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I DENTIFICAÇÃO DE T IPOS DE R ESPOSTAS

Objetivos, atributos e o questionário

3.13. I DENTIFICAÇÃO DE T IPOS DE R ESPOSTAS

A primeira identificação útil a ser feita é testar a coerência das respostas, que mostra a qualidade da escolha hipotética informada. Identificar indivíduos que respondem a um padrão distinto do prescrito pela teoria econômica pode ser útil para aumentar a precisão dos dados e da modelagem da análise.

Os entrevistados com preferências descontínuas são geralmente identificados de duas maneiras. (1) Por questões subseqüentes à questão sobre a DAP, podendo ser questionado se o bem ambiental deveria ser preservado independentemente dos custos para fazê-lo (Spash e Hanley, 1995). (2) Inspecionar se as escolhas feitas pelo respondente são consistentes em relação a algum atributo em particular.

No caso de preferências lexicográficas, o entrevistado deve se negar a fazer qualquer troca, atribuindo um motivo para isso.

Desconsideração de Atributo

No estudo de Campbell et al. (2008), a identificação de preferências descontínuas foi feita perguntando ao entrevistado se este considerou todos os atributos descritos pelo cenário para a tomada de sua decisão, ou se foi relevado um ou mais possíveis critérios de avaliação. Foi considerado que indivíduos têm preferências descontínuas quando desconsideraram um ou mais atributos por considerá-los irrelevantes para suas decisões, sendo que neste estudo 36% dos entrevistados apresentaram preferências descontínuas.

Motivações Morais

Spash (2000) estudou o efeito da consideração explicita de motivações morais e éticas em um estudo de MVC como uma possível maneira de identificar e ajustar valores de DAP e protestos e melhorar os resultados de validade da pesquisa. Seu cenário de estudo baseou-se na hipótese de um grupo voluntário comprar terras alagadas (wet lands) para preservação, pois estaria em perigo de perder seu ‘direito de existência’, sendo solicitado como meio de pagamento um depósito único para um fundo de ajuda desenvolvido para esse projeto.

Para se categorizar as posições éticas dos respondentes, foi dito que o objetivo principal de recuperar as terras alagadas é promover um santuário para espécies ameaçadas, citando exemplos locais. Foram feitas perguntas sobre a importância relativa atribuída aos direitos tanto destas espécies ameaçadas como dos humanos. Então os entrevistados eram confrontados com um cenário que atribuía um custo pessoal que reduz seu padrão de consumo até o que seria considerado minimamente aceitável – um conceito que não é preciso e pode variar em diferentes culturas. Nesse

cenário, foi perguntado se ainda assim fariam algo para proteger as espécies, ou se aceitariam que algumas delas fossem extintas. Ou seja, antes de se perguntar um valor monetário, foi perguntado qual era a postura inicial da pessoa, se algum dos cenários seria preferível devido a um ‘direito’ subjetivo que devesse ser mantido pela sociedade em diferentes níveis relativos de custos.

Os resultados foram divididos em cinco categorias éticas: Duas com base em direito animal, duas posições ‘consequencialistas’ e uma de superioridade ou prioridade humana. DAPs positivas associadas a posturas de defesa de direitos, que dizem que um direito ambiental X deve ser preservado independentemente dos custos à sociedade, podem ser explicadas de diferentes maneiras: sendo formados por preferências lexicográficas, sendo expressões de valor de satisfação moral por meio de um pagamento invariável14 (lump sum); ou poderiam ser um comportamento incoerente, frutos de má compreensão ou má reflexão sobre o significado da DAP ou do cenário.

Os entrevistados que basearam suas respostas em ‘direitos’ foram divididos entre aqueles que manteriam a posição de categoria ética mesmo se ficassem reduzidos ao padrão mínimo de vida - ‘PLM forte’, ou que abrem mão dos direitos do ecossistema antes de chegar a esse padrão mínimo, ‘PLM fraca’. Ambas as posições são compatíveis com comportamentos em que alguma DAP é declarada. Por outro lado, seria possível atribuir um ‘valor zero’ a DAP por: se negar a dar qualquer DAP; não responder por ser muito pobre; não considerar a alternativa importante ou que outras sejam mais importantes. Por isso, foram coletadas informações sobre os motivos de não se responder à pergunta para separar as respostas “legítimas” dos votos de protesto. A maioria dos estudos de MVC não fazem nenhuma distinção entre tipos de não declaração, apesar de psicólogos recomendarem que categorias como ‘recusa’ e ‘não sei’ sejam tratadas e distinguidas (SPASH, 2000).

Segundo a preocupação de legitimar e incluir os entrevistados que não apresentaram DAP para a proposta apresentada por falharem em dar uma justificativa coerente, estes devem ser considerados como tendo potencialmente uma posição consistente com a de PLM. Aqueles que não declararam DAP por protesto podem ser tanto excluídos da análise como terem algum valor atribuído, como, por exemplo, no caso do entrevistado ter respondido positivamente à pergunta em relação à defesa dos direitos independente dos custos à sociedade (SPASH, 2000).

Assim, desenhar a linha divisória entre essas categorias pode ser crucial para o resultado da estimativa da DAP quando as informações são agregadas. Além do mais, os procedimentos de exclusão de votos de protesto seriam inconsistentes com os valores expressos se aplicados aos entrevistados com PLM.

Uma das explicações para o embedding effect

A tabela a seguir mostra as opções de tipo de declaração da DAP com suas possíveis motivações.

TABELA 1 - INTERPRETAÇÕES DE PREFERÊNCIAS LEXICOGRÁFICAS

012 012 012 012 3 4!3 4!3 4!3 4! 5555 012012012012 ++++ ---- 2 + 6278 " 9 :. 4 ! * ;! 2 < * 5 -. + 6278 " 9= - > * ! - ;! 2 + 6278 " 9 ?- ! ;! ;! - ' @ ) ;! 6278 " 9 2 + 6278 " 9 012 4 ! * ;! 2 < * 5 -. + 6278 " 9= - > * ! - ;! 2 + 6278 " 9 - ! ;! ;! - ' @ ) ;! 6278 " 9 Fonte: Spash, 2000

Nesse estudo, apenas 47% dos entrevistados pesaram as conseqüências do caso de acordo com a teoria econômica; 37% se alinharam com o pensamento em defesa de direitos; e 9% com o de prioridade aos humanos. A análise dos dados mostrou que as variáveis referentes às motivações éticas são significantes para os resultados da amostra. O R² saltou de 16,4% para 23,5% quando essas variáveis foram incluídas no modelo, o que mostra a importância de motivos éticos para a explicação da DAP e das tomadas de decisão (SPASH, 2000).

Em termos de pesquisa de MVC, o resultado implica que é necessária mais atenção aos motivos por trás das DAPs, que podem revelar ser inadequada a inclusão de protestantes com DAP zero, uma vez que estes podem ter DAPs positivas dependendo de seus entendimentos da abordagem. Os resultados mostram a importância da interpretação dos dados gerados pelo MVC, da classificação dos votos de protesto, que podem representar na verdade preferências não-compensatórias, o que limita a aplicabilidade do MVC em situações de ocorrência de grande proporção desse tipo de preferência.