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Demandas comunicacionais e práticas não alardeadas

3. PRODUÇÃO, PERENIDADE E CIRCULAÇÃO 1 Ritualidade e pertencimento

3.2 Demandas comunicacionais e práticas não alardeadas

Em 2014, a Nuvem já não era uma iniciativa financiada pela Vivo Arte.Mov e ainda não contava com o financiamento da Fundação Ford, que teve início em 2016. Enquanto as Residências de Inverno – que ofereciam bolsas e mentoria para aqueles que tivessem suas pro- postas de projetos aceitas – foram suspensas, a agenda de encontros ativistas, além do Encon- trADA e do MSST passou a contar também com o Contralab, um evento autofinanciado orga- nizado pela Nuvem89. Esse é um trecho do texto que então figurava na seção espaço-conceito

do site:

A Nuvem é uma iniciativa para condensar desejos, pessoas, ações e pensamentos, destinada a acolher insurgências vindas de diversas áreas de interesse. Buscamos a autonomia que aponta para a sustentabilidade. Essa autonomia não é somente téc- nica – geração de energia, redes de comunicação, etc – ela é relativa a todas instân- cias possíveis: ambiente, economia, sociedade, cultura, alimentação, saúde, corpo, território. Num contexto onde as cidades se tornam cada vez mais insustentáveis,

acreditamos que um espaço rural é o ambiente mais apropriado para essas experiên- cias.

Até esse ponto, podemos ter alguma ideia das insurgências às quais esse trecho se refere como bandeiras que não são necessariamente conectadas com a esquerda da política ins- titucional partidária, como questões de gênero e a diversidade cultural. Também descrevi algu- mas investidas que se deram durante as atividades da iniciativa – e por pessoas que fazem parte da Nuvem enquanto comunidade atuando em outros contextos, – no terreno da produção de saberes e modos de vida, ou seja, na cultura em um sentido mais amplo que o dos produtos culturais propriamente. Ainda assim, permanece em aberto uma questão que diz respeito à cul- tura no sentido mais estrito da produção e circulação de bens culturais dentro desse contexto.

Ainda sob efeito dos protestos de 2013 e em ano de Copa do Mundo no Brasil, o pano de fundo era de emergência dos midiativistas que transmitiam manifestações ao vivo com celulares em punho tornando-se conhecidos nacionalmente pela disseminação de imagens de violência policial contra manifestantes publicadas nas mídias sociais. Também de surgimento da Cryptoparty, evento feito no Brasil seguindo uma tradição semelhante de edições internaci- onais voltadas para a popularização da criptografia e segurança. Enquanto uns atuavam na at- mosfera espetacular dos protestos convertendo imagens em provas para denunciar atentados das forças de segurança pública contra os jovens manifestantes como resposta à um senso de urgência que reverberava a efervescência política do momento, outros buscavam lidar com os problemas do enfrentamento de complexas estruturas de poder que controlam os fluxos de in- formação perseguindo o alavancamento da privacidade nas comunicações como um requisito para a liberdade de expressão. A máxima cypherpunk “privacidade para os fracos, transparência para os poderosos” aparecia em evidência personalizada na figura de Julian Assange, que des- pontava na linha de frente da oposição à atores poderosos com essa formulação até então pouco alardeada, produzida a partir de um pequeno grupo.

A CryptoParty em seguida virou CryptoRave e, atualmente em sua quinta edição no Brasil, segue sendo um evento realizado em centros urbanos. O que leva a pensar o contexto rural como um contexto mais apropriado, especificamente nesse trecho destacado acima, parece ter a ver com a contraposição àquilo o urbano tem de “insustentável”. Considerando o susten- tável na chave de sentido como autossuficiente e seguindo a linha dos capítulos anteriores, o que o ambiente urbano parece ter de inapropriado pode ser caracterizado como uma dependên- cia “externa” – pode-se pensar grosseiramente em como os alimentos consumidos na cidade são produzidos na área rural e como o lixo produzido nos grandes centros é basicamente levado

