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2.7. Prescrição do exercício

2.7.3. Demência

A prática de exercício físico, não só beneficia o fluxo sanguíneo cerebral, como reduz o risco desenvolvimento de doenças. Pelo contrário, a ausência de atividade física é um dos fatores de risco mais comuns para o desenvolvimento de Demência. O exercício físico apresenta menos efeitos colaterais e uma melhor adesão em comparação com medicamentos (Cass, 2017).

Segundo Beers (2004), existem vários benefícios com a prática de exercício físico em pessoas com Demência. A prática de exercício físico regular, para além de reduzir o stress, oferece um sentido de realização e ter um efeito calmante melhorando os seus padrões no sono.

Spirduso et al. (2005) verificaram a existência de benefícios psicológicos com a prática regular de exercício físico, tais como a redução do estado de ansiedade, a diminuição da depressão, uma alteração positiva nos estados de humor que se reflete em sentimentos de felicidade, de auto-eficácia e de auto- competência.

Também Hernandez (2010), com o objetivo de perceber os efeitos de um programa de exercício físico regular, supervisionado sobre o risco de quedas de idosos com DA, mostrou numa amostra de 16 idosos com idade média de 78,5 anos, que um programa de 6 meses de exercício físico apresentou melhorias nas funções cognitivas (Mini Exame do Estado Metal) e no equilíbrio (Escala de Equilíbrio Funcional de Berg, Timed Up and Go (TUG) e Agilidade) com consequências na diminuição do risco de quedas.

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Um estudo realizado por Sampaio, Marques, Mota & Carvalho (2016), examinou o efeito de um programa de treino multicomponente com duração de 6 meses na função cognitiva, aptidão funcional e variáveis antropométricas em 37 idosos institucionalizados com idade média de 84,1 anos, diagnosticados com DA. Os mesmos autores demonstraram que um programa de treino multicomponente apresentou melhorias na função cognitiva, na força dos membros superiores (MS) e MI, na flexibilidade dos MS e MI, no teste de 2 minutos de step, na agilidade e perímetro de cintura (PC). Os resultados do estudo sugerem que os programas de multicomponente podem ser uma importante estratégia para melhorar as funções físicas e cognitivas em idosos com DA institucionalizados.

Segundo o ACSM (2019), ser ativo pode ajudar positivamente pessoas com DA a sentirem-se melhor, a movimentarem-se melhor e a dormirem melhor. O exercício físico regular ajuda as pessoas com DA a melhorar a força, o equilíbrio, a velocidade de caminhada e a resistência aeróbia, reduzindo o declínio físico e preservando as funções diárias, incluindo hábitos de sono (ACSM, 2019).

De acordo com o ACSM (2019), uma sugestão de recomendações de exercício físico para pessoas com DA é de pelo menos 150 minutos/semana de resistência aeróbia, ou seja, atividades de intensidade moderada como uma caminhada rápida, ciclismo leve, dança ou exercícios aquáticos. Esta capacidade deverá ser trabalhada 5 dias por semana, com duração de 30 a 60 minutos totais ao longo do dia. A força deve ser trabalhada pelo menos 2 vezes por semana, com exercícios de 3 séries de 8 a 10 repetições. A flexibilidade deve ser trabalhada pelo menos 2 vezes por semana e devem-se realizar exercícios com duração entre 30 a 60 segundos. Por fim, o equilíbrio deve ser também trabalhado, pois reduz a probabilidade de queda. Exercícios como caminhar sobre os calcanhares, ficar de pé (sem ajuda), ficar em pé apenas sobre um apoio, caminhar sobre uma linha ou usar uma plataforma de instabilidade são aconselhados.

O ACSM (2019) afirma que o exercício físico para pessoas com DA deve ser ajustado com base nos sintomas e no estado físico do indivíduo.

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3. Contexto e Metodologia

O estágio curricular integrou uma parte prática, em contextos distintos, e um relatório teórico, com revisão da literatura e análise crítica dos resultados obtidos na prática. A parte prática incluiu 3 turmas distintas: a turma multicomponente, a turma de musculação e a turma de Demência.

3.1. Objetivos

O estágio curricular teve como objetivo principal a aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo do primeiro ano de mestrado em Atividade Física na Terceira Idade, em diversos contextos na população idosa. Como objetivos secundários definiram-se planear os diferentes tipos de aula (multicomponente, musculação e Demência) a idosos em diferentes contextos e a avaliação da eficácia dos programas de treino aplicados com a duração de 9 meses.

3.2. Metodologia

Apesar de terem existido distinções evidentes entre as turmas, a metodologia aplicada nas 3 turmas teve por base as principais recomendações de exercício físico para idosos (ACSM et al., 2018). Antes de se iniciarem as aulas, foi realizada a avaliação inicial e a sua análise, na generalidade dos casos. Tendo por base as diretrizes de exercício físico para idosos, as características específicas de cada turma e os resultados obtidos na avaliação inicial foi elaborado um planeamento anual.

A turma multicomponente realizou 3 aulas por semana e os planos de aula foram elaborados semanalmente com base num glossário de exercícios (anexo 1). A turma de musculação realizou 2 aulas por semana e o plano de treino (anexo 9) foi elaborado (avaliação inicial) e adaptado (avaliação intermédia) com base nas avaliações realizadas. A turma de Demência realizou

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2 aulas por semana e os planos de aula foram elaborados semanalmente com base num glossário de exercícios (anexo 2).

3.3. Avaliações

Na primeira avaliação, foi aplicado um questionário de anamnese que incluiu informações sociodemográficas, de patologias e medicação (anexo 3) e foi realizada uma avaliação antropométrica, com observação do peso, altura e PC. Posteriormente, foi aplicada a Bateria de Testes Senior Fitness Test (SFT) (anexo 4) em todas as turmas e a turma de musculação realizou ainda a avaliação de 1RM.

3.3.1. Avaliação antropométrica

Segundo a OMS (2000), existem diversos protocolos para a medição do PC. De acordo com o protocolo utilizado durante o estágio, a professora colocou-se em frente ao aluno e este realizou uma ligeira abdução dos MS, de forma a facilitar a colocação da fita métrica. De seguida, voltou a baixá-los até à posição inicial, sendo que, a medida foi obtida no final de uma expiração. Esta medida foi obtida na meia distância entre o bordo inferior da grelha costal e a crista ilíaca quando não é visível nenhuma zona mais estreita. Os pontos de corte para a obesidade central foram definidos para mulheres ≥ 88 cm e homens ≥ 102 cm.

Para medir a estatura dos indivíduos utilizou-se uma fita métrica com os idosos relaxados encostados à parede e a olhar em frente.

A variável do peso foi obtida através de uma balança TANITA.

O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado através da fórmula: Peso/Altura2. Segundo o critério de Lipschitz (1994) utilizado para a classificação do IMC, que leva em consideração as mudanças na composição corporal que ocorrem no processo de envelhecimento, se o idoso apresentasse um IMC < 22,0 kg/m2 era considerado desnutrido, entre 24,0 e 26,9 kg/m2 era considerado eutrófico ecom excesso de peso se o IMC ≥ 27 kg/m2.

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