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Anexo 3.1 – Elementos de Projeto da Ria de Aveiro do Volume III – Anexos Técnicos

11.3.1.2 Deposição dos dragados

Relativamente à deposição dos dragados, importa referir que as soluções de gestão dos sedimentos consideradas, envolveram a sua deposição em locais próximos das áreas a intervencionar, numa ótica de equilíbrio, ou seja, de transposição de materiais onde se encontram em excesso para locais onde haja défice sedimentar, procurando assegurar objetivos ambientais e socioeconómicos, como:

1) Reforço/alteamento de margens/motas/diques com problemas de erosão; 2) Ampliação de faixas arenosas lagunares sujeitas a erosão;

3) Reconstituição/ampliação de áreas intertidais e de sapal, nomeadamente de sapal alto (juncal), com sinais de degradação, devido à erosão das margens;

4) Constituição de uma barreira de proteção das inundações de terrenos agrícolas. Estes objetivos decorrem da identificação que se fez aos problemas existentes na Ria, nomeadamente:

• os frequentes episódios de invasão, dos terrenos agrícolas adjacentes pelas águas da Ria, com os consequentes problemas de intrusão salina e de erosão de margens, que justificam o reforço de motas/diques de defesa com os sedimentos provenientes dos desassoreamentos;

• As faixas arenosas lagunares, também sujeitas a problemas de erosão, que têm vindo a perder área, pelo que se justifica a sua reconstituição/ampliação, já que têm uma função de proteção das vias rodoviárias e são usadas como zonas de estadia e lazer, por parte da população local e turistas, nomeadamente a margem poente do canal de Mira e do canal de Ovar;

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• As áreas de sapal alto, onde predomina o junco e que têm vindo a sofrer uma regressão relacionada com problemas de erosão devido ao aumento das amplitudes de maré e de velocidade das correntes, pelo que se justifica a sobrelevação destas zonas e/ou o reforço das margens e motas de proteção; • A ampliação de áreas intertidais e de recuperação de áreas de sapal alto que já

estiveram presentes na estratégia de deposição de sedimentos da anterior intervenção de desassoreamento da Ria de Aveiro, em 1996, havendo assim associada uma lógica de continuidade de minimização de impactes e preservação dos ecossistemas.

Procurou-se assim que a deposição ocorresse em locais próximos, selecionados em função dos objetivos acima e tendo também em conta as seguintes características:

• Área sobejamente disponível para encaixe dos volumes a dragar; • Rugosidade superficial suficiente para retenção dos materiais;

• Existência de vegetação que contribua para esta mesma decantação;

• Circulação hidrodinâmica de longos percursos até aos canais a desassorear.

Os aterros serão executados segundo 7 perfis-tipo, conforme descrito no Capítulo III –

Descrição do Projeto:

- Reforço/alteamento de margens/motas/diques com problemas de erosão, incluindo salinas (Perfis de modelação 1, 3, 5 e 7);

- Ampliação de faixas arenosas lagunares sujeitas a erosão (Perfil de modelação 2);

- Reconstituição/ampliação de áreas intertidais e de sapal, nomeadamente de sapal alto, com sinais de degradação, devido à erosão das margens (Perfil de modelação 6A e 6B);

- Constituição de uma barreira de proteção das inundações de terrenos agrícolas (Perfil de modelação 4).

No Quadro V. 2 (Síntese das Intervenções) detalha-se para cada local de deposição, as respetivas áreas e volumes e o perfil-tipo de aterro associado.

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15 Conforme se apresentou no ponto 11.2 (Quadro V. 47) o impacte visual da deposição sobre áreas de qualidade visual elevada é a seguinte:

• Cenário 1

− Ria de Aveiro – 15833,6 ha (79,27% da área total da área visível da bacia visual);

• Cenário 2

− Ria de Aveiro – 15423,9 ha (79,40% da área total da área visível da bacia visual);

Verifica-se assim que em termos relativos e face à totalidade da bacia visual de cada cenário, os valores de afetação de zonas de qualidade visual mais elevada são semelhantes. Contudo, em termos absolutos, a área implicada é efetivamente maior no caso do Cenário 1, com mais cerca de 410 ha que o Cenário 2.

No referente ao impacte visual da intervenção sobre áreas de sensibilidade visual elevada é, conforme expresso no ponto 11.2 (Quadro V. 51), a seguinte:

• Cenário 1

− Ria de Aveiro – 15242,0 ha (76,31% da área total da área visível da bacia visual);

• Cenário 2

− Ria de Aveiro – 14840,4 ha (76,40% da área total da área visível da bacia visual);

O Cenário 1 tem assim também um valor absoluto de afetação superior ao Cenário 2 (aprox. 400 ha), embora em termos relativos e face ao total das respetivas bacias visuais é ligeiramente maior no Cenário 2 (76,40%) face ao Cenário 1 (76,31%), embora esta diferença seja residual.

Deste modo e face aos valores absolutos de áreas de qualidade e de sensibilidade visual afetadas serem maiores no Cenário 1, bem como o número de locais de intervenção associados (73), este apresenta-se como menos favorável.

Importa também a este propósito referir que embora parte da deposição de dragados da Ria de Aveiro incida sobre áreas com elevada qualidade visual (15833,6 ha / 79,27% da área total da área visível da bacia visual – Cenário 1 e 15423,9 ha / 79,40% da área total da área visível da bacia visual – Cenário 2) e com elevada sensibilidade visual (15242,0 ha / 76,31% da área total da área visível da bacia visual – Cenário 1 e 14840,4 ha / 76,40% da área total da bacia visual – Cenário 2) a maioria dos locais de deposição tem uma envolvente direta, agrícola ou de espaço natural (sapal, juncal, área interdital), e só mais esporadicamente habitacional. Essa situação ocorre em geral e sobretudo nos Canais de Ovar até ao Carregal, de Mira e de Ílhavo, que terão assim os impactes negativos mais significativos e neste caso comparativamente mais importantes no Cenário 1.

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Face à reduzida altura das áreas de deposição o impacte visual negativo mais significativo estará apenas associado ao período de modelação do aterro, pela desorganização funcional e visual que se fará sentir em cada um desses locais, mas que após a área reabilitada não terá praticamente impacte visual.

11.3.1.3 Balizagem

As ações de balizagem consistem na colocação de estacas e bóias flutuantes para sinalização dos canais e dos trajetos, tendo em vista uma navegação segura.

Essas ações serão executadas após a realização das dragagens e deposição dos materiais dragados, tendo uma duração de 6 meses (1 mês em cada canal) e correspondendo à implantação de 119 balizas, no Cenário 1 e 84 balizas, no Cenário 2. Tratam-se de ações com reduzida desorganização funcional da paisagem, executando-se no meio aquático com apoio de barco, pelo que se consideram como tendo impactes

negativos não significativos e temporários.

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