para fora do perímetro urbano. Essa diferenciação mais explícita que afasta o rural do urbano se faz presente em um discurso mais formal e direcionado para projeção, como uma apresenta- ção da iniciativa, mas que não necessariamente se isenta de produzir efeitos na convivência – ou seja, nos níveis onde essas fronteiras aparecem de forma menos evidente. Em um mesmo movimento, os sujeitos urbanos estariam mais vulneráveis à aprovação social e competição predatória, enquanto no campo estaria desautorizada a passividade e imperaria a autonomia. O contexto rural, por sua vez, não seria autossuficiente em serviços, configurando as “faltas” das quais Cinthia Mendonça fala no trecho da entrevista destacado no capítulo anterior, que seriam a fonte de demandas múltiplas a configurar as áreas de atuação da Nuvem – passando pela agricultura, arquitetura, cultura, tecnologia. É importante notar que a justificativa e o planeja- mento que dão coesão para o trecho destacado se respaldam em um sentido atribuído ao deslo- camento de pessoas eminentemente moradoras de grandes centros urbanos como algo intelec- tualmente estimulante. Sua aproximação das tecnologias da informação e comunicação tem a ver com um uso não instrumental, que não tem necessariamente um objetivo pré-determinado. Podendo se valer da própria configuração reduzida do arranjo da Nuvem para práticas não alar- deadas, ficaria a cargo dos sujeitos destacarem sentidos que são mais apropriados para a inten- cionalidade que se deseja implicar na relação com essas máquinas. Essas construções de sen- tido, no entanto, se dão eminentemente de maneira menos formal, em esforços concentrados principalmente na elaboração da documentação.

O Contralab – laboratório tático antirrepressão, em 2014, contou com dois proje- tos: a “Revolta da Antena” e o “Manual de Comunicação Segura”. A Revolta da Antena teve início em 2013, com uma ação do Tarrafa Hacker Club, um laboratório comunitário com sede no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Florianópolis, que tinha como objetivo garantir acesso livre à internet sem fio na rua para os manifestantes. Foi lançada uma campanha para que os moradores próximos dos locais de manifestações – que partiram da pauta da oposição ao aumento da tarifa de transporte público, o estopim de protestos por várias metrópoles brasileiras que aconteceram no mesmo ano – disponibilizassem as suas redes sem fio (não condicionando o acesso ao uso de senhas) e colocassem seus roteadores na varanda, enquanto nas ruas os envolvidos se encarregariam de carregar mais roteadores interligados por meio de uma rede mesh. Dessa forma, a área de cobertura acompanharia os manifestantes ao longo do trajeto, contanto que as pessoas que estivessem carregando os roteadores permaneces- sem em meio ao protesto possibilitando conexões mais estáveis que não dependiam dos planos

de internet móvel, normalmente caros e sujeitos à gargalos mais estreitos de franquias de paco- tes de dados pré-definidos pelas operadoras. A conexão mais rápida e estável permitiria aos manifestantes, por exemplo, publicar imagens de violências policiais que ocorressem durante a manifestação não necessariamente para denunciá-las para autoridades, mas principalmente para o público online. O Manual de Comunicação Segura, outro projeto selecionado para o Contra-

lab, também é voltado para a comunicação. Elaborado em conjunto com membros brasileiros

da rede internacional de produção de mídia e fonte de informação alternativa e crítica90 que formavam o Centro de Mídia Independente (CMI), o objetivo desse projeto foi oferecer aos manifestantes – que se comunicavam eminentemente online para organizar os protestos – ins- truções para se proteger. A segunda edição do Contralab, o Contralab:Reboot, contou com a presença do proponente do “Manual de Comunicação Segura” como um dos responsáveis pela seleção dos projetos, assim como outros remanescentes do CMI.

