• Nenhum resultado encontrado

RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.2 Deposição na borda dos fragmentos

Os valores médios de aporte de serapilheira em kg ha-1 ano, de cada uma das faixas dos fragmentos florestais estão representados na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2: Produção por faixa nos três fragmentos localizados na FLONA de Nísia Floresta, RN.

Faixas F1 F2 F3 1 277,11 aA 283,90 aA 93,87 aB 2 200,96 aA 248,27 aA 94,57 aB 3 329,35 aA 283,17 aA 89,90 aB 4 295,49 aA 296,17 aA 198,65 bA 5 247,33 aA 264,16 aA 222,13 bA 6 263,74 aA 282,12 aA 261,70 bA

Médias entre linhas seguidas pela mesma letra minúscula e médias entre colunas seguidas pela mesma letra maiúscula, não diferem estatisticamente entre si, de acordo com o teste de scott – knott a 5% de significância.

35 É possível verificar na Tabela 2, com relação as faixas de borda dentro do Fragmento 1, não houve diferença significativa em nenhuma das faixas, somente é observado que na faixa 2, há uma considerável menor quantidade de material, o que pode estar relacionado a presença das clareiras e a consequente menor quantidade de indivíduos. No Fragmento 2, não houve nenhuma diferença entre as faixas e no Fragmento 3, houve um maior aporte nas faixas 4, 5 e 6, com destaque para faixa 6, isso se justifica pelo fato do fragmento em si, apresentar-se como um gradiente da borda para o interior, em termos de densidade de indivíduos, e ainda por ele está sofrendo o efeito de borda.

Para identificar o efeito de borda, realiza-se um cálculo da área sob o efeito de borda através da atribuição de uma distância linear, considerada de fora para dentro do fragmento. Para melhor visualização desses resultados, foram elaborados os gráficos de distância euclidiana a seguir (Figura 2):

Figura 2: Dendograma da matriz de distâncias pelo método de ligação simples, do Fragmento 1, representado utilizando o programa computacional statistica 7.

De acordo com a disposição das linhas ligadas segundo os níveis de similaridade, pode- se observar, que a borda se agrupa com os 100 m, indicando que são as mais semelhantes, possuindo menor distância euclidiana. Ou seja, nesse caso não há diferença da borda para o interior do fragmento, e a maior distância euclidiana da borda ocorre nos 60 m, sendo o último

36 conjunto de dados a entrar no agrupamento. No entanto, estatisticamente, não há diferença significativa entre nenhuma das faixas, como descrito na Tabela 2.

Na figura 3, temos o dendograma de similaridade para o fragmento 2, para melhor visualizar as concentrações de aporte no sistema borda/interior.

Figura 3: Dendograma da matriz de distâncias pelo método de ligação simples, do Fragmento 2, representado utilizando o programa computacional statistica 7.

Em termos de similaridade, é possível notar por meio da figura 3 que os resultados se dividem em dois grupos, o primeiro corresponde aos valores obtidos na borda até os 80m de distância, e o segundo grupo, composto somente pelos 100m. O que significa que o primeiro grupo, apresenta maior semelhança, sendo a menor distância euclidiana entre os 60 e 80m. E o segundo grupo apresenta os dados com maior dissimilaridade em relação aos demais, por ser o último conjunto de dados a se agrupar, no entanto, ainda que apresente maior distância, estatisticamente não há diferença significativa com relação aos demais, como foi apresentado na tabela 2.

No fragmento 3 como foi visto na Tabela 2, houve um maior aporte nas faixas 4, 5 e 6, podendo-se inferir que esta região do fragmento apresenta as condições reais da floresta, mostrando-se diferente das faixas de entrada, indicando uma região sofre influência do efeito de borda (Figura 4).

37 Figura 4: Dendograma da matriz de distâncias pelo método de ligação simples, do Fragmento 3, representado utilizando o programa computacional statistica 7.

