificando as fontes de informação e os critérios de seleção utilizados, bem como os resultados obtidos na prática clínica.

A aplicação do questionário foi censitária, considerando que atingiu o universo de 41 médicos residentes que atuavam com atividades relacionadas à prática clínica ambulatorial. A lista dos médicos residentes foi fornecida pela Secretaria do PRM do hospital.

A entrevista semi-estruturada foi realizada considerando uma amostra de 12 médicos residentes. Para o cálculo do tamanho dessa amostra foi adotado o ambiente do SEstatNet – Ensino-aprendizagem de Estatísticas na Web, desenvolvido pelo Laboratório de Estatística Aplicada (LEA) da UFSC, considerando um nível de confiança de 90%. Não houve necessidade de fazer uma correção no tamanho da amostra, pois não ocorreu nenhuma perda amostral. A precisão da estimativa ficou em um intervalo de 50% ± 20%, e foi considerado adequado, já que o objetivo da realização das entrevistas foi para

complementação e enriquecimento da coleta de dados e não para confronto de dados com as respostas do questionário.