O laboratório reuniu, portanto, um projeto que tinha como foco a disputa pela aten- ção online, principalmente nas mídias sociais, e outro que buscava difundir práticas de anoni- mato e privacidade online para evitar a repressão e controle das comunicações. Uma vez que Edward Snowden tinha tornado pública a atuação conjunta das forças de segurança do Estado nos EUA com as empresas de internet e telecomunicações em 2013, a promoção da comunica- ção protegida ganhou projeção desde então como uma bandeira não só de quem deseja manter suas informações privadas, mas também daqueles que as veem como algo que é valioso para empresas que se dedicam a capturá-las e podem tirar vantagem de uma massa gigantesca de dados.

Em 2015, pouco mais de um ano depois da primeira edição do Contralab, a Nuvem viria a organizar um mutirão para a instalação de uma rede mesh – dessa vez não focada em deslocamentos de manifestantes nas ruas, mas em uma localização específica – na vila de Fu- maça, onde fica o sítio para o qual a iniciativa pretendia transferir a sua sede. A atividade foi apresentada num texto de divulgação para a imprensa e documentada na wiki da Nuvem, que citava um abaixo-assinado feito pela população de Fumaça pedindo que as operadoras comer- ciais oferecessem o serviço de wi-fi e de rede celular no local – pedido para o qual não foi obtido uma resposta das empresas. O press release da instalação da rede local, por sua vez,

90 Rede internacional de produtores de mídia reunidos sob a máxima “Odeia a mídia? Seja a mídia!” que teve início em 1999.

destacava que voluntários de projetos de “redes comunitárias como Guifi.net91, Quintana Li-

bre92 e Delta Libre93” estariam presentes. O texto também cita “a título de curiosidade” o cole- tivo Rhizomatica, do México, e uma rede instalada em “uma tribo isolada na Amazônia brasi- leira” como exemplos de “uso cidadão do espectro” que seriam operáveis onde as grandes ope- radoras de telecomunicações não chegam94. Além da documentação realizada nos dias de mu- tirão, a página da wiki sobre a atividade foi atualizada algumas outras vezes desde o Fumaça

Data Springs, que é como a atividade foi chamada. Uma delas, em outubro de 2016, incluiu um

link para um arquivo publicado no perfil de Daniel Daza Prado95 – um artigo identificado como

parte de sua pesquisa de doutorado na Universidad Nacional de San Martín, na Argentina – na plataforma Academia.edu, mídia social voltada para acadêmicos. Em seu trabalho, ele afirma que o objetivo da atividade era instalar “uma rede livre nessa vila e fazer com que os vizinhos se envolvam na sua utilização, manutenção e crescimento”96. Chama a atenção as referências

que Daniel mobiliza quando chama as redes que aborda em seu texto, a de Fumaça incluída, de “livres”, tomando o software livre como referência para tentar definir que tipos de liberdades e de sentidos observa ao longo de sua pesquisa etnográfica.

91 Ver: <https://guifi.net/es > (Acesso em:27 de junho de 2018).

92 Ver: <https://www.altermundi.net/> (Acesso em:27 de junho de 2018).

93 Ver: <http://www.unsam.edu.ar/tss/conexion-comunitaria/> (Acesso em:27 de junho de 2018).

94 Vicentin (2016) aborda a diferença entre o controle exclusivo do espectro (modelo fechado) e a atuação não licenciada – algo equivalente ao que é tratado pelos meus informantes como uso cidadão do espectro – como uma disputa em curso. Ele destaca uma crítica feita por Yochai Benkler em Open wireless vs. Licensed Spectrum: evidence from Market adoption (2012) a partir das perspectivas econômica e regulatória, presente principalmente “no argumento que afirma que o desenvolvimento tecnológico tornou obsoleta a necessidade de controle exclusivo do espectro, sobretudo como meio de evitar interferência. Tal como dissemos, o funcionamento na faixa não- licenciada do espectro supõe que objetos técnicos devem operar de tal modo a aceitar interferência de outros que estejam na mesma faixa. Esse tipo de utilização do espectro tornou-se possível a partir da arquitetura de ‘acesso randômico’ e da técnica de ‘espalhamento espectral’, que estão na origem do próprio WiFi e das redes de computadores. (...) Essa oposição se recoloca muitas vezes através da bibliografia que trata do desenvolvimento da internet. As comparações são quase sempre feitas nesses termos: ‘fechado’ vs. ‘aberto’, ‘centralizada’ vs. ‘descentralizada/distribuída’, ‘velho’ vs. ‘novo’” (VICENTIN, 2016, p. 206)