Observou-se no gráfico que há formação de dois grupos, o primeiro mostra uma maior proximidade da borda com os 40 m iniciais, e o segundo grupo vai dos 20 aos 100m, sendo a menor distância euclidiana entre os 60 e 80 m. Ou seja, tem-se uma grande distinção da borda para o interior do fragmento, afirmando assim, a atuação do efeito de borda.

Nas bordas podem ser observadas, uma maior abertura do dossel, e consequentemente maior temperatura e maior incidência de luminosidade, essas condições podem estar atuando como regulador do desenvolvimento de espécies exigentes em sombra, o que acaba levando esses indivíduos a morte (LAURANCE et al., 2006; PÜTZ et al., 2011), permanecendo aqueles que tem preferência por uma maior incidência luz e vento.

No trabalho de (DICK, 2011), realizado em três fragmentos de Floresta Estacional Decidual com diferentes tamanhos, avaliando a deposição de serapilheira considerando a influência do efeito de borda, obtiveram que no F3 (maior área) houve uma maior deposição de material na borda em relação ao interior, por se tratar do fragmento maior, a região considerada como bordadura teve pouca influência na região considerada como interior do fragmento. Já os fragmentos F1 e F2, houve maior deposição no interior, isso pode estar associado a situação de degradação e alterações da estrutura desses fragmentos. Pois, segundo (FREIRE, 2006), quanto mais degradado o ecossistema, maior é a deposição de serapilheira no local.

38 No estudo aqui apresentado, ocorre um processo semelhante, os fragmentos 1 e 2 de avançado e médio estágio de regeneração, obtiveram maior deposição na borda (277,11 kg ha- 1) e (283,90 kg ha-1) e menor no interior (263,74 kg ha-1) e (282,12 kg ha-1), ambos são os fragmentos de maior área, com 42,7 ha e 36,2 ha respectivamente, enquanto F3 estágio inicial de regeneração, também o de menor área, com 17 ha, apresentou menor quantidade na borda e maior no interior, indicando que bordadura teve grande influência no aporte do material, e que o seu interior, encontra-se ainda em estado degradado.

4. CONCLUSÕES

O aporte de serapilheira teve comportamento sazonal, indicando que a pluviosidade atua como agente regulador desse processo.

O efeito foi diagnosticado somente no fragmento 3, foi observado, que os fragmentos florestais 1 e 2 apresentam maior estabilidade no aporte de serapilheira, provavelmente pelo menor grau de devastação na área.

Os três fragmentos florestais da FLONA de Nísia Floresta passam por um processo de regeneração lenta, ainda apresentam fortes evidências dos distúrbios sofridos no passado, necessitando de um plano de recuperação das mesmas.

2.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Programa de Pós Graduação em Ciências Florestais (UFRN) pela oportunidade, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

39

LITERATURA CITADA

ALVARES, C. A.; STAPE, J. L; SENTELHAS, P. C., GONÇALVES J. L. M.; SPAROVEK G. Köppen's climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711- 728, 2013. http://dx.doi.org/10.1127/0941-2948/2013/0507.

BARBOSA, D.E.F.; BASÍLIO, G.A.; SILVA, F.R; MENINI NETO, L. Vascular epiphytes

in a remnant of seasonal semideciduous forest in Zona da Mata of Minas Gerais, Brazil.

Bioscience Journal, v.31, p., 2015.

BIANCHI, M. O.; SCORIZA, R. N.; CORREIA, M. E. F. Influência do clima na dinâmica

de serapilheira em uma floresta estacional semidecidual em Valença, RJ, Brasil.

Revista Brasileira de Biociências, v. 14, n. 2, p. 97-101, 2016.

BLUMENFELD, E. C.; DOS SANTOS, R.F.; THOMAZIELLO, S.A;

RAGAZZI, S.

Relações entre tipo de vizinhança e efeitos de borda em fragmento florestal. Ciência

Florestal, Santa Maria, v. 26, n. 4, p. 1301-1316, out./dez., 2016.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Chico Mendes de Conservação da

Documentos relacionados