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5.2 Conclusão e perspetivas futuras

6.5.2 Delineamento do Estudo

Este estudo consiste numa investigação aplicada na medida que responde a problemas imediatos; os participantes são seres humanos; usa situações da vida real; os resultados têm aplicação/valor direto para profissionais e há um controlo limitado sobre o ambiente de pesquisa (Thomas et al., 2005).

De todos os fatores anteriormente referidos, destaco quatro variáveis para a realização deste estudo, considerando-as mais pertinentes e ajustadas à realidade da minha prática pedagógica:

1) Conteúdo/Modalidade lecionado(a); 2) Hora/Momento da aula;

3) Instalação/Espaço da aula; 4) Liderança do professor.

1) Conteúdo/Modalidade lecionado(a)

Segundo Araújo (2013, p.29), “a educação física escolar tem potencial

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alunos. O currículo e os conteúdos curriculares são apontados como os fatores que mais contribuem para a falta de interesse e motivação dos alunos pela disciplina, e que têm influenciado diretamente as suas atitudes.

De acordo com Januário (1992, p. 118), “os conteúdos dizem respeito

aos constructos relativos à seleção, quantidade, sequência e caraterísticas específicas das matérias de ensino ou situações de prática. Estes conteúdos e/ou as modalidades lecionadas poderão influenciar o comportamento, a aprendizagem e atitude dos alunos, se não forem de encontro aos interesses dos mesmos”.

Segundo Marques (2013, p.36) “o conteúdo das aulas e as diversas matérias a abordar podem, por vezes, não promover o interesse dos alunos e com isto pode-se observar um número significativo de alunos a hesitar realizar as tarefas”.

De acordo com Carlson (1995, cit. por Rosado & Ferreira (s/d) p.3), “os

conteúdos ensinados são um dos aspetos fundamentais na criação de um ambiente de aprendizagem, talvez os mais importantes, e a sua seleção deve basear-se em critérios que potenciem a motivação dos praticantes”.

Para McCaughtry, Tischler and Flory (2008, cit. por Rosado & Ferreira (s/d) p.3), “se os praticantes consideram as actividades aborrecidas, sendo

repetitivamente ensinadas, ano após ano, as mesmas habilidades, e não encontram nessas práticas, nem sentido nem conexões significativas com a sua vida fora da escola ou do clube, todos os esforços instrucionais se podem perder”.

Segundo Silva e Sampaio (2012, p.110), “as aulas de EF não devem se

limitar apenas a proporcionar aos alunos o contato e vivência desses conteúdos, mas também possibilitar que os mesmos possam ser vivenciados em diferentes perspetivas, não se limitando a reprodução e perpetuação de suas caraterísticas e valores, mas sim os resignificando”.

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Esta variável poderá condicionar o empenho, o comportamento e atitude dos alunos. Nos tempos letivos no final do dia, os alunos tendem a estar mais impacientes, cansados e intolerantes.

3) Instalação/Espaço da aula

As instalações ou o tipo de espaço em que decorre a aula poderá influenciar o tipo de comportamento, atitudes e motivações dos alunos.

De acordo com Carlson (1995, cit. por Rosado & Ferreira (s/d) p.4),

“ambientes cooperativos parecem promover as aprendizagens, o empenhamento, as emoções e as interações pessoais positivas”.

É importante que haja bom aproveitamento e organização do espaço da aula, pois poderá permitir um maior empenho e rendimento dos alunos, e assim diminuir a probabilidade de ocorrerem comportamentos inapropriados.

4) Liderança do professor

Bass (1990, cit. por Bento, (s/d), p.3) define liderança como “uma interacção entre dois ou mais elementos de um grupo que, muitas vezes, implica uma estruturação ou reestruturação da situação e percepções e expectativas dos membros”.

De acordo com Batista e Weber (2012, p.303), “o estilo de liderança dos

professores pode ser definido como um conjunto de atitudes direcionadas aos alunos e que, tomadas em conjunto criam um clima emocional no qual os comportamentos são expressos, moderando a efetividade de uma prática particular e alterando a receptividade da criança a essa relação de ensino- aprendizagem”. Segundo o mesmo autor, os estilos de liderança resultam em

parte dos valores e objetivos que os professores apresentam a partir do contexto em que estão inseridos e da sua história de vida.

Para Fiedler (1967, cit. por Bento (s/d) p.4), não existe nenhum estilo de liderança que possa ser considerado o mais eficaz em qualquer situação. O autor refere que “uma pessoa torna-se líder não apenas devido aos atributos da sua personalidade mas, também, em virtude da coexistência de vários factores situacionais da interacção entre o líder e os seus subordinados”.

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Na opinião de Fernandes, et al. (2007, p. 21), “o papel do professor

enquanto líder de uma turma deverá ser de promotor de valores éticos de conduta desportiva, de princípios inerentes ao espírito desportivo e uma competição leal e correta, não permitindo nunca a violência física e/ou verbal”.

