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Demanda de energia elétrica das comunidades rurais da Amazônia Ocidental

No documento Brasília - DF, Novembro de 2021 (páginas 99-105)

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. USO E DEMANDA DE ENERGIA ELÉTRICA DAS COMUNIDADES RURAIS

4.1.2. Demanda de energia elétrica das comunidades rurais da Amazônia Ocidental

menor a 25 % de energia elétrica, elaborados com base nos dados de setor censitário do IGBE, são apresentados a seguir. Esses mapas permitiram obter informações quantitativas sobre municípios, domicílios e população, ou seja, dados quantitativos e qualitativos mostrando quantas são e onde estão localizadas as comunidades. Quando se menciona que possuem menos de 25 % de energia elétrica significa que não tem o serviço de energia elétrica ou possuem geradores a óleo diesel com acesso limitado e intermitente a eletricidade e com altos custos. Os detalhes encontram-se no Apêndice I com tabelas que apresentam dados por município em cada um dos quatro estados analisados.

Para o estado do Acre encontraram-se 5.459 domicílios com 28.851 moradores em 2010. Com cálculos realizados nesta pesquisa para o ano de 2019 aumentou para 7.235 domicílios com 36.174 moradores em 14 municípios. As áreas em rosa na Figura 26 são as comunidades sem energia. Várias comunidades estão localizadas simultaneamente em áreas de assentamento, terras indígenas e unidades de conservação.

No Acre, segundo dados do IBGE, mediante o Censo de 2010, existiam 13.239 domicílios sem energia elétrica dos quais mediante o programa Luz para todos desde 2004 até março de 2020 tinham sido atendidos 129.455, existindo previsão de até 2030 atender mais 54.819, ou seja, a quantidade de população com demanda de acesso ao serviço de energia não para de crescer ano após ano (VALOR AMAZÔNICO, 2020).

Figura 26. Mapa de demanda de energia elétrica no estado do Acre

Fonte: elaboração própria a partir de dados do IBGE, 2010; Ministério de Meio Ambiente, Incra, Funai e ANA.

No estado do Amazonas eram 13.921 domicílios e 78.274 moradores em 2010 e em 2019 aumentou para 15.521 domicílios, com 93.127 moradores em 49 municípios. Na Figura 27 aparecem as comunidades com menos de 25 % de energia elétrica em cor rosa. Estas populações estão localizadas em áreas de assentamento, terras indígenas, unidades de conservação e quilombos.

Já no estado do Amazonas no ano de 2010 eram 52.731 domicílios que não tinham energia elétrica conforme o IBGE. Segundo a empresa de distribuição de energia elétrica Amazonas Energia o programa Luz para Todos atendeu de 2010 até junho de 2021um total

de 97.010 domicílios, indicando um crescimento de 44.279 domicílios a mais dos contabilizados no Censo (AMAZONAS ENERGIA, 2021).

Figura 27. Mapa de demanda de energia elétrica no estado do Amazonas

Fonte: elaboração própria a partir de dados do IBGE, 2010; Ministério de Meio Ambiente, Incra, Funai e ANA.

Em 2010, no estado de Rondônia eram 2.258 domicílios com 7.530 moradores e em 2019 aumentou para 2.893 domicílios com 8.680 moradores em 14 municípios com menos de 25% de energia elétrica. As comunidades sem energia são representadas em rosa como aparece na Figura 28.

Em Rondônia segundo o censo de 2010 eram um total de 13.143 domicílios sem o serviço de energia elétrica, dos quais mediante o programa Luz para Todos, desde 2005, foram atendidas 2.365 famílias até 2018. Dessa forma foi pouquíssima a demanda atendida mediante o Programa, sendo basicamente dois os entraves para o atendimento total da população sem o serviço. Primeiro, o modelo do setor elétrico não tem interesse no uso massivo de sistemas de geração com fontes renováveis e disponíveis nas localidades isoladas. Segundo, os sistemas a diesel usados nessas comunidades contribuem com a cadeia

desse combustível para as grandes empresas donas do capital, que mantem o controle do mercado da energia na região amazônica, mediante altos valores que são pagos pelo governo federal, estadual e municipal, além dos mesmos moradores das regiões (AMARAL;

MORET; MARATA, 2018).

Figura 28. Mapa de demanda de energia elétrica no estado do Rondônia

Fonte: elaboração própria a partir de dados do IBGE, 2010; Ministério de Meio Ambiente, Incra, Funai e ANA.

Finalmente, para o estado de Roraima eram 3.701 domicílios com 19.615 moradores em 2010, e com dados atualizados foi para 5.274 domicílios com 26.370 moradores em 2019 com 15 municípios. Conforme dados do censo de 2010 do IBGE eram 8.765 domicílios sem energia em todo o estado (Figura 29). De acordo com estimativas da distribuidora de energia Roraima Energia, até outubro de 2020 sem atendimento existem 7.200 domicílios a serem contemplados até o ano de 2022, mediante o Programa Luz para Todos e o Programa Mais Luz para a Amazônia, sendo grande parte dessa população indígenas e ribeirinhos (CANAL ENERGIA, 2020).

Figura 29. Mapa de demanda de energia elétrica no estado do Roraima

Fonte: elaboração própria a partir de dados do IBGE, 2010; Ministério de Meio Ambiente, Incra, Funai e ANA

Uma consolidação por município por estado é apresentada na Tabela 10 com o número de domicílios sem energia elétrica na área rural. É possível identificar que existem municípios com pouca demanda e outros com alta, sendo importante considerar o dinamismo da mesma relacionada com o crescimento populacional, necessidades de desenvolvimento social e econômico.

Esses dados podem ajudar as empresas distribuidoras de energia e governo federal, estadual e municipal para realizar um planejamento da demanda e atendimento dos programas como Luz para Todos e Mais Luz para a Amazônia, dado que essas informações mudam constantemente e devem ser atualizadas com as mesmas comunidades.

Tabela 10. Consolidado de domicílios por município com menos de 25 % de energia elétrica na área rural da AO

Estado Município Domicílios Município Domicílios

Acre

Benjamin Constant 154 Itacoatiara 151

Japurá 149 Iranduba 144

Rorainópolis 199 Caracaraí 196

Bomfim 124 Mucajaí 122

São João da Baliza 81 Boa Vista 68

Cantá 62

Fonte: elaboração própria a partir de resultados da pesquisa

Como argumentado por diversos autores, o fornecimento de energia elétrica contribui para o desenvolvimento local e inclusão social da população de comunidades remotas, o uso de geradores a óleo diesel viabiliza o atendimento dessas comunidades, mas se torna

insustentável pelos impactos ambientais, o alto custo do combustível e difícil transporte até os locais de uso. Assim se faz necessário sua substituição por fontes renováveis de energia, dada a grande diversidade de recursos disponíveis na Amazônia entre eles solar, biomassa, hídrica e até eólica o qual pode ser realizado mediante planejamento acorde com as características de cada estado (MATIELLO et al., 2018); (SOUZA, 2003).

Pesquisa realizada com países do sul da Asia (pobres e de baixa renda), encontrou que existe uma associação de longo prazo entre educação, emprego, pobreza energética, renda per capita, inflação e desenvolvimento econômico na região. A pobreza energética impactou negativamente o desenvolvimento econômico tanto a longo como a curto prazo nos países. Indicou que os países devem concentrar-se na expansão do acesso de eletricidade em áreas rurais, promover a economia rural e lacunas de desenvolvimento existentes porque mais da metade da população vive nestas áreas (AMIN et al., 2020).

No documento Brasília - DF, Novembro de 2021 (páginas 99-105)