95 PRADO, Daniel Daza. Libertades con senderos que se bifurcan en red. 1º Congreso online de Gestión Cultural. 2016. Mesa 1: Experiências y proyetos de cultura y activismo digital. Disponível em: <https://www.academia.edu/29194535/Libertades_con_senderos_que_se_bifurcan_en_red._Fragmentos_de_una

_etnograf%C3%ADa_de_los_grupos_que_crean_Redes_Libres_Abiertas_y_Comunitarias> (Acesso em: 27 de

junho de 2018). 96 Tradução livre

Outro texto, publicado em 2017 no livro “Community networks: the Internet by the people, for the people”, por Bruno Vianna, também aborda as redes mesh implantadas em Fu- maça e na favela da Maré, chamando-as de “comunitárias”. Ainda que difiram eminentemente das condições descritas como propriamente rurais e favoráveis ao processo criativo (dilaceração das distâncias, desaceleração, silêncio, etc.) presentes no catálogo da exposição que foi objeto de análise no segundo capítulo, é interessante notar como as condições que são colocadas como próprias da comunidade local aparecem no texto também como uma força criativa.

(…) that, although CNs [Community Networks] have the potential to stimulate the development of local services, such as instant messaging, VoIP, file sharing, etc., the possibility to access existing services was the most appealing argument to initially mobilise the community. Using the water system as an analogy, it was easy to demon- strate that if Internet connectivity was already available at a neighbour’s residence, all one had to do was to lay down the “plumbing” from the neighbour house to the other community members’ houses. Since DIY practices are the norm to create infra- structure – spanning from water to electricity to transportation – both in rural areas and in favelas, it is not unthinkable to believe that this culture can be extended to data networking as well.97

Partindo do pressuposto de que a comunidade se valerá da infraestrutura implantada em seus próprios termos – uma vez que é considerado que a favela98, por exemplo, é um local onde o “Estado brasileiro tem apenas acesso e controle parciais” –, as suas práticas de auto- construção de infraestrutura aparecem identificadas como indicadoras de prosperidade para o futuro da infraestrutura de rede local. É possível depreender do texto que aquilo que a iniciativa se propõe a fazer é mobilizar a comunidade para a implantação da infraestrutura, enfatizando as expectativas e práticas da própria comunidade em relação à rede como decisivas para sua manutenção e contínua operação, assim como ampliação do número de casas com acesso. Para Bruno Vianna, “a falta de conexões com a internet de boa qualidade representa um impulso considerável para o desenvolvimento das redes comunitárias”. A compatibilidade de interesses entre a iniciativa de instalar uma rede e a comunidade local, portanto, pode tomar como critério tanto a definição da obtenção da conexão como uma prioridade pela própria comunidade;

97 Ainda que as redes comunitárias [RCs] tenham o potencial de estimular o desenvolvimento de serviços locais, como mensageiro instantâneo, VoIP, compartilhamento de arquivos, etc, a possibilidade de acessar os serviços existentes foi o argumento mais apelativo para mobilizar a comunidade inicialmente. Usando o sistema de água como analogia, foi fácil demonstrar que se a conectividade já estava disponível na casa de um vizinho, tudo que o outro precisava fazer era puxar o “cano” do vizinho até a casa de outros membros. Uma vez que práticas DIY são a norma para criar infraestrutura – abarcando desde a água até a eletricidade e o transporte – tanto em áreas rurais quanto em favelas, não é impensável acreditar que essa cultura pode também se estender para as redes de dados. (tradução livre)

98 A rede da favela da Maré foi implantada já como atividade do Coolab e aparece no texto em conjunto com o relato sobre a implantação da rede de Fumaça como “redes comunitárias”.

quanto características consideradas próprias dela; além da ausência de grandes operadoras co- merciais interessadas em atuar na região.

