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Demo (2011) descreve a ciência como um modo possível de ver a realidade, porém nunca único e final. Afirma ainda que a ciência caracteriza-se por ser instrumentação técnica, de teor formal, com vistas a dominar a realidade, sem todavia discuti-la. Para o autor, a metodologia é disciplina instrumental para o cientista social. Alguns se dedicam a ela especificamente e fazem dela um campo próprio de pesquisa (DEMO, 2011). A finalidade deste capítulo é caracterizar a pesquisa por sua natureza, abordagem, objetivo e procedimentos técnicos, a coleta e análise dos dados que foram utilizados no estudo.

Essa pesquisa teve como seu principal objetivo avaliar os recursos e as competências estratégicas de uma empresa familiar centenária que a mantiveram competitiva e permitiram a sua longevidade, por isso, a partir da revisão bibliográfica, estudos e pesquisas já realizadas na área, buscou-se identificar as diferentes abordagens e teorias que contribuíram na formulação estratégica e na visão baseada em recursos que foram utilizados para construir esta dissertação. Portanto, este estudo configura-se, em relação a sua natureza, como aplicada, de abordagem qualitativa, com objetivos de pesquisa exploratório e descritivo. A pesquisa exploratória, por meio do estudo empírico, permite que o pesquisador aprofunde-se no assunto, em busca de informações sobre o objeto de estudo (DE ANDRADE, 2000). Este estudo foi considerado exploratório, pois foram realizados poucos trabalhos relacionados ao tema, em empresas familiares, no setor varejista. E a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, sem que haja interferência do pesquisador (DE ANDRADE, 2000).

Quanto aos procedimentos, trata-se de um estudo de caso único, utilizado como estratégia de pesquisa. Com a utilização de dados convergentes para triangulação, esta

estratégia de pesquisa se baseia em diversas fontes de evidência. Posto isto, se torna ideal para a compreensão das dinâmicas existentes em contextos específicos (EISENHARDT, 1989).

A pesquisa qualitativa é um campo de investigação em seu próprio direito. Ela corta transversalmente disciplinas e provêm importantes ferramentas para a pesquisa em temas de gestão e negócios, tais como administração geral, marketing, liderança, estratégia corporativa, contabilidade, entre outros (GUMMESSON, 2000; DENZIN; LINCOLN, 2008). Esta abordagem assume particular relevância ao estudo das relações sociais, pois consiste em escolher os métodos e as teorias convenientes e adequadas e para o reconhecimento e análise de distintas perspectivas, que configuram na produção de conhecimento (FLICK, 2009A). A característica fundamental da pesquisa qualitativa expressa compromisso com eventos de visualização, normas, ação e valores, a partir da perspectiva das pessoas que estão sendo estudadas (BRYMAN, 1988).

Stake (2011) afirma que o estudo qualitativo é experiencial, interpretativo, situacional e personalístico. O autor defende que, o pesquisador qualitativo, geralmente, tenta garantir ao leitor que o objetivo não é alcançar uma generalização, mas oferecer exemplos situacionais à experiência do leitor (STAKE, 2011).O principal ponto da pesquisa qualitativa é a capacidade para estudar fenômenos indisponíveis em qualquer lugar (SILVERMAN, 2009). Esta pesquisa tem a intenção de possibilitar uma melhor visão do contexto do tema proposto, sendo a análise particularmente qualitativa.

De acordo com Vergara (2005), a pesquisa pode ser caracterizada em dois critérios básicos: quanto aos fins, como sendo exploratória e descritiva e, quanto aos meios de investigação, como sendo uma pesquisa de campo, suportada por pesquisa bibliográfica, mediante um estudo de caso. Todos estes aspectos fazem parte desta pesquisa, pois trata-se de um estudo de caso único, com finalidade exploratória e descritiva, por meio de uma pesquisa de campo, com o apoio de pesquisa bibliográfica.

As pesquisas exploratórias têm o propósito de fornecer uma visão geral e uma maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito e construindo hipóteses que possam oportunizar estudos futuros, tendo como objetivo principal, o aperfeiçoamento de ideias ou descobertas (GIL, 2010).

Por sua vez, na pesquisa descritiva, o pesquisador apenas retrata o objeto de pesquisa, logo, não interfere nos resultados, desta forma, revela a frequência de acontecimentos, as causas, a natureza, as características, as conexões e as relações de um fenômeno com outros. Este modelo de pesquisa divide-se em dois tipos: a pesquisa bibliográfica ou documental, onde o pesquisador faz um levantamento de abordagens e temas que foram desenvolvidos e

levantados por estudiosos, adquirindo conhecimento por meio de material publicado e, a pesquisa de campo, que se refere à procura por empresas e entidades do setor a ser estudado (BARROS; LEHFELD, 2007).

O estudo de caso caracteriza-se por dar atenção especial a questões que podem ser exploradas por meio de casos (BRYMAN, 1988; LAKATOS; MARCONI, 2011). O estudo de caso único é um projeto apropriado sob algumas circunstâncias e sob cinco justificativas – ou seja, um caso crítico, peculiar, comum, revelador ou longitudinal (YIN, 2015). Gil (2009) corrobora dizendo que são diversas as razões que justificam a realização de um estudo de caso único, sendo a mais recorrente a do caso raro. Quando as questões de pesquisa procuram explicar “como” e “por que” tal fenômeno social funciona, mais o método da pesquisa será relevante e estará adequada ao estudo de caso (MARTINS, 2008; YIN, 2015). Este método também é pertinente quando suas questões exigirem uma descrição vasta e “profunda” de algum fenômeno social (YIN, 2015).

O estudo de caso único pode desempenhar uma contribuição significativa para a formação da teoria e do conhecimento, desafiando, confirmando ou ampliando a teoria. Esse estudo pode, até́ mesmo, auxiliar a reenfocar as futuras pesquisas em todo um campo (YIN, 2015). “Portanto, os projetos de caso único exigem uma investigação cuidadosa do caso em potencial, para reduzir as chances de representação equivocada e maximizar o acesso necessário à coleta da evidência do estudo de caso” (YIN, 2015, p. 56).

Ao apoiar-se na teoria da VBR, a qual fornece um modelo teórico estabelecido para analisar as relações entre os processos ao nível da empresa, ativos, estratégia, desempenho e vantagem competitiva sustentável para a empresa familiar, optou-se por realizar um estudo de caso único, pois se considerou que essa estratégia de pesquisa é a mais adequada para a empresa em questão. A Casa Magnabosco está no mercado há mais de 100 anos, sob a direção de familiares há quatro gerações, e é a única em Caxias do Sul com essas características, por isso se trata de um caso peculiar e único na cidade. Uma vez que as descobertas podem gerar insights para futuros estudos e por se tratar de um assunto contemporâneo.