Para Rosado e Ferreira (s/d, p.15), “o professor deve ser capaz de

encorajar, motivar e incentivar os seus alunos, de modo a que estes mantenham-se em constante atividade”. Durante o seu processo de liderança, o professor poderá manifestar dois tipos de afetividade. Uma afetividade positiva, quando o profissional manifesta satisfação com os comportamentos dos alunos, elogiando e transmitindo um sentimento positivo, ou então uma afetividade negativa, quando o profissional manifesta desagrado e insatisfação para com os alunos perante comportamentos inapropriados”.

Para Metzler (1989), Siedentop (1983) e Pieron (1983), (cit. por Januário (1992, p.97), “a participação do aluno na aula é largamente condicionada pelas

decisões do professor, na medida em que diferentes estratégias de actuação provocam variações no tempo consagrado às actividades específicas de aprendizagem e na qualidade de participação do aluno”.

Enquanto professor, pretendi ser um exemplo para os meus alunos, incutindo-lhes diversos princípios e valores fundamentais, tais como: o respeito, a cooperação, o empenho, a entreajuda, a responsabilidade, a motivação, o companheirismo, o espírito de equipa, o fair-play, entre outros.

Procurei transmitir confiança e motivação aos alunos, desenvolver um bom relacionamento com estes, ser organizado, demonstrar conhecimento sobre aquilo que ensinava, mas acima de tudo, ter uma boa capacidade de liderança.

Ao longo das aulas, recorri a diferentes estilos de liderança, no sentido de perceber se os comportamentos dos alunos sofriam alterações significativas face à minha gestão da aula e capacidade de liderança. Utilizei dois diferentes estilos de liderança, um de natureza mais permissiva e outro de caratér mais autoritário.

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Estilo de Liderança – Permissivo

De acordo com Batista e Weber (2012, p.304), “no estilo permissivo, os

professores são muito responsivos e não exigentes. Não estabelecem regras e limites apropriados e não monitorizam os comportamentos, realizando os desejos das crianças. Nesse estilo, a maior parte das contigências são positivamente reforçadas, tanto para comportamentos adequados quanto para inadequados”.

Em determinadas aulas, recorri a este estilo de liderança, procurando valorizar a opinião dos meus alunos e deixar a autoridade de lado.

Pretendi desenvolver as minhas capacidades de observação e reflexão, testando os alunos perante diversas situações no decorrer das aulas. Contudo, tinha consciência que este estilo de liderança poderia facilitar atitudes pouco construtivas ou um maior número de comportamentos inapropriados.

Procurei não estar constantemente a controlar os comportamentos dos alunos, de modo a não perturbar o andamento da aula e permitir aos alunos experimentarem, questionarem e encontrarem estratégias que possibilitam o desenvolvimento de atitudes e comportamentos positivos.

Estilo de Liderança - Autoritário

De acordo com Batista e Weber (2012, p.304), “no estilo de liderança

autoritário predomina a alta exigência e a baixa responsividade. São professores que valorizam a autoridade, a ordem, e a estrutura tradicional sem atentar às demandas das crianças. Buscam a obediência das crianças sem considerar que, nessa etapa da escolarização, eles precisam ensiná-las a seguir regras. Não permitem que elas participem de decisões, consideram pouco o que as crianças sentem e falam e não demonstram interesse e afetividade por elas”.

Nas aulas em que adotei este estilo de liderança, procurei ser um professor rigoroso, estabelecendo regras, limites e monitoria dos comportamentos e atitudes dos alunos, não dando espaço a comportamentos inapropriados. Procurei ser conciso em todas as minhas instruções, demonstrações e feedbacks, ter em atenção aos períodos de transição das aulas, não dar espaço a conversas paralelas entre os alunos, com o objetivo de

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potencializar ao máximo, o tempo de empenhamento motor dos alunos e reduzir os tempos mortos das aulas.

Ao longo do ano letivo, adotei dois estilos de liderança (autoritário e permissivo), no sentido de perceber se esta variável (estilo de liderança) condiciona ou não as atitudes e comportamentos dos alunos.

Atendendo às quatro variáveis acima referidas, e de acordo com o objetivo do estudo, o instrumento utilizado para a recolha de dados foi uma grelha de registos (Anexo II), no qual observei os comportamentos dos alunos e registei-os no final de cada uma das aulas, tendo desempenhado as funções de professor/observador.

A minha intenção com estes registos, foi de refletir acerca do ocorrido, com especial incidência nas diferenças comportamentais dos alunos, de forma a delinear estratégias de intervenção que possibilitassem uma estabilização do comportamento dos mesmos dentro dos padrões desejados.

Para além da grelha de registos, foram também aplicadas duas questões, uma aos alunos da turma (9ºano) e outra aos 13 professores que integram departamento de EF da Escola Secundária das Laranjeiras. As questões foram de resposta aberta e de caratér anónimo, no sentido de não condicionar as “respostas” dos mesmos.

O principal objetivo das questões foi receber alguns feedbacks e opiniões dos mesmos sobre esta temática.

Questão aplicada aos alunos da turma:

Na tua opinião, que aspetos podem explicar a diferença de comportamentos dos alunos desta turma, ao longo das aulas de EF?

Questão aplicada aos professores do departamento de EF:

Na sua opinião, que variáveis podem ter mais peso para que haja uma enorme disparidade de comportamentos dos alunos nas aulas de EF?

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