Interessa aqui principalmente a abordagem de Bruno faz nesse mesmo texto à res- peito da rede de Fumaça, que foi implantada em um mutirão realizado pela Nuvem a partir de um ponto de wi-fi gratuito e aberto99 instalado pelo poder público em uma praça até que a administração municipal parou de pagar pelo link, sem esclarecer o porquê100 ao final de 2016.

Apesar ser visto como um atenuante da situação dos moradores, o ponto de conexão instalado pelo poder público na praça principal de uma região onde não atuam nem operadoras de telefo- nia móvel ou fixa não é considerado um arranjo prático, porque os moradores tinham que obri- gatoriamente que ir até o local para ter acesso e ficariam desabrigados caso chovesse. Também é informado no texto que muitos moradores não sabiam usar a internet ou nem mesmo dispu- nham de dispositivos para se conectar. No caso, também foi instalada uma rede de telefonia móvel GSM, mas essa última é citada apenas brevemente, pois o foco é a rede mesh. Bruno relata que reuniões foram anunciadas para discutir o que poderia ser feito após o ponto de in- ternet da praça ser desativado, e que numa delas o dono de um pet shop de Resende acabou oferecendo a conexão de sua loja, distante 22 km de Fumaça, onde havia uma conexão que ele estava disposto a compartilhar com os moradores locais sem nenhum custo. Como a rede já funcionava sem cobranças de nenhum tipo, pois se valia do wi-fi implantado pelo poder público e teve financiamento da Commotion101 para os equipamentos, as condições para o acesso foram mantidas mesmo com a mudança de arranjo. Ainda assim, está presente no texto um certo des- conforto com as condições sob as quais a rede de Fumaça foi primeiramente instalada.

(…) it was made clear that there would be no costs for the users since the equipment was donated and the connection used would be provided by the city, through the con- nection of the existing hotspot in the main square. It is important to stress that, alt- hough it may be seen as a win-win situation, this initial configuration was de facto making the network less self-sufficient. After all, costs could incur when equipment

99 Aberto aqui tem o sentido de visível para qualquer dispositivo habilitado a se conectar com wi-fi e sem restrição de acesso por senha.

100 Informações do texto. Ver VIANNA, Bruno. Comparing Two Community Network Experiences in Brazil.

Community networks: the Internet by the people, for the people. Official outcome of the UN IGF Dynamic Coalition on Community Connectivity. Rio de Janeiro: Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas, 2017.

101 A Commotion é uma iniciativa do Open Technology Institute, que promove o “acesso equitativo às tecnologias digitais e seus benefícios”. Ela se define como uma ferramenta que se vale de equipamentos wireless para criar redes mesh descentralizadas sem ser uma substituta para a conexão com a internet. Um de seus objetivos que qualquer pessoa independentemente de expertise técnica, possa se valer dessa ferramenta.

broke down or if the Wi-Fi spot were no longer available, and there was no plan to monetise the network usage.102

Mesmo que a gratuidade tenha se mantido entre as condições para o acesso à rede, Bruno faz uma avaliação positiva sobre o novo arranjo que estendeu a rede até Resende ao considerar que “isso certamente foi uma prova da resiliência da rede”. A autossuficiência, por- tanto, é referida no trecho destacado como dotada de gradações, e não um caso de tudo ou nada. Em última instância, é retratada no texto a conciliação entre os interesses da comunidade e da iniciativa que, mesmo em atividade organizada pela Nuvem, dividiria a configuração das con- dições de funcionamento da rede com a comunidade local em um tipo de coprodução. Além disso, como o sítio Nebulosa fica em Fumaça, a própria iniciativa se beneficia da rede e o fato de a Nuvem ter uma base local na comunidade é citado como aquilo que proporcionou uma ligação próxima entre os “desejos e necessidades dos moradores e aquilo que iria ser tecnica- mente implementado”. A infraestrutura, por sua vez, tinha sido financiada com recursos da Commotion, obtidos também por meio da Nuvem. Não fica claro no texto se a proposta de fazer

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