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Delineamento da pesquisa

No documento Tácito Explícito (páginas 87-90)

II. e Utilização inteligente de base

3.5 Delimitação e "design" da pesquisa

3.5.1 Delineamento da pesquisa

Opta-se por uma abordagem de estudo de caso comparativo explicativo ou causal ex post factum com corte transversal, com estratégia de pesquisa qualitativa. O nível de análise é organizacional e as três unidades de análise são compostas de indivíduos dirigentes dos subgrupos operacional e estratégico da organização em estudo.

De acordo com Contandriopoulos et alii (1997, p. 40) o estudo de caso

é uma estratégia na qual o pesquisador decide trabalhar sobre uma unidade de análise (ou sobre um pequeno número de unidades). A observação do caso se faz pelo interior.

O potencial explicativo desta estratégia provém da coerência da estrutura das relações entre os componentes do caso, e da coerência das variações dessas relações no tempo. O potencial explicativo decorre, então, da profundidade da análise do caso e não do número de unidades de análise estudadas. Contandriopoulos et alii (1997, p. 40).

O estudo de caso apresenta-se então como a forma mais adequada de fornecer meios necessários às indagações sobre "como" a gestão estratégica do conhecimento se relaciona com capacidades diferenciais - e "por que", por tratar-se - de acordo com Yin (1989, p. 23) - de "uma investigação empírica que investiga um

fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto na vida real; quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes; e no qual múltiplas fontes de evidência são utilizadas".

"O caso de uma única organização certamente não oferece o melhor caminho de investigação: impõe-se uma abordagem comparativa de seus caracteres e suas variações" Bruyne (1977, p. 228-229), que salienta que o estudo comparativo de casos obriga o pesquisador "a abandonar seu ponto de vista subjetivo particular, a adaptar suas exigências normativas a um sistema de referências múltiplas; de algum modo, são os próprios objetos que se situam uns em relação aos outros".

As dificuldades de pesquisar estratégias organizacionais já foram apontadas por Mintzberg e Waters (1982, p. 465):

[...] poucas pesquisas sobre como as estratégias se formam têm sido desenvolvidas, por algumas razões óbvias. Primeiro, as estratégias não mudam de acordo com o programado; podem ficar estáveis por anos, mesmo décadas, antes de se modificarem.

Segundo, mesmo quando mudam, o processo pode ser complexo [...] o que significa amostragem pequena e grande investimento de tempo (Mintzberg e Waters, 1982, p.

465).

Richardson (1999, p. 17) destaca que "faz-se uma pesquisa não apenas para conhecer o tipo de relação existente, mas sobretudo para determinar a existência de relação" e busca-se uma resposta para um problema específico.

Vergara (1998, p. 44-45) propõe que, quanto aos fins, uma pesquisa pode ser explicativa, que "tem como principal objetivo tornar algo inteligível, justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno". Richardson (1999, p. 66) considera explicativo o estudo em que se busca "analisar as causas ou conseqüências de um fenômeno".

Para Godoy (1995, p. 25-26) o "estudo de caso se caracteriza por um tipo de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente" ou mais de uma - casos múltiplos, podendo-se também estabelecer comparações. Supõe-se que há conhecimento consolidado sobre o objeto de investigação, gestão estratégica do conhecimento e capacidades diferenciais, o que permite o estabelecimento de

"relação causal entre intervenções na vida real" como define Yin (1989), que

esclarece ser estudo de caso a estratégia preferida quando são colocadas as questões explicativas "como" e "porque", sendo também usados em estudos organizacionais, gerenciais e planejamento, servindo para iluminar uma decisão ou grupo de decisões, investigando como e porque foram tomadas.

Na tipologia de pesquisa de Vergara (1998, p. 44-47) evidencia-se, quanto aos meios de investigação, como estudo de caso ex post factum, por referir-se a fatos já ocorridos e não haver manipulação ou controle dos fenômenos sob investigação (Kerlinger, 1980). E, de acordo com Richardson (1999, p. 148), os dados são colhidos num determinado ponto do tempo (ano 2000) - corte transversal, com base nos entrevistados selecionados intencionalmente para descrever as organizações neste determinado momento.

Richardson (1999, p. 80) destaca que pesquisas com o uso de metodologia qualitativa permitem o aprofundamento da compreensão de um fenômeno social e

podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos. Richardson (1999, p. 80).

Triviños (1994, p. 123-132) enumera características da pesquisa qualitativa:

ambiente natural como fonte direta de dados; pesquisador como instrumento-chave;

preocupação com o processo e não simplesmente com os resultados; tendência à análise intuitiva de dados; preocupação essencial com o significado. E salienta a necessidade de abertura do pesquisador "dotado de amplo e flexível espírito de trabalho", que embora "parte premunido de certas idéias gerais" não necessariamente a elas se prende, permanecendo aberto ao que emergir da realidade.

O nível organizacional de análise: 1) operacional (dependências localizadas em Curitiba); 2) estratégico (área funcional ou corporativa, na matriz dos bancos em Brasília e São Paulo).

É importante ressaltar a necessidade de pesquisar também o nível estratégico, a partir do qual são geradas e validadas as estratégias centradas no

conhecimento, as quais podem se refletir na unidade operacional como capacidades diferenciais. Contandriopoulos et alii (1997, p. 40-41) salientam a importância de estudar-se vários níveis de análise imbricados, que indicam

[...] diferentes níveis de explicação de um fenômeno. A definição dos níveis de análise deve ser feito à luz da teoria subjacente da pesquisa. O recurso a vários níveis de análise permite, muitas vezes, conceber um caso que responda melhor à questão da pesquisa. (Contandriopoulos et alii, 1997, p. 40-41)

No documento Tácito Explícito (páginas